Militar da GNR acusado de tentar matar colega em julgamento

Militar da GNR acusado de tentar matar colega em julgamento


O MP relaciona os factos com a circunstância de o arguido sentir revolta para com a instituição GNR e os seus colegas de serviço, motivo que considera ser totalmente “irrelevante e fútil perante o valor da vida de outro ser humano”


O militar da GNR na reserva que está acusado de tentar matar um guarda dentro do Posto de Trânsito de Chaves escusou-se esta terça-feira a prestar declarações no início do julgamento.

O arguido, 55 anos, começou a ser julgado pelo coletivo de juízes do Tribunal de Vila Real pelos crimes de homicídio qualificado, na forma tentada, por atos preparatórios de um crime de incêndio, explosões e outras condutas especialmente perigosas. A detenção de armas proibidas é outro dos crimes em julgamento. 

De acordo com a acusação do Ministério Público (MP), o militar tencionaria também incendiar e destruir aquele posto da GNR, num caso que remonta a 3 de agosto de 2024, quando o militar, na reserva desde 15 de julho do mesmo ano, entrou pelas 19h00 no Posto de Trânsito de Chaves onde se encontrava apenas um guarda e efetuou vários disparos até ser imobilizado por esse mesmo elemento da GNR.

Esse guarda, que se constituiu assistente no processo, falou esta terça-feira no tribunal, contando que estava sozinho no posto, de serviço para atendimento ao público, quando o arguido bateu à porta, que se encontrava fechada, para lhe perguntar se havia alguma notificação para si e depois pediu para ir à casa de banho.

De acordo com a agência Lusa, o militar relatou que, quando saiu da casa de banho, o arguido empunhou um revólver e que, naquele momento, deitou-se ao chão, tendo ouvido vários disparos e acabado por conseguir sair para o exterior do posto por uma janela.

Contou ainda que regressou ao interior do edifício, pela porta de entrada, por sentir uma obrigação de zelar pela segurança do mesmo. Lá dentro conseguiu depois imobilizar o arguido, mas ainda foi agredido na cabeça com a coronha da arma e, só à chegada de um de um outro militar da GNR, é que o atacante foi algemado.

O MP relaciona os factos com a circunstância de o arguido sentir revolta para com a instituição GNR e os seus colegas de serviço, motivo que considera ser totalmente “irrelevante e fútil perante o valor da vida de outro ser humano”.

O MP diz que é altamente elevado e provável o risco de repetição de factos ilícitos e que o arguido deverá ser declarado inimputável, encontrando-se, atualmente, no hospital prisional em Caxias.