Não foi a primeira, nem a segunda ou a terceira vez. Tem sido uma constante. Saímos de uma festa, de um bar ou de uma discoteca e é uma autêntica odisseia conseguir quem nos leve a casa. A polícia que nos últimos anos largos anos tem feito um excelente trabalho em dissuadir a condução para este tipo de eventos de entretenimento quer através da publicidade feita para “quando beber, não conduza” e das suas conhecidas operações stop parece não estar a conseguir entender o problema que neste momento assola a noite de Lisboa. Um problema que já não é de agora, que vem sendo recorrente e que já disso dei conta nesta página. O facto de existirem máfias organizadas nos TVDE´s e que agora se alastram também aos táxis fazendo com que exista um aproveitamento evidente sobretudo dos turistas que saem dos diferentes espaços e só querem chegar aos seus hotéis rapidamente e em segurança mas que acaba por afetar também os residentes por consequência. Não existe controlo algum por parte das forças de segurança e esta gente anda por aí a cobrar o que quer, sem taxímetros ou preços tabelados fazendo uso da necessidade de quem precisa do serviço.
Partilho aqui o meu mais recente exemplo para que se entenda do que estou a falar. A semana passada fui com uns amigos a uma festa. Saímos pouco depois das 4h e logo chamei um UBER para que nos viessem buscar. Cancela o primeiro, cancela o segundo e o terceiro está a uns módicos 15 minutos de distância. Percebendo que estavam 6!! Táxis à porta do estabelecimento eu e os meus amigos concordámos que o melhor seria apanharmos um para que não tivéssemos que esperar tanto tempo. Os 6 ditos de aspeto duvidoso diga-se de passagem, confraternizam e falavam alto como se estivessem a controlar toda a área. Quando perguntei se podíamos entrar um lá disse “claro que sim”. Chamei quem estava comigo e fomos entrando à vez quando o homem pergunta, “para onde vão?”. Respondi que íamos para Campo de Ourique, ao que o taxista respondeu “tudo bem, são 50 euros”. Estamos a falar de uma distância que vai da zona ribeirinha até Campo de Ourique numa corrida que habitualmente não excede os 6/7 euros. Estupefacto (ou nem tanto…) respondi-lhe que não estávamos interessados.
O homem convidou-nos a sair e ato contínuo aparecem uns estrangeiros já bem bebidos que perguntam se podem entrar ao que ele responde que sim e ainda vociferou para o ar “destes é que eu gosto, não perguntam cá o preço”. Nenhum dos outros táxis se mostrou disponível para nos levar. Voltámos a chamar um UBER, cancela novamente um, dois, três e ao quarto lá vem uma simpática rapariga buscar-nos que demorou 12 minutos a chegar, aparentemente devia ser a única que estava a jogar pelas regras ali nas redondezas. Entrámos no carro e o mesmo começa a apitar, chamando a necessidade de colocarmos o cinto de segurança, o que fizemos de imediato. 100 metros à frente passamos por uma grande operação Stop com dezenas de agentes, ou seja, tudo isto se passa com frequência nas suas barbas sem que nada seja feito. A chegar a casa um carro da polícia liga as sirenes e manda-nos encostar. Pedem os documentos da viatura e da condutora e dizem que nos mandaram parar porque achavam que íamos sem o cinto de segurança atrás o que comprovaram estar errado. Tentámos explicar o sucedido à saída da festa e que parecia surreal aquilo ser frequente e eles estarem preocupados em perseguir o nosso carro porque “lhes pareceu” que vínhamos sem o cinto atrás.
A resposta foi “não queremos conversas, se têm queixas a fazer dirijam-se a uma esquadra que o nosso trabalho não é esse”. Ou seja, estavam-se nas tintas para o que acabáramos de relatar. Este caso como disse não é único e vai-se generalizando. Sei que o trabalho da polícia não é fácil e que a gestão noturna exige muitas condicionantes mas é fundamental tomarem atenção a este tipo de situações que vão proliferando e que em nada abonam como cartão de visita da nossa cidade mas também como oferta segura para os que por cá se querem divertir sem pegar no carro.