“Nos meus rogos, nos meus votos,/
Peço a Deus, no paraíso,/
Que me dê muitos devotos,/
De votos é que eu preciso.”
“Santo António”, de Fernando Santos
Ao mesmo tempo, estamos a quatro meses de eleições legislativas que prometem ser muito disputadas.
Para estas últimas, todas as ajudas vão ser pedidas pelas forças políticas. Até mesmo, calculo, a dos santos.
A primeira quadra deste poema, imortalizado por João Villaret, dá o mote para esta verdadeira cantiga de escárnio que visava outro António, o de Oliveira Salazar.
O poema é notável e, nalguns aspectos, muito actual.
Senão, atentem nesta quadra:
“Dizem rivais meus opostos,/
Milagres são manigâncias,/
Meus milagres são impostos/
P’la força das circunstâncias.”
Podia mesmo ir mais longe, e citar ainda estes dois versos:
“Se conserto um tacho,/
Protejo um namoro”.
Deixo aqui o conselho, neste mês em que celebramos o António, o Pedro e o João (os santos, claro): ouçam este poema dito por João Villaret e ainda, se quiserem viver um momento de verdadeira ternura, vale a pena ouvirem também “Passeio de Santo António”, de Augusto Gil, sempre por João Villaret.
Divirtam-se.
Escreve à segunda-feira