
Pedro Passos Coelho afirmou ontem que "ao contrário do que acontecia no passado" os portugueses estão agora "a viver mais de acordo com as possibilidades" do país. O primeiro-ministro revelou também que o défice estrutural, em 2013, ficou um pouco acima dos 3% - excluídos os efeitos do ciclo económico.
"Se tomarmos em linha de conta o défice estrutural, excluídos os movimentos cíclicos da economia, teremos atingido um défice um pouco superior a 3%", adiantou o líder do executivo , acrescentando que - "previsivelmente" - o país terá "condições para um excedente primário até 2017".
Quanto ao défice público, Passos Coelho destacou um valor reduzido "para quase metade, inferior ao da Espanha e da Irlanda" - "Ainda assim será de cerca de 5% em 2013".
O primeiro-ministro falava numa visita à fábrica da Mitsubishi, no Tramagal (Abrantes), que ontem comemorou 50 anos de produção automóvel. Foi neste palco que sublinhou o comportamento mais "ajustado" dos portugueses: "Ao contrário do que acontecia no passado, estamos hoje a viver mais de acordo com aquilo que são as possibilidades da nossa economia". "Queremos, naturalmente, alargar a base da economia e obter, dentro de pouco tempo, uma possibilidade de crescimento ainda mais intensa para que a economia remunere melhor os seus factores e a sociedade", disse o primeiro-ministro, garantindo que o "caminho que temos pela frente é um caminho sustentado".
Mas para que isso aconteça é necessário mais investimento externo: "Portugal vai precisar do investimento estrangeiro nos próximos anos para voltar a crescer". "Os próximos três anos são decisivos para a economia e aí é que o investimento externo vai ser decisivo para a economia crescer. Nunca conseguimos crescer sem captação de investimento externo, mesmo que o Estado seja frugal", advertiu o primeiro-ministro, acrescentando que "não temos o capital necessário e adequado".
Cavaco deixa aviso Já o Presidente da República defendeu ontem a aposta na inovação tecnológica e na valorização do capital humano, com um alerta: a competitividade "não pode depender só do ajustamento dos custos do trabalho".
Um aviso que teve depois um destinatário específico no titular da pasta da Educação e Ciência. "Há que evitar o enfraquecimento das políticas de investigação e desenvolvimento", sublinhou Cavaco Silva - que esta semana recebeu em Belém o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, no centro de fortes críticas devido ao corte nas bolsas da Fundação para a Ciência e Tecnologia.
Num discurso proferido no encerramento do IX Encontro da COTEC Europa, que decorreu na Fundação Champalimaud, em Lisboa, Cavaco Silva sublinhou que "há que evitar o enfraquecimento das políticas de investigação e desenvolvimento" - o que significaria, a médio prazo, "alargar o fosso que nos separa dos países mais competitivos da União Europeia".