Com a entrada dos Estados Unidos no conflito do Médio Oriente, a única dúvida que subsiste é se estamos à beira da Terceira Guerra Mundial ou se ela efetivamente já começou.
Até ver, a supremacia do eixo Israel-EUA parece incontestável. E isso ficou evidente logo desde o primeiro tiro, quando se percebeu que Israel, primeiro, e agora os EUA, destruíram alvos militares com enorme precisão, enquanto os mísseis iranianos atingiram o território israelita aparentemente sem critério, indiscriminadamente, ou seja, acertaram onde conseguiram acertar.
Os partidários de Israel têm pois motivos para celebrar. O Irão, que estaria à beira de possuir a bomba atómica com que alegadamente ia obliterar Israel da face da Terra, foi subjugado e a ameaça neutralizada. Agora “só” falta mesmo derrubar o regime dos aiatolas.
É verdade que não se vê como o Irão, subjugado e enfraquecido do ponto de vista militar, poderá responder ao poder devastador de israelitas e americanos. Ali Khamenei está com a cabeça a prémio e dificilmente dormirá descansado por estes dias, pensando no que aconteceu a figuras como Al-Assad, Muammar Khadafi e Saddam Hussein.
Mas quando as coisas parecem demasiado fáceis temos pelo menos direito a desconfiar. Ainda terá o líder supremo e a sua Guarda Revolucionária algum trunfo na manga? Em que poderá traduzir-se a ajuda oferecida ontem por Vladimir Putin, que tem a bomba que o Irão tanto desejava? Seja como for, parece-me demasiado cedo para fazer a festa.
Uma nota final. Não nutro pelo regime de Teerão qualquer simpatia. Ainda assim, faz-me alguma confusão que toda esta onda de violência tenha partido da Terra Santa. Claro que os judeus não são cristãos, mas não deixa de ser curioso notar que tudo isto acontece no lugar onde Jesus nasceu e professou a sua mensagem de paz, que pode ser sintetizada na máxima ‘Amai-vos uns aos outros como eu vos amei’. Benjamin Netanyahu tem sido a encarnação da antítese desses valores.
Quanto a outro dos protagonistas desta guerra, Donald Trump, na tomada de posse deveria ter jurado cumprir a Constituição com uma mão em cima da Bíblia, mas curiosamente não o fez, o que foi sobejamente notado e comentado. Se foi intencional ou uma mera desatenção, talvez ninguém saiba dizer. Como ninguém sabe dizer o desfecho do conflito no Médio Oriente. Até pode ser uma derrota decisiva do Irão, com Israel a viver em paz até ao fim dos tempos e Trump e Netanyahu a ficarem como os grandes promotores da paz no mundo. Mas eu cá desconfio que não.