Nem na vitória Ventura foi capaz de ter um discurso positivo


Confirmou o que já sabíamos e que provavelmente nunca mudará: que é muito melhor a destruir do que a propor.


O Chega, já o sabemos, é um partido que não pede licença para ocupar o seu espaço político. E André Ventura deu um enorme ‘chega para lá’ a Pedro Nuno Santos. A provável queda do PS para terceiro partido – a decidir-se com os votos da emigração – é algo impensável até há poucos dias.

Dito isto, e mesmo conhecendo o seu estilo agressivo, não esperava que Ventura passasse o seu discurso a atacar tudo e todos. Não sei o que foi pior, se dizer “O Chega superou o partido de Mário Soares”, como se se referisse a uma espécie de criminoso, ou “O Chega matou o partido de Álvaro Cunhal”.

Coisa espantosa: nem mesmo numa noite de grande vitória Ventura foi capaz de ter um discurso positivo, preferindo ataques de mau gosto. Com isto, confirmou o que já sabíamos e que provavelmente nunca mudará: que é muito melhor a destruir do que a propor.

Montenegro tem para já um balão de oxigénio, pode respirar melhor, mas não deverá ter uma vida fácil, porque depois de tudo o que disseram um outro não se vê como poderão o primeiro-ministro e o novo líder da oposição encontrar entendimentos.

De resto, com a entrada de novas forças políticas, os tempos das maiorias de 40% já lá vão e teremos talvez de começar a pensar noutros modelos que deem condições mínimas de governabilidade a quem obtém maiorias relativas. De outro modo arriscamo-nos a ter eleições umas atrás das outras com resultados sempre inconclusivos. É isso que queremos?

Quanto a Rui Rocha, já se via ministro num Governo de coligação com a AD – e acredito que tenha qualidades para isso – mas vai ter de esperar mais um pouco.

Duas palavras para a esquerda. O PCP continua em perda e Paulo Raimundo, por muito que tentem puxar por ele, não tem carisma para mobilizar seja quem for além dos indefetíveis. Rui Tavares, pelo contrário, representa uma esquerda moderna e arejada e com capacidade de atração. Está bem preparado e fez uma boa campanha. Quanto ao Bloco de Esquerda, apostou todas as fichas na crise da habitação como se os portugueses vivessem todos na rua ou debaixo da ponte. O caso de Ricardo Robles recomendava alguma cautela nesse capítulo. Levou um cartão amarelo alaranjado.

Para terminar: a grande incógnita. Escrevi aqui há uma semana que o maior aliado de Montenegro era Pedro Nuno Santos, que além do seu currículo cheio de trapalhadas radicalizou muito o partido. Com a saída de Pedro Nuno, o que acontecerá ao PS? A queda para terceiro lugar será recuperável? E o que estará António Costa a pensar disto tudo?

Nem na vitória Ventura foi capaz de ter um discurso positivo


Confirmou o que já sabíamos e que provavelmente nunca mudará: que é muito melhor a destruir do que a propor.


O Chega, já o sabemos, é um partido que não pede licença para ocupar o seu espaço político. E André Ventura deu um enorme ‘chega para lá’ a Pedro Nuno Santos. A provável queda do PS para terceiro partido – a decidir-se com os votos da emigração – é algo impensável até há poucos dias.

Dito isto, e mesmo conhecendo o seu estilo agressivo, não esperava que Ventura passasse o seu discurso a atacar tudo e todos. Não sei o que foi pior, se dizer “O Chega superou o partido de Mário Soares”, como se se referisse a uma espécie de criminoso, ou “O Chega matou o partido de Álvaro Cunhal”.

Coisa espantosa: nem mesmo numa noite de grande vitória Ventura foi capaz de ter um discurso positivo, preferindo ataques de mau gosto. Com isto, confirmou o que já sabíamos e que provavelmente nunca mudará: que é muito melhor a destruir do que a propor.

Montenegro tem para já um balão de oxigénio, pode respirar melhor, mas não deverá ter uma vida fácil, porque depois de tudo o que disseram um outro não se vê como poderão o primeiro-ministro e o novo líder da oposição encontrar entendimentos.

De resto, com a entrada de novas forças políticas, os tempos das maiorias de 40% já lá vão e teremos talvez de começar a pensar noutros modelos que deem condições mínimas de governabilidade a quem obtém maiorias relativas. De outro modo arriscamo-nos a ter eleições umas atrás das outras com resultados sempre inconclusivos. É isso que queremos?

Quanto a Rui Rocha, já se via ministro num Governo de coligação com a AD – e acredito que tenha qualidades para isso – mas vai ter de esperar mais um pouco.

Duas palavras para a esquerda. O PCP continua em perda e Paulo Raimundo, por muito que tentem puxar por ele, não tem carisma para mobilizar seja quem for além dos indefetíveis. Rui Tavares, pelo contrário, representa uma esquerda moderna e arejada e com capacidade de atração. Está bem preparado e fez uma boa campanha. Quanto ao Bloco de Esquerda, apostou todas as fichas na crise da habitação como se os portugueses vivessem todos na rua ou debaixo da ponte. O caso de Ricardo Robles recomendava alguma cautela nesse capítulo. Levou um cartão amarelo alaranjado.

Para terminar: a grande incógnita. Escrevi aqui há uma semana que o maior aliado de Montenegro era Pedro Nuno Santos, que além do seu currículo cheio de trapalhadas radicalizou muito o partido. Com a saída de Pedro Nuno, o que acontecerá ao PS? A queda para terceiro lugar será recuperável? E o que estará António Costa a pensar disto tudo?