À atenção das nossas autoridades e dos nossos governantes: os últimos dias em Torre Pacheco (Múrcia), na vizinha Espanha, têm sido de confrontos violentos entre os residentes e os imigrantes norte-africanos. O El País fala de um cenário próximo de uma “batalha campal”. Grupos de extrema-direita fizeram mesmo um apelo declarado à “caça” ao imigrante (que faz lembrar as tenebrosas perseguições do KKK, nos EUA), em resposta ao espancamento de um espanhol de 68 anos por jovens que se supõe serem de origem marroquina, um caso que gerou natural revolta e indignação.
Seja por convicção pura e dura, seja por questões de ideologia, de sujeição às leis do politicamente correto ou por simples desconhecimento da realidade, a maioria dos políticos do mainstream tentou durante muito tempo fazer-nos crer que não havia qualquer problema em manter as portas do país escancaradas.
Ouvimos até dizer que sem o contributo dos imigrantes a Segurança Social estaria falida e as pensões de reforma não seriam pagas. E ainda há poucos dias Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, declarou que “o país não tem futuro sem imigrantes”.
Provavelmente Mário Centeno tem toda a razão. Mas houve quem, na sua família política, tenha confundido isso com uma política de portas abertas que deixava entrar todos os imigrantes sem qualquer controlo.
Na vizinha Espanha, o resultado está à vista, uma espécie de mini-guerra civil que deixa a população em sobressalto. Em Portugal, assistimos à subida em flecha do Chega, que foi o único partido que viu o que os outros não conseguiam ou recusavam ver.
Há quem acredite que para combater o Chega basta acusá-lo de xenofobia e ter uma agenda que defende tudo o contrário do que o Chega defende; Montenegro foi mais inteligente do que isso e percebeu o motivo que leva tantos portugueses a votar no partido de André Ventura. Esperemos que as novas regras da imigração evitem que as coisas em Portugal cheguem ao ponto a que chegaram na vizinha Espanha.
Uma nota final. No caso de Múrcia fala-se de muito de “desinformação” e do papel da extrema-direita. Volto a citar o El País: “Plataformas como ‘VerificaRTVE’ y ‘Newtral’ confirmaram que muitos dos vídeos usados para justificar a violência eram antigos, manipulados ou diretamente falsos”. Mas isto, mais uma vez, é ignorar o essencial. O sentimento anti-imigrantes está lá e cada vez mais encarniçado. Há que identificar a sua origem e atacar o problema na raiz.







