A Cáritas revelou esta semana dados chocantes sobre o risco de pobreza, que já chega a praticamente um quarto da população portuguesa, sendo as crianças agora as principais vítimas da falta de pão em casa dos pais.
No Jornal 2 de quarta, o presidente da Cáritas do Porto contou-me como vivem muitas dessas famílias que eram da desaparecida classe média, depois entraram no grupo dos endividados, para mergulharem a seguir no alargado caldeirão dos desesperados. Começam por ter vergonha de pedir ajuda, tentam ainda encontrar o que falta na família, nos avós, nas poupanças dos amigos, mas depois acabam por chegar, de olhos perdidos, à porta de organizações como a Cáritas onde recebem praticamente de tudo. As estatísticas indicam que há muitas famílias que conseguem superar estes dias e voltam a sorrir, mas por cada uma que sai chegam duas com novos problemas. Na conversa, Barros Marques considerou positivos os sinais de crescimento do país, mas confessou que ainda não sentiu essa retoma nos que lhe pedem apoio todos os dias. Esta dura estatística da Cáritas chegou no mesmo dia em que o a Antena 1 fez as contas, com base nos dados do INE, concluindo que os salários dos licenciados, mestrados e mesmo doutorados caíram substancialmente desde a chegada da troika, estando agora abaixo dos 1200 euros, e que há mesmo 80 mil licenciados que depois de três ou quatro anos de universidade levam para casa menos de 600 euros.
Os partidos começam a apresentar os caminhos para os próximos quatro anos, numa altura em que os portugueses deveriam estar também a preparar-se para votar e decidir que rumo querem dar à sua vida. O desalento leva muitos a ficar em casa, deixando para os outros a decisão daquilo que nos deveria sempre motivar, o futuro e os sonhos dos nossos filhos. Esta é a hora de ouvir as propostas, de fazer as contas e de escolher, sem medos nem ameaças. A democracia começa no dia em que livremente podemos votar e decidir quem nos governa. Jornalista da RTP2, Coordenador Jornal 2.
Escreve à sexta-feira