A agência da ONU para os Refugiados estimou esta terça-feira que 2,5 milhões de refugiados em todo o mundo necessitarão de ser reinstalados no próximo ano. O número representa uma descida em relação a este ano.
“Embora o número se mantenha elevado, as necessidades anuais de reinstalação [em novas casas] diminuíram para o próximo ano — em comparação com 2,9 milhões em 2025”, afirmou a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Numa conferência de imprensa realizada em Genebra, a propósito do lançamento do relatório “Necessidades Globais Projetadas de Realojamento”, Shabia Mantoo disse que, apesar de o número global de refugiados continuar a crescer, as necessidades de realojamento diminuíram graças sobretudo à situação na Síria.
As alterações políticas na Síria — onde o regime do ex-presidente Bashar al-Assad foi deposto em dezembro — permitiram um grande número de regressos voluntários.
“Estamos a ver algumas pessoas a desistir dos processos de realojamento em prol de planos para regressar a casa e reconstruir” os seus lares, explicou a porta-voz do ACNUR.
De acordo com o relatório da agência da ONU, o maior grupo de refugiados a precisar de ser reinstalado em 2026 será afegão, perfazendo mais de meio milhão de pessoas (573.400). Os sírios, embora sejam protagonistas de uma redução crescente de necessidades, ainda são a segunda população refugiada com mais necessidade de realojamento, somando 442.400 pessoas.
Os refugiados sul-sudaneses que precisam de nova casa atingirão 258.200 pessoas, há ainda 246.800 sudaneses que deverão ter de ser reinstalados em 2026, 233.300 membros da etnia rohingya e 179.500 congoleses.
Os principais países de acolhimento, de onde os refugiados terão de ser reinstalados, incluem o Irão (348.900), a Turquia (258.000), o Paquistão (215.000), a Etiópia (213.950) e o Uganda (174.000), adiantou a análise da ONU.
O realojamento “oferece uma alternativa concreta às viagens perigosas, demonstra uma solidariedade internacional significativa e promove parcerias com os países anfitriões”, referiu a organização.
Além disso, “ao oferecer soluções para refugiados com necessidades agudas e maior dependência de assistência, a reinstalação ajuda também a aliviar a pressão sobre os sistemas nacionais nos países de acolhimento”.