O presidente da Câmara de Gaia renuncia ao mandato a 30 de Junho. Sai com estrondo e por a porta detrás. Diria que teve uma entrada de leão e uma saída de cordeiro.
Tudo isto tem os contornos de uma peça de teatro. O senhor vai à vida dele! Sai, diz ele por o próprio pé na final do mês. O problema é que foi apanhado por as malhas da justiça, num pormenor do carro, que segundo a PJ atesta com fotos, ia à padaria, ao cabeleireiro e trabalhar a senhora sua esposa. Mas isto é a ponta do iceberg.
Haverá mais processos e a partir de agora vai ter que os pagar do seu bolso. O deixar o cargo, assim o determina. A peça de teatro segue dentro de momentos.
Esta peça de teatro poderia muito bem ter o título, “A Comédia dos Erros” ou ” A Tempestade” de Wiliam Shakespeare.
O que se passou em Gaia é um misto de tragédia e comédia. É uma história rocambolesca que nunca mais se deve repetir.
Outro episódio que me lembre nunca vi algo semelhante!
A acusação refere que em duas ocasiões, uma em 2015 e outra em 2016, o arguido presidente da Câmara, determinou, a expensas do município, a celebração de dois procedimentos de contratação pública, para pagamento de viagens a terceiras pessoas por si seleccionadas (incluindo aos dois outros arguidos e à mulher do arguido vice-presidente) para assistirem a jogos da Liga dos Campeões de um clube de futebol.
É preciso ter lata, o município ao serviço de alguns, e não, ao serviço dos gaienses. A mania de quem está no poder, que pode fazer tudo e mais alguma coisa e ninguém topa. É triste ver alguém que foi presidente de câmara com um uma sombria saída afogada em problemas.
Patrocínio Azevedo, vice-presidente da CM Gaia esteve preso em Custóias pela Operação Babel. O seu silêncio é esotérico.
Muita falta fez pela sua capacidade de se inteirar dos problemas e procurar resolvê-los. Desde que saiu da CM Gaia de uma forma abrupta e excêntrica, a CM Gaia nunca mais foi o que era. Um dia, porventura, saberemos coisas que nos deixarão incrédulos.
Vivemos num cenário em que aguardamos o resultado judicial de outros processos. O panorama geral deste escândalo é enigmático.
É pertinente questionar como é possível que comportamentos se reproduzam em locais tão óbvios; como é possível que não existam mecanismos de prevenção para detectar os sinais desde o início e dar o alarme.
É necessário analisar um sistema político sem controles preventivos suficientes, nomeadamente no poder local.
O que aconteceu em Gaia demonstra que não há barreiras eficazes para impedir que este padrão continue se replicando noutras autarquias.
O combate à corrupção, em casos como estes não podem depender da coragem de denunciantes, nem esperar que os beligerantes se traiam mutuamente, como frequentemente acontece.
Os controles devem ser incorporados à estrutura do sistema. Estas revelações provocam um descrédito político avassalador. O nosso Parlamento precisa encontrar tempo para realizar este debate, que desafia a todos e nunca atende aos melhores interesses de ninguém.
A cidade de Gaia nos últimos anos é notícia por as piores razões, ao contrário, com Luís Filipe Menezes era falada por as melhores razões e como cidade modelo.
Fundador do Clube dos Pensadores