Em igualdade pontual com o eterno rival lisboeta Benfica, o Sporting sabia que um triunfo na receção ao Vitória de Guimarães asseguraria o tão desejado título, dada a vantagem no confronto direto, algo que almejaram com uma vitória clara por 2-0.
Por outro lado, a vitória até nem seria obrigatória, uma vez que os encarnados não foram além de um empate 1-1 na visita ao reduto do Sporting de Braga, que deitou por terra as ténues esperanças benfiquistas num milagre no encontro de Alvalade.
O ambiente nos arredores do recinto verde e branco foi de muita festa ainda antes do apito inicial do árbitro Fábio Veríssimo, com os adeptos a concentrarem-se nas imediações horas antes e a receber o autocarro da equipa com foguetes e tochas.
Contudo, a primeira parte foi de algum sofrimento, tanto dentro do relvado, como nas bancadas, onde apenas o golo do Sporting de Braga, no jogo do rival, foi muito celebrado e aliviou a tensão que se sentia. Era dado o mote para a segunda parte.
Corria o minuto 55 quando Pedro Gonçalves abriu o marcador, para uma explosão de alegria no Estádio José Alvalade. Em Braga, Pavlidis empatava a partida pouco depois, aos 63, voltando a originar alguma incerteza, mas sem terminar a euforia.
Apesar de alguma impaciência pela vantagem tangencial perigosa, uma vez que o Vitória de Guimarães precisava de marcar para não deixar fugir o quinto lugar para o Santa Clara – o que acabou por acontecer -, o salvador verde e branco apareceu.
Não podia ser mais ninguém do que o goleador sueco Viktor Gyökeres a apontar o derradeiro tento do Sporting na presente edição do campeonato. Aos 82 minutos, o ponta de lança passou por Bruno Varela e encostou para a confirmação do título.
Ficou assim assegurado o 21.º título oficial da história do Sporting – que reivindica 25 títulos, numa luta antiga com a federação -, seguindo-se uma enorme festa um pouco por todo o lado, e com especial incidência na praça do Marquês de Pombal.
Habitual epicentro da festa dos dois clubes lisboetas, milhares de sócios, adeptos e simpatizantes do Sporting acorreram ao centro de Lisboa, onde já de madrugada apareceu o autocarro panorâmico com o plantel e ‘staff’ dos campeões nacionais.
Com direito ao já habitual fogo de artifício e espetáculos de luzes, o destaque foi o jogador Pedro Gonçalves, que, ao tentar replicar o discurso do ex-treinador Ruben Amorim no ano passado, praticamente confirmou a saída de Gyökeres dos leões.
“Dizem que jamais seríamos campeões sem adeptos. Dizem que jamais seríamos bicampeões sem o Amorim. Dizem que jamais seríamos bicampeões sem o Viana. Dizem que jamais seremos tricampeões sem o Viktor. Vamos ver”, disse o jogador.
Estas palavras foram recebidas em apoteose pelos milhares de sportinguistas na praça lisboeta, embora tendo a mensagem subliminar de uma muito falada saída do dianteiro sueco poder estar já confirmada, faltando só conhecer o seu destino.
Aos 26 anos e a cumprir a segunda temporada no Sporting, Viktor Einar Gyökeres contabiliza uns impressionantes 96 golos em 101 jogos, podendo aumentar ainda mais o pecúlio na final da Taça de Portugal, que pode vir a ser a sua última partida.
Proveniente do Coventry City, da segunda divisão inglesa, Gyökeres rapidamente justificou o investimento e tem todos os ‘tubarões’ do futebol internacional atrás dele, falando-se, sobretudo, do elevado interesse do Arsenal na sua contratação.
Apenas nesta temporada, o sueco totaliza 53 golos em 51 jogos e encontra-se na liderança da Bota de Ouro, um prémio para o goleador máximo da Europa, embora com regras que favorecem as cinco melhores ligas europeias, segundo o ranking.
Numa contagem que apenas insere os golos no campeonato, Gyökeres soma 39, somando 58.50 pontos, uma vez que a Liga portuguesa multiplica apenas por 1,5 vezes. Seguem logo atrás Mbappé, com 29 golos (58.00), e Salah, com 28 (56.00).
O francês, do Real Madrid, e o egípcio, do Liverpool, ainda não findaram os seus campeonatos, pelo que podem roubar o troféu individual a Gyökeres, embora, em números absolutos, não se conseguirão aproximar sequer dos 39 golos marcados.
Este notável registo deixou o avançado do Sporting sem concorrência em Portugal, já que Pavlidis, do Benfica, e Samu, do FC Porto, foram segundos classificados na lista dos melhores marcadores do campeonato português, com ‘apenas’ 19 golos.
“É o melhor da Europa, talvez do mundo”, disse o treinador leonino, Rui Borges, no sábado, sobre Gyökeres, que figura agora no top-10 de máximos goleadores numa só época em Portugal, sendo o melhor dos últimos 20 anos, no pós-Mário Jardel.
Para o Sporting, é tempo de celebrar mais uma conquista, com o foco imediato na final da Taça de Portugal. Mas há questões a responder. A influência de Gyökeres é inequívoca e a sua saída é quase certa. Conseguirão ser tricampeões? Vamos ver.