Marques Guedes reconheceu ontem que há algumas conclusões da comissão parlamentar de inquérito ao BES menos agradáveis para o actual governador, mas que a própria comissão reconhece que “foram evitadas situações mais graves para os contribuintes. O ministro da Presidência falava no final do Conselho de Ministros que decidiu reconduzi-lo no cargo e enviar o processo para o parlamento, que terá de se pronunciar sobre a nomeação, acrescentando que Costa “não foi nomeado por este governo, mas pelo governo do PS. Mas a sua actuação permitiu uma acção de supervisão por parte do Banco de Portugal que antigamente não existia”.
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A recondução do actual governador não é contudo pacífica, nem mesmo dentro do PSD. Morais Sarmento arrasou esta intenção do governo, referindo a semana passada que medalhas se dão no 10 de Junho. “Salvo se existirem razões que desconhecemos que recomendem a continuidade da mesma equipa, do mesmo governador, para que processos em curso não sejam interrompidos, penso que, por aquilo tudo o que se passou… As medalhas dão-se no 10 de Junho. Se Pedro Passos Coelho quer dar uma medalha a Carlos Costa, dá-lha no 10 de Junho ou propõe ao Presidente que lha dê no dia 10 de Junho”, criticou o ex-ministro social–democrata ao programa “Falar Claro” da Rádio Renascença.
Já o Partido Socialista considerou a proposta de recondução do governador do Banco de Portugal a “mais partidarizada” dos últimos anos, tendo sido “forçada” pelo primeiro-ministro, sem o necessário consenso político prévio. Esta posição foi transmitida aos jornalistas pelo vice-presidente da bancada socialista Pedro Nuno Santos. “Lamentamos que o PS tenha sido apenas informado hoje de manhã [ontem] pelo senhor primeiro-ministro, numa fase em que este governo está em final de mandato e quando, pela primeira vez, está a ser feita uma nomeação num ambiente pouco consensual e mesmo de contestação por parte de clientes do Banco Espírito Santo (BES)”, disse Pedro Nuno Santos. Mais que nunca, defendeu o deputado socialista, “se justificava procurar um apoio mais alargado para a nomeação do próximo governador do Banco de Portugal e esta é talvez a nomeação mais partidarizada a que se assistiu nos últimos anos”.