No final da semana, Tsipras arrisca-se a ser “preso por ter cão e preso por não ter”. As reacções às propostas entregues esta quinta-feira (9 de Julho) já chegam devários lados e não podiam ser mais díspares. Por um lado os mercados financeiros aplaudem a decisão da Grécia de ceder à austeridade: o índice europeu que reúne as 50 maiores cotadas da região, o EuroStoxx 50 avançava mais de 2%, a reflectir o optimismo generalizado das praças da região.
No mesmo sentido, o ministro dos Assuntos Europeu francês, Thierry Repentin, afirmou esta sexta-feira que as novas propostas de Atenas são “credíveis e sérias”. França, aliás, foi o único país a mostrar-se seriamente empenhado em manter a Grécia no euro por estes dias, tendo mesmo havido equipas do governo a trabalhar em conjunto com o Executivo grego nas propostas.
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Nos EUA, um investigador do Peterson Institute, em Washington, comentou as propostas à Bloomberg, e a sua opinião não deve andar longe da da Administração Obama. “Estamos mais perto de um acordo do que nunca”, referiu Jacob Kirkegarrd. O governo de Washington tem feito pressão ddurante os últimos dias, para que Grécia e Europa cheguem a um entendimento, alertando para os riscos económicos e geoplíticos de uma eventual saída de Atenas da zona euro.
Depois há a Alemanha, onde a CDU, o partido de Angela Merkel, não dá tréguas. Michael Fuchs, membro do partido, afirmou esta manhã que é difícil confiar nas mais recentes propostas do governo do Syriza, sobretudo tendo em conta o resultado do referendo de domingo passado. "O que é que mudou entre domingo e hoje?", questiona o político.
A mesma pergunta fazem os cidadãos gregos que votaram OXI no início desta semana: afinal, Tsipras cedeu. As reacções não tardaram nas redes sociais dando lugar até a uma nova hashtag: é que ninguém entende como Tsipras se propôs a ceder em praticamente toda a linha às exigências dos credores, apresentado um plano que é em muito semelhante àquele que foi recusado no referendo.
Em troca de 53 mil milhões de euros, num programa de assistência a três anos, Tsipras e Tsakalotos reduzem pensões, aumentam IVA, estabelecem tectos salariais, implementam limites à máquina do Estado, reduzem benefícios fiscais às ilhas gregas entre várias outras coisas. A leitura imediata é a de que o primeiro-ministro precisa desesperadamente de liquidez, numa altura em que se cumpre o décimo dia em que os bancos gregos estão de portas fechadas, e em que se aproxima perigosamente o dia 20 de Julho, que obriga a novo reembolso ao Banco Central Europeu.
Perante os deputados do Syriza, esta manhã, o primeiro-ministro pediu que o pacote seja aprovado no Parlamento, lembrando: “Estamos todos juntos nisto”. A ala mais à esquerda do partido avisou ontem à noite que dificilmente aprovaria as propostas apresentadas ao Eurogrupo, e Tsipras tenta justificar a decisão explicando que não pode sair do euro. "Temos um mandato para fechar um acordo melhor que o ultimato que o Eurogrupo nos deu, mas certamente não um mandato para sair da zona euro", afirmou o primeiro-ministro grego citado pela Reuters. "Estamos todos juntos nisto".