O que existia no lugar que é hoje o Estado do Vaticano?
Era um ‘circo’ para corridas de quadrigas e foi mandado construir pelo imperador Calígula, tendo sido o seu sobrinho Nero a concluir a obra. Tinha capacidade para 20 mil pessoas. Nesse local foram martirizados muitos cristão, tendo o primeiro Papa, S. Pedro, sido crucificado aí de cabeça para baixo. Cerca de 300 anos depois, o imperador Constantino mandou construir uma basílica cristã. Supostamente, S. Pedro está sepultado na Capela Sistina.
Os Papas viveram sempre no Vaticano?
Não, devido a guerras políticas e religiosas, houve Papas que viveram nas cidades italianas de Anagni, Orvieto, Viterbo, bem como na cidade francesa de Avignon.
O Estado Cidade do Vaticano existe legalmente desde quando?
Desde 1929. O acordo foi assinado pelo cardeal Pietro Gasparri e pelo primeiro-ministro Benito Mussolini, a 11 de fevereiro. O acordo entre o Reino de Itália e a Santa Sé ficou conhecido como o Tratado de Latrão.
Em algum momento houve mais do que um Papa em ‘exercício’?
Sim, em 1417 havia três Papas, uns reconhecidos por determinados países ou zonas de Itália, outros por diferentes países.
Existe propriedade privada no Vaticano?
Não, o Estado da Cidade do Vaticano é uma monarquia absoluta eletiva que não cobra impostos, não permite a propriedade privada de terras e não reconhece o direito ao voto. Tudo pertence à Santa Sé.
Existem lojas no Vaticano?
Dentro do Estado da Cidade do Vaticano existem algumas lojas, como as dos Museus do Vaticano, uma loja de alimentos, uma loja de mercadorias onde se pode comprar por grosso e o posto de abastecimento de combustível mais barato de Roma, que só pode ser utilizado pelos funcionários do Vaticano.
Qual foi o Papa que criou mais cardeais?
João Paulo II, ‘nomeou’ 231, de 69 nacionalidades, em nove consistórios. Paulo VI nomeou 143. Bento XVI ficou-se pelos 90 e Francisco pelos 162.
O Vaticano emite certidões de nascimento?
Devido à sua legislação peculiar, embora o Vaticano seja um Estado, não emite certidões de nascimento. Se uma criança nascesse no Estado da Cidade do Vaticano, teria documentação de Itália. Nenhum sacerdote tem nacionalidade do Vaticano.
O que é um cardeal ‘in pectore’?
Quem viu o filme Conclave lembra-se da figura do cardeal ‘in pectore’ que acaba em Papa. Mas vamos ao livro. ‘Este é um cardeal cuja identidade é conhecida apenas pelo Papa, pelo que permanece um segredo “no seu coração”. Este refere-se aos casos em que o pontífice prefere não revelar a identidade do novo cardeal por razões de segurança, prudência ou caráter pessoal. Se um pontífice falecer sem revelar o seu nome, esta nomeação não será válida. Foi o que aconteceu com o último nomeado pelo Papa João Paulo II. Bento XVI e Francisco não nomearam nenhum.
Quantos Papas existiram?
Desde S. Pedro até ao Papa Francisco existiram 266. Significa que Francisco foi o sucessor número 265 de S. Pedro.
Já houve alguma mulher Papa?
Não. A história sobre a proximidade de uma mulher com o Papa João VII (século IX) foi deturpada e recolhida no século XIII por Martin de Opava no seu ‘Chronicon pontificum et imperatorum’. Esta é a história da “Papisa Joana”, espalhada no século XVI por alguns grupos protestantes com o objetivo de desacreditar o papado. Conta a história de uma mulher que fingiu ser homem e se tornou bispa de Roma. Durante um cortejo, a suposta papisa caiu no chão e começou a dar à luz, pelo que o povo descobriu o engano e assassinou-a.
Desde quando os Papas mudam de nome? E qual o mais ‘usado’?
O primeiro Papa que mudou de nome foi Mercurio di Proietto, que adotou o nome de João II. O nome mais utilizado até agora é precisamente João. 25 pontífices adotaram esse nome, incluindo João Paulo I e João Paulo II
Já caiu alguma bomba na Capela Sistina?
Na realidade, não se tratou de uma bomba, mas sim de uma explosão que ocorreu em 1797 no paiol de pólvora do Castelo do Santo Anjo, perto do Vaticano. O impacto dos estilhaços atingiu a Capela Sistina e destruiu parte do teto e da abóbada pintados por Miguel Ângelo. Esta é a cena do Dilúvio universal. É ainda possível notar a ausência de tinta naquela zona.
Qual foi o primeiro conclave da história?
Entre 1198 e 1268, os cardeais procederam à eleição em locais “protegidos”. Mas o conclave não foi oficialmente instituído até que Gregório X promulgou o ‘Ubi Periculum’ em 1274, que o desenhou segundo um esquema muito semelhante ao atual. Segundo este critério, o primeiro conclave teria sido realizado em Arezzo em 1276.
O que significa o anel do pescador?
É um símbolo do governo papal, pois antigamente era utilizado como um selo que garantia que o papa tinha revisto e aprovado um determinado documento. Agora, por comodidade, as decisões do Papa são certificadas com um selo especial e não com o seu anel.
Os Papas confessam-se?
O Papa Francisco disse que costumava confessar-se a cada duas semanas. Bento XVI também falou do seu confessor quando morreu. E como todos os seres humanos, os papas estão expostos a cair no pecado e precisam da ajuda do sacramento da reconciliação. Em qualquer caso, o Papa deve também cumprir o preceito de se confessar pelo menos uma vez por ano, e quando comete um pecado grave ou mortal. Cada pontífice escolhe o seu próprio confessor e diretor espiritual.
Há fotografias de um Papa em agonia?
Sim. O médico pessoal de Pio XII (1939-1958), o oftalmologista Riccardo Galeazzi Lisi, fotografou a agonia do pontífice com uma pequena máquina fotográfica Leyca e vendeu as imagens à revista ‘Paris Match’. A publicação de fotografias que mostravam o Papa deitado e a receber oxigénio gerou um grande escândalo, e o médico foi expulso da Associação Médica Italiana.
Quais foram os pontificados mais breves da história?
Os Papas Sissino (século VII) e Dâmaso II (século XI) governaram a Igreja Católica durante 20 dias. Em 1241, Celestino IV morreu 17 dias após a sua eleição, sem ser coroado. A sua morte é atribuída às duras condições do conclave. Dos doze cardeais que participaram, dois morreram durante o conclave. Os outros cardeais fugiram de Roma após a sua morte, temendo que fosse convocado um novo conclave. De facto, foram necessários mais dois anos até que um fosse convocado.
Pio III, cujo nome civil era Francesco Nanni Todeschini Piccolomini (1439-1503), foi Cardeal Secretário de Estado de cinco Papas e foi eleito para a cátedra papal em 1503, mas morreu 10 dias após a sua coroação de um ataque de gota.
Urbano VII (1521-1590) morreu 12 dias após a sua eleição, vítima de paludismo. O seu pontificado foi o mais curto da história.
Leão XI (1535-1605) constipou-se quando tomou posse na Basílica de São João de Latrão e morreu 17 dias após a sua coroação.
Em 1978, João Paulo I governou a Igreja durante 33 dias.
Qual foi o conclave mais longo da história?
A eleição papal mais longa da história durou 34 meses, quase três anos (1268-1271). O conclave foi dividido entre os cardeais que responderam às pressões dos reis de Nápoles e da Sicília, que representavam os interesses da França, e os cardeais italianos, que obedeciam ao Império Alemão. O conclave foi tão longo que 19 cardeais o iniciaram e três deles morreram durante o processo. Após um ano de tentativas falhadas, foram detidos no Palácio Papal, em Viterbo, e as autoridades fecharam as portas para que ficassem isolados e incapazes de comunicar. Como não se conseguiam decidir, os magistrados da cidade aumentaram a pressão e racionaram os seus alimentos, obrigando-os a eleger um pontífice se não quisessem morrer de fome. Começaram até a remover o telhado, para ficarem à mercê do clima.
O que é a Guarda Suíça e que requisitos são necessários para fazer parte da Guarda do Vaticano?
Foi criada pelo Papa Júlio II, a 21 de janeiro de 1506, com a missão de proteger o sucessor de Pedro. Os requisitos para fazer parte da Guarda Suíça são: ser homem, solteiro, ter cidadania suíça, ser católico e ter completado o serviço militar. Além disso, deve ter mais de 1,74 m de altura, ter entre 19 e 30 anos, ter o ensino secundário e carta de condução.
De que modo o Espírito Santo atua no conclave?
O Espírito Santo ‘assiste’ os cardeais na eleição do novo pontífice. O cardeal Joseph Ratzinger explicou numa entrevista de 1997 à televisão bávara que isso não significa que Deus «dita» o nome do candidato, mas sim que ele «age como um mestre». «Não diria que o Espírito Santo escolhe o Papa, porque não assume o controlo da situação, mas age como um bom mestre, que deixa muito espaço, muita liberdade, sem nos abandonar», explicou. Na verdade, «há muitos papas que o Espírito Santo provavelmente não teria escolhido», enfatizou. «O papel do Espírito Santo deve ser entendido de forma mais flexível. Não é que dite em que candidato se deve votar. Provavelmente a única garantia que oferece é que não vamos estragar tudo», esclareceu.
Há superstições sobre o conclave?
A Capela Sistina tem numa das suas paredes laterais um fresco de Perugino com a cena de Cristo a entregar as Chaves a Pedro. A superstição dizia que o cardeal que por acaso estivesse sentado no local sob aquele fresco era o mais provável de ser eleito. Parece que pelo menos três papas se sentaram como cardeais sob este fresco durante os seus conclaves: Júlio II, Clemente VII e Paulo III.
Que sucede se os votos forem mais do que os eleitores?
Queimam-se os votos e repete-se a eleição. Que foi o que aconteceu no quinto escrutínio do conclave de março de 2013, quando um cardeal introduziu, por erro, dois votos (papéis) no lugar de um.
O que acontece se o eleito recusar o cargo?
Retomam-se os escrutínios até que seja eleito um novo Papa.
Quantos Papas renunciaram?
Pelo menos oito, por diversas circunstâncias. O primeiro foi Clemente e seguiram-se: Ponciano, Silvério, Bento IX, Honório II, Celestino V, Gregório XII e Bento XVI.
