A Comissão Europeia reviu em baixa as previsões para o crescimento da economia portuguesa este ano para 1,8% estando, no entanto, confiante de que o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal cresça 2,2% no próximo ano.
As previsões, divulgadas esta segunda-feira, indicam que o crescimento vai baixar de 1,9% em 2024 para 1,8% este ano “à medida que a forte procura interna é compensada por contratempos na procura externa”.
Bruxelas deixou ainda alertas sobre as tensões comerciais com os Estados Unidos. “Embora a exposição direta de Portugal ao mercado americano seja relativamente limitada, os riscos de retrocessos indiretos significativos permanecem elevados e estão relacionados a interrupções e incertezas no comércio global”, alerta a Comissão Europeia.
Já no que diz respeito ao excedente orçamental, a Comissão Europeia antecipa que Portugal vai conseguir 0,1% PIB este ano mas prevê um défice de 0,6% em 2026. “A despesa corrente deverá continuar a crescer após medidas de política orçamental que aumentem os salários e as pensões da função pública”, avisa Bruxelas.
Já o comissário europeu da Economia, Valdis Dombrovskis, alertou: “É importante manter o rumo, tanto em termos de implementação dos planos estruturais orçamentais de médio prazo e da trajetória orçamental estabelecida no plano, como também no que diz respeito à implementação do PRR”, avisando que o novo Governo deve trabalhar “intensamente” para conseguir cumprir os prazos. “Não dispomos de muito tempo e, por isso, é obviamente importante trabalhar agora de forma muito intensa para garantir que todos os marcos e objetivos são cumpridos e que os países, incluindo Portugal, beneficiam plenamente do PRR”, disse Valdis Dombrovskis à Lusa.
Para a Europa, as previsões económicas da primavera de 2025 da Comissão apontam para um crescimento do PIB real de 1,1 % em 2025 na União Europeia e de 0,9 % na zona euro, “globalmente ao mesmo ritmo que o registado em 2024”.
Já em 2026, prevê-se que o crescimento acelere para 1,5% na UE e 1,4% na zona euro. A inflação na zona euro deverá abrandar, passando de 2,4% em 2024 para uma média de 2,1% em 2025 e 1,7% em 2026. Na UE, a inflação deverá seguir uma dinâmica semelhante a partir de um nível ligeiramente mais elevado em 2024, caindo ligeiramente abaixo de 2% em 2026. “A economia da UE está a demonstrar resiliência num contexto de elevadas tensões comerciais e de um aumento da incerteza a nível mundial. Apoiado por um mercado de trabalho robusto e pelo aumento dos salários, o crescimento deverá prosseguir em 2025, embora a um ritmo moderado”, disse Dombrovskis, acrescentando que a inflação “está a diminuir mais rapidamente do que o previsto antes e está no bom caminho para atingir a meta de 2% este ano”.
Mas deixa avisos: “Não podemos ser complacentes. Os riscos para as perspetivas permanecem enviesados no sentido descendente, pelo que a UE deve tomar medidas decisivas para impulsionar a nossa competitividade”.