Primeiro foi a Companhia União Fabril (CUF), que na viragem para o século XX decidiu assumir-se como uma das empresas mais dinâmicas do país.
Nos primeiros anos de existência, a CUF, liderada pela família Mello, dedicou-se a diversas áreas de negócio: ácidos, moagem, novos sabões, sais de Epson, tecidos, linhas de caminhos-de-ferro ou embarcações eram só parte do portefólio do grupo.
Nos anos 1920, a família entrou na área financeira e, cerca de 20 anos depois, aventurar-se-ia na área seguradora e da saúde. Nasce em 1945 o primeiro hospital da CUF, e seria o início daquele que hoje é um dos maiores grupos privados da saúde em Portugal.
A característica mais distintiva deste grupo, conduzido pela família mais rica de Portugal, é precisamente a diversificação do investimento que tem permitido atravessar diversas crises, revoluções, períodos de guerra e até sobreviver ao período das nacionalizações em Portugal.
Actualmente, o grupo José de Mello emprega cerca de 10 mil funcionários – antes do 25 de Abril de 1974 contava com mais de 100 mil –, estando grande parte deste número afectado aos hospitais CUF, que entretanto proliferaram pelo país, tendo-se tornado uma referência no sector da saúde.
A José de Mello Saúde é uma das três participadas do grupo José de Mello – que detém a CUF e um participação de 52% na concessionária Brisa – e conta actualmente com 12 hospitais privados, dois hospitais resultantes de parceiras público-privadas (Braga e Vila Franca de Xira), duas casas de repouso, uma unidade de cuidados domiciliários e ainda uma empresa dedicada à segurança e saúde no trabalho. Um novo hospital está a ser construído em Lisboa para substituir a CUF Infante Santo, um dos mais antigos do grupo.
O grupo José de Mello detém ainda, desde os anos 1960, a Fundação Amélia de Mello, que todos os anos atribui subsídios a investigadores — no ano passado foram mais de 200 mil euros. O capital próprio da fundação – que é constituído sobretudo por aplicações financeiras – era, em Dezembro de 2014, cerca de 24 milhões de euros. Os órgãos dirigentes da fundação não são remunerados e não há funcionários alocados à instituição, segundo a informação financeira que consta no site.
Salários acima de 1500 euros Apesar de não ter sido possível obter uma resposta por parte do grupo referente aos salários auferidos pelos seus colaboradores – a família Mello é das que menos gosta de exposição –, voltámos a recorrer às informações financeiras que são públicas para tentar fazer as contas.
A José de Mello Saúde, que em termos de recursos humanos é a maior do grupo, tem actualmente cerca de sete mil funcionários. Utilizando o cálculo simplista de divisão dos custos com remuneração de pessoal pelo número de funcionários, a matemática não é má: a média de salários rondará os 1600 euros para quem trabalha na saúde.
No entanto, em termos de balanço – e, portanto, também de investimento –, a grande contribuidora é a Brisa, empresa cuja maioria de capital é detida pela família Mello. Segundo informação constante no site da Brisa, a empresa emprega cerca de três mil funcionários. Recorrendo ao relatório e contas da concessionária relativo à actividade de 2014, e utilizando a mesma forma de cálculo, isto significa que um funcionário da Brisa tem, em termos médios, um salário de 2 mil euros.
O grupo José de Mello dedica-se ainda, significativamente, a várias actividades de cariz social. Aliás, o programa de voluntariado do grupo tem mesmo direito a página própria e convida os trabalhadores dos grupos a dedicarem-se a actividades de voluntariado em alguma das seis instituições parceiras, num programa que dura um ano inteiro e pode passar por apoio contabilístico, informático, distribuição de comida a famílias carenciadas e animação de tempos livres, entre outros.
O voluntariado é coordenado por funcionários do grupo e membros da família José de Mello, com o apoio da Fundação Amélia de Mello.