Eleições para clarificar


Perante a falta de vontade popular em ir às urnas e perante a dissonância cognitiva em que vive parte da sociedade portuguesa, a única maneira de que a realização de eleições em Maio valha a pena é se conduzir a um resultado clarificador, ou seja, a uma maioria estável.


Se há coisa que todos os portugueses já perceberam é que as eleições do próximo dia 18 de Maio, um ano após as últimas, podem ser completamente supérfluas e desnecessárias. O risco de ficar tudo na mesma é real e é por esse motivo que muitos não queriam que houvesse eleições.

O que provocou as eleições foi a conjugação de vontades entre os que anseiam chegar ao poder não interessa como, e que juntou numa coligação negativa os que dele estão agora afastados após 30 anos de domínio da vida política em Portugal e os que a ele nunca conseguiram aceder. Foi esta comunhão de interesses entre os que agora estão a ficar mais extremados e fazem da sua vida o poder pelo poder (leia-se PS) e partidos populistas e extremistas (radicais de esquerda e Chega) que nos trouxe as eleições.

Os que causaram as eleições afirmam estar apenas preocupados com Portugal, mas quando provocam eleições contra a vontade do povo não estão a responder aos desejos da população, estão apenas a ser populistas. Esta dissonância cognitiva entre o que dizem que deve ser feito e o que na realidade fazem mostra o seu desinteresse pela real vontade do povo.

A dissonância cognitiva está presente nos portugueses que diariamente denigrem e desbaratam o que foi, o que é e o que será o património nacional representativo de Portugal, enquanto dizem defender a vontade popular. As perspectivas de cariz populista que provocaram eleições para chegar ao poder, a progressista e a situacionista, apenas usam os seus manifestos eleitorais para distorcer a realidade e tentar agradar aos que hoje votam.

O desprezo pela vontade popular combinado com a ganância de tomar o Estado a todo o custo representa o oposto da parceria com que Edmund Burke identificava esse mesmo Estado: uma parceria “entre os que estão vivos, os que estão mortos e os que estão para nascer”. Os seguidores de Burke são os que adoptam uma postura de compreender o presente com base no passado como ele realmente foi, e desejam um futuro construído a partir da realidade presente. Esta visão abrangente e de estabilidade de Burke deveria ser consensual na sociedade portuguesa, mas, infelizmente, não é.

Assim, perante a falta de vontade popular em ir às urnas e perante a dissonância cognitiva em que vive parte da sociedade portuguesa, a única maneira de que a realização de eleições em Maio valha a pena é se conduzir a um resultado clarificador, ou seja, a uma maioria estável. Votemos, pois, com esse fim.

Economista, Professor e Coordenador do Gabinete Programático do CDS-PP

Eleições para clarificar


Perante a falta de vontade popular em ir às urnas e perante a dissonância cognitiva em que vive parte da sociedade portuguesa, a única maneira de que a realização de eleições em Maio valha a pena é se conduzir a um resultado clarificador, ou seja, a uma maioria estável.


Se há coisa que todos os portugueses já perceberam é que as eleições do próximo dia 18 de Maio, um ano após as últimas, podem ser completamente supérfluas e desnecessárias. O risco de ficar tudo na mesma é real e é por esse motivo que muitos não queriam que houvesse eleições.

O que provocou as eleições foi a conjugação de vontades entre os que anseiam chegar ao poder não interessa como, e que juntou numa coligação negativa os que dele estão agora afastados após 30 anos de domínio da vida política em Portugal e os que a ele nunca conseguiram aceder. Foi esta comunhão de interesses entre os que agora estão a ficar mais extremados e fazem da sua vida o poder pelo poder (leia-se PS) e partidos populistas e extremistas (radicais de esquerda e Chega) que nos trouxe as eleições.

Os que causaram as eleições afirmam estar apenas preocupados com Portugal, mas quando provocam eleições contra a vontade do povo não estão a responder aos desejos da população, estão apenas a ser populistas. Esta dissonância cognitiva entre o que dizem que deve ser feito e o que na realidade fazem mostra o seu desinteresse pela real vontade do povo.

A dissonância cognitiva está presente nos portugueses que diariamente denigrem e desbaratam o que foi, o que é e o que será o património nacional representativo de Portugal, enquanto dizem defender a vontade popular. As perspectivas de cariz populista que provocaram eleições para chegar ao poder, a progressista e a situacionista, apenas usam os seus manifestos eleitorais para distorcer a realidade e tentar agradar aos que hoje votam.

O desprezo pela vontade popular combinado com a ganância de tomar o Estado a todo o custo representa o oposto da parceria com que Edmund Burke identificava esse mesmo Estado: uma parceria “entre os que estão vivos, os que estão mortos e os que estão para nascer”. Os seguidores de Burke são os que adoptam uma postura de compreender o presente com base no passado como ele realmente foi, e desejam um futuro construído a partir da realidade presente. Esta visão abrangente e de estabilidade de Burke deveria ser consensual na sociedade portuguesa, mas, infelizmente, não é.

Assim, perante a falta de vontade popular em ir às urnas e perante a dissonância cognitiva em que vive parte da sociedade portuguesa, a única maneira de que a realização de eleições em Maio valha a pena é se conduzir a um resultado clarificador, ou seja, a uma maioria estável. Votemos, pois, com esse fim.

Economista, Professor e Coordenador do Gabinete Programático do CDS-PP