© Jose Fernandes
A coligação PSD/CDS teve ontem uma vitória extraordinária, clara e inequívoca. Apanhou o país na bancarrota, lidou três anos com a troika de credores, recuperou a soberania para Portugal e para isso teve de aplicar uma austeridade severa que atingiu sobretudo a classe média, que foi esmagada com brutais aumentos de impostos.
A esquerda, a do chamado arco da governação, como o PS, e a que nunca sonhou ser Poder, como o BE e o PCP, grande responsável pelas políticas desastrosas que já atiraram o país para a bancarrota três vezes, passou os anos da crise não a bater no peito e a pedir desculpa aos portugueses mas a defender o mais do mesmo e a boicotar todas as medidas, todas as reformas, todas as decisões que permitiram salvar Portugal de um segundo ou mesmo de um terceiro resgate, como aconteceu na Grécia.
A esquerda, mesmo na hora da derrota de ontem, ainda teve a pouca vergonha de atirar para cima dos portugueses com jogos e joguinhos de poder, com atitudes de desespero perfeitamente em linha com a falta de respeito que sempre tiveram com os portugueses e com a democracia. Enchem a boca com liberdades e democracia, mas na hora da derrota tentam, como um náugrafo agarrado a uma bóia, fazer batota aos olhos de milhões de portugueses. A verdade é só uma. A esquerda, que sonhou ganhar com passadeira vermelha estas eleições, sofreu uma derrota estrondosa. O PS bem pode lamber as feridas e começar à procura de um novo líder. A coligação ganhou, Pedro Passos Coelho e Paulo Portas ganharam, mas os verdadeiros vencedores foram os portugueses e Portugal.
E com esta vitória só há um governo legítimo. O executivo formado pelo PSD e CDS. O resto, os outros cenários que passaram e talvez ainda passem hoje na cabecinha de muitos socialistas desesperados, não passam de manobras anti-democráticas, dignas de regimes totalitários e fascistas. Mas o voto do eleitorado português teve outro sinal importante. Salvou Portugal de cair na bancarrota daqui a um ou dois anos. As políticas apresentadas pelo PS apontavam todas para o aumento do défice, da dívida, do investimento público, logo do desastre absoluto. Ganhas as eleições, importa desde já dizer que a coligação tem uma dura tarefa pela frente.
E os próximos dois anos serão decisivos para o país. Reformas como a do Estado, a sério e sem subterfúgios, com a redução do seu peso na economia e nos bolsos dos portugueses, com redução de serviços e funcionários, tem de ser encarada de frente contra a esquerda e os sindicatos. O défice das contas públicas não pode ser reduzido apenas com aumentos de impostos e o crescimento do PIB. Não. O défice tem de baixar com a redução da despesa e a economia só pode subir de forma sustentável com menos impostos, mais investimento e menos burocracia. Outra reforma decisiva e que tem de ficar concluída até final de 2017, com ou sem consensos com o PS, é a da segurança social.
Uma reforma feita com coragem, com pés e cabeça que vai exigir do novo governo da coligação uma enorme coragem e capacidade políticas. E embora muito já se tenha feito em matéria de privatizações, importa continuar no mesmo caminho, a tempo e a horas, atacando sectores como as estradas de Portugal e a CP. O caderno de encargos da coligação para os dois próximos anos é pesado e difícil, mas terá de ser cumprido custe o que custar. Com uma certeza. Cada reforma bem feita pela direita é uma pesada derrota da esquerda. E Portugal não precisa desta esquerda retrógrada e troglodita.