Operação Marquês. Chegou a vez dos depoimentos dos inspetores da AT. Contas bancárias de Sócrates no centro da investigação

Operação Marquês. Chegou a vez dos depoimentos dos inspetores da AT. Contas bancárias de Sócrates no centro da investigação


Pedro Cardigos será o primeiro inspetor a depor sobre as movimentações estranhas nas contas do antigo primeiro-ministro.


O processo da Operação Marquês continua, apesar da ausência do principal arguido José Sócrates que está atualmente no Brasil. Esta quinta-feira abre-se um novo capítulo. Na barra vai estar presente o grupo chave da Autoridade Tributária (AT) que, liderado pelo inspetor-coordenador Paulo Silva, coadjuvou o procurador Rosário Teixeira no processo Marquês.

São 16 as testemunhas a ser ouvidas no sexto piso do Tribunal Central Criminal de Lisboa, no Campus da Justiça, na qualidade de órgãos de polícia criminal, as primeiras quatro, apurou o Nascer do SOL, serão inspetores tributários.

Pedro Cardigos, da Autoridade Tributária e Aduaneira será o primeiro a depor sobre as contas bancárias de José Sócrates.

Responsável pela importante análise financeira do processo, o grupo de inspetores tributários foi crucial para que Rosário Teixeira, e os restantes procuradores no caso, construíssem a acusação contra a José Sócrates, o que explica que a própria detenção do antigo primeiro-ministro no Aeroporto de Lisboa tenha sido feita pelo coordenador da AT, Paulo Silva.

Recorde-se que José Sócrates, segundo a acusação, tinha frequentemente as contas a zero tendo que recorrer sistematicamente ao amigo Carlos Santos Silva para as carregar como se de um multibanco se tratasse.

No entanto, o congelamento das contas de Santos Silva obrigou Sócrates a obter fontes alternativas de financiamento, por forma a assegurar os vários compromissos regulares que tinha – entre eles, o pagamento do ensino dos dois filhos, as despesas da mãe, os honorários dos advogados, além de um empréstimo que tinha na Caixa Geral de Depósitos (CGD), entre outros.

Aliás, já detido, pediu um segundo empréstimo junto da CGD, no valor de 248.500 euros, o que lhe permitiu liquidar o empréstimo anterior, pagar despesas acumuladas com dois cartões de crédito e passar 100 mil euros à ex-mulher Sofia Fava, seis dias depois, para fazer face a compromissos imediatos (como as rendas do monte e as propinas dos filhos, além de abonar a mãe com outros 5.000 euros).