As noites eleitorais têm sempre dois olhares muito distintos, dependendo de quem olha para os números. Nas Legislativas do passado dia 18, o PCP ficou convencido que poderia eleger um segundo deputado em Lisboa, mas cerca de dois mil votos a menos impossibilitaram esse desejo. Quando na quarta-feira se contaram os votos da Emigração, foi o Chega que ficou a olhar para menos de três mil votos, que lhes permitia eleger o segundo deputado pelo círculo da Europa, afastando a AD.
Considerações à parte, e já lá vamos de novo, o Chega conseguiu mais votos nos círculos da Europa, à semelhança do que tinha conseguido em 2024, e no do Resto do Mundo, passando de segundo para primeiro lugar. No total dos dois círculos, o partido de André Ventura alcançou 92.192 votos, mais 35.732 do que a AD.
Como consequência da contagem dos votos da Emigração, o Chega conseguiu mais dois deputados, um em cada círculo, à semelhança da AD – o PS é que perdeu o representante na Europa. Fica assim fechada a distribuição de deputados na Assembleia da República, com a AD a levar 91 eleitos para as bancadas, o Chega 60, o PS 58. No campeonato dos pequenos, a Iniciativa Liberal tem nove deputados, o Livre leva seis para o hemiciclo, o PCP baixou para três e no jogo dos distritais, leia-se um deputado, estão o BE, o PAN e o JPP.
Nos círculos da Emigração existe um problema, que apesar de ter melhorado de 2024 para o dia 18, continua a ser gravíssimo. É que há mais votos nulos do que os votos que o partido mais votado consegue. Tudo fica a dever-se a problemas burocráticos, anulando muitos votos cujo o eleitor não juntou o cartão de cidadão e por aí fora. Certo é que a Comissão Nacional de Eleições contabilizou, nos dois círculos, 113.449 votos nulos, se pensarmos que o Chega conseguiu 92.192, facilmente se percebe que é urgente alterar o sistema de votação. Falando um pouco mais de números, diga-se que na Europa estavam inscritos 948.062 eleitores, tendo votado 255.305. Já no círculo Fora da Europa, estavam inscritas 636.660 pessoas, tendo 97.198 ido votar.
Não há uma regra que se possa aplicar a vários países, pois na Europa em alguns o PS aumentou o número de votantes, mas ficou pior classificado. Na Alemanha, o PS tinha ganho em 2024, mas agora ficou em segundo lugar, apesar de ter mais 191 votos. Na Bélgica, onde tinha ganho, passa para terceiro, mas teve mais 27 votos. Já o Chega que ficou em primeiro, passou de 934 votos para 1.558.
Em Espanha, o Chega manteve o terceiro lugar, mas passou de 881 votos para 1.252. A grande subida do Chega, no que à Europa diz respeito, foi em França – passando de 14.215 para 27.369, aqui o PS perdeu mais de dois mil votos – e na Suíça, onde subiu de 16.226 para 24.533. Também no Luxemburgo conseguiu muitos mais votos, de 2.676 passou para 4.133.
Fora da Europa também é do Chega
Olhando para os números do resto do mundo, o que salta à vista é o primeiro lugar no Brasil, embora o Chega tenha diminuído o número de votos: de 13.724 passou para 12.930.
Se no Canadá e nos Estados Unidos da América é a AD que recolhe mais votos, o mesmo se passa na China. A Comissão Nacional de Eleições não detalha, no seu site, os votos dos países africanos de língua portuguesa, ficando-se a saber que no círculo de Países de África a AD ficou em primeiro, o Chega subiu de terceiro para segundo, trocando de lugar com o PS. Mas os círculos da Emigração acabaram por ser um espelho do que se passou no Continente e ilhas, notando-se uma queda livre do BE, que passou da quarta força mais votada para o sexto lugar. A Iniciativa Liberal teve o mesmo desempenho e aumento um pouco os números, mas nada significativo: de 7.621 passou para 8.515. O Livre também aumento a sua votação nos dois círculos.