Na morte do Papa Francisco


Algumas das suas ideias pouco terão sido, se foram, comentadas, discutidas e publicitadas, nas igrejas ou em outros lugares de reflexão religiosa.


No dia 23 de abril, publiquei neste jornal um artigo apelando à paz, fazendo-me várias vezes eco de afirmações do Papa Francisco sobre a importância da paz e o esforço que todos devíamos desenvolver para que ela se impusesse.

O Papa morreu antes da edição desse texto.

Muitos foram, entretanto, os testemunhos e declarações sobre a obra do Papa Francisco, algumas delas muito laudatórias, inclusive por parte dos que, verdadeiramente, dele não gostavam e dos que ainda menos gostavam das suas ideias sobre um conjunto alargado de assuntos.

Não por acaso, muitas dessas ideias – designadamente as que se referiam a problemas do funcionamento deste mundo e, portanto, extravasavam, de certo modo, o plano puramente religioso – pouco terão sido, se foram comentadas, discutidas, ou sequer difundidas nas igrejas e outros lugares de reflexão religiosa.

E, no entanto, elas foram escritas e ditas por um Papa que vivia e conhecia o mundo como ele é de verdade e não apenas através da ideia esfumada que deste se forma nos claustros algo bafientos de muitos edifícios religiosos.

Na Argentina e em Buenos Aires, Francisco, então Jorge Bergoglio, deslocava-se de metro para os lugares mais pobres e insalubres onde viviam muitos talvez a maioria – dos seus concidadãos mais desafortunados, católicos ou não.

Quando, depois da sua eleição, visitei esse país, muitas foram as dúvidas que me expressaram sobre ele alguns colegas, devido ao que diziam ter sido a sua limitada ação de apoio aos presos raptados, torturados e assassinados pela ditadura militar argentina, porventura a mais cruel da América do Sul.

Só mais tarde, quando se souberam os atos arriscados que, na maior discrição, realizou para dar fuga a muitos dos perseguidos pela ditadura, esses meus colegas passaram a ter dele uma mais opinião positiva, que, rapidamente, aliás, se transformou em veneração.

Francisco devolveu, assim, à Igreja Católica latino americana parte do lugar de esperança e paz que as intervenções demasiado altivas e severas e, sobretudo, pouco informadas, de João Paulo II lhe fez perder.

Devido às intervenções ríspidas e pouco clementes de João Paulo II, muitas igrejas evangelistas, proselitistas e de inspiração norte-americana, dispondo, além disso, de muito dinheiro e experiência mediática, ocuparam rapidamente então – por estarem já desocupados – os sítios de paz e esperança que, antes, as comunidades de base organizadas pela Igreja Católica haviam sido para os mais deserdados dos deserdados.

Comunidades que jesuítas, dominicanos e outras ordens religiosas haviam desenvolvido nessa parte do mundo para, precisamente, assistirem e, mais importante, estarem com os mais desamparados.

Refiro-me aos que viviam nas “favelas” mais degradadas e perigosas do das megalópolis latino americanas e aos que sobreviviam nos lugares mais recônditos de muitos dos países da América Latina, onde eram abusados e sobre explorados pelos que mais tinham, sem sequer se poderem socorrer do poder do Estado para os ajudar, pois este, pura e simplesmente, ali não existia.

Recordo, a esse propósito, uma missão da ONU, em que participei, na Amazónia brasileira, para averiguar o estado de uma investigação criminal relativa ao assassinato, em 2005, de Dorothy Stang, uma freira norte americana da Congregação das Irmãs de Notre Dame de Namur.

Tratava-se de uma religiosa que trabalhava para a “Pastoral da Terra”, ajudando os camponeses a registar e regularizar a situação jurídica dos talhões de terras que as autoridades federais brasileiras lhe haviam atribuído para que as cultivassem e, assim, pudessem dar de comer aos seus filhos.

Aí compreendi melhor a relevância do Estado de Direito, pois, face à carência de quase tudo, foi da falta de lei que tais camponeses pobres mais se queixaram.

Isto, para poderem manter a terra que o Estado lhe alocara e de onde os madeireiros ricos os expulsavam sob a ameaça de armas de fogo dos seus capangas, “grilando”, em seguida, títulos de propriedade, que assim falsificados, asseguravam ser a terra deles e não do Estado brasileiro.

Aí compreendi melhor, também, a importância do papel da Igreja nesse continente.

Uma igreja que João Paulo II nunca entendeu e a que, como centro-europeu e habituado a o uso de intervenções verticais, centralistas e indiscutíveis, repreendeu e, nalguns casos, humilhou publicamente.

Revivo, ainda com espanto e vergonha alheia, o sucedido em 1983, no aeroporto da Nicarágua.

Não esqueço o retrato de um João Paulo II, acabado de aterrar, exibindo uma fácies agastada e dirigindo-se a Ernesto Cardenal – da Congregação dos Missionários do Sagrado Coração de Jesus e responsável, no governo desse país, pelos assuntos culturais que ali esperava para o saudar, afrontando-o e admoestando-o severamente, de dedo em riste, perante as televisões de todo o mundo.

Se tal cena não fosse tão dolorosamente real, faria sorrir os cinéfilos, pois parecia decalcada de um filme italiano de 1977, intitulado “Os Novos Monstros”.

Nesse filme, Vittorio Gassman desempenhou, brilhantemente, o papel de um bispo conservador que, tendo tido uma avaria na luxuosa viatura em que se deslocava, teve de parar numa povoação sem história e qualquer tipo de desenvolvimento, e, enquanto esperava pela sua reparação, por puro divertimento e exibição de poder, destrói em poucas horas o trabalho socialmente avançado e humanitário do pároco local, que desautoriza e humilha perante os paroquianos.  

Pois foi dessa Igreja latino-americana que João Paulo II nunca entendeu muito ligada aos pobres e aos deserdados e cuja miséria pouco tinha e tem a ver com a que havia e há na Europa, que nos veio, depois, um Papa Jesuíta, que escolheu o nome de Francisco, em homenagem a S. Francisco de Assis, ele também pobre e devotado aos pobres e ao respeito pela natureza.

Um Papa que, acima de tudo, quis mostrar a face jubilosa e compassiva, que a Igreja Católica sabe ter e deve, sobretudo, apresentar ante os pobres, os humilhados e os sem esperança.

É essa face que alivia os homens, mulheres e crianças que vivem – podemos dizer assim sem exagero – nos sítios da terra mais parecidos com o que possa ser o inferno das escrituras e lhes dá esperança e força, não para se resignarem, mas para sobreviverem e procurarem sempre mudar a vida e a sua vida.

É essa face, em que a alegria se transforma em coragem perturbadora e subversiva, capaz, por isso, de enfrentar a mais cruel injustiça, que muitos católicos eurocentristas, mais amargurados e preocupados, antes de tudo, com a sua própria salvação, procuram, entre paramentos luxuosos e o fumo perfumado de candelabros gigantes, esconder dos crentes mais carecidos.

Foi, contudo, essa mesma alegria que, enquanto jovem, tive a oportunidade de viver e dela retirar força para tudo o que consegui, em seguida, fazer na vida.

Havia, sempre houve, alguns sacerdotes que olhavam já a vida e o mundo dessa maneira.

Pena que, e recordo agora a minha adolescência, o Cónego Henrique Ferreira da Silva, conhecido apenas por Padre Henrique e falecido em 2003, não possa ter tido a alegria – e se ele era alegre – de ter conhecido o Papa Francisco.

Tudo nele e da sua maneira de ser padre se revia na catequese deste Papa: simples, direta e bondosa e, sobretudo, preocupada com o mundo real e, nele, com os mais desfavorecidos.

Sempre as homilias do Padre Henrique partiam de uma estória do mundo atual.

Através de tais estórias, com uma rara concisão e simplicidade – o Padre Henrique queria que as missas fossem curtas para que todos os fiéis pudessem permanecer atentos –, emergia, sempre clara, a mensagem cristã que ele delas queria extrair.

Pretendia aquele padre que todos os nossos pequenos gestos podiam ser relevantes e significativos para transmitir aos que mais dela necessitavam um pouco de esperança, para que, com ela, se atrevessem a mudar o seu triste destino a que, como insistia, não estavam, necessariamente, condenados.

Lembro dele – já passados alguns anos –, o ar divertido que exibia ainda, quando mais velho e, já depois do 25 de Abril, o encontrei numa estação do metro de Lisboa.

Perguntei-lhe, então o que fazia ali, e ele, sempre sorrindo, respondeu que estava a tirar o curso de Direito na Faculdade da Universidade (clássica) de Lisboa e que, por isso, já sabia mais da vida de Marx, Engels e Lenine do que da dos “santinhos” todos: era o tempo em que o MRPP e, em seu nome, Durão Barroso pontificavam nessa escola de Direito.

As intervenções do Papa Francisco evocaram, pois, sempre, em mim, esse outro padre simples e sabedor, que me reconciliou com o latim e me ensinou alemão e inglês.

Foi ele, que era filho de uma família de pescadores pobres – mas que, desde criança, foi apoiado e educado por uma família inglesa anglicana –, quem me explicou como devíamos viver a vida com respeito e simpatia para com os outros e as suas ideias, por mais diferentes que, em muitos aspetos, esses outros fossem de nós.

O Papa Francisco partiu, mas por causa da sua intervenção sempre atenta, previdente e corajosa, muitos católicos, muitos crentes de outras religiões e mesmo muitas mulheres e homens que não são religiosos, não voltarão a ser os mesmos: por sua causa, a vida de todos eles será certamente melhor, pois movida pela esperança e pela vontade de mudança que ela impulsiona.

Talvez agora, que o Papa Francisco morreu, e dele e do que ensinou tanto se falou, possam católicos, e não só, interessar-se, a sério, pelo que ele disse e escreveu.

Ler o que ele redigiu, bem poderia ser um desafio palpitante para os católicos, até para não se sentirem ultrapassados pelos que, não o sendo, prestam a maior atenção ao que Francisco escreveu.    

Estoril Open. Um nível abaixo, ATP volta em 2026

Alargamento dos torneios Masters 1000 ditou despromoção da prova do Estoril. E participação de vários tenistas está dependente do que fizerem ou não em Madrid.

OClube de Ténis do Estoril volta a abrir portas, de 26 de abril a 04 de maio, a várias das grandes estrelas do ténis internacional, embora sem o mediatismo de outrora, já que o calendário ATP se apertou e obrigou o torneio português a baixar de nível.

Os torneios Masters 1.000 passaram a ser disputados durante duas semanas, um fator que deixou Portugal sem representação no circuito principal (ATP), porque o Masters de Madrid foi alargado e será disputado praticamente nas mesmas datas.

Posto isto, a solução imediata encontrada foi fazer do torneio do Estoril um ‘challenger’ 175, a categoria mais alta do segundo escalão. No entanto, será uma despromoção pontual, tendo sido já confirmado o regresso ao nível ATP em 2026.

A boa fama da organização do Estoril Open, a cargo do diretor João Zilhão, entre os tenistas que vieram a Portugal nos últimos anos, permitiu encontrar outras datas no calendário internacional para ser disputado novamente no formato de ATP 250.

Ao contrário do que sucedia até este ano, o Estoril Open vai passar a realizar-se no mês de julho – mais precisamente entre os dias 20 e 26 –, numa altura em que se fará sentir maior calor e a ameaça de chuva será quase inexistente para o torneio.

Presente no circuito ATP desde 1990, a prova portuguesa realizou-se até 2014 no Complexo Desportivo do Jamor, em Oeiras, tendo-se transferido para o Clube de Ténis do Estoril a partir de 2015, com uma organização diferente e um novo nome.

Dependentes de Madrid

Até lá, este ano a 10.ª edição contará, portanto, com algumas mudanças e com os olhos postos no Masters de Madrid, pois existe a possibilidade de resgatar grandes nomes eliminados de forma precoce, e perder outros que superem várias rondas.

Entre os nomes que poderão ser perdidos, encontra-se o de Nuno Borges, melhor tenista português da atualidade – como comprova o ranking mundial, figurando na 41.ª posição – e o segundo mais bem cotado entre os tenistas inscritos no torneio.

O maiato, de 28 anos, vai jogar em Madrid e, caso se mantenha em prova além da primeira semana, será automaticamente impedido de disputar a prova portuguesa no Estoril, tal como alguns dos principais nomes que também estarão em Madrid.

São ainda exemplo disso os tenistas norte-americanos Alex Michelsen (38.º ATP) e Marcos Giron (45.º), o sérvio Miomir Kecmanovic (47.º), o espanhol Pedro Martínez (48.º), o japonês Kei Nishikori (64.º) ou até o jovem brasileiro João Fonseca (65.º).

O sucesso de alguns destes nomes na capital espanhola vai abrir portas à entrada direta de outros tenistas menos cotados, estando ainda em aberto a atribuição de convites da organização a jogadores que poderão ser eliminados precocemente.

Um desses convites (‘wildcards’) já foi atribuído ao jovem português Jaime Faria, o segundo tenista nacional mais bem cotado e 105.º colocado na hierarquia, depois de um ano de 2024 em que ascendeu mais de 400 lugares e se estreou no top-100.

Assim, Nuno Borges e Jaime Faria serão os representantes lusos na competição, com a possibilidade de mais se juntarem provenientes das rondas de qualificação, na qual estão inscritos Henrique Rocha, Gastão Elias, Pedro Araújo e Tiago Pereira.

No último ano, Nuno Borges alcançou os quartos de final, onde foi eliminado pelo chileno Cristián Garín, enquanto Jaime Faria surpreendeu ao ultrapassar a fase de qualificação com distinção, sendo travado na primeira ronda do quadro principal.

O tenista da Maia, cujo melhor ranking da carreira é o 30.º posto (setembro de 2024), vai disputar o Estoril Open pelo quinto ano consecutivo, com Jaime Faria a efetuar apenas a segunda participação, e a primeira sem precisar de qualificação.

Os dois tenistas são as esperanças portuguesas em repetir o inédito feito de João Sousa, que conquistou o torneio em 2018, ao derrotar na final o norte-americano Frances Tiafoe, sendo um dos grandes momentos da modalidade a nível nacional.

Em 2022, momento semelhante aconteceu, mas na variante de pares, quando os amigos de infância Francisco Cabral e Nuno Borges venceram, de maneira inédita, um torneio ATP, ao derrotar no jogo decisivo Máximo González e André Goransson.

No ano seguinte, Cabral e Borges voltaram a chegar longe, mas sucumbiram nas meias-finais, tendo sido eliminados na primeira ronda em 2024 por uma dupla que chegou à final, faltando ainda saber se voltarão a regressar em dupla nesta edição.

Nove edições, nove vencedores

A derradeira edição marcou a despedida de João Sousa dos courts, depois de uma carreira em que atingiu o melhor ranking de sempre de um português (28.º lugar) e conquistou ao todo quatro títulos ATP, em Kuala Lumpur, Valência, Estoril e Pune.

Em nove edições anteriores, houve nove vencedores distintos. Em 2024, o polaco Hubert Hurkacz conquistou o seu primeiro título em terra batida e, não estando inscrito, terá um sucessor, a não ser que ainda receba um convite da organização.

O ‘prize money’ do torneio português de terra batida é de 562.815 euros, contando o quadro principal com 28 jogadores: 19 com entrada direta de acordo com o seu ranking, dois ‘special exempts’, quatro oriundos da qualificação e três ‘wildcards’

Madonna esteve em Portugal e passeou por Lisboa e pela Comporta com o namorado. A cantora explicou que regressou ao país para ir ao dentista. «Uma viagem ao meu dentista favorito em Lisboa, o Dr. Miguel Stanley, significa que posso ver a minha família musical e amigos e visitar a praia mais bonita do mundo. Comporta (a seguir a Copacabana)», escreveu a cantora, de 66 anos, nas redes sociais onde publicou várias fotografias. Nas imagens, via-se Madonna abraçada ao manequim Akeem Morris, de 28 anos, com quem começou a namorar em 2024. Em Lisboa, o casal andou por alguns dos bairros mais típicos, como Alfama, Bairro Alto ou Bica. Aproveitou também a vista do Miradouro das Portas do Sol e juntou vários amigos, como o jovem Gaspar Varela, bisneto de Celeste Rodrigues, que chegou a acompanhá-la ao vivo. Não faltaram também as fotografias da rainha da pop na parai da Comporta, um dos seus locais preferidos em Portugal. Recorde-se que Madonna viveu em Lisboa entre 2017 e 2020.

Prisão preventiva para suspeito de matar e enterrar homem na Lourosa

Corpo foi encontrado no terreno da casa do suspeito, que deu pistas falsas sobre desaparecimento da vítima.

A Polícia Judiciária deteve na noite de sexta-feira, fora de flagrante delito, um suspeito de homicídio qualificado, e de profanação de cadáver de um homem, de 58 anos.

Em causa está a morte de um homem, de 55 anos, cujo corpo foi descoberto num terreno em Lourosa, na quarta-feira, depois de ter sido dado como desaparecido a 15 de abril.

A casa do suspeito fica no terreno onde o corpo foi encontrado enterrado.

“Da investigação desenvolvida, foi possível apurar que ambos eram velhos conhecidos, havendo fortes indícios de que, com o objetivo de se apoderar dos bens da vítima, o suspeito decidiu matá-lo, presumivelmente por asfixia”, informa a PJ.

Após o homicídio, o suspeito terá enterrado o corpo e utilizado o cartão bancário da vítima, para iludir os familiares, “fornecendo pistas falsas acerca do seu desaparecimento”.

O agora detido, com antecedentes criminais por crime de fraude fiscal, já foi presente a tribunal, tendo ficado sujeito à medida de coação mais gravosa, prisão preventiva.

Francisco: uma voz para o nosso tempo

Francisco foi uma voz irreverente num mundo que se habituou à resignação.

Nas grandes encruzilhadas da História, surgem vozes capazes de romper o ruído e devolver-nos ao essencial. Há doze anos, o mundo escutou uma dessas vozes: a de Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco. Muito mais do que o chefe espiritual da Igreja Católica, foi – e é – um exemplo vivo de entrega, coerência e compromisso com os valores universais da Paz, do Amor e da Fraternidade. A sua liderança não foi feita de estridência, mas de presença. E hoje, num mundo que parece cada vez mais fragmentado, é inevitável reconhecer: precisávamos – e precisamos – de Francisco.

Desde o primeiro momento, o Papa Francisco assumiu um magistério com os olhos postos nas periferias. Em 47 viagens apostólicas, levou a sua voz e a sua escuta às geografias esquecidas do planeta – e às periferias existenciais que tantas vezes não cabem nos mapas. Com humildade e coragem, apontou-nos o caminho de uma fé vivida com os pés no chão e o coração aberto. E deixou um alerta que ressoa particularmente na nossa Europa: é urgente olhar para lá das nossas fronteiras e romper com a lógica confortável dos aliados de sempre. Este não é apenas um apelo religioso – é um grito de consciência sobre os valores que nos definem como civilização.

Enquanto cidadã e como católica, mas também – e talvez sobretudo – como política, não posso ignorar essa interpelação. Vivemos num tempo em que os princípios que fundaram a União Europeia – a dignidade humana, a solidariedade, a paz – enfrentam desafios dentro e fora dos muros da Europa. O contributo de Francisco foi, neste contexto, de uma lucidez rara. Mostrou-nos que a defesa desses valores exige mais do que proclamações: exige ação, compromisso e, sobretudo, empatia. Exige, precisamente, derrubar muros.

As suas quatro encíclicas são o testemunho escrito desse percurso. Em Lumen Fidei, reafirmou a centralidade da Fé num tempo de dúvidas e desorientação. Em Amoris Laetitia, falou do Amor com a sensibilidade e realismo de quem conhece a fragilidade das relações humanas. Fratelli Tutti é um verdadeiro manifesto por uma amizade social global, onde o outro não é inimigo, mas irmão. E Laudato Si’ marcou, pela primeira vez, o ambiente como prioridade moral, lembrando-nos que a nossa ‘casa comum’ não pode continuar a ser negligenciada em nome do lucro ou da inércia.

Mas o mais notável em Francisco foi, talvez, a sua capacidade de viver o que pregava. Não se limitou a escrever: praticou. Não se escondeu atrás das paredes do Vaticano: foi ao encontro. Não ficou prisioneiro de formalismos: falou com clareza, com afeto e, muitas vezes, com a firmeza necessária para abanar consciências.

Francisco foi uma voz irreverente num mundo que se habituou à resignação. Uma voz que não se calou perante a guerra, a desigualdade ou a indiferença. Interpelou-nos a todos, independentemente da fé, do estatuto ou da geografia. Falou com a autoridade moral de quem coloca os últimos em primeiro lugar, e os valores acima dos interesses.

Hoje, o mundo enfrenta desafios colossais: conflitos armados, emergência climática, crises humanitárias, ameaça à democracia e à liberdade de expressão. São tempos que exigem coragem e visão. A mesma coragem e visão que encontrámos em Francisco.

O seu exemplo deixa-nos um legado que não é apenas espiritual — é profundamente político e humano. Podemos estudá-lo, sim. Mas acima de tudo, devemos esforçar-nos por vivê-lo. A sua ausência far-se-á sentir. Mas o seu testemunho permanece, como um guia num tempo de incerteza.

Deixará muitas saudades. Mas deixa também um caminho. Cabe-nos a nós continuar a percorrê-lo.

Eurodeputada PSD

Homem encontrado morto ao largo da Cantareira na Foz do Douro

Ainda não foi possível apurar as causas da morte.

O corpo de um homem foi encontrado ao largo da Cantareira, na Foz do Douro, este sábado de manhã.

Foram mobilizados para o local elementos do Comando Local da Polícia Marítima do Douro, do INEM, dos Bombeiros Voluntários Portuenses e da Polícia Judiciária.

O corpo foi retirado de uma zona rochosa e óbito sido declarado no local, pelo INEM.

Ainda não foi possível apurar as causas da morte.

O corpo foi transportado para o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses do Porto.

Patrícia Sampaio sagra-se campeã europeia de judo

Nos Jogos Olímpicos de Paris recebeu medalha de bronze.

A judoca Patrícia Sampaio sagrou-se campeã europeia em 78 kg, este sábado, ao vencer a atleta alemã Anna Monta Olek, na final da competição que decorre em Podgorica, no Montenegro.

Patrícia Sampaio, primeira cabeça de série, garantiu o primeiro título europeu depois de um combate, com uma das favoritas, que resolveu por ippon, a 02.21 minutos do final.

Antes da final, a judoca, bronze olímpico em Paris2024 e bronze nos Europeus de 2023, derrotou a finlandesa Emma Krapu, a russa Slaviana Rylkevich e a francesa Audrey Tcheumeo, todas por ippon.

Esta é a segunda medalha de Portugal nos Europeus de judo, depois da prata conquistada por Catarina Costa na passada quarta-feira. 

5 Lições comunicativas do Papa Francisco

O Papa Francisco revelou-se, não só um líder religioso, mas um comunicador com lições que transcendem fronteiras religiosas.

Em tempos de crise profunda de credibilidade da Igreja – e não é preciso evocar agora quais as insuficiências – o Papa Francisco revelou-se, não só um líder religioso, mas um comunicador com lições que transcendem fronteiras religiosas. Na véspera de vir a Fátima em 2017, uma sondagem da Gallup a mais de 60.000 pessoas em todo o mundo mostrou que, independentemente da religião, Francisco tinha uma imagem favorável para mais de metade da população global. Portugal, curiosamente, era então o país onde essa aprovação era mais elevada: 95%.

Que fazia de Francisco um comunicador tão eficaz?

1. Uma abertura radical ao outro

O Papa tinha o dom raro de escutar sem medo. Queria ouvir quem pensa de forma diferente, acolhia todos, independentemente do seu estado de vida. Para ele, cada pessoa valia mais do que as suas ideias e os seus erros. Desafiou a Igreja a sair das suas zonas de conforto, visitou periferias físicas e existenciais, e abriu espaço para diálogo real. Essa abertura conferiu-lhe uma autoridade comunicativa que não vem da imposição, mas da empatia.

2. Coragem de correr riscos

Foi talvez o Papa mais imprevisível dos tempos modernos: improvisou, telefonou diretamente a fiéis, respondeu sem guião nem cautelas a jornalistas em voos papais, concedeu entrevistas a meios improváveis. Esta exposição, com todos os riscos de mal-entendidos, revela autenticidade. Obrigou também os comunicadores a interpretarem as suas palavras à luz do seu estilo: espontâneo, pastoral, relacional. Entender o Papa sem o instrumentalizar, exigiu conhecer o que disse no original, na íntegra, e no tom com que o disse.

3. Clareza sobre o essencial

Francisco sabe o que quer comunicar: o núcleo do cristianismo. Na Evangelii Gaudium diz que a proposta essencial é simples e bela: «Jesus Cristo ama-te, deu a sua vida para te salvar, e agora vive contigo todos os dias». Perante o ruído mediático de temas polémicos, Francisco insiste: a verdade central não é doutrinária, é relacional. E mostra-a, sobretudo, com gestos. Em fevereiro passado escreveu no prefácio a um livro de Austen Ivereigh: «Como Papa, quis encorajar a nossa pertença ‘primeiro’ a Deus, e depois à criação e aos nossos irmãos, especialmente àqueles que nos chamam em voz alta».

4. A verdade transmite-se como bondade

Foi uma ideia especialmente presente no ‘Ano da Misericórdia’ que convocou em 2016: a verdade não é uma ideia a impor, mas um amor a oferecer. Dedicou cada sexta-feira a um gesto de misericórdia: visitou toxicodependentes, refugiados, doentes, sacerdotes afastados do ministério, mulheres resgatadas da prostituição. A mensagem era silenciosa, mas eloquente: Deus está próximo, e é bom. Antes de crer, é preciso sentir-se amado.

5. A bondade precisa da companhia da verdade

Num tempo de pós-verdade, Francisco insiste que não pode haver paz sem verdade. Mas recusa a verdade como arma. Em Lumen Fidei, afirma que só o amor permite aceder à verdade: quem ama vê mais longe, compreende melhor, porque ama. Esta articulação entre verdade e misericórdia é talvez o maior desafio da comunicação cristã hoje – e também o seu maior trunfo.

*   *   *

Quando veio a Fátima, em 2017, talvez tenha querido recordar que a fé começa por uma experiência de beleza: a de um Deus que arde no peito sem queimar. Como dizia o outro Francisco, o pastorinho de Fátima: «Gosto tanto de Deus!». Essa linguagem simples – que comunica com todos – talvez resuma o que o Papa Francisco esteve ensinando ao mundo: a fé comunica-se com o coração, antes de convencer pela razão.

Sub-diretor do Gabinete de Comunicação do Opus Dei
Consultor de comunicação da Igreja

Nuno Guerreiro. Vozes eternas nunca morrem

O cantor foi internado na manhã de 17 de abril e acabou por falecer no mesmo dia no hospital São Francisco Xavier.

Foi um choque. Nuno Guerreiro, vocalista da banda Ala dos Namorados, morreu no dia 17 de abril, aos 52 anos, vítima de septicemia, uma infeção generalizada que evolui de forma muito rápida e intensa. De acordo com o seu agente, Manuel Moura dos Santos, o cantor já tinha começado a dar sinais de má indisposição no dia 14 de abril, e na manhã do dia 17 foi internado no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, onde acabou por falecer. Não se sabe ainda ao certo o que motivou a infeção.

A notícia foi avançada pelo presidente da Câmara de Loulé, Vítor Aleixo, de onde o músico era natural. «Morreu Nuno Guerreiro. Estamos destroçados», escreveu o autarca na legenda da publicação. A Câmara decretou um dia de luto municipal, com as cerimónias fúnebres a realizarem-se na terça e quarta-feira.

A família de Nuno Guerreiro deu indicações à funerária para que partilhasse um pedido pessoal:_em vez das tradicionais flores, que o dinheiro fosse entregue a uma associação que apoia animais, e que o cantor apadrinhava. «A Família pede, se possível e carinhosamente, para não levar flores e doar esse valor à ACCBA (Associação de Criadores do Cão do Barrocal Algarvio). Associação apadrinhada pelo Nuno», lia-se numa publicação da funerária, nas redes sociais.

Uma voz marcante

Nascido a 5 de setembro de 1972, aos 16 anos Nuno Guerreiro mudou-se para a capital para seguir o seu próprio caminho. Sempre com a música em mente, estudou na Escola de Dança do Conservatório Nacional, onde também se formou em canto lírico. A sua voz deixou uma marca na cultura portuguesa, principalmente por ter sido o cabeça de frente da banda Ala dos Namorados, fundada em 1993, com João Gil, João Monge e Manuel Paulo, destacando-se temas como Solta-se o Beijo, Loucos de Lisboa ou Caçador de Sóis.

Nuno Guerreiro também lançou álbuns a solo, como Carta de Amor (1999), produzido no Japão por Akira Senju, e Tento Saber (2002), que contou com outros grandes nomes da música portuguesa, como Sara Tavares e Rui Veloso.

No ano de 2018, a banda Ala dos Namorados celebrou 25 anos de carreira, com um concerto especial em Loulé, reunindo vários artistas convidados.

Mais recentemente, o cantor tinha estado em palco com a Banda da Sociedade Filarmónica Artistas de Minerva, de Loulé, que reuniu os músicos Ricardo J. Martins, João Palma, Vítor Bacalhau e Vasco Moura. E_foi mesmo neste projeto, e com estes músicos, que Nuno Guerreio viria a dar os seus últimos concertos, nos dias 30 e 31 de março, no Cineteatro Louletano. «É tanto o orgulho, é tanta a felicidade, que ainda estou meio adormecido e a acordar de um sonho!», escreveu o músico, na sua última publicação no Instagram.

Em busca de um novo Papa

O legado do Papa Francisco não é propriamente uma missão pacífica. O Sumo Pontífice deixou as sementes, que ele entende como diálogo, e caberá agora às fações radicais, EUA e Alemanha, mostrarem ao que vêm. A ‘aula’ que deu aos jesuítas em Portugal explica quase tudo.

É natural que as casas de apostas já estejam a fervilhar de jogadores ansiosos de ‘jogar’ no futuro Papa, à semelhança do que fazem milhares de comentadores nas televisões e nos cafés de bairro. Sempre que um Papa morre ou abdica é necessário eleger um novo e fazem-se as conjeturas possíveis. A mais óbvia é que Francisco nomeou 108 dos 135 cardeais que vão escolher o futuro Sumo Pontífice, e que, naturalmente, a decisão deverá recair em alguém que queira seguir o caminho ‘aberto’ pelo antigo cardeal Bergoglio. Mas será mesmo assim? «Há pessoas que imaginam que tendo a maioria dos cardeais sido escolhida pelo Papa Francisco que isso determinará que o que vier a ser escolhido esteja na continuidade, no alinhamento com as suas ideias. E é uma possibilidade, mas é bom saber que de um conclave de cardeais nomeados por Papas tido como conservadores, como Bento XVI e João Paulo II, ‘subiu’ Bergoglio. Podemos dizer que se de um conclave preparado de modo conservador saiu um progressista, também pode acontecer o contrário. Mas isto são análises simplistas», começa por explicar um teólogo que prefere o anonimato (ver Págs. 18-20).

 A ideia que se tem do chefe máximo da Igreja Católica que agora faleceu é que era um homem progressista que levou a cabo uma luta de ‘abertura’, uma espécie de glasnost, no Vaticano, mas Francisco sempre defendeu a união e não queria pôr o futuro em causa com grandes ruturas – esse será o grande desafio do futuro Santo Padre. Para se perceber como o Papa ‘jogava’ nos dois tabuleiros, conservadores e progressistas, veja-se que dos dez cardeais mais velhos que vão eleger o futuro Sumo Pontífice, todos nascidos em 1945, perfazendo 80 anos em 2025 – seis foram nomeados por Francisco. Todos, todos, todos poderão votar, mesmo que no momento da votação já tenham chegado à idade da reforma – no que diz respeito ao direito de votar – pois o que conta é a idade que tinham na data da morte do líder do Vaticano.

Um Sínodo à espera de melhores dias

Numa altura de grandes divisões na Igreja Católica, o processo sinodal que foi lançado por Francisco acabou por não ver fumo branco no seu consulado. Lançado em 2021, o processo sinodal ouviu o «Povo de Deus» nas dioceses e Eparquias do mundo, como se lê no documento final do Sínodo. Acontece que a batalha levada a cabo por Francisco só deverá estar terminada em 2028, passando dos três anos previstos para sete. E qual a razão para esse dilatar do tempo? Francisco quis ouvir todos, mas percebeu que as divisões obrigavam a mais escutas e conversas entre todos. Usando uma linguagem mais direta, o que o povo disse não agradou a todos e no documento final decidiu-se que algumas das questões mais fraturantes não deviam aparecer espelhadas no documento. E aqui usando uma linguagem jurídica, extraíram-se os temas como a bênção dos casais do mesmo sexo, a aceitação de casais recasados ou o papel das mulheres na Igreja, para outros grupos de trabalho que dirão de sua justiça. Ou seja, para que o documento final não se transformasse num megaprocesso, o Vaticano decidiu ‘cortá-lo’ em vários temas para outros grupos ‘partirem’ mais pedra. Os cerca de 10 grupos começarão a apresentar trabalho a partir de junho, mas haverá muito trabalho pela frente até se chegar às conclusões finais.

Curiosamente, a discussão sobre a obrigatoriedade do celibato dos padres desapareceu da agenda… e nem ficou no relatório final nem estará nas novas c omissões. «As questões fraturantes foram todas deliberadamente retiradas desta reflexão, e foram entregues a comissões especiais que foram criadas e estão em trabalho no Vaticano. Os temas mais polémicos ou aqueles que, no fundo, põem mais em causa aquilo que foi a tradição da Igreja nos últimos tempos, foram entregues a comissões especiais. O que o Papa pretendeu com o Sínodo é que na Igreja se aprenda a trabalhar conjuntamente, isto é, com o envolvimento de muitas pessoas. Quando começou este processo sinodal nem sequer se sabia que ia durar sete anos, ele está construído à medida que é feito. É um work in progress, uma aprendizagem em progresso», acrescenta o mesmo teólogo.

Simplificando mais uma vez: se o o processo sinodal, que ainda tem o nome de Sínodo dos Bispos, embora colaborem centenas de pessoas que o não são, entre as quais mulheres, tivesse aprovado o fim do celibato obrigatório dos padres, a ordenação de mulheres, a bênção de casais do mesmo sexo, entre outros temas fraturantes, a Igreja americana, a africana e a asiática distanciavam-se do Vaticano. Pelo contrário, a Igreja alemã, a maior parte dela, aplaudiria com toda a força. O novo Papa terá pois a difícil tarefa de continuar a conseguir o equilíbrio entre estas várias realidades. Na Igreja poucos acreditam que o futuro Papa não leve o processo até ao fim, mas há quem defenda que se a ala mais conservadora sair vencedora, será natural que decida enterrá-lo, voltando o mesmo de novo para as prateleiras.

Uma conversa histórica com jesuítas

O Papa Francisco, aquando da sua vinda a Portugal por causa da Jornada Mundial da Juventude, decidiu encontrar-se com os seus ‘irmãos’ jesuítas, tendo esse encontro marcado muitos dos que estiveram presentes, além de que muitos teólogos dizem que essa conversa é o melhor retrato de Francisco e do que pensava da Igreja. Às perguntas colocadas, Francisco respondeu a todas, embora para um leigo possa parecer que foi uma não resposta em muitos casos. A este propósito outro teólogo ouvido pelo Nascer do SOL explica o comportamento de Francisco. «O Papa tinha um estilo de sugerir, propor, mas não exortava e muito menos impunha. Não tinha discursos com arestas. Era uma espécie de airbag nalguns aspetos, pois era das pessoas mais astutas que havia».

Voltemos então ao Colégio de S. João de Brito onde aconteceu o encontro com os jesuítas portugueses. Um ‘irmão’, com o mesmo nome, falou numa experiência sabática que teve nos EUA: «Houve uma coisa que me impressionou muito e que por vezes me fez sofrer. Vi muitos, mesmo bispos, a criticar a sua maneira de conduzir a Igreja. E muitos acusam também os jesuítas, que são normalmente uma espécie de recurso crítico do Papa, de não o serem agora. Até gostariam que os jesuítas o criticassem explicitamente. Tem saudades das críticas que os jesuítas faziam ao Papa, ao Magistério, ao Vaticano?», perguntou o padre Francisco.

Antes de irmos à resposta do Sumo Pontífice, um aparte inevitável. Não deixa de ser estranho que os jesuítas estejam agora proibidos de falar sem o consentimento do provincial, o seu chefe… Insólito, no mínimo. Tem a palavra o Papa: «Verificaste que nos Estados Unidos a situação não é fácil: há uma atitude reacionária muito forte, organizada, que estrutura uma adesão também afetiva (…) Quero lembrar a estas pessoas que voltar atrás é inútil e que é preciso compreender que há uma evolução correta na compreensão das questões de fé e de moral, desde que se sigam os três critérios que Vicente de Lérins já indicava no século V: que a doutrina evolui ut annis consolidetur, dilatetur tempore, sublimetur aetate. Por outras palavras, a doutrina também progride, dilata-se com o tempo, consolida-se e torna-se mais firme, mas sempre progredindo. A mudança desenvolve-se da raiz para cima, crescendo com estes três critérios».

Numa das críticas mais diretas aos cardeais americanos, Francisco concluiu: «Esses grupos americanos de que falas, tão fechados, estão a isolar-se. E em vez de viverem da doutrina, da verdadeira doutrina que sempre se desenvolve e dá fruto, vivem de ideologias. Mas quando se abandona a doutrina na vida para a substituir por uma ideologia, perdeu-se, perdeu-se como na guerra. Por outras palavras, a ideologia substitui a fé, a pertença a um setor da Igreja substitui a pertença à Igreja».

O clericalismo infiltra-se nos padres

Nesta troca de ideias, que pode consultar no site dos jesuítas, falou-se de tudo um pouco. Frederico, Mestre de Noviços, perguntou: «Que afetos desordenados acha que são mais frequentes na Igreja, e especialmente na Companhia?». A resposta: «Hoje foi publicada a carta sobre a mundanidade e o clericalismo. É sobre estes dois pontos que gostaria de chamar a atenção do nosso clero. O clericalismo infiltra-se nos padres, mas é ainda pior quando se infiltra nos leigos. Os leigos clericalizados são assustadores. Respondo com esses dois espíritos, o mundanismo e o clericalismo, que podem fazer muito mal à Companhia». Sem rodeios, Francisco falou dos demónios «que tocam à campainha, que pedem ‘licença’ que não se parecem com nada e que depois tomam conta da casa. Jesus conclui que o estado do homem acaba por ser pior do que antes. Por outras palavras, é preciso ter cuidado para não escorregar aos poucos. Há um tango argentino muito bonito que se chama Barranca abajo, ‘descendo a ravina’. Quando uma pessoa começa a deslizar pela ravina, está perdida. Desliza para baixo e, de baixo, somos atraídos. Daí a importância de se fazer um exame de consciência, para que os demónios ‘educados’ não entrem discretamente». Como facilmente se perceberá, as críticas tinham vários destinatários.

Para terminar sobre os desafios que o Papa Francisco deixou ao seu sucessor, atentemos na pergunta «Santo Padre, o senhor é para mim o Papa dos meus sonhos depois do Concílio Vaticano II. O que sonha para a Igreja do futuro?». «Muitos estão a questionar o Vaticano II sem o nomear. Põem em causa os ensinamentos do Vaticano II. E se olho para o futuro, penso que temos de seguir o Espírito, ver o que ele nos diz, com coragem». «Com a oração, o jesuíta vai em frente, não tem medo de nada, porque sabe que o Senhor lhe inspirará, a seu tempo, o que tem de fazer. Quando um jesuíta não reza, torna-se um jesuíta seco. Em Portugal poder-se-ia dizer que se tornou ‘um bacalhau’».

Francisco: o Papa da misericórdia, da alegria e da Igreja em saída

O Papa Francisco não deixa apenas reformas administrativas ou documentos do magistério. Deixa-nos um estilo evangélico de ser Igreja. 

Com o coração cheio de gratidão e de esperança, a Igreja olha hoje para o legado do Papa Francisco, que o Senhor agora chamou à Sua presença. A sua vida foi de grande coerência entre o Evangelho, os gestos que teve e as palavras que proferiu . Deixa-nos uma herança espiritual marcada profundamente por três pilares: a misericórdia, a alegria do Evangelho e a Igreja em saída.

O rosto da misericórdia

Desde os primeiros gestos do seu pontificado, Francisco mostrou-se um pastor próximo, sensível às fragilidades humanas. A sua primeira homilia como Papa, ainda na Capela Sistina, já apontava esse caminho: «Nunca nos cansemos de pedir perdão. Deus nunca se cansa de perdoar, somos nós que nos cansamos de pedir a sua misericórdia».

Com o Jubileu da Misericórdia em 2016, Francisco chamou toda a Igreja a redescobrir este centro do Evangelho. A misericórdia, para ele, não era um acessório teológico, mas a própria «carta de identidade de Deus». Como escreveu na bula Misericordiae Vultus: «A misericórdia é a viga mestra que sustenta a vida da Igreja». E acrescentava, com vigor pastoral: «Onde quer que haja cristãos, qualquer pessoa deveria poder encontrar um oásis de misericórdia».

Uma Igreja em saída

O Papa Francisco convidou-nos incessantemente a sair de nós mesmos, das nossas comodidades e estruturas fechadas. A famosa expressão ‘Igreja em saída’ não é um simples slogan pastoral, mas uma convocação à fidelidade missionária.

Na sua primeira Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, deixou um apelo incisivo, que seria um dos pilares do seu pontificado: «Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e pela comodidade de se agarrar às próprias seguranças».

Francisco fez da periferia o centro, lembrando-nos que é ali que Cristo habita, entre os descartados, os pobres, os migrantes, os prisioneiros. E mais: fez da escuta um método evangelizador. Não só ‘sair’, mas também ‘acolher’.

Este dinamismo de conversão missionária supõe também um esforço pessoal de superação e entrega. Conforme ensina São Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei, a santidade não se acomoda em desculpas, mas cresce na luta contra o egoísmo e a passividade. Assim, cada cristão é chamado a tornar-se verdadeiramente protagonista da missão da Igreja. A isso também chamou o Papa Francisco, todos os cristãos do nosso tempo.

A alegria do Evangelho

A alegria – não como euforia superficial, mas como fruto do encontro com Jesus – foi uma marca constante do seu pontificado. A sua primeira exortação apostólica começa com as palavras: «A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus».

Francisco acreditava, e fez-nos acreditar, que um cristianismo triste contradiz a essência do Evangelho. Como dizia: «Não deixemos que nos roubem a alegria evangelizadora!» E recordava que a santidade se vive no cotidiano com leveza e sorriso: «Um santo triste é um triste santo».

O Papa Francisco não deixa apenas reformas administrativas ou documentos do magistério. Deixa-nos um estilo evangélico de ser Igreja. Uma Igreja com o olhar de Cristo, capaz de se comover diante do sofrimento, ousada na missão e enraizada na alegria do Ressuscitado.

Vigário Regional do Opus Dei

Judoca Jorge Fonseca eliminado nos ‘oitavos’ em -100 kg

Português era oitavo cabeça de série em -100 kg na competição.

O judoca português Jorge Fonseca foi este eliminado nos oitavos de final dos Europeus em Podgorica, este sábado, ao perder com o letão Maksims Duinovs, por ‘yuko’.

Duinovs tem apenas 21 anos e é atualmente o 175.º do mundo.

Jorge Fonseca, oitavo cabeça de série em -100 kg na competição, foi campeão mundial em 2019 e 2021 e e bronze olímpico em Tóquio, em 2021.

China desmente Trump sobre negociações comerciais com EUA

Declarações norte-americanas sobre diálogo sobre as tarifas com Pequim “são enganadoras”.

A China voltou a negar, este sábado, estar em negociações com os Estados Unidos sobre as tarifas, desmentindo assim as declarações do Presidente norte-americano, na sexta-feira.

“Não houve consultas ou negociações entre a China e os Estados Unidos sobre questões tarifárias, muito menos um acordo”, garantiu a embaixada chinesa em Washington, num comunicado publicado na plataforma de mensagens WeChat.

As declarações de Donald Trump de que está a haver um diálogo “são enganadoras”, lê-se ainda.

“Se os Estados Unidos querem resolver realmente o problema através do diálogo, devem primeiro corrigir os seus erros, deixar de ameaçar e pressionar os outros e abolir completamente todas as medidas tarifárias unilaterais tomadas contra a China”, acrescentou a representação diplomática chinesa.

Sublinhe-se que o Presidente dos EUA adiantou, numa entrevista publicada na sexta-feira pela revista Time, que estavam os dois países em negociações para tentar chegar a um acordo, chegando mesmo a dizer que o processo poderia estar concluído nas próximas semanas.

Trump afirmou que tinha falado ao telefone com o homólogo chinês, Xi Jinping.  “Ele telefonou. E não acho que isso seja um sinal de fraqueza”, disse.

Morreu a mulher que acusou o príncipe André de abuso sexual

Virginia Giuffre de 41 anos ter-se-á suicidado em Neergabby, na Austrália, onde vivia há vários anos.

A mulher que acusou o príncipe André, de Inglaterra, de abuso sexual, quando era adolescente, num caso que envolvia o empresário Jeffrey Epstein, morreu na sexta-feira.

A informação foi confirmada pela família de Virginia Giuffre, de 41 anos, que vivia na Austrália há vários anos.

“Virginia era uma guerreira feroz na luta contra os abusos sexuais e tráfico sexual. Ela foi uma luz que fortaleceu tantos sobreviventes”, lê-se no comunicado da família. “Apesar de todas as adversidades que enfrentou na vida, ela brilhou tanto. Sentiremos muito a sua falta”, disse ainda a família.

Segundo a NBC, Virginia Giuffre suicidou-se. Segundo a família, “tornou-se incomportável para Virginia suportar o peso das agressões” de que foi vítima.

A Polícia Estatal da Austrália Ocidental foi notificada na noite de sexta-feira sobre a morte de uma mulher numa casa em Neergabby, uma zona rural nos subúrbios de Perth.

Recorde-se que Virginia Giuffre acusou judicialmente, em 2022, o príncipe And´re de ter abusado sexualmente dela, quando era adolescente, na mansão de Jeffrey Epstein, em Nova Iorque, e na ilha privada em Little St. James.

Natural de Sacramento, na Califórnia, Virginia Giuffre foi uma das primeiras vítimas a pedir a instauração de processos criminais contra Epstein, condenado por tráfico sexual em julho de 2019, e que poucas semanas depois de estar preso, cometeu suicídio.

Jovem de 17 anos esfaqueado em Leiria

Autor do ataque não foi ainda identificado.

Um jovem de 17 anos foi esfaqueado, na sexta-feira, num Parque Municipal em Leiria.

Segunda a PSP, os ferimentos do jovem, na zona da axila, obrigaram a hospitalização, no entanto não corre perigo de vida.

O incidente ocorreu cerca das 18h00 e “o suspeito responsável pelo ataque” está por identificar.

A PSP já realizou várias diligências com o objetivo de identificar  e localizar o autor do ataque, tendo sido “preservadas as imagens do sistema de videovigilância da cidade”.

Nova semana de poucas ‘mexidas’ nos combustíveis

Gasóleo não mexe e gasolina sobe pouco.

Os preços dos combustíveis voltam a não sofrer grandes alterações na próxima semana

O gasóleo, o combustível mais usado em Portugal, vai manter-se na mesma e a gasolina sobe um cêntimo por litro.

Assim, a gasolina passa para os 1,686 euros por litro e o gasóleo para a 1,522.

Sublinhe-se que o preço dos combustíveis varia entre marcas e postos de abastecimento.

Altice quis fazer negócio com empresa de arguido na ‘Operação Picoas’

O prazo dado pela PGR para o MP concluir o processo está a chegar ao fim. Armando Pereira e Hernâni Vaz Antunes pedem que seja fixada uma data para o fim do inquérito. Meo quis comprar iPhones a empresa
do Grupo HVA.

AArmando Pereira e Hernâni Vaz Antunes, os principais arguidos do inquérito conhecido como ‘Operação Picoas’ requereram ao procurador-geral da república que seja fixada uma data definitiva para o fim da investigação que já dura desde 2018. O pedido é feito quando o prazo de seis meses dado em outubro para o fim do inquérito está prestes a terminar sem que, segundo os mandatários dos arguidos, seja conhecida qualquer diligência no inquérito – nem as que os próprios pediram. 

No requerimento apresentado em conjunto pelas defesas dos dois arguidos, a que o Nascer do SOL teve acesso, os advogados Rui Patrício e Magalhães e Silva começam por recordar que na sequência do pedido de aceleração processual apresentado a 21 de outubro de 2024, o vice-procurador-geral da república ordenou ao procurador Rosário Teixeira que encerrasse o processo no prazo máximo de seis meses. Esse prazo poderia também ser reavaliado  «com base nas diligências entretanto realizadas e daquelas que, decorrido tal prazo, se encontrem ainda em falta.» O vice-PGR  realçou ainda que a investigação decorria  desde 2018 e que «nessa medida, considerando o tempo decorrido desde o seu início, em nome de uma boa e oportuna administração da justiça, deverá ser concedida prioridade à presente investigação.»

Ora, segundo os advogados, essa determinação  não terá sido cumprida. «tanto quanto é do conhecimento dos arguidos, em mais de ano e meio após as buscas ocorridas em 13 de julho de 2023, apenas foram inquiridas cinco testemunhas  – e algumas mais do que uma vez». Rui Patrício e Magalhães e Silva recordam ainda que no início do ano Hernâni Vaz Antunes requereu, para além de informações sobre  a «anunciada auditoria interna da Altice» – que apesar de ter sido concluída no final de 2023 nunca foi junta processo – «a prestação de declarações de cinco pessoas que desempenharam ou desempenham altos cargos» no grupo Altice:  Patrick Drahi, David Drahi, Malo Corbin, Jéremim Suire e a atual CEO da Altice Portugal, Ana Figueiredo.

Na ótica da defesa, destas inquirições poderiam esclarecer «a estrutura de governação e de controle do grupo e das sociedades integrantes, bem como sobre os seus mecanismos de controlo interno e externo, com especial enfoque no compliance».  Elas nunca ocorreram.

Desencadeada em julho de 2023, a Operação Picoas investiga a «viciação decisória do grupo Altice em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência» que apontam para corrupção privada na forma ativa e passiva e para crimes de fraude fiscal e branqueamento. Os investigadores suspeitam que, a nível fiscal, o Estado terá sido defraudado numa verba superior a 100 milhões de euros. Haveria ainda indícios de «aproveitamento abusivo da taxação reduzida aplicada em sede de IRC na Zona Franca da Madeira» através da domiciliação fiscal fictícia de pessoas e empresas.

O ‘Negócio’ com a Meo

No mesmo requerimento em que pediu a inquirição dos responsáveis da Altice, o advogado Rui Patrício faz uma outra revelação: em dezembro de 2024, um ano e meio após as buscas e um ano após a data anunciada para a conclusão da auditoria à Altice, a Meo quis fazer negócios com uma sociedade do grupo de Hernâni Vaz Antunes. Nesse mês, uma responsável da direção de Compras e Supply Chain da Meo contactou a Onerepair – Mobile Phone Repair, Lda, pedindo-lhe que apresentasse a sua «melhor proposta para aquisição pela Meo de 50 iPhones 14 ou 15 Pro 128GB, recondicionadas A+».

Para a defesa essa proposta tem um significado: «se já depois de a CEO da Altice e da Meo, Ana Figueiredo, ter vindo a público anunciar um ‘virar de página’ na sequência da Operação Picoas, o grupo Altice toma a decisão de voltar a trabalhar com o Grupo HVA»  é porque concluíram «a dita auditoria e foi integralmente validada a conformidade legal das relações pretéritas ocorridas entre os Grupos».

No entanto, o negócio não se concretizou. Na resposta à Meo, o responsável pela Onerepair lamentou não poder apresentar qualquer proposta até que  «a dívida que o Grupo Altice mantém em aberto para com o grupo HVA» seja «saldada».

Funeral do Papa é presidida pelo cardeal Giovanni Batistta Re e é concelebrada por outros 980 sacerdotes

O funeral do Papa Francisco decorre este sábado com dezenas de milhares de fieis, mais de uma centena de delegações oficiais estrangeiras e quase mil concelebrantes, entre cardeais, bispos e sacerdotes.

As exéquias do Papa Francisco são presididas pelo decano do colégio cardinalício, Giovanni Batistta Re.

A cerimónia iniciou-se com o rito de entrada, com a deposição do caixão com o frente ao altar na praça de São Pedro, enquanto era entoada em latim a antífona “Concedei-lhe, Senhor, o descanso eterno e fazei brilhar sobre ele uma luz perpétua”.

Foram tomadas medidas extraordinárias de segurança dada a dimensão das cerimónias fúnebres.

Em Roma, está montado um forte dispositivo de segurança, tendo sido mobilizados 11 mil soldados e membros das forças de segurança assim como equipas das delegações internacionais. 

O dispositivo de segurança inclui também atiradores e especialistas em deteção de explosivos.

Após a cerimónia na Praça de São Pedro, o corpo do Sumo Pontífice será transferido para a Basílica de Santa Maria Maior, onde o Papa pediu para ser sepultado.

O cortejo com o caixão, entre as duas igrejas, será feito a passo lento, para permitir que as dezenas de milhares de pessoas em Roma se possam despedir do Papa Francisco.

O funeral do Papa Francisco decorre hoje, seis dias após a sua morte, numa cerimónia que será acompanhada por milhares de fiéis e dezenas de chefes de Estado e líderes de organizações, o que implicou medidas de segurança extraordinárias. As cerimónias fúnebres do líder da Igreja Católica, que morreu na segunda-feira passada aos 88 anos, vítima de AVC, começam às 10h00 locais (menos uma hora em Lisboa) na Praça de São Pedro, no Vaticano. Cerca de 50 chefes de Estado e de uma dezena de monarcas, bem como líderes de organizações internacionais, num total de mais de 160 delegações internacionais, estarão presentes na cerimónia, que exigiu medidas reforçadas de segurança na região da capital italiana, Roma.

O caixão do Papa Francisco já está na Praça de São Pedro. Milhares de fiéis anónimos e mais de uma centena meia de delegações oficiais estrangeiras assistem, na Praça de São Pedro, no Vaticano, às exéquias do Papa Francisco, presididas pelo decano do colégio cardinalício, Giovanni Batistta Re.

As cerimónias iniciaram-se com o rito de entrada, com a deposição do caixão com o corpo do pontífice argentino frente ao altar do recinto, quanto era entoada em latim a antífona “Concedei-lhe, Senhor, o descanso eterno e fazei brilhar sobre ele uma luz perpétua”.

A missa exequial conta com cerca de 980 concelebrantes — cardeais, bispos e sacerdotes.

Como a política destrói um país

Lula autorizou pessoalmente o acolhimento dado a ex-primeira-dama peruana condenada por corrupção em Lima.

O maior gasto do governo brasileiro é com o pagamento de reformados e outros atendidos pela Previdência Social; quase a metade do orçamento. A segunda despesa, de 13%, é com programas sociais de pagamento direto em dinheiro a 26 milhões de brasileiros. A saúde fica em terceiro, 10%. O investimento que na média mundial é de 25%, no Brasil não chega a 20%.

No fundo, há os interesses políticos voltados para captar os votos dos menos favorecidos. As despesas não permitem que o país seja atraente para o investimento internacional, com os impostos na faixa dos 35%. Os países que estão recebendo investimentos não chegam a 20% de carga fiscal. Não se trata de ter empregos, mas sim de bons empregos. Os programas sociais funcionam como estímulo à informalidade da economia, com reflexos danosos na arrecadação. Trata-se de uma verdadeira marcha da insensatez.

Para aquecer o consumo, numa espécie de voo da galinha, o governo montou operação de crédito para trabalhadores permitindo que, de acordo entre empregado e empregador, o pagamento em parcelas mensais seja pela via do desconto em folha. Já os bancos estão desconfiados dos riscos destas operações.

Crescem as empresas em dificuldades, com juros altos, carga fiscal elevada, queda no consumo. Fica difícil o ano não terminar com uma crise na economia e, consequentemente, na política.

Dois fatos de envergonhar juristas e diplomatas

Na mesma semana que o Brasil negou a Espanha a extradição de um búlgaro, traficante preso com 52 quilos de cocaína alegando represália a negativa espanhola de entregar condenado no Brasil por crime de opinião que não existe na Espanha outro fato chocou juristas e diplomatas.

Foi o asilo político dado a ex-primeira-dama peruana condenada por corrupção em Lima.

Lula autorizou pessoalmente o acolhimento assim como mandou um avião buscar a companheira de esquerda latino-americana. Entre os diplomatas constrangimento e juristas perplexidade pois a política peruana não era perseguida política, mas condenada em longo processo por corrupção.

VARIEDADES

A cada três minutos um telemóvel é roubado na cidade de São Paulo. A questão da violência é prioridade da população. Mas a legislação brasileira protege o marginal. Mais de 80% dos apanhados em flagrante possuem mais de uma entrada anterior nas delegacias.

Dividindo seu tempo entre Cascais e o Rio de Janeiro, o professor Dr. Jorge Alberto Costa e Silva, que é o médico brasileiro que ocupou a direção das mais importantes entidades médicas do mundo, com trabalhos relevantes prestados à ONU e interlocutor de altas personalidades, como João Paulo II, Jimmy Carter e Kofi Annan.

E a maior artista plástica brasileira atual ,de reconhecimento internacional, Adriana Varejão, está expondo em Lisboa, onde também dispõe de residência não habitual.

 • O Brasil já teve há poucos anos a quinta maior reserva monetária do mundo. Fechou o mês de março como a nona. Entre as dez maiores, apenas a Suíça como país europeu.

O Mercosul foi criado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Argentina e Uruguai podem sair e o Paraguai é capaz de os acompanhar. Sobraria, dos fundadores, o Brasil de Lula da Silva.

O show de Lady Gaga na Praia de Copacabana, aberta ao público estimado em mais de um milhão, terá um custo de cerca de 15 milhões de euros, sendo 80% por conta de patrocinadores, incluindo direitos exclusivos de transmissão de televisão para todo mundo.

O Presidente Lula e sua mulher Rosangela – Janja – não perdem a oportunidade de uma viagem. Presentes em Roma nos funerais do Papa Francisco, em comitiva que lota o avião presidencial.

Jornalista

Conheça a combinação vencedora do Euromilhões

Em jogo estão 75 milhões de euros para o primeiro prémio. 

Já é conhecida a chave vencedora do Euromilhões desta sexta-feira. 

A chave é composta pelos números 13 – 22- 32 – 39 – 41 e pelas estrelas 1 e 12.

Em jogo estão 75 milhões de euros para o primeiro prémio. 

(Esta informação não dispensa a consulta do site oficial dos Jogos Santa Casa).

A longa odisseia de Vishnu

A estátua originalmente mostraria Vishnu a repousar em cima de uma serpente no oceano da eternidade. Os olhos e as sobrancelhas seriam incrustados com pedras preciosas.

Mesmo deitado, este Vishnu de bronze não tem tido descanso. Fundido algures entre os séculos XI e XII, conta-se que foi encontrado em 1936 pelo arqueólogo francês Maurice Glaize, na sequência de um camponês ter tido um sonho em que o Buda lhe pedia para o libertar. Chegados ao local, depois de lhe tirarem a terra de cima, afinal revelou-se antes uma divindade do panteão hindu , mas isso pouco importa. Em 1950 foi levado para o Museu Nacional do Camboja, em Phnom Penh, onde esteve exposto durante décadas.

Recentemente, viajou para França e foi submetido a um minucioso processo de restauro, no laboratório Arc’Antique, em Nantes. Agora repousa, por alguns meses, no Museu Guimet, em Paris, antes de regressar a casa.

A estátua originalmente mostraria Vishnu a repousar em cima de uma serpente no oceano da eternidade. Os olhos e as sobrancelhas seriam incrustados com pedras preciosas.

Dessa figura, com cinco metros de altura, hoje resta apenas a parte superior – que mesmo assim mede dois metros e qualquer coisa.

Creio na Santa Igreja 

Francisco morreu, a Igreja chora o Papa, com esperança. Deus não abandona a sua Igreja, por isso é que ela cá anda há 2000 anos.

A notícia da morte do Papa Francisco trouxe uma avalanche de elogios da direita à esquerda.

De Mariana Mortágua a André Ventura, de Donald Trump a Vladimir Putin, todos encontraram elogios à medida, não do Papa, mas dos próprios. Não estão em causa os elogios, que são de resto merecidos. O que me dá que pensar é o critério com que são feitos.

Fico com a sensação de que ninguém quer ficar de fora no elogio de um homem admirável, que ainda por cima já não está cá para ripostar. Não dizer nada fica mal, arranjar algo de bom para dizer, tratando-se do Papa Francisco, é fácil.

Parece-me que ficar pelos elogios redondos e parciais, não só é fazer uma injustiça a Jorge Mario Bergoglio, como é desperdiçar uma oportunidade de tornar evidente a razão pela qual um idoso, já para lá dos 70 anos, aceitou uma missão que lhe pediu que mudasse de nome e entregasse o último quarto da sua vida. Pense o caro leitor se estava disponível para a tarefa, contando só com as suas forças e em nome de privilégios e honrarias. Não estava, pois não? Nem eu.

Francisco, foi o sucessor de Pedro escolhido pela Igreja Católica para a conduzir nos últimos 12 anos. Ao aceitar a tarefa trouxe consigo as suas características pessoais e o seu modo singular de olhar o mundo. Foi escolhido tal como era, com as suas qualidades e os seus defeitos. Foi um Papa que levou a Igreja mais longe, que abriu e reabriu portas a todos, como gostava de sublinhar.

Mas isso não fez do Papa um produto branco, que agrada a todos. Pelo contrário, levou-o a assumir em nome da Igreja posições claras, em muitos casos, contra as correntes dominantes. Francisco foi um homem político, no sentido em que a missão que lhe foi confiada, a de pastor dos católicos em todo o mundo, a isso o obriga. Não olhar assim para o Papa que acaba de morrer, é não lhe fazer justiça e ignorar o que é a Igreja, fundada por Jesus Cristo e que por cá O faz permanecer vivo há mais de 2000 anos.

Retirar do menu do pontificado o que mais convém é esquecer o essencial. ‘A cultura do descarte’, as críticas aos que deixaram que o mediterrâneo se transformasse ‘num cemitério’, os alertas sobre ‘uma economia que mata’ e sobre ‘a cultura da morte’, não foram frases redondas, sem destinatário. Dois dias antes de morrer Francisco arranjou forças para receber JD Vance, o vice-Presidente dos EUA. Fraco e sem oxigénio para falar, o Papa arranjou forças para pedir uma outra política de imigração à administração americana. Não o fez por descargo de consciência, fê-lo com a autoridade de chefe da Igreja católica, a um governante que se diz crente.

Temer pelo futuro da Igreja e pela escolha que os cardeais venham a fazer é um absurdo para qualquer católico. Francisco marcou o mundo, sim, como todos os que lideraram a Igreja desde São Pedro. Em 2000 anos não há relato de Papas que tenham destruído a Igreja, nem de Papas que tenham desfeito aquilo que é essencial na Igreja. Não porque são todos iguais, nem porque têm todos o mesmo estilo, nem muito menos porque olham todos para o mundo e para os seus desafios, sempre novos e diferentes, da mesma maneira.

O segredo da autoridade do Papa está para lá da política, que também a há entre bispos, cardeais e várias tendências da Igreja. No dia em que os cardeais se fecharem na Capela Sistina em conclave, para escolher o novo Papa, lá dentro está o dono da casa: «Estarei convosco todos os dias até ao fim dos tempos». Este é que é o segredo que nos dá uma esperança contínua no futuro.

Vaticano: Cronologia das cerimónias fúnebres

Desde a morte do Papa à data em que é sepultado, decorrem vários rituais cerimoniais e protocolares. O de Francisco, bem à imagem do seu pontificado, tem várias novidades.

Operíodo que sucede a morte de um Papa é marcado por uma série de rituais e procedimentos protocolares. O primeiro passo é marcado pela verificação oficial da morte do Papa que, segundo o documento “Sé Vacante e Eleição Papal” disponibilizado pelo Patriarcado de Lisboa, se realiza pelo Camerlengo e «na presença do Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, dos Prelados Clérigos da Câmara Apostólica e do Secretário e Chanceler da mesma». Depois de confirmada a morte do Papa Francisco, na segunda-feira, o Camerlengo selou o quarto e o escritório do Papa, localizado no Domus Santa Marta e não no Palácio Apostólico e convocou os Cardeais primeiros das três ordens – ordem dos bispos, presbíteros e diáconos. Os cardeais serão responsáveis pela celebração de «Missas pelo Papa durante 9 dias seguidos», segundo o mesmo documento.

Na segunda-feira, o Papa foi imediatamente colocado no caixão, tendo ficado exposto «à veneração dos fiéis já dentro do caixão aberto (ao contrário do que antes acontecia, quando era exposto no catafalco, ou seja, numa estrutura alta, ficando visível a todos)» e não houve, como era normal, «os três caixões tradicionais de cipreste, chumbo e carvalho»

Francisco não foi «transferido para o Palácio Apostólico», tendo sido transportado, às 8 horas de ontem, diretamente para a Praça de São Pedro. O corpo seguiu em procissão pelas praças de Santa Marta e dos Primeiros Mártires Romanos, dando posteriormente entrada na Basílica de São Pedro pela porta central. É aqui, na Basílica de São Pedro, que o corpo do Papa Francisco ficará em repouso durante três dias, dando a oportunidade de serem prestadas as devidas homenagens.

Dada a exposição do corpo por 6 dias, «é feito um tratamento médico (…) por especialistas em medicina legal da Universidade Tor Vergata, de Roma». No caso de Francisco, foi realizado uma operação de Tanatopraxia, uma técnica de preservação que, como escreveu a Euronews, «é considerada uma evolução moderna do embalsamamento e distingue-se pela utilização de substâncias menos invasivas e mais respeitadoras do corpo humano (…) que retarda os processos de decomposição, permitindo manter o aspeto natural do defunto durante vários dias». Antes, a prática mais comum era o embalsamamento. Os fiéis começaram a ter acesso ao corpo do Papa, que se encontra ainda em câmara-ardente, a partir das 11 horas de ontem.

Outra das inovações do Papa Francisco prende-se com a simplificação e adaptação «de alguns ritos para que a celebração do Funeral do Bispo de Roma» expresse «melhor a fé da Igreja em Cristo Ressuscitado», como diz o documento do Patriarcado de Lisboa. Para além disto, o rito renovado destaca «ainda mais que o funeral do Romano Pontífice é o de um pastor e discípulo de Cristo e não de um homem poderoso deste mundo».

No sábado chegará o último adeus, antes de o corpo ser levado para o local onde será sepultado. O pontificado de Jorge Mario Bergoglio ficou marcado por várias “primeiras vezes”, e as inovações continuarão mesmo após a morte. A UDG, Universi Dominici Gregis, a Constituição Apostólica que aborda os procedimentos durante a sede vacante, prevê que o Papa seja sepultado na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Porém, o Papa Francisco deixou expressa a vontade de ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma e a cerca de 7,5 quilómetros da Cidade do Vaticano. Foi nas imediações desta Basílica – onde se encontra a imagem da Virgem Maria que o Papa preferia – que, na noite de terça-feira, o secretário de Estado do Vaticano e membro do Conselho de Cardeais, Pietro Parolin, rezou o terço em memória do Papa Francisco.

Também no que diz respeito à roupa que o veste na morte, a simplicidade do Papa Francisco vem ao de cima. Nenhum traje foi produzido especificamente para a ocasião, e Filippo Sorcinelli, estilista que trabalha há duas décadas no Departamento para as Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice, confirmou à Euronews que «a casula era de repertório, já em uso na sacristia, enquanto a mitra estava entre as normalmente usadas pelo pontífice».

Assim, está delineado o plano de cerimónias até ao dia em que o Papa Francisco será sepultado. Começarão também a acontecer as Congregações gerais, onde os cardeais se vão conhecendo, e o Conclave «pode ter início apenas quando transcorridos 15 dias d0o início da vacância da Sé Apostólica», diz o documento do Patriarcado de Lisboa. «Contudo», continuam, «se ainda não estiverem em Roma todos os Cardeais com direito de voto, pode esperar-se até ao 20.º da vagatura, momento no qual começa o Conclave».

goncalo.nabeiro@nascerdosol.pt

A liberdade dos lunáticos

Não, não podemos oficializar e institucionalizar discursos lunáticos que só interessam a quem quer hostilizar os imigrantes.

Portugal é um país paradoxal. O povo é tolerante, sereno e tranquilo. Prefere sempre o consenso ao conflito. As maiores crises são navegadas sem grandes convulsões. A democracia instalou-se depois de alguns solavancos. Houve perdão para a nomenclatura do antigo regime e para os agentes da Pide, para os esquerdistas que quiseram tomar conta do país, e até para aqueles que, depois, praticaram atos terroristas. Os retornados integraram-se de forma exemplar, sem ressentimentos. As sucessivas crises foram ultrapassadas com dor, alguma impaciência, mas sem revolta. Em poucas décadas, o país que era conservador, tradicionalista e ignorante ajustou-se às tendências contemporâneas. Se há homofobia e racismo, a verdade é que esses fenómenos são hoje mal vistos e denunciados pela maioria dos cidadãos.

Esta ‘pax lusitana’ é mais evidente para quem nos visita – ou para quem por cá se instala temporária ou definitivamente – do que para nós.

Ainda assim, vencida a crise financeira e debelado o covid, o custo de vida em que se inclui a habitação e a crise na saúde afligem a todos e há pessoas preocupadas com a imigração, outras com a segurança, e há também quem confunda ou misture as duas coisas.

Neste cenário, que favorece e vai sendo aproveitado pelas franjas populistas do espetro político, não podemos ser condescendentes. Sabemos, pelo que no passado sucedeu em outros países,que um súbito aumento no número de imigrantes introduz alterações profundas nas dinâmicas sociais.

Conviria, por isso, que se gerasse, como é nossa tradição, um consenso, pelo menos entre os partidos tradicionais, e que houvesse bom senso. O consenso parece alcançável, mesmo que custe ao PS admitir que, durante a sua governação não se apercebeu da dimensão da maré e reconhecer que, ao acabar com o SEF e criar a AIMA substituiu um experiente um capitão por um grumete em plena tempestade.

Dita o bom senso que necessitamos de imigrantes, e que estes não podem ser vistos como um mero fator de produção. Temos de regular os fluxos, e todos os que são admitidos devem ter garantias e direitos equivalentes aos nossos, o que implica que sejam criadas condições de acolhimento e integração.

Obviamente, cada um tem a plena liberdade de formular a sua opinião de acordo com as suas convicções, e de escolher, pelo voto, quem melhor o represente. Continuará a haver quem defenda que é preciso travar a imigração, e quem ache que ela não deve sequer ser regulada. Essa liberdade de opinião não deve, contudo, abranger o exercício de cargos públicos de nomeação.

Vem isto a propósito das recentes declarações de Pedro Góis, Diretor Científico do Observatório das Migrações, defendendo que os imigrantes devem ter prioridade no acesso à habitação pois «a população nacional pode ficar em casa dos pais mais alguns anos». Claro que o senhor em causa é colega do mítico Boaventura Sousa Santos no CES de Coimbra, o que recomenda que não o levemos a sério. O problema é que fala de cátedra. Até porque conviremos que nada há de científico na sua proposta que é, apenas, provocadora e discriminatória e já contribuiu para acirrar os sentimentos e os discursos xenófobos.

Para ser claro, este senhor professor devia ser demitido de imediato do seu cargo, para depois, como sociólogo e militante das suas causas, ter toda a liberdade para dizer, onde lhe aprouver, tais dislates. Não, não podemos oficializar e institucionalizar discursos lunáticos que só interessam a quem quer hostilizar os imigrantes.

Mário Machado detido após confrontos no Martim Moniz

Presidente do Ergue-te também já tinha sido levado pela polícia.

Mário Machado, líder do grupo 1143, foi detido pela PSP, esta sexta-feira, na zona do Rossio, em Lisboa, após confrontos entre apoiantes dos grupos de extrema-direita e manifestantes anti-fascistas.

Os confrontos físicos incluíram o arremesso de objetos, como garrafas de vidro, e obrigaram à intervenção musculada da polícia, para tentar dispersar as pessoas e acalmar os ânimos.

Antes da detenção de Mário Machado, também o líder do partido Ergue-te, Rui Fonseca e Castro, tinha sido algemando e levado pela polícia, assim como um outro homem.

A PSP avisou o ex-juiz de que estava a incorrer num crime de desobediência e Rui Fonseca e Castro disse que só sairia do local algemado,  o que viria a acontecer.

Antigo presidente do Brasil Collor de Mello detido para cumprir pena por corrupção

Foi condenado, em 2023, pelo Supremo Tribunal Federal a oito anos e dez meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e branqueamento de capitais.

O antigo Presidente brasileiro Collor de Mello foi detido, esta sexta-feira, em Maceió quando se preparava para viajar para Brasília, para alegadamente entregar-se às autoridades, após a ordem de detenção “imediata” para cumprir pena por corrupção.

Recorde-se que Fernando Collor de Mello, Presidente do Brasil entre 1990 e 1992, foi condenado, em 2023, pelo Supremo Tribunal Federal a oito anos e dez meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e branqueamento de capitais, mas pediu recurso e estava a aguardar a decisão em liberdade.

Na quinta-feira, um juiz do Supremo Tribunal Federal ordenou a sua detenção “imediata”, segundo os advogados de Collor de Mello.

O ex-Presidente foi detido às 04h00 locais (08h00 em Lisboa) e encontra-se nas instalações da Polícia Federal em Maceió, cidade onde reside.

A defesa do antigo presidente brasileiro Fernando Collor de Mello recebeu com “surpresa e preocupação” a ordem de prisão emitida pelo Supremo Tribunal Federal.

Ex-juiz Rui Fonseca e Castro levado pela polícia no Martim Moniz

Presidente do Ergue-te manteve a concentração apesar do parecer negativo da PSP e disse que só sairia do local algemado.

Os ânimos estão exaltados no Martim Moniz, em Lisboa, e já obrigaram à intervenção da PSP, onde decorrem uma manifestação e uma contra-manifestação

Rui Fonseca e Castro, líder do Ergue-te, que manteve a concentração mesmo após o parecer negativo da PSP, terá sido levado à pela polícia, a mãos com confrontos entre manifestantes com posições contrárias.

Confrontado pela polícia, o presidente do Ergue-te disse que só saía do local algemado, o que acabaria por acontecer.

Contra a concentração convocada pelo ex-juiz, manifestavam-se já no local uma centena de pessoas.

“Fascistas, racistas, chegou a vossa hora, os imigrantes ficam e vocês vão embora”, gritavam. Do outro lado ouvia-se: “Portugal é para os portugueses”.

O forte dispositivo policial da PSP não foi suficiente para travar os momentos de tensão entre os dois grupos de manifestantes.

Marcelo fez último discurso do 25 de Abril enquanto Presidente da República

Marcelo Rebelo de Sousa fez o seu último discurso na sessão solene do 25 de Abril na Assembleia da República enquanto Presidente da República.

Começou por lembrar o “contributo” de Ramalho Eanes, agradecendo a sua presença assim como a dos Capitães de Abril e deputados da Constituinte.

O chefe de Estado aproveitou também para destacar o facto de esta ser a primeira vez que a celebração acontece com um “Parlamento dissolvido” e em pleno período de luto nacional, na sequência da morte do Papa Francisco.

“O 25 de Abril nasceu num ambiente social muito tenso”, afirmou, questionando: “Como não encontrar nos apelos de Francisco alguns dos mesmos dramas?”.

O Presidente da República abordou a questão dos imigrantes com direitos e liberdade “suprimidos” e comparou as preocupações expressas pelo Papa Francisco com as lutas de Abril.

E recordou o apelo de Francisco ao “desapego total”, “sem recusas, sem intolerâncias, sem fronteiras entre puros e impuros”.

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu ainda que a celebração do 25 de Abril deva ser “mais encarnação do que afirmação de missão já servida. Mais futuro do que passado, para que não se confunda o fundamental com o acessório”.

A terminar, disse: “25 de Abril sempre, o pleno e descomplexado abraço a todas as pessoas e a radical humildade que nos ensinou Francisco”, termina.

Francisco: O Papa sorridente que veio do ‘fim do mundo’

Foi o 1.º pontífice latino-americano e jesuíta da história. Destacou-se pelo compromisso com os pobres, o ambiente, a inclusão das mulheres e o diálogo inter-religioso. Morreu aos 88 anos.

Foi considerado um papa «diferente». Um papa aberto, acolhedor e transparente. Conhecido pela sua abordagem humilde e pelo seu foco em temas como a justiça social, a paz e a proteção do meio ambiente, reafirmando a missão da Igreja de servir a todos, especialmente os marginalizados, foi o primeiro jesuíta a sentar-se na cadeira de São Pedro, o primeiro Papa latino-americano e o primeiro Sumo Pontífice não europeu em mais de 1200 anos. Adotou o nome Francisco em homenagem a São Francisco de Assis, considerado o padroeiro dos pobres. Ficou também conhecido pela proteção dos mais desfavorecidos. Tanto que celebrou, em 2017, o primeiro Dia Mundial dos Pobres. «Eles abrem o caminho para o céu», afirmou na altura. «Na eleição [para o papa], tinha ao meu lado o arcebispo emérito de São Paulo, Dom Cláudio Hummes, um grande amigo (…) E quando os votos chegaram a 2/3, aconteceu o aplauso esperado, pois, afinal, havia sido eleito o Papa. (…) Ele abraçou-me e disse: ‘Não se esqueça dos pobres’. Aquilo ficou-me na cabeça. Lembrei imediatamente de São Francisco de Assis», escreveu o Vatican News, citando-o.

O Papa Francisco morreu, na segunda-feira, aos 88 anos, na Casa Santa Marta, no Vaticano, vítima de um AVC e paragem cardíaca irreversível. «Esta manhã, às 07h35 (menos uma hora em Lisboa), o bispo de Roma, Francisco, regressou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da sua Igreja», anunciou o camerlengo Kevin Farell. Recorde-se que o líder da Igreja Católica estava ainda a recuperar de problemas respiratórios graves que o levaram a um internamento prolongado no hospital, onde deu entrada com uma bronquite, que evoluiu para infeção e posteriormente para pneumonia bilateral.

Uma Igreja mais aberta

Enquanto chefe da Igreja, marcou também pela simplicidade e tornou-se popular até entre os não crentes, espantados com a maneira como tentou abrir mentalidades e encontrou «normalidade», mesmo dentro de funções. Desde a escolha da Casa de Santa Marta para viver, onde celebrava a missa diariamente e tomava refeições com os restantes residentes, deixando o Palácio Apostólico, às frequentes saídas do Vaticano, algumas delas para gestos tão simples e inesperados como a compra de sapatos ou de óculos, até ao seu gosto por futebol. Era adepto do clube San Lorenzo de Almagro, Argentina.

Defendeu sempre que a Igreja «é de todos». Em 2015, por exemplo, falou sobre divorciados que voltam a casar-se, dizendo que «essas pessoas não são excomungadas e não devem ser tratadas como tal. São sempre parte da Igreja». Nessa altura, Francisco afirmou que os pastores devem discernir situações diferentes entre «quem foi confrontado com a separação e quem a provocou», mas que «a Igreja não tem portas fechadas para ninguém».

Teve também uma posição pioneira sobre a homossexualidade. «Se uma pessoa é gay e procura o Senhor com boa vontade, quem sou eu para julgá-la?», disse poucos meses depois de se ter tornado Papa. Numa entrevista à Associated Press em janeiro de 2023, defendeu que «ser gay não é crime» e que as leis que criminalizam a homossexualidade são «injustas». Ainda que nunca tenha equiparado o casamento homossexual a parte do direito canónico, sempre foi transparente na sua opinião quanto às uniões civis, declarando que os homossexuais «têm o direito de formar uma família».

Disponibilizou-se ainda para encontrar-se com pessoas homossexuais e transgénero, ouviu-as e até aconselhou os pais.  «Primeiro, rezem. Não condenem. Dialoguem. Façam espaço para o vosso filho ou filha se expressar (…) Ignorar um filho com tendências homossexuais é uma falta de maternidade e paternidade».

Aliás, defendia que «o único momento em que é lícito olhar uma pessoa de cima para baixo é quando queremos ajudá-la a levantar-se», sublinhando a importância de olhar para o «guarda-roupa da alma».

A sua eleição – no dia 13 de março de 2013 como sucessor de Bento XVI, após este abdicar do papado –, simbolizou, segundo muitos, uma série de marcos até então inéditos na Igreja Católica. A verdade é que, ao longo dos últimos anos, o Pontífice argentino combateu severamente crimes sexuais e financeiros na Igreja, assinou a primeira encíclica ambiental da História e trouxe mais diversidade regional para a cúpula do Vaticano. Além disso, aumentou o número de mulheres na sede da Igreja Católica Romana. Em 2023, Francisco contava com 1,165 funcionárias em relação a 846 no início do seu pontificado.

As origens humildes

Segundo o site oficial do Vaticano, nascido Jorge Mario Bergoglio na capital argentina no dia 17 de dezembro de 1936, era filho de imigrantes italianos do Piemonte: o seu pai, Mário, trabalhava como contabilista no caminho de ferro; e a sua mãe, Regina Sivori, ocupava-se da casa e da educação dos cinco filhos. A sua família fugiu da Itália sob o regime fascista de Benito Mussolini, sete anos antes do seu nascimento e lutaram com dificuldades económicas.

Regina preparava pratos com sobras, como esparguete com almôndegas e Jorge Mario comia bem. As suas comidas favoritas eram doce de leite e pratos típicos argentinos.

«Desde o meu segundo ano de vida até os meus 21 anos, vivi no número 531 da rua Membrillar. Uma casa térrea com três quartos, uma casa de banho, uma cozinha com sala de jantar, uma sala de jantar mais formal e um terraço», revelou Francisco, na sua autobiografia Esperança, escrita com Carlo Musso. De acordo com o mesmo, a mãe perdeu um filho e decidiu ficar-se por aí. «A tribo estava completa. Ela costumava dizer que nós – os cinco filhos –, éramos como os dedos de uma mão, cada um diferente do outro; todos diferentes e todos igualmente seus: ‘Porque se eu furar o meu dedo sinto a mesma dor que sentiria se furasse outro’», confidencia no livro.

Segundo a BBC, a sua notória sensibilidade junto aos marginalizados também têm raízes na sua biografia: «Quando alguém me acusa de ser um papa ‘villero’, apenas rogo para que seja sempre digno disso». Os Cura Villeros ou Padres dos Pobres são um grupo de sacerdotes argentinos comprometidos com o trabalho pastoral nas periferias.

Lembra a mesma publicação que, na história urbanística de Buenos Aires, «as villas são assentamentos precários, de ocupação informal com submoradias, semelhantes às favelas brasileiras». E Jorge Bergoglio sempre foi próximo às pessoas que lá viviam, já que, durante a sua infância a região era «um caleidoscópio de etnias, religiões e profissões», um «microcosmo complexo, multiétnico, multirreligioso e multicultural». No bairro, coexistiam imigrantes de diversas nacionalidades, descreveu na autobiografia, adiantando que convivia com amigos muçulmanos.

De acordo com Francisco «as favelas são uma concentração de humanidade, formigueiros com centenas de milhares de pessoas». Famílias que, na sua maioria, vêm do Paraguai, Bolívia, Peru e do interior do país. «Elas nunca viram o Estado, e quando o Estado está ausente (…) não fornece casas, eletricidade, gás ou transporte, não é difícil que uma organização paralela seja criada no seu lugar», explicou. Com o tempo, as drogas começaram a circular em grande escala, e com elas vieram a violência e a desintegração familiar.

«O ‘paco’, a ‘pasta de coca’ – o que resta do processamento da cocaína para os mercados ricos – é a droga dos pobres: um flagelo que multiplica o desespero. Ali, naquelas periferias que para a Igreja devem ser cada vez mais o novo centro, um grupo de leigos e sacerdotes vivem e testemunham o Evangelho todos os dias, entre os descartados de uma economia que mata», continuou. Por isso, para si, «aqueles que dizem que a religião é o ópio do povo (…) deveriam primeiro dar uma volta pelas favelas: veriam como, graças à fé e a àquele empenho pastoral e civil, progrediram de maneira impensável, mesmo no meio de enormes dificuldades. Também experimentariam uma grande riqueza cultural. E perceberiam que, assim como a fé, todo serviço é sempre um encontro, e que somos nós, acima de tudo, que podemos aprender muito com os pobres», garantiu.

Nessa altura, quatro das suas vizinhas eram prostitutas. Uma delas, conhecida como Porota, chegou a procurá-lo duas vezes: a primeira vez, em 1993, quando já era bispo auxiliar de Buenos Aires, e Francisco recebeu-a. Nessa altura, a mulher já tinha mudado de vida e trabalhava em lares de idosos. Mais tarde, voltou ao contacto, pedindo-lhe que rezasse por si e pelas amigas, todas ex-prostitutas e prostitutas. «Queriam confessar-se. Foi uma celebração lindíssima. Porota estava contente, quase comovida», revelou. Foram próximos até ao final da vida dessa mulher.

No livro, Francisco fala ainda de um dos seus colegas que, em 1950, foi preso. Segundo o mesmo, roubou a arma do pai, que era polícia, e matou um outro jovem. Porque «a mente do ser humano às vezes é um mistério insondável», refletiu. «Foi detido na secção penal de um manicómio, e eu quis visitá-lo. Foi a minha primeira experiência numa prisão», lembrou. «Pude cumprimentar o meu amigo através de uma janelinha minúscula, do tamanho de um selo (…) Foi terrível, fiquei profundamente abalado», confessou. O amigo acabaria por se matar tempos depois, aos 24 anos.

De químico e segurança de discotecas a Papa

O líder religioso, foi sempre criado com base na fé católica. Apesar de ter tido uma adolescência normal – saia com os amigos e ia a festas -, não faltava a uma única missa. Aos 15 anos foi escolhido pelo seu professor de religião para preparar a primeira comunhão de dois colegas que ainda não tinham recebido o sacramento. Na infância, também teve uma grande paixoneta por uma jovem chamada Amalia. Segundo o que a própria contou citada pelo jornal argentino La Nacion, com 12 anos, chegou a pedi-la em casamento. «Se não me caso contigo, viro padre», disse-lhe.

O romance terminou devido à proibição dos pais de Amalia. «Quando éramos jovens ele escreveu-me uma carta e eu não lhe respondi. Queria que desaparecesse do mapa. O meu pai bateu-me porque me atrevi a escrever uma carta a um menino. Ele tinha desenhado uma casa com um teto vermelho e branco que em baixo dizia: ‘Esta é a casa que te vou comprar quando nos casarmos’», contou. Depois, veio a proposta de Bergoglio e nova repreensão. Nunca mais o viu. «Os meus pais afastaram-me dele e fizeram de tudo para nos separarmos. Agora ambos somos muito humildes e quem sabe almas gémeas, porque amamos os pobres», adiantou.

Francisco diplomou-se depois como técnico químico. No entanto, acabou por escolher o caminho do sacerdócio, entrando no seminário diocesano de Villa Devoto.

Entre os 14 e 19, segundo o próprio, chegou a trabalhar como empregado de limpeza numa fábrica de meias, onde o seu pai era contabilista. Além disso, trabalhou como segurança de uma discoteca quando era estudante universitário em Buenos Aires e num laboratório químico para conseguir um dinheiro extra.

Em 11 de março de 1958, entrou no noviciado da Companhia de Jesus. De acordo com o jornal do Vaticano, completou os estudos humanísticos no Chile e, tendo voltado para a Argentina, em 1963, licenciou-se em Filosofia no Colégio de São José, em San Miguel.

De 1964 a 1965, foi ainda professor de Literatura e Psicologia no Colégio da Imaculada de Santa Fé e, em 1966, ensinou as mesmas matérias no Colégio do Salvador, em Buenos Aires. De 1967 a 1970, estudou Teologia, licenciando-se também no Colégio de São José.

Escreve a mesma página que a 13 de Dezembro de 1969 foi ordenado sacerdote pelo arcebispo D. Ramón José Castellano. De 1970 a 1971 deu continuidade à sua preparação em Alcalá de Henares, na Espanha, e a 22 de Abril de 1973 emitiu a profissão perpétua nos jesuítas.

Regressou depois à Argentina, onde foi mestre de noviços na Villa Barilari, em San Miguel, professor na faculdade de teologia, consultor da província da Companhia de Jesus e também reitor do colégio.

No dia 31 de Julho de 1973 foi eleito provincial dos jesuítas da Argentina, cargo que desempenhou durante seis anos. Depois, retomou o trabalho no campo universitário e, de 1980 a 1986, foi novamente reitor do colégio de São José, e inclusive pároco em San Miguel. No mês de Março de 1986 partiu para a Alemanha, onde concluiu a tese de doutoramento; em seguida, os superiores enviaram-no para o colégio do Salvador, em Buenos Aires, e sucessivamente para a igreja da Companhia, na cidade de Córdova, onde foi diretor espiritual e confessor.

Foi no dia 28 de fevereiro de 1998 que se tornou arcebispo de Buenos Aires (funções que desempenhou até ser eleito Papa) e cerca de três anos depois, em 21 de fevereiro de 2001, foi elevado ao cardinalato por João Paulo II.

Foi nessa condição que participou nos dois últimos conclaves, o de 2005, que elegeu o cardeal Joseph Ratzinger como Papa, e o de 2013, no qual foi eleito Papa, na sequência da renúncia de Bento XVI.

Decorre no sábado às 9 horas, na Basílica de São Pedro, o seu funeral, que antecederá o conclave da sucessão, previsto para o próximo mês. A data foi definida em reunião dos cardeais na Santa Sé. (ver pág. 14 e 15. E, uma última vez, Francisco rompeu com a tradição, definindo um benfeitor como responsável pelo pagamento do seu funeral. Em testamento, o jesuíta detalhou também a vontade de ter uma sepultura simples, sem ornamentos especiais e com uma única inscrição do seu nome em latim: «Franciscus».

sara.porto@nascerdosol.pt

Crimes de Fé. Os escândalos que abalaram a Igreja Católica

Entre abusos sexuais sistemáticos e esquemas de corrupção milionária, a Igreja Católica enfrenta uma crise moral e institucional que ameaça os seus alicerces. Num Vaticano dividido, o Papa Francisco lutou por transparência, mas enfrentou resistência por parte de opositores da ala mais conservadora.

4.800. É o número estimado de abusos sexuais na Igreja Católica Portuguesa nas últimas sete décadas, de acordo com a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças. O trabalho desta comissão iniciou-se após o escândalo em França, onde foram reportados mais de 300 mil casos de abusos sexuais a menores de idade em instituições da Igreja Católica Francesa. Os números assustam, principalmente se considerarmos que a quantidade de casos reais pode ser quase dez vezes superior.

A polémica dos abusos sexuais no seio da igreja católica tem décadas de existência e todos os dias surgem denúncias de vítimas em todo o mundo. Enquanto líder máximo dos católicos, o Papa Francisco foi, desde o início, um símbolo da transparência contra o encobrimento dos crimes perpetuados por membros da Igreja.

Um ano depois da sua nomeação, Francisco criou uma comissão para aconselhar o Vaticano e prevenir as práticas de abuso sexual pelo clero.

“Prefiro uma Igreja envergonhada, porque descobre os seus pecados, e a quem Deus perdoa, do que uma Igreja hipócrita, que esconde os seus pecados, e a quem Deus não perdoa”, defendia o Pontífice.

Nas suas visitas aos países onde foram revelados casos de abuso, Francisco fazia questão fazia questão de ouvir as vítimas.

“A Igreja não pode tentar esconder a tragédia dos abusos, quaisquer que sejam. Nem quando os abusos ocorrem nas famílias, em clubes ou noutro tipo de instituições. A Igreja deve ser um exemplo para ajudar a resolvê-los, tornando-os conhecidos na sociedade e nas famílias. É a Igreja que tem que oferecer espaços seguros para ouvir as vítimas”, disse o Papa, em visita a Lisboa, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, onde se reuniu, à porta fechada, com treze vítimas de abusos sexuais por parte do clero em Portugal.

A atitude progressista com que primou o seu pontificado e a opção por trazer à tona temas que mancham a imagem da Igreja Católica, nem sempre foram bem recebidas. Rapidamente se formou uma guerra interna dentro do seio católico, com ataques vindos de opositores da ala mais conservadora.

Numa entrevista ao Nascer do SOL, em março de 2019 Frédéric Martel, autor do livro No Armário do Vaticano, revelava que o Papa estava “a ser vítima de um complô, de uma cabala montada por cardeais que mentem muito” e que “até são financiados por organizações americanas de extrema-direita que lhes pagam para pôr o Papa fora”.

De acordo com Martel, as pessoas que atacam o Papa Francisco são muitas vezes cardeais muito homofóbicos e eles próprios gays. George Pell [o cardeal australiano que acaba de ser condenado por abusos sexuais] era um opositor do Papa, extremamente conservador. E atacou Francisco porque Francisco era muito liberal na moral sexual. Entrevistei Pell, ele provavelmente é gay. E também abusou de crianças. E ao mesmo tempo diz: ‘Temos de ser contra os gays, temos de ser fiéis ao Evangelho’. Esta é a ‘esquizofrenia’ de que falou Francisco”.

“O Papa tentou mudar as coisas com o primeiro sínodo. Tentou abrir a Igreja aos casais divorciados, trazer mais mulheres para a Igreja, queria ser um pouco mais tolerante com as uniões civis de gays, tentou encontrar soluções. E foi travado por estes cardeais muito homofóbicos que são, eles próprios, gays”, acrescenta.

Encobrimento de casos de abuso sexual

A associação SNAP (‘Survivors Network of those Abused by Priests’) denunciou seis importantes cardeais do Vaticano, incluindo dois dos nomes mais bem posicionados para poderem vir a suceder ao Papa Francisco, de terem ocultado casos de abuso sexual de menores.

Entre os acusados estão os cardeais Péter Erdo, arcebispo de Budapeste, na Hungria, e Luis Antonio Tagle, filipino conhecido como “Francisco asiático”, que são ambos apontados como como “papabile” (provável candidato a Papa).

Além destes, são também acusados o americano Kevin Farrell; o argentino Víctor Manuel Fernández, compatriota de Francisco e um dos mais importantes conselheiros teológicos do Papa; Mario Grech, secretário-geral do Sínodo dos Bispose o americano Robert Francis Prevost.

Tanto Fernández como Prevost têm responsabilidades diretas na gestão de casos de abusos de menores.

Peter Isely, responsável do mais antiga associação internacional de vítimas de abusos sexuais, salientou que os sobreviventes não podem “ignorar a trágica realidade” de que muitos dos cardeais nomeados por Francisco sejam “homens que encobriram abusos”. “Agora, alguns destes homens estão a ser considerados como candidatos a próximo Papa”, sublinhou.

Cardeal condenado a cinco anos de prisão por corrupção

Em 2020, a Igreja sofreu mais um abalo: Giovanni Angelo Becciu, um dos cardeais mais próximos de Francisco e uma das figuras de maior importância dentro do Vaticano, renunciou inesperadamente ao cargo.

A notícia caiu como um terramoto na Santa Sé, quando foi revelado que a renúncia tinha sido feita a pedido do Papa, após denúncias de corrupção contra Becciu. “Eu disse ao Papa: por que está a fazer isso comigo na frente de toda a gente?”, revelou o cardeal à imprensa italiana. “Tudo é isto surreal. Até ontem sentia-me um amigo do Papa, o fiel executor do Papa. O Santo Padre explicou que eu fiz favores ais meus irmãos e aos seus negócios com dinheiro da Igreja … mas tenho certeza de que não pratiquei nenhum crime”, defendeu Becciu. Mas as palavras não chegaram para convencer o Pontífice, nem a justiça.

Em causa estaria a compra de um imóvel em Londres no valor de 350 milhões de euros, por parte da Secretaria de Estado do Vaticano, no tempo em que o cardeal Becciu ocupava o lugar de “substituto” do titular desse lugar. Relativamente a este caso, o Tribunal considerou existir crime de peculato em relação a uso ilícito.

A outra acusação de peculato, dada como provada, referia-se ao pagamento, em duas ocasiões, do montante total de 125 mil euros, através de uma conta em nome da Caritas da diocese (italiana) de Ozieri, destinado à cooperativa SPES, cujo presidente era Antonino Becciu, irmão do bispo Becciu.

Numa outra investigação autónoma, o cardeal surge ligado a uma “consultora de segurança”, de seu nome Marogna Cecilia, à qual terá pago, através da Secretaria de Estado, somas superiores a 570 mil euros, pagos pela Secretaria de Estado a Marogna. O pagamento foi feito “com o fundamento (…) de que o dinheiro devia ser utilizado para facilitar a libertação de uma freira, vítima de um rapto em África”, mas os juízes concluíram que tal “não corresponde à verdade”.

Após dois anos de julgamento, o cardeal Angelo Becciu foi condenado, em 2023, a cinco anos e meio de prisão efetiva por crimes de peculato e proibido de exercer cargos públicos para o resto da vida.

Segundo suspeito de tentativa de homicídio em oficina de Braga entregou-se no tribunal

Vítima foi agredida com um taco de madeira, uma arma branca e um tijolo por se ter recusado a arranjar o carro dos suspeitos.

O segundo suspeito da tentativa de homicídio numa oficina de automóveis em Adaúfe, no distrito de Braga, em fevereiro, e cujo paradeiro era desconhecido,  entregou-se na quinta-feira no Tribunal de Guimarães.

O agora detido é filho do outro suspeito, entretanto detido por esta Polícia no início de abril, e que após primeiro interrogatório judicial ficou em prisão preventiva.

O crime ocorreu ao início da tarde do passado dia 21 de fevereiro, nas instalações da referida oficina, na sequência da recusa da vítima, um homem de 54 anos, em reparar o veículo pertencente a ambos os suspeitos.

“Não aceitando tal recusa, pai e filho agrediram a vítima de forma violenta, primeiramente com recurso a um taco de madeira e na continuidade das agressões com uma arma branca e um tijolo”, informa a PJ, em comunicado.

A vítima sofreu uma perfuração corto-perfurante na zona abdominal, do qual resultaram graves ferimentos, que colocaram a sua vida em risco. O caso só não teve um desfecho mais grave “graças ao imediato socorro médico”.

A vítima foi transportada para o Hospital de Braga, tendo sido sujeita a urgente intervenção cirúrgica, tendo ficado internada durante alguns dias.

“Após os factos ambos os suspeitos colocaram-se em fuga, vindo a primeira detenção a ocorrer no passado dia 2 de abril”, recorda a PJ.

O segundo suspeito, até aqui, com paradeiro desconhecido, apresentou-se no dia de ontem no Tribunal de Guimarães, onde foi dado cumprimento ao mandado de detenção fora de flagrante delito que sobre ele impendia.

Presente a primeiro interrogatório judicial foi-lhe aplicada a medida de coação de prisão preventiva.

Os comentadores são amigos de Ventura

Se analisarmos o que dizem os comentadores, André Ventura e o seu partido
vão ser corridos do Parlamento, pois nem um deputado vão eleger. Mas a realidade parece desmentir o facciosismo de alguns jornalistas/comentadores.

Não sou, seguramente, um fanático dos debates eleitorais e aborreço-me com facilidade, tamanha é, regra geral, a pobreza dos confrontos, mas vejo-os, não todos, como é evidente. Depois vou recebendo WhatsApps com comentários aos comentários dos comentadores/jornalistas/políticos, notando-se, como não podia deixar de ser, a simpatia partidária de quem envia as mensagens. Das vezes que entro no Facebook recebo ainda mais informação sobre os comentários dos comentadores. Não é preciso ser um génio da análise política para perceber que há um dado que salta à vista: André Ventura é o grande perdedor de todos os debates – não faço ideia se algum comentador televisivo lhe deu a vitória nos confrontos que teve – e imagino que o povo em casa também pensa o mesmo, pois com tamanhas mentes iluminadas a catequizá-los não será difícil chegarem à conclusão que o líder do Chega é o pior dos políticos em ação. Mas depois vejo as sondagens e fico com mais dúvidas do que tinha o António Variações que só estava bem onde não estava. Que raios, se o homem é uma cassete riscada, se é racista, se é homofóbico, se é aldrabão, se perde todos os debates, e sabe-se lá mais o quê, qual a razão para todas as sondagens lhe darem entre 14 e 21% das intenções de votos?

Tenho para mim que os maiores amigos de André Ventura são os comentadores, alguns travestidos de jornalistas, que o atacam sem dó nem piedade, de uma forma completamente cega. Destilam tanto ódio, e isso é muito percetível em alguns casos, que acabam por fazer com que o cidadão comum fique com simpatia pelo líder do Chega. Penso mesmo que algumas das fragilidades de Ventura acabam por ser ‘esquecidas’ pela parcialidade dos comentadores, que continuam sem conseguir desmontar o ‘segredo’ do Chega – é óbvio que o radicalismo não pode ser combatido com radicalismo. Dia 18 de maio veremos o que diz o povo…

Mudando de assunto, mas continuando na política. Pedro Nuno Santos tem feito todos os possíveis para fugir da imagem de radical, mas olhando para o programa do PS, no que diz respeito ao combate ao racismo e xenofobia, percebe-se que os socialistas estão amarrados ao discurso da extrema-esquerda. «Adotar mecanismos que garantam o princípio de não-referência à origem racial e étnica, cor, nacionalidade, ascendência, território de origem e situação documental em todas as comunicações oficiais de entidades públicas, com particular premência para os autos de notícia, a par da monitorização do seu cumprimento», lê-se no programa eleitoral do PS. Isto faz algum sentido? Nenhum. Só se combate o racismo e a xenofobia com a transparência, enquadrando as situações, até para que não se generalizem boatos. E só com todos os dados disponíveis é que é possível ‘atacar’ os problemas, investindo onde é preciso na prevenção e na integração.  Tudo o resto são balelas ideológicas que só vão contribuir mais para o racismo e a xenofobia. Um exemplo concreto: quando se diz que um elemento do PCC, a máfia brasileira, atuou em Portugal isso prejudica toda a comunidade brasileira? Claro que não, bem pelo contrário, pois até muitos brasileiros temem ser vítimas desses mafiosos e querem que eles sejam denunciados.

 Por fim, uma pergunta. Que é feito da recomendação ao Governo que pedia a inclusão de dados e informação complementar no Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), de 19 de julho de 2023, entre os quais a análise plurianual (últimos dez anos) da evolução da criminalidade, relativa às diferentes tipologias criminais; e a identificação da força ou serviço de segurança que reporta a ocorrência criminal e respetiva análise percentual? Talvez a ministra da Administração Interna saiba, caso não se tenha esquecido.

Telegramas

Um bispo com muitos amigos…

D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) provocou um pequeno terramoto na Igreja quando se colocou ao lado dos imigrantes contra os polícias que realizaram a ‘rusga’ do Rua do Benformoso.  Dentro da Igreja pergunta-se por que razão D. José Ornelas não se pronunciou agora sobre o arquivamento do IGAI_relativamente ao comportamento da PSP na referida rusga. Ah! E ter comparado Trump a Hitler acicatou ainda mais os ânimos.

Uma rica casa

A Polícia Judiciária apresentou esta semana os 113 novos inspetores, destacando que 40% dos novos funcionários são oriundos das outras forças de segurança, com prevalência da PSP. Luís Neves pediu à PSP e à GNR para não ficarem tristes. Pudera…

O novo Pedro Marques Lopes

João Maria Jonet, militante do PSD, anunciou que se quer candidatar à Câmara de Cascais, mas não o fará pelo seu partido – que recusou a sua candidatura – mas sim pelo PS. Resta saber se vai como independente ou se se filia no PS. O homem tem futuro.

Novas regras para andar nos transportes públicos

Multa pode ir até aos 250 euros.

A lei que foi aprovada em 2015 e que determina obrigações e deveres por parte dos passageiros, já está em vigor.

A partir de agora, os passageiros que fizerem barulho ou perturbarem o normal funcionamento nos transportes públicos podem pagar uma multa que vai até 250 euros.

A fiscalização está a cargo dos operadores de transportes, mas a decisão de aplicar a coima é da competência da Autoridade de Mobilidade e Transportes.

Jovem morre em despiste na Guarda

Acidente ocorreu de madrugada.

Um homem, de 26 anos, morreu, na madrugada desta sexta-feira, na sequência de um despiste de um carro na Guarda.

O acidente, segundo o Comando Sub-regional de Emergência e Proteção Civil das Beiras e Serra da Estrela, ocorreu pelas 2 horas, na avenida Monsenhor Mendes do Carmo, na Guarda.

“A estrada esteve momentaneamente condicionada durante a madrugada, enquanto decorreram os trabalhos de resolução da ocorrência”, adiantou a mesma fonte, citada pela agência Lusa.

Para o local, foram mobilizados os Bombeiros da Guarda, com dez operacionais apoiados por quatro viaturas, bem como a PSP.

Detido homem por abusar sexualmente da enteada menor

A Polícia Judiciária deteve um homem, de 33 anos, suspeito de abusar sexualmente de uma criança, que era sua enteada.

“Os factos acontecerem em abril de 2020, quando o arguido, na altura padrasto da vítima, aproveitando-se da relação de proximidade e de confiança familiar, sujeitou a vítima a atos sexuais de relevo”, informa a PJ, em comunicado.

Na origem da investigação, esteve uma queixa apresentada pela mãe da vitima, que tem agora 13 anos.

O detido foi presente a tribunal para primeiro interrogatório e para aplicação das medidas de coação, tendo ficado em prisão preventiva.

Mais de 128 mil pessoas já se despediram do Papa Francisco na Basílica de São Pedro

Portas da Basílica só estiveram fechadas entre a 1h30 e as 4h30.

Mais de 128 mil pessoas já prestaram a sua última homenagem ao Papa Francisco, entre quarta-feira e as 8h00 desta sexta-feira, na Basílica de São Pedro.

Os dados foram avançados pelo Vaticano, no último dia de velório do Papa, antes das cerimónias fúnebres de sábado de manhã.

A Basílica voltou a ficar aberta de madrugada, com o fluxo de fieis à espera sempre constante. As portas fecharam apenas por umas horas, entre as 2h30, 1h30 em Lisboa, e as 5h40, 4h40 em Lisboa.

Como na noite anterior, os planos de encerrar à meia-noite foram alteradas para permitir que todos os fieis podiam despedir-se do Santo Padre, que morreu na segunda-feira passada aos 88 anos.

Acompanhe em direto a sessão solene do 25 de Abril na Assembleia da República

Sessão arrancou com leitura de voto de pesar pela morte do Papa Francisco.

Assinalam-se esta sexta-feira os 51 anos da revolução de 25 de Abril de 1974. A data fica marcada este ano pelo facto de o Parlamento estar dissolvido e de o país estar em luto nacional, na sequência da morte do Papa Francisco.

Aliás a sessão arrancou com a leitura de um voto de pesar pela morte do Papa Francisco, seguindo-se um minuto de silêncio.

Este será também o último discurso do 25 de Abril de Marcelo Rebelo de Sousa enquanto Presidente da República

Assista em direto à emissão do Canal Parlamento

Constituinte. A Assembleia que fez a constituição iniciou-se há 50 anos

25 de Abril de 1975, um ano depois da revolução, 311 deputados representantes de sete forças políticas deram início à Assembleia Constituinte. Marcelo Rebelo
de Sousa (PSD), Arons de Carvalho (PS) e Carlos de Brito (PCP), recordam episódios marcantes desses tempos.

Quatro momentos da Constituinte’

O Presidente da República destaca o discurso de Mário Sottomayor Cardia (PS) avançando com o pacto MFA/Partidos como um dos mais relevantes para que os deputados pudessem ter concluído os trabalhos.

por Marcelo Rebelo de Sousa

Pede-me Raquel Abecasis um episódio da Assembleia Constituinte eleita há cinquenta anos. Uma Assembleia Constituinte eleita em plena Revolução – no seu fluxo, ou seja, radicalização –, que convive quase um ano com essa Revolução, e termina com ela, em refluxo e fim, não tem um, mas centenas de momentos importantes.

Decidi escolher quatro de entre todos eles, por assinalarem instantes particularmente importantes para a vida de quatro partidos – os maiores – e da própria Constituinte.

Primeiro momento.

Os partidos à direita do PCP decidiram, logo no debate e votação do Regimento, aprovar a existência de um período de antes da Ordem do Dia, para discutir o contexto político que enquadrava a futura Constituição.

Ou seja, contra a posição do PCP, MDP/CDE e UDP, a maioria PS-PPD-CDS converteu a Constituinte em fórum crítico relativamente ao curso da Revolução.

O PCP passou a abandonar o hemiciclo de São Bento enquanto durasse o período de antes da Ordem do Dia, só regressando no seu término.

Ficariam o MDP/CDE e a UDP.

Até que, um dia, compreendendo que perdia mais do que ganhava com a ausência, voltou para ficar e participar nas acesas controvérsias sobre a Revolução.

E esse momento quis dizer, sem o dizer, que o fluxo revolucionário se convertera em refluxo.

A Constituição ganhara e a Revolução perdera.

Segundo momento.

Terminado o fluxo revolucionário e iniciado o refluxo, o fim do Verão e transição para o Outono de 1975 foi um tempo agitadíssimo. Uns, a sentirem o chão a fugir debaixo dos pés, outros a afirmarem o crescendo do seu poder, no MFA e no universo partidário.

Tudo culminando no 25 de Novembro.

É, então, nesse virar de maré, que Mário Sottomayor Cardia tem o seu excecional discurso na tribuna, avançando com a proposta de novo Pacto MFA-Partidos e explicitando que, se necessário fosse, a Assembleia Constituinte continuaria a trabalhar fora de São Bento e fora de Lisboa. Não foi necessário, mas muitos, talvez a maioria dos constituintes do PS, PPD e CDS chegaram a partir para o Porto. Fui dos que ficaram em Lisboa, para garantir a presença na Constituinte e no Expresso.

O discurso de Cardia foi dos mais relevantes de toda a Constituinte.

E marcou, limpidamente, quem ganharia as eleições e passaria a vencer a Revolução – o Partido Socialista. Seria o vencedor civil da Revolução e da Constituição e, nele, Mário Soares.

Terceiro momento.

Véspera da votação final global.

O PPD perdera, por cisão, quase metade da sua bancada, que saíra pela esquerda.

Tem de decidir como vai votar a Constituição.

A maioria entende que deve aprovar, pela vitória da Constituição sobre a Revolução, pelo somatório de conquistas nos Direitos Fundamentais e na Organização do Poder Político, e para não deixar a vitória total à esquerda – PS, que aprovara Direitos e Organização Política com a direita e Organização Económica e Social com a esquerda –, e ainda os demais partidos de esquerda, que quereriam assumir como seu êxito global o que, na verdade, fora parcial.

Uma minoria do Grupo Parlamentar do PPD prefere, aparentemente, equacionar o voto contra.

Francisco Sá Carneiro, nessa noite de vésperas, num comício da JSD, é claro: o PPD não só deve aprovar a Constituição, como proclamar ser uma grande vitória sua.

Passo tático-estratégico que repetiria, meses depois, ao assumir a candidatura de António Ramalho Eanes como, primordialmente, sua, também.

E, assim, ficou unânime o voto do PPD – a favor da Constituição, com a convicção adicional acrescentada pelo líder histórico, retornado à liderança, numa postura mais moderada, isto é, à direita, do que a do seu partido, quando, quase um ano antes, iniciara o processo constituinte, com o PS. E o PPD ganhou o seu papel central, tão útil para o futuro, imediato e mediato.

Quarto momento.

Instante da votação final global.

Dia 2 de Abril de 1976. Parece provável o voto unânime.

O CDS votara, mais ou menos, como o PPD, ao longo de todo o processo.

Segredo bem guardado.

O CDS votaria contra.

Estupefação generalizada.

E, no entanto, esse segredo de última hora, valeria ao CDS o manter-se como barreira, delimitando à direita, a fronteira entre a Democracia e a Não Democracia.

Valeria décadas, nas quais, à sua direita, nenhuma força política vingaria entre si e esse muro, então intransponível.

Quatro momentos definidores.

Um – o do início da vitória da Constituição sobre a Revolução. E de recuo do PCP.

Outro – o da vitória efetiva da Constituição e do consumar do fim da Revolução. Com o PS e Mário Soares vencedores.

Terceiro – o da opção do PPD pela conquista do centro, e até centro esquerda, culminando, dez anos volvidos, nas maiorias de Cavaco Silva.

Quarto e último – o da escolha do CDS pela direita, mantendo o discurso do ‘rigorosamente ao centro’, mas garantindo que a sua direita, por três décadas, ou um pouco mais, não haveria ninguém.

Palácio de Belém, 21 de Abril de 2025
Presidente da República, ex-deputado do PPD

Foi um orgulho

Arons de Carvalho ainda se espanta por ter sido um dos mais jovens escolhidos para  fazer a constituição.

por Alberto Arons de Carvalho

Quando, no início dos anos 70, durante a governação de Marcelo Caetano, resolvi assistir a uma sessão da Assembleia Nacional, estava muito longe de imaginar que, poucos anos depois, me sentaria no lugar onde estavam aqueles deputados, cuja prestação, sem me surpreender, tanto me desapontara, pela total ausência de pluralidade de opiniões, substituídas por um discurso cerimonioso, quase sempre panegírico e até superficial.

Afinal, pouco mais de um ano depois do 25 de Abril, seguramente uma das datas mais importantes da minha vida, aí estava eu, um dos mais jovens deputados, a conviver com figuras de vários quadrantes políticos, que tanto admirava, desde alguns corajosos lutadores contra o regime deposto e antigos exilados e presos políticos até eminentes juristas e professores da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde me acabara de licenciar.

A experiência como deputado constituinte foi estimulante. Não apenas por participar – e tanto aprender… – na elaboração do texto fundador da democracia portuguesa. Mas igualmente por presenciar o debate de ideias, tantas vezes tão contraditórias, bem como por poder contribuir para a redação daquele texto. E por assistir presencialmente e participar na definição de aspetos básicos, embora fundamentais, do novo quadro parlamentar em democracia: onde se sentavam os diferentes grupos parlamentares? E que instalações tinham no edifício? Como se organizava a elaboração do texto da Constituição no Plenário e em comissões? Quanto tempo poderia durar a intervenção de cada deputado? Haveria ou não um período antes da ordem do dia onde os deputados poderiam analisar a situação política?

A enriquecedora experiência de deputado constituinte, que procurei conciliar com a liderança da Juventude Socialista, viria, todavia, a terminar em 21 de outubro de 1975, quando, já depois de concluídos os debates e a redação dos artigos da Constituição relativos à comunicação social, resolvi interromper a atividade parlamentar para abraçar um novo projeto jornalístico que sucedia ao República – o jornal A Luta.

Ex-deputado do PS

Foi muito trabalho de bastidores 

Carlos Brito lembra que os líderes estavam ocupados e foram os deputados que fizeram o trabalho.

por Carlos Brito

A realização de eleições livres para uma assembleia constituinte, no prazo de um ano, foi um dos compromissos concretos que os militares do MFA assumiram com o povo português, ao derrubarem o governo da ditadura fascista, em 25 de Abril de 1974. Diga-se, ao principiar estas linhas, que foi um compromisso plenamente honrado, com realização das eleições, em 25 de Abril de 1975, faz agora 50 anos.

Foi neste clima de transição muito crispado que a Assembleia Constituinte iniciou os seus trabalhos e os prosseguiu, numa primeira fase. Internamente, as grandes polémicas oratórias dominavam as sessões e não deixavam nada para a Constituição; no plano externo, tornou-se erradamente o alvo das contestações e reivindicações sociais, que culminaram, no seu cerco por dezenas de milhar de trabalhadores da construção civil.

Numa segunda fase, os grupos parlamentares foram progressivamente assumindo o mandato patriótico de que estavam investidos. As direções das bancadas do PS, PCP, PPD e MDP foram capazes de se entender e cooperar num plano de trabalho consensual e organizar os deputados de forma a fazer-se, no prazo devido, um texto constitucional. O CDS fazia oposição ideológica sistemática., mas educada. Até a UDP melhorou. Em largos períodos, os deputados trabalharam em roda livre, tomando como orientação os projetos de constituição dos respetivos partidos, que eram bastante avançados. Os líderes máximos dos partidos andavam envolvidos na luta de posições e nas batalhas políticas do dia a dia.

Foi uma surpresa para eles quando os deputados terminaram e lhes apresentaram o seu trabalho. Álvaro Cunhal deu-lhe nota muito positiva. Até ver não acreditava que aquela composição partidária da Assembleia produzisse coisa de jeito. Tornou-se grande defensor da Constituição. Mário Soares, com o seu orgulho partidário, proclamou: isto é o grande trabalho do PS! Sá Carneiro, sem atender à prestação dos seus deputados, vociferou: é uma constituição marxista.

Não ficou por aqui o líder já contestado do PPD, lançou-se numa conspiração com militares e líderes da direita para que o texto constitucional não fosse promulgado e antes fosse submetido a referendo.

A conter e esvaziar esta conspiração afirmou-se então o poder dos verdadeiros vencedores do 25 de Novembro: Costa Gomes, Ramalho Eanes e os Nove.

Num ato sem precedentes, revolucionário, a 2 de Abril, data fixada para votação final global do texto constitucional, o Presidente da República, Costa Gomes, deslocou-se de Belém a S.Bento e logo que os deputados concluíram a votação, aprovando-o, assinou a promulgação da Constituição, na própria mesa da Assembleia Constituinte. Sem mais entraves, entrou em vigor a 25 de Abril de 1976, dois

anos depois do dia inaugural da Revolução.

Ex-deputado do PCP

Na morte do Papa Francisco


Algumas das suas ideias pouco terão sido, se foram, comentadas, discutidas e publicitadas, nas igrejas ou em outros lugares de reflexão religiosa.


No dia 23 de abril, publiquei neste jornal um artigo apelando à paz, fazendo-me várias vezes eco de afirmações do Papa Francisco sobre a importância da paz e o esforço que todos devíamos desenvolver para que ela se impusesse.

O Papa morreu antes da edição desse texto.

Muitos foram, entretanto, os testemunhos e declarações sobre a obra do Papa Francisco, algumas delas muito laudatórias, inclusive por parte dos que, verdadeiramente, dele não gostavam e dos que ainda menos gostavam das suas ideias sobre um conjunto alargado de assuntos.

Não por acaso, muitas dessas ideias – designadamente as que se referiam a problemas do funcionamento deste mundo e, portanto, extravasavam, de certo modo, o plano puramente religioso – pouco terão sido, se foram comentadas, discutidas, ou sequer difundidas nas igrejas e outros lugares de reflexão religiosa.

E, no entanto, elas foram escritas e ditas por um Papa que vivia e conhecia o mundo como ele é de verdade e não apenas através da ideia esfumada que deste se forma nos claustros algo bafientos de muitos edifícios religiosos.

Na Argentina e em Buenos Aires, Francisco, então Jorge Bergoglio, deslocava-se de metro para os lugares mais pobres e insalubres onde viviam muitos talvez a maioria – dos seus concidadãos mais desafortunados, católicos ou não.

Quando, depois da sua eleição, visitei esse país, muitas foram as dúvidas que me expressaram sobre ele alguns colegas, devido ao que diziam ter sido a sua limitada ação de apoio aos presos raptados, torturados e assassinados pela ditadura militar argentina, porventura a mais cruel da América do Sul.

Só mais tarde, quando se souberam os atos arriscados que, na maior discrição, realizou para dar fuga a muitos dos perseguidos pela ditadura, esses meus colegas passaram a ter dele uma mais opinião positiva, que, rapidamente, aliás, se transformou em veneração.

Francisco devolveu, assim, à Igreja Católica latino americana parte do lugar de esperança e paz que as intervenções demasiado altivas e severas e, sobretudo, pouco informadas, de João Paulo II lhe fez perder.

Devido às intervenções ríspidas e pouco clementes de João Paulo II, muitas igrejas evangelistas, proselitistas e de inspiração norte-americana, dispondo, além disso, de muito dinheiro e experiência mediática, ocuparam rapidamente então – por estarem já desocupados – os sítios de paz e esperança que, antes, as comunidades de base organizadas pela Igreja Católica haviam sido para os mais deserdados dos deserdados.

Comunidades que jesuítas, dominicanos e outras ordens religiosas haviam desenvolvido nessa parte do mundo para, precisamente, assistirem e, mais importante, estarem com os mais desamparados.

Refiro-me aos que viviam nas “favelas” mais degradadas e perigosas do das megalópolis latino americanas e aos que sobreviviam nos lugares mais recônditos de muitos dos países da América Latina, onde eram abusados e sobre explorados pelos que mais tinham, sem sequer se poderem socorrer do poder do Estado para os ajudar, pois este, pura e simplesmente, ali não existia.

Recordo, a esse propósito, uma missão da ONU, em que participei, na Amazónia brasileira, para averiguar o estado de uma investigação criminal relativa ao assassinato, em 2005, de Dorothy Stang, uma freira norte americana da Congregação das Irmãs de Notre Dame de Namur.

Tratava-se de uma religiosa que trabalhava para a “Pastoral da Terra”, ajudando os camponeses a registar e regularizar a situação jurídica dos talhões de terras que as autoridades federais brasileiras lhe haviam atribuído para que as cultivassem e, assim, pudessem dar de comer aos seus filhos.

Aí compreendi melhor a relevância do Estado de Direito, pois, face à carência de quase tudo, foi da falta de lei que tais camponeses pobres mais se queixaram.

Isto, para poderem manter a terra que o Estado lhe alocara e de onde os madeireiros ricos os expulsavam sob a ameaça de armas de fogo dos seus capangas, “grilando”, em seguida, títulos de propriedade, que assim falsificados, asseguravam ser a terra deles e não do Estado brasileiro.

Aí compreendi melhor, também, a importância do papel da Igreja nesse continente.

Uma igreja que João Paulo II nunca entendeu e a que, como centro-europeu e habituado a o uso de intervenções verticais, centralistas e indiscutíveis, repreendeu e, nalguns casos, humilhou publicamente.

Revivo, ainda com espanto e vergonha alheia, o sucedido em 1983, no aeroporto da Nicarágua.

Não esqueço o retrato de um João Paulo II, acabado de aterrar, exibindo uma fácies agastada e dirigindo-se a Ernesto Cardenal – da Congregação dos Missionários do Sagrado Coração de Jesus e responsável, no governo desse país, pelos assuntos culturais que ali esperava para o saudar, afrontando-o e admoestando-o severamente, de dedo em riste, perante as televisões de todo o mundo.

Se tal cena não fosse tão dolorosamente real, faria sorrir os cinéfilos, pois parecia decalcada de um filme italiano de 1977, intitulado “Os Novos Monstros”.

Nesse filme, Vittorio Gassman desempenhou, brilhantemente, o papel de um bispo conservador que, tendo tido uma avaria na luxuosa viatura em que se deslocava, teve de parar numa povoação sem história e qualquer tipo de desenvolvimento, e, enquanto esperava pela sua reparação, por puro divertimento e exibição de poder, destrói em poucas horas o trabalho socialmente avançado e humanitário do pároco local, que desautoriza e humilha perante os paroquianos.  

Pois foi dessa Igreja latino-americana que João Paulo II nunca entendeu muito ligada aos pobres e aos deserdados e cuja miséria pouco tinha e tem a ver com a que havia e há na Europa, que nos veio, depois, um Papa Jesuíta, que escolheu o nome de Francisco, em homenagem a S. Francisco de Assis, ele também pobre e devotado aos pobres e ao respeito pela natureza.

Um Papa que, acima de tudo, quis mostrar a face jubilosa e compassiva, que a Igreja Católica sabe ter e deve, sobretudo, apresentar ante os pobres, os humilhados e os sem esperança.

É essa face que alivia os homens, mulheres e crianças que vivem – podemos dizer assim sem exagero – nos sítios da terra mais parecidos com o que possa ser o inferno das escrituras e lhes dá esperança e força, não para se resignarem, mas para sobreviverem e procurarem sempre mudar a vida e a sua vida.

É essa face, em que a alegria se transforma em coragem perturbadora e subversiva, capaz, por isso, de enfrentar a mais cruel injustiça, que muitos católicos eurocentristas, mais amargurados e preocupados, antes de tudo, com a sua própria salvação, procuram, entre paramentos luxuosos e o fumo perfumado de candelabros gigantes, esconder dos crentes mais carecidos.

Foi, contudo, essa mesma alegria que, enquanto jovem, tive a oportunidade de viver e dela retirar força para tudo o que consegui, em seguida, fazer na vida.

Havia, sempre houve, alguns sacerdotes que olhavam já a vida e o mundo dessa maneira.

Pena que, e recordo agora a minha adolescência, o Cónego Henrique Ferreira da Silva, conhecido apenas por Padre Henrique e falecido em 2003, não possa ter tido a alegria – e se ele era alegre – de ter conhecido o Papa Francisco.

Tudo nele e da sua maneira de ser padre se revia na catequese deste Papa: simples, direta e bondosa e, sobretudo, preocupada com o mundo real e, nele, com os mais desfavorecidos.

Sempre as homilias do Padre Henrique partiam de uma estória do mundo atual.

Através de tais estórias, com uma rara concisão e simplicidade – o Padre Henrique queria que as missas fossem curtas para que todos os fiéis pudessem permanecer atentos –, emergia, sempre clara, a mensagem cristã que ele delas queria extrair.

Pretendia aquele padre que todos os nossos pequenos gestos podiam ser relevantes e significativos para transmitir aos que mais dela necessitavam um pouco de esperança, para que, com ela, se atrevessem a mudar o seu triste destino a que, como insistia, não estavam, necessariamente, condenados.

Lembro dele – já passados alguns anos –, o ar divertido que exibia ainda, quando mais velho e, já depois do 25 de Abril, o encontrei numa estação do metro de Lisboa.

Perguntei-lhe, então o que fazia ali, e ele, sempre sorrindo, respondeu que estava a tirar o curso de Direito na Faculdade da Universidade (clássica) de Lisboa e que, por isso, já sabia mais da vida de Marx, Engels e Lenine do que da dos “santinhos” todos: era o tempo em que o MRPP e, em seu nome, Durão Barroso pontificavam nessa escola de Direito.

As intervenções do Papa Francisco evocaram, pois, sempre, em mim, esse outro padre simples e sabedor, que me reconciliou com o latim e me ensinou alemão e inglês.

Foi ele, que era filho de uma família de pescadores pobres – mas que, desde criança, foi apoiado e educado por uma família inglesa anglicana –, quem me explicou como devíamos viver a vida com respeito e simpatia para com os outros e as suas ideias, por mais diferentes que, em muitos aspetos, esses outros fossem de nós.

O Papa Francisco partiu, mas por causa da sua intervenção sempre atenta, previdente e corajosa, muitos católicos, muitos crentes de outras religiões e mesmo muitas mulheres e homens que não são religiosos, não voltarão a ser os mesmos: por sua causa, a vida de todos eles será certamente melhor, pois movida pela esperança e pela vontade de mudança que ela impulsiona.

Talvez agora, que o Papa Francisco morreu, e dele e do que ensinou tanto se falou, possam católicos, e não só, interessar-se, a sério, pelo que ele disse e escreveu.

Ler o que ele redigiu, bem poderia ser um desafio palpitante para os católicos, até para não se sentirem ultrapassados pelos que, não o sendo, prestam a maior atenção ao que Francisco escreveu.    

Estoril Open. Um nível abaixo, ATP volta em 2026

Alargamento dos torneios Masters 1000 ditou despromoção da prova do Estoril. E participação de vários tenistas está dependente do que fizerem ou não em Madrid.

OClube de Ténis do Estoril volta a abrir portas, de 26 de abril a 04 de maio, a várias das grandes estrelas do ténis internacional, embora sem o mediatismo de outrora, já que o calendário ATP se apertou e obrigou o torneio português a baixar de nível.

Os torneios Masters 1.000 passaram a ser disputados durante duas semanas, um fator que deixou Portugal sem representação no circuito principal (ATP), porque o Masters de Madrid foi alargado e será disputado praticamente nas mesmas datas.

Posto isto, a solução imediata encontrada foi fazer do torneio do Estoril um ‘challenger’ 175, a categoria mais alta do segundo escalão. No entanto, será uma despromoção pontual, tendo sido já confirmado o regresso ao nível ATP em 2026.

A boa fama da organização do Estoril Open, a cargo do diretor João Zilhão, entre os tenistas que vieram a Portugal nos últimos anos, permitiu encontrar outras datas no calendário internacional para ser disputado novamente no formato de ATP 250.

Ao contrário do que sucedia até este ano, o Estoril Open vai passar a realizar-se no mês de julho – mais precisamente entre os dias 20 e 26 –, numa altura em que se fará sentir maior calor e a ameaça de chuva será quase inexistente para o torneio.

Presente no circuito ATP desde 1990, a prova portuguesa realizou-se até 2014 no Complexo Desportivo do Jamor, em Oeiras, tendo-se transferido para o Clube de Ténis do Estoril a partir de 2015, com uma organização diferente e um novo nome.

Dependentes de Madrid

Até lá, este ano a 10.ª edição contará, portanto, com algumas mudanças e com os olhos postos no Masters de Madrid, pois existe a possibilidade de resgatar grandes nomes eliminados de forma precoce, e perder outros que superem várias rondas.

Entre os nomes que poderão ser perdidos, encontra-se o de Nuno Borges, melhor tenista português da atualidade – como comprova o ranking mundial, figurando na 41.ª posição – e o segundo mais bem cotado entre os tenistas inscritos no torneio.

O maiato, de 28 anos, vai jogar em Madrid e, caso se mantenha em prova além da primeira semana, será automaticamente impedido de disputar a prova portuguesa no Estoril, tal como alguns dos principais nomes que também estarão em Madrid.

São ainda exemplo disso os tenistas norte-americanos Alex Michelsen (38.º ATP) e Marcos Giron (45.º), o sérvio Miomir Kecmanovic (47.º), o espanhol Pedro Martínez (48.º), o japonês Kei Nishikori (64.º) ou até o jovem brasileiro João Fonseca (65.º).

O sucesso de alguns destes nomes na capital espanhola vai abrir portas à entrada direta de outros tenistas menos cotados, estando ainda em aberto a atribuição de convites da organização a jogadores que poderão ser eliminados precocemente.

Um desses convites (‘wildcards’) já foi atribuído ao jovem português Jaime Faria, o segundo tenista nacional mais bem cotado e 105.º colocado na hierarquia, depois de um ano de 2024 em que ascendeu mais de 400 lugares e se estreou no top-100.

Assim, Nuno Borges e Jaime Faria serão os representantes lusos na competição, com a possibilidade de mais se juntarem provenientes das rondas de qualificação, na qual estão inscritos Henrique Rocha, Gastão Elias, Pedro Araújo e Tiago Pereira.

No último ano, Nuno Borges alcançou os quartos de final, onde foi eliminado pelo chileno Cristián Garín, enquanto Jaime Faria surpreendeu ao ultrapassar a fase de qualificação com distinção, sendo travado na primeira ronda do quadro principal.

O tenista da Maia, cujo melhor ranking da carreira é o 30.º posto (setembro de 2024), vai disputar o Estoril Open pelo quinto ano consecutivo, com Jaime Faria a efetuar apenas a segunda participação, e a primeira sem precisar de qualificação.

Os dois tenistas são as esperanças portuguesas em repetir o inédito feito de João Sousa, que conquistou o torneio em 2018, ao derrotar na final o norte-americano Frances Tiafoe, sendo um dos grandes momentos da modalidade a nível nacional.

Em 2022, momento semelhante aconteceu, mas na variante de pares, quando os amigos de infância Francisco Cabral e Nuno Borges venceram, de maneira inédita, um torneio ATP, ao derrotar no jogo decisivo Máximo González e André Goransson.

No ano seguinte, Cabral e Borges voltaram a chegar longe, mas sucumbiram nas meias-finais, tendo sido eliminados na primeira ronda em 2024 por uma dupla que chegou à final, faltando ainda saber se voltarão a regressar em dupla nesta edição.

Nove edições, nove vencedores

A derradeira edição marcou a despedida de João Sousa dos courts, depois de uma carreira em que atingiu o melhor ranking de sempre de um português (28.º lugar) e conquistou ao todo quatro títulos ATP, em Kuala Lumpur, Valência, Estoril e Pune.

Em nove edições anteriores, houve nove vencedores distintos. Em 2024, o polaco Hubert Hurkacz conquistou o seu primeiro título em terra batida e, não estando inscrito, terá um sucessor, a não ser que ainda receba um convite da organização.

O ‘prize money’ do torneio português de terra batida é de 562.815 euros, contando o quadro principal com 28 jogadores: 19 com entrada direta de acordo com o seu ranking, dois ‘special exempts’, quatro oriundos da qualificação e três ‘wildcards’

Madonna esteve em Portugal e passeou por Lisboa e pela Comporta com o namorado. A cantora explicou que regressou ao país para ir ao dentista. «Uma viagem ao meu dentista favorito em Lisboa, o Dr. Miguel Stanley, significa que posso ver a minha família musical e amigos e visitar a praia mais bonita do mundo. Comporta (a seguir a Copacabana)», escreveu a cantora, de 66 anos, nas redes sociais onde publicou várias fotografias. Nas imagens, via-se Madonna abraçada ao manequim Akeem Morris, de 28 anos, com quem começou a namorar em 2024. Em Lisboa, o casal andou por alguns dos bairros mais típicos, como Alfama, Bairro Alto ou Bica. Aproveitou também a vista do Miradouro das Portas do Sol e juntou vários amigos, como o jovem Gaspar Varela, bisneto de Celeste Rodrigues, que chegou a acompanhá-la ao vivo. Não faltaram também as fotografias da rainha da pop na parai da Comporta, um dos seus locais preferidos em Portugal. Recorde-se que Madonna viveu em Lisboa entre 2017 e 2020.

Prisão preventiva para suspeito de matar e enterrar homem na Lourosa

Corpo foi encontrado no terreno da casa do suspeito, que deu pistas falsas sobre desaparecimento da vítima.

A Polícia Judiciária deteve na noite de sexta-feira, fora de flagrante delito, um suspeito de homicídio qualificado, e de profanação de cadáver de um homem, de 58 anos.

Em causa está a morte de um homem, de 55 anos, cujo corpo foi descoberto num terreno em Lourosa, na quarta-feira, depois de ter sido dado como desaparecido a 15 de abril.

A casa do suspeito fica no terreno onde o corpo foi encontrado enterrado.

“Da investigação desenvolvida, foi possível apurar que ambos eram velhos conhecidos, havendo fortes indícios de que, com o objetivo de se apoderar dos bens da vítima, o suspeito decidiu matá-lo, presumivelmente por asfixia”, informa a PJ.

Após o homicídio, o suspeito terá enterrado o corpo e utilizado o cartão bancário da vítima, para iludir os familiares, “fornecendo pistas falsas acerca do seu desaparecimento”.

O agora detido, com antecedentes criminais por crime de fraude fiscal, já foi presente a tribunal, tendo ficado sujeito à medida de coação mais gravosa, prisão preventiva.

Francisco: uma voz para o nosso tempo

Francisco foi uma voz irreverente num mundo que se habituou à resignação.

Nas grandes encruzilhadas da História, surgem vozes capazes de romper o ruído e devolver-nos ao essencial. Há doze anos, o mundo escutou uma dessas vozes: a de Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco. Muito mais do que o chefe espiritual da Igreja Católica, foi – e é – um exemplo vivo de entrega, coerência e compromisso com os valores universais da Paz, do Amor e da Fraternidade. A sua liderança não foi feita de estridência, mas de presença. E hoje, num mundo que parece cada vez mais fragmentado, é inevitável reconhecer: precisávamos – e precisamos – de Francisco.

Desde o primeiro momento, o Papa Francisco assumiu um magistério com os olhos postos nas periferias. Em 47 viagens apostólicas, levou a sua voz e a sua escuta às geografias esquecidas do planeta – e às periferias existenciais que tantas vezes não cabem nos mapas. Com humildade e coragem, apontou-nos o caminho de uma fé vivida com os pés no chão e o coração aberto. E deixou um alerta que ressoa particularmente na nossa Europa: é urgente olhar para lá das nossas fronteiras e romper com a lógica confortável dos aliados de sempre. Este não é apenas um apelo religioso – é um grito de consciência sobre os valores que nos definem como civilização.

Enquanto cidadã e como católica, mas também – e talvez sobretudo – como política, não posso ignorar essa interpelação. Vivemos num tempo em que os princípios que fundaram a União Europeia – a dignidade humana, a solidariedade, a paz – enfrentam desafios dentro e fora dos muros da Europa. O contributo de Francisco foi, neste contexto, de uma lucidez rara. Mostrou-nos que a defesa desses valores exige mais do que proclamações: exige ação, compromisso e, sobretudo, empatia. Exige, precisamente, derrubar muros.

As suas quatro encíclicas são o testemunho escrito desse percurso. Em Lumen Fidei, reafirmou a centralidade da Fé num tempo de dúvidas e desorientação. Em Amoris Laetitia, falou do Amor com a sensibilidade e realismo de quem conhece a fragilidade das relações humanas. Fratelli Tutti é um verdadeiro manifesto por uma amizade social global, onde o outro não é inimigo, mas irmão. E Laudato Si’ marcou, pela primeira vez, o ambiente como prioridade moral, lembrando-nos que a nossa ‘casa comum’ não pode continuar a ser negligenciada em nome do lucro ou da inércia.

Mas o mais notável em Francisco foi, talvez, a sua capacidade de viver o que pregava. Não se limitou a escrever: praticou. Não se escondeu atrás das paredes do Vaticano: foi ao encontro. Não ficou prisioneiro de formalismos: falou com clareza, com afeto e, muitas vezes, com a firmeza necessária para abanar consciências.

Francisco foi uma voz irreverente num mundo que se habituou à resignação. Uma voz que não se calou perante a guerra, a desigualdade ou a indiferença. Interpelou-nos a todos, independentemente da fé, do estatuto ou da geografia. Falou com a autoridade moral de quem coloca os últimos em primeiro lugar, e os valores acima dos interesses.

Hoje, o mundo enfrenta desafios colossais: conflitos armados, emergência climática, crises humanitárias, ameaça à democracia e à liberdade de expressão. São tempos que exigem coragem e visão. A mesma coragem e visão que encontrámos em Francisco.

O seu exemplo deixa-nos um legado que não é apenas espiritual — é profundamente político e humano. Podemos estudá-lo, sim. Mas acima de tudo, devemos esforçar-nos por vivê-lo. A sua ausência far-se-á sentir. Mas o seu testemunho permanece, como um guia num tempo de incerteza.

Deixará muitas saudades. Mas deixa também um caminho. Cabe-nos a nós continuar a percorrê-lo.

Eurodeputada PSD

Homem encontrado morto ao largo da Cantareira na Foz do Douro

Ainda não foi possível apurar as causas da morte.

O corpo de um homem foi encontrado ao largo da Cantareira, na Foz do Douro, este sábado de manhã.

Foram mobilizados para o local elementos do Comando Local da Polícia Marítima do Douro, do INEM, dos Bombeiros Voluntários Portuenses e da Polícia Judiciária.

O corpo foi retirado de uma zona rochosa e óbito sido declarado no local, pelo INEM.

Ainda não foi possível apurar as causas da morte.

O corpo foi transportado para o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses do Porto.

Patrícia Sampaio sagra-se campeã europeia de judo

Nos Jogos Olímpicos de Paris recebeu medalha de bronze.

A judoca Patrícia Sampaio sagrou-se campeã europeia em 78 kg, este sábado, ao vencer a atleta alemã Anna Monta Olek, na final da competição que decorre em Podgorica, no Montenegro.

Patrícia Sampaio, primeira cabeça de série, garantiu o primeiro título europeu depois de um combate, com uma das favoritas, que resolveu por ippon, a 02.21 minutos do final.

Antes da final, a judoca, bronze olímpico em Paris2024 e bronze nos Europeus de 2023, derrotou a finlandesa Emma Krapu, a russa Slaviana Rylkevich e a francesa Audrey Tcheumeo, todas por ippon.

Esta é a segunda medalha de Portugal nos Europeus de judo, depois da prata conquistada por Catarina Costa na passada quarta-feira. 

5 Lições comunicativas do Papa Francisco

O Papa Francisco revelou-se, não só um líder religioso, mas um comunicador com lições que transcendem fronteiras religiosas.

Em tempos de crise profunda de credibilidade da Igreja – e não é preciso evocar agora quais as insuficiências – o Papa Francisco revelou-se, não só um líder religioso, mas um comunicador com lições que transcendem fronteiras religiosas. Na véspera de vir a Fátima em 2017, uma sondagem da Gallup a mais de 60.000 pessoas em todo o mundo mostrou que, independentemente da religião, Francisco tinha uma imagem favorável para mais de metade da população global. Portugal, curiosamente, era então o país onde essa aprovação era mais elevada: 95%.

Que fazia de Francisco um comunicador tão eficaz?

1. Uma abertura radical ao outro

O Papa tinha o dom raro de escutar sem medo. Queria ouvir quem pensa de forma diferente, acolhia todos, independentemente do seu estado de vida. Para ele, cada pessoa valia mais do que as suas ideias e os seus erros. Desafiou a Igreja a sair das suas zonas de conforto, visitou periferias físicas e existenciais, e abriu espaço para diálogo real. Essa abertura conferiu-lhe uma autoridade comunicativa que não vem da imposição, mas da empatia.

2. Coragem de correr riscos

Foi talvez o Papa mais imprevisível dos tempos modernos: improvisou, telefonou diretamente a fiéis, respondeu sem guião nem cautelas a jornalistas em voos papais, concedeu entrevistas a meios improváveis. Esta exposição, com todos os riscos de mal-entendidos, revela autenticidade. Obrigou também os comunicadores a interpretarem as suas palavras à luz do seu estilo: espontâneo, pastoral, relacional. Entender o Papa sem o instrumentalizar, exigiu conhecer o que disse no original, na íntegra, e no tom com que o disse.

3. Clareza sobre o essencial

Francisco sabe o que quer comunicar: o núcleo do cristianismo. Na Evangelii Gaudium diz que a proposta essencial é simples e bela: «Jesus Cristo ama-te, deu a sua vida para te salvar, e agora vive contigo todos os dias». Perante o ruído mediático de temas polémicos, Francisco insiste: a verdade central não é doutrinária, é relacional. E mostra-a, sobretudo, com gestos. Em fevereiro passado escreveu no prefácio a um livro de Austen Ivereigh: «Como Papa, quis encorajar a nossa pertença ‘primeiro’ a Deus, e depois à criação e aos nossos irmãos, especialmente àqueles que nos chamam em voz alta».

4. A verdade transmite-se como bondade

Foi uma ideia especialmente presente no ‘Ano da Misericórdia’ que convocou em 2016: a verdade não é uma ideia a impor, mas um amor a oferecer. Dedicou cada sexta-feira a um gesto de misericórdia: visitou toxicodependentes, refugiados, doentes, sacerdotes afastados do ministério, mulheres resgatadas da prostituição. A mensagem era silenciosa, mas eloquente: Deus está próximo, e é bom. Antes de crer, é preciso sentir-se amado.

5. A bondade precisa da companhia da verdade

Num tempo de pós-verdade, Francisco insiste que não pode haver paz sem verdade. Mas recusa a verdade como arma. Em Lumen Fidei, afirma que só o amor permite aceder à verdade: quem ama vê mais longe, compreende melhor, porque ama. Esta articulação entre verdade e misericórdia é talvez o maior desafio da comunicação cristã hoje – e também o seu maior trunfo.

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Quando veio a Fátima, em 2017, talvez tenha querido recordar que a fé começa por uma experiência de beleza: a de um Deus que arde no peito sem queimar. Como dizia o outro Francisco, o pastorinho de Fátima: «Gosto tanto de Deus!». Essa linguagem simples – que comunica com todos – talvez resuma o que o Papa Francisco esteve ensinando ao mundo: a fé comunica-se com o coração, antes de convencer pela razão.

Sub-diretor do Gabinete de Comunicação do Opus Dei
Consultor de comunicação da Igreja

Nuno Guerreiro. Vozes eternas nunca morrem

O cantor foi internado na manhã de 17 de abril e acabou por falecer no mesmo dia no hospital São Francisco Xavier.

Foi um choque. Nuno Guerreiro, vocalista da banda Ala dos Namorados, morreu no dia 17 de abril, aos 52 anos, vítima de septicemia, uma infeção generalizada que evolui de forma muito rápida e intensa. De acordo com o seu agente, Manuel Moura dos Santos, o cantor já tinha começado a dar sinais de má indisposição no dia 14 de abril, e na manhã do dia 17 foi internado no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, onde acabou por falecer. Não se sabe ainda ao certo o que motivou a infeção.

A notícia foi avançada pelo presidente da Câmara de Loulé, Vítor Aleixo, de onde o músico era natural. «Morreu Nuno Guerreiro. Estamos destroçados», escreveu o autarca na legenda da publicação. A Câmara decretou um dia de luto municipal, com as cerimónias fúnebres a realizarem-se na terça e quarta-feira.

A família de Nuno Guerreiro deu indicações à funerária para que partilhasse um pedido pessoal:_em vez das tradicionais flores, que o dinheiro fosse entregue a uma associação que apoia animais, e que o cantor apadrinhava. «A Família pede, se possível e carinhosamente, para não levar flores e doar esse valor à ACCBA (Associação de Criadores do Cão do Barrocal Algarvio). Associação apadrinhada pelo Nuno», lia-se numa publicação da funerária, nas redes sociais.

Uma voz marcante

Nascido a 5 de setembro de 1972, aos 16 anos Nuno Guerreiro mudou-se para a capital para seguir o seu próprio caminho. Sempre com a música em mente, estudou na Escola de Dança do Conservatório Nacional, onde também se formou em canto lírico. A sua voz deixou uma marca na cultura portuguesa, principalmente por ter sido o cabeça de frente da banda Ala dos Namorados, fundada em 1993, com João Gil, João Monge e Manuel Paulo, destacando-se temas como Solta-se o Beijo, Loucos de Lisboa ou Caçador de Sóis.

Nuno Guerreiro também lançou álbuns a solo, como Carta de Amor (1999), produzido no Japão por Akira Senju, e Tento Saber (2002), que contou com outros grandes nomes da música portuguesa, como Sara Tavares e Rui Veloso.

No ano de 2018, a banda Ala dos Namorados celebrou 25 anos de carreira, com um concerto especial em Loulé, reunindo vários artistas convidados.

Mais recentemente, o cantor tinha estado em palco com a Banda da Sociedade Filarmónica Artistas de Minerva, de Loulé, que reuniu os músicos Ricardo J. Martins, João Palma, Vítor Bacalhau e Vasco Moura. E_foi mesmo neste projeto, e com estes músicos, que Nuno Guerreio viria a dar os seus últimos concertos, nos dias 30 e 31 de março, no Cineteatro Louletano. «É tanto o orgulho, é tanta a felicidade, que ainda estou meio adormecido e a acordar de um sonho!», escreveu o músico, na sua última publicação no Instagram.

Em busca de um novo Papa

O legado do Papa Francisco não é propriamente uma missão pacífica. O Sumo Pontífice deixou as sementes, que ele entende como diálogo, e caberá agora às fações radicais, EUA e Alemanha, mostrarem ao que vêm. A ‘aula’ que deu aos jesuítas em Portugal explica quase tudo.

É natural que as casas de apostas já estejam a fervilhar de jogadores ansiosos de ‘jogar’ no futuro Papa, à semelhança do que fazem milhares de comentadores nas televisões e nos cafés de bairro. Sempre que um Papa morre ou abdica é necessário eleger um novo e fazem-se as conjeturas possíveis. A mais óbvia é que Francisco nomeou 108 dos 135 cardeais que vão escolher o futuro Sumo Pontífice, e que, naturalmente, a decisão deverá recair em alguém que queira seguir o caminho ‘aberto’ pelo antigo cardeal Bergoglio. Mas será mesmo assim? «Há pessoas que imaginam que tendo a maioria dos cardeais sido escolhida pelo Papa Francisco que isso determinará que o que vier a ser escolhido esteja na continuidade, no alinhamento com as suas ideias. E é uma possibilidade, mas é bom saber que de um conclave de cardeais nomeados por Papas tido como conservadores, como Bento XVI e João Paulo II, ‘subiu’ Bergoglio. Podemos dizer que se de um conclave preparado de modo conservador saiu um progressista, também pode acontecer o contrário. Mas isto são análises simplistas», começa por explicar um teólogo que prefere o anonimato (ver Págs. 18-20).

 A ideia que se tem do chefe máximo da Igreja Católica que agora faleceu é que era um homem progressista que levou a cabo uma luta de ‘abertura’, uma espécie de glasnost, no Vaticano, mas Francisco sempre defendeu a união e não queria pôr o futuro em causa com grandes ruturas – esse será o grande desafio do futuro Santo Padre. Para se perceber como o Papa ‘jogava’ nos dois tabuleiros, conservadores e progressistas, veja-se que dos dez cardeais mais velhos que vão eleger o futuro Sumo Pontífice, todos nascidos em 1945, perfazendo 80 anos em 2025 – seis foram nomeados por Francisco. Todos, todos, todos poderão votar, mesmo que no momento da votação já tenham chegado à idade da reforma – no que diz respeito ao direito de votar – pois o que conta é a idade que tinham na data da morte do líder do Vaticano.

Um Sínodo à espera de melhores dias

Numa altura de grandes divisões na Igreja Católica, o processo sinodal que foi lançado por Francisco acabou por não ver fumo branco no seu consulado. Lançado em 2021, o processo sinodal ouviu o «Povo de Deus» nas dioceses e Eparquias do mundo, como se lê no documento final do Sínodo. Acontece que a batalha levada a cabo por Francisco só deverá estar terminada em 2028, passando dos três anos previstos para sete. E qual a razão para esse dilatar do tempo? Francisco quis ouvir todos, mas percebeu que as divisões obrigavam a mais escutas e conversas entre todos. Usando uma linguagem mais direta, o que o povo disse não agradou a todos e no documento final decidiu-se que algumas das questões mais fraturantes não deviam aparecer espelhadas no documento. E aqui usando uma linguagem jurídica, extraíram-se os temas como a bênção dos casais do mesmo sexo, a aceitação de casais recasados ou o papel das mulheres na Igreja, para outros grupos de trabalho que dirão de sua justiça. Ou seja, para que o documento final não se transformasse num megaprocesso, o Vaticano decidiu ‘cortá-lo’ em vários temas para outros grupos ‘partirem’ mais pedra. Os cerca de 10 grupos começarão a apresentar trabalho a partir de junho, mas haverá muito trabalho pela frente até se chegar às conclusões finais.

Curiosamente, a discussão sobre a obrigatoriedade do celibato dos padres desapareceu da agenda… e nem ficou no relatório final nem estará nas novas c omissões. «As questões fraturantes foram todas deliberadamente retiradas desta reflexão, e foram entregues a comissões especiais que foram criadas e estão em trabalho no Vaticano. Os temas mais polémicos ou aqueles que, no fundo, põem mais em causa aquilo que foi a tradição da Igreja nos últimos tempos, foram entregues a comissões especiais. O que o Papa pretendeu com o Sínodo é que na Igreja se aprenda a trabalhar conjuntamente, isto é, com o envolvimento de muitas pessoas. Quando começou este processo sinodal nem sequer se sabia que ia durar sete anos, ele está construído à medida que é feito. É um work in progress, uma aprendizagem em progresso», acrescenta o mesmo teólogo.

Simplificando mais uma vez: se o o processo sinodal, que ainda tem o nome de Sínodo dos Bispos, embora colaborem centenas de pessoas que o não são, entre as quais mulheres, tivesse aprovado o fim do celibato obrigatório dos padres, a ordenação de mulheres, a bênção de casais do mesmo sexo, entre outros temas fraturantes, a Igreja americana, a africana e a asiática distanciavam-se do Vaticano. Pelo contrário, a Igreja alemã, a maior parte dela, aplaudiria com toda a força. O novo Papa terá pois a difícil tarefa de continuar a conseguir o equilíbrio entre estas várias realidades. Na Igreja poucos acreditam que o futuro Papa não leve o processo até ao fim, mas há quem defenda que se a ala mais conservadora sair vencedora, será natural que decida enterrá-lo, voltando o mesmo de novo para as prateleiras.

Uma conversa histórica com jesuítas

O Papa Francisco, aquando da sua vinda a Portugal por causa da Jornada Mundial da Juventude, decidiu encontrar-se com os seus ‘irmãos’ jesuítas, tendo esse encontro marcado muitos dos que estiveram presentes, além de que muitos teólogos dizem que essa conversa é o melhor retrato de Francisco e do que pensava da Igreja. Às perguntas colocadas, Francisco respondeu a todas, embora para um leigo possa parecer que foi uma não resposta em muitos casos. A este propósito outro teólogo ouvido pelo Nascer do SOL explica o comportamento de Francisco. «O Papa tinha um estilo de sugerir, propor, mas não exortava e muito menos impunha. Não tinha discursos com arestas. Era uma espécie de airbag nalguns aspetos, pois era das pessoas mais astutas que havia».

Voltemos então ao Colégio de S. João de Brito onde aconteceu o encontro com os jesuítas portugueses. Um ‘irmão’, com o mesmo nome, falou numa experiência sabática que teve nos EUA: «Houve uma coisa que me impressionou muito e que por vezes me fez sofrer. Vi muitos, mesmo bispos, a criticar a sua maneira de conduzir a Igreja. E muitos acusam também os jesuítas, que são normalmente uma espécie de recurso crítico do Papa, de não o serem agora. Até gostariam que os jesuítas o criticassem explicitamente. Tem saudades das críticas que os jesuítas faziam ao Papa, ao Magistério, ao Vaticano?», perguntou o padre Francisco.

Antes de irmos à resposta do Sumo Pontífice, um aparte inevitável. Não deixa de ser estranho que os jesuítas estejam agora proibidos de falar sem o consentimento do provincial, o seu chefe… Insólito, no mínimo. Tem a palavra o Papa: «Verificaste que nos Estados Unidos a situação não é fácil: há uma atitude reacionária muito forte, organizada, que estrutura uma adesão também afetiva (…) Quero lembrar a estas pessoas que voltar atrás é inútil e que é preciso compreender que há uma evolução correta na compreensão das questões de fé e de moral, desde que se sigam os três critérios que Vicente de Lérins já indicava no século V: que a doutrina evolui ut annis consolidetur, dilatetur tempore, sublimetur aetate. Por outras palavras, a doutrina também progride, dilata-se com o tempo, consolida-se e torna-se mais firme, mas sempre progredindo. A mudança desenvolve-se da raiz para cima, crescendo com estes três critérios».

Numa das críticas mais diretas aos cardeais americanos, Francisco concluiu: «Esses grupos americanos de que falas, tão fechados, estão a isolar-se. E em vez de viverem da doutrina, da verdadeira doutrina que sempre se desenvolve e dá fruto, vivem de ideologias. Mas quando se abandona a doutrina na vida para a substituir por uma ideologia, perdeu-se, perdeu-se como na guerra. Por outras palavras, a ideologia substitui a fé, a pertença a um setor da Igreja substitui a pertença à Igreja».

O clericalismo infiltra-se nos padres

Nesta troca de ideias, que pode consultar no site dos jesuítas, falou-se de tudo um pouco. Frederico, Mestre de Noviços, perguntou: «Que afetos desordenados acha que são mais frequentes na Igreja, e especialmente na Companhia?». A resposta: «Hoje foi publicada a carta sobre a mundanidade e o clericalismo. É sobre estes dois pontos que gostaria de chamar a atenção do nosso clero. O clericalismo infiltra-se nos padres, mas é ainda pior quando se infiltra nos leigos. Os leigos clericalizados são assustadores. Respondo com esses dois espíritos, o mundanismo e o clericalismo, que podem fazer muito mal à Companhia». Sem rodeios, Francisco falou dos demónios «que tocam à campainha, que pedem ‘licença’ que não se parecem com nada e que depois tomam conta da casa. Jesus conclui que o estado do homem acaba por ser pior do que antes. Por outras palavras, é preciso ter cuidado para não escorregar aos poucos. Há um tango argentino muito bonito que se chama Barranca abajo, ‘descendo a ravina’. Quando uma pessoa começa a deslizar pela ravina, está perdida. Desliza para baixo e, de baixo, somos atraídos. Daí a importância de se fazer um exame de consciência, para que os demónios ‘educados’ não entrem discretamente». Como facilmente se perceberá, as críticas tinham vários destinatários.

Para terminar sobre os desafios que o Papa Francisco deixou ao seu sucessor, atentemos na pergunta «Santo Padre, o senhor é para mim o Papa dos meus sonhos depois do Concílio Vaticano II. O que sonha para a Igreja do futuro?». «Muitos estão a questionar o Vaticano II sem o nomear. Põem em causa os ensinamentos do Vaticano II. E se olho para o futuro, penso que temos de seguir o Espírito, ver o que ele nos diz, com coragem». «Com a oração, o jesuíta vai em frente, não tem medo de nada, porque sabe que o Senhor lhe inspirará, a seu tempo, o que tem de fazer. Quando um jesuíta não reza, torna-se um jesuíta seco. Em Portugal poder-se-ia dizer que se tornou ‘um bacalhau’».

Francisco: o Papa da misericórdia, da alegria e da Igreja em saída

O Papa Francisco não deixa apenas reformas administrativas ou documentos do magistério. Deixa-nos um estilo evangélico de ser Igreja. 

Com o coração cheio de gratidão e de esperança, a Igreja olha hoje para o legado do Papa Francisco, que o Senhor agora chamou à Sua presença. A sua vida foi de grande coerência entre o Evangelho, os gestos que teve e as palavras que proferiu . Deixa-nos uma herança espiritual marcada profundamente por três pilares: a misericórdia, a alegria do Evangelho e a Igreja em saída.

O rosto da misericórdia

Desde os primeiros gestos do seu pontificado, Francisco mostrou-se um pastor próximo, sensível às fragilidades humanas. A sua primeira homilia como Papa, ainda na Capela Sistina, já apontava esse caminho: «Nunca nos cansemos de pedir perdão. Deus nunca se cansa de perdoar, somos nós que nos cansamos de pedir a sua misericórdia».

Com o Jubileu da Misericórdia em 2016, Francisco chamou toda a Igreja a redescobrir este centro do Evangelho. A misericórdia, para ele, não era um acessório teológico, mas a própria «carta de identidade de Deus». Como escreveu na bula Misericordiae Vultus: «A misericórdia é a viga mestra que sustenta a vida da Igreja». E acrescentava, com vigor pastoral: «Onde quer que haja cristãos, qualquer pessoa deveria poder encontrar um oásis de misericórdia».

Uma Igreja em saída

O Papa Francisco convidou-nos incessantemente a sair de nós mesmos, das nossas comodidades e estruturas fechadas. A famosa expressão ‘Igreja em saída’ não é um simples slogan pastoral, mas uma convocação à fidelidade missionária.

Na sua primeira Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, deixou um apelo incisivo, que seria um dos pilares do seu pontificado: «Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e pela comodidade de se agarrar às próprias seguranças».

Francisco fez da periferia o centro, lembrando-nos que é ali que Cristo habita, entre os descartados, os pobres, os migrantes, os prisioneiros. E mais: fez da escuta um método evangelizador. Não só ‘sair’, mas também ‘acolher’.

Este dinamismo de conversão missionária supõe também um esforço pessoal de superação e entrega. Conforme ensina São Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei, a santidade não se acomoda em desculpas, mas cresce na luta contra o egoísmo e a passividade. Assim, cada cristão é chamado a tornar-se verdadeiramente protagonista da missão da Igreja. A isso também chamou o Papa Francisco, todos os cristãos do nosso tempo.

A alegria do Evangelho

A alegria – não como euforia superficial, mas como fruto do encontro com Jesus – foi uma marca constante do seu pontificado. A sua primeira exortação apostólica começa com as palavras: «A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus».

Francisco acreditava, e fez-nos acreditar, que um cristianismo triste contradiz a essência do Evangelho. Como dizia: «Não deixemos que nos roubem a alegria evangelizadora!» E recordava que a santidade se vive no cotidiano com leveza e sorriso: «Um santo triste é um triste santo».

O Papa Francisco não deixa apenas reformas administrativas ou documentos do magistério. Deixa-nos um estilo evangélico de ser Igreja. Uma Igreja com o olhar de Cristo, capaz de se comover diante do sofrimento, ousada na missão e enraizada na alegria do Ressuscitado.

Vigário Regional do Opus Dei

Judoca Jorge Fonseca eliminado nos ‘oitavos’ em -100 kg

Português era oitavo cabeça de série em -100 kg na competição.

O judoca português Jorge Fonseca foi este eliminado nos oitavos de final dos Europeus em Podgorica, este sábado, ao perder com o letão Maksims Duinovs, por ‘yuko’.

Duinovs tem apenas 21 anos e é atualmente o 175.º do mundo.

Jorge Fonseca, oitavo cabeça de série em -100 kg na competição, foi campeão mundial em 2019 e 2021 e e bronze olímpico em Tóquio, em 2021.

China desmente Trump sobre negociações comerciais com EUA

Declarações norte-americanas sobre diálogo sobre as tarifas com Pequim “são enganadoras”.

A China voltou a negar, este sábado, estar em negociações com os Estados Unidos sobre as tarifas, desmentindo assim as declarações do Presidente norte-americano, na sexta-feira.

“Não houve consultas ou negociações entre a China e os Estados Unidos sobre questões tarifárias, muito menos um acordo”, garantiu a embaixada chinesa em Washington, num comunicado publicado na plataforma de mensagens WeChat.

As declarações de Donald Trump de que está a haver um diálogo “são enganadoras”, lê-se ainda.

“Se os Estados Unidos querem resolver realmente o problema através do diálogo, devem primeiro corrigir os seus erros, deixar de ameaçar e pressionar os outros e abolir completamente todas as medidas tarifárias unilaterais tomadas contra a China”, acrescentou a representação diplomática chinesa.

Sublinhe-se que o Presidente dos EUA adiantou, numa entrevista publicada na sexta-feira pela revista Time, que estavam os dois países em negociações para tentar chegar a um acordo, chegando mesmo a dizer que o processo poderia estar concluído nas próximas semanas.

Trump afirmou que tinha falado ao telefone com o homólogo chinês, Xi Jinping.  “Ele telefonou. E não acho que isso seja um sinal de fraqueza”, disse.

Morreu a mulher que acusou o príncipe André de abuso sexual

Virginia Giuffre de 41 anos ter-se-á suicidado em Neergabby, na Austrália, onde vivia há vários anos.

A mulher que acusou o príncipe André, de Inglaterra, de abuso sexual, quando era adolescente, num caso que envolvia o empresário Jeffrey Epstein, morreu na sexta-feira.

A informação foi confirmada pela família de Virginia Giuffre, de 41 anos, que vivia na Austrália há vários anos.

“Virginia era uma guerreira feroz na luta contra os abusos sexuais e tráfico sexual. Ela foi uma luz que fortaleceu tantos sobreviventes”, lê-se no comunicado da família. “Apesar de todas as adversidades que enfrentou na vida, ela brilhou tanto. Sentiremos muito a sua falta”, disse ainda a família.

Segundo a NBC, Virginia Giuffre suicidou-se. Segundo a família, “tornou-se incomportável para Virginia suportar o peso das agressões” de que foi vítima.

A Polícia Estatal da Austrália Ocidental foi notificada na noite de sexta-feira sobre a morte de uma mulher numa casa em Neergabby, uma zona rural nos subúrbios de Perth.

Recorde-se que Virginia Giuffre acusou judicialmente, em 2022, o príncipe And´re de ter abusado sexualmente dela, quando era adolescente, na mansão de Jeffrey Epstein, em Nova Iorque, e na ilha privada em Little St. James.

Natural de Sacramento, na Califórnia, Virginia Giuffre foi uma das primeiras vítimas a pedir a instauração de processos criminais contra Epstein, condenado por tráfico sexual em julho de 2019, e que poucas semanas depois de estar preso, cometeu suicídio.

Jovem de 17 anos esfaqueado em Leiria

Autor do ataque não foi ainda identificado.

Um jovem de 17 anos foi esfaqueado, na sexta-feira, num Parque Municipal em Leiria.

Segunda a PSP, os ferimentos do jovem, na zona da axila, obrigaram a hospitalização, no entanto não corre perigo de vida.

O incidente ocorreu cerca das 18h00 e “o suspeito responsável pelo ataque” está por identificar.

A PSP já realizou várias diligências com o objetivo de identificar  e localizar o autor do ataque, tendo sido “preservadas as imagens do sistema de videovigilância da cidade”.

Nova semana de poucas ‘mexidas’ nos combustíveis

Gasóleo não mexe e gasolina sobe pouco.

Os preços dos combustíveis voltam a não sofrer grandes alterações na próxima semana

O gasóleo, o combustível mais usado em Portugal, vai manter-se na mesma e a gasolina sobe um cêntimo por litro.

Assim, a gasolina passa para os 1,686 euros por litro e o gasóleo para a 1,522.

Sublinhe-se que o preço dos combustíveis varia entre marcas e postos de abastecimento.

Altice quis fazer negócio com empresa de arguido na ‘Operação Picoas’

O prazo dado pela PGR para o MP concluir o processo está a chegar ao fim. Armando Pereira e Hernâni Vaz Antunes pedem que seja fixada uma data para o fim do inquérito. Meo quis comprar iPhones a empresa
do Grupo HVA.

AArmando Pereira e Hernâni Vaz Antunes, os principais arguidos do inquérito conhecido como ‘Operação Picoas’ requereram ao procurador-geral da república que seja fixada uma data definitiva para o fim da investigação que já dura desde 2018. O pedido é feito quando o prazo de seis meses dado em outubro para o fim do inquérito está prestes a terminar sem que, segundo os mandatários dos arguidos, seja conhecida qualquer diligência no inquérito – nem as que os próprios pediram. 

No requerimento apresentado em conjunto pelas defesas dos dois arguidos, a que o Nascer do SOL teve acesso, os advogados Rui Patrício e Magalhães e Silva começam por recordar que na sequência do pedido de aceleração processual apresentado a 21 de outubro de 2024, o vice-procurador-geral da república ordenou ao procurador Rosário Teixeira que encerrasse o processo no prazo máximo de seis meses. Esse prazo poderia também ser reavaliado  «com base nas diligências entretanto realizadas e daquelas que, decorrido tal prazo, se encontrem ainda em falta.» O vice-PGR  realçou ainda que a investigação decorria  desde 2018 e que «nessa medida, considerando o tempo decorrido desde o seu início, em nome de uma boa e oportuna administração da justiça, deverá ser concedida prioridade à presente investigação.»

Ora, segundo os advogados, essa determinação  não terá sido cumprida. «tanto quanto é do conhecimento dos arguidos, em mais de ano e meio após as buscas ocorridas em 13 de julho de 2023, apenas foram inquiridas cinco testemunhas  – e algumas mais do que uma vez». Rui Patrício e Magalhães e Silva recordam ainda que no início do ano Hernâni Vaz Antunes requereu, para além de informações sobre  a «anunciada auditoria interna da Altice» – que apesar de ter sido concluída no final de 2023 nunca foi junta processo – «a prestação de declarações de cinco pessoas que desempenharam ou desempenham altos cargos» no grupo Altice:  Patrick Drahi, David Drahi, Malo Corbin, Jéremim Suire e a atual CEO da Altice Portugal, Ana Figueiredo.

Na ótica da defesa, destas inquirições poderiam esclarecer «a estrutura de governação e de controle do grupo e das sociedades integrantes, bem como sobre os seus mecanismos de controlo interno e externo, com especial enfoque no compliance».  Elas nunca ocorreram.

Desencadeada em julho de 2023, a Operação Picoas investiga a «viciação decisória do grupo Altice em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência» que apontam para corrupção privada na forma ativa e passiva e para crimes de fraude fiscal e branqueamento. Os investigadores suspeitam que, a nível fiscal, o Estado terá sido defraudado numa verba superior a 100 milhões de euros. Haveria ainda indícios de «aproveitamento abusivo da taxação reduzida aplicada em sede de IRC na Zona Franca da Madeira» através da domiciliação fiscal fictícia de pessoas e empresas.

O ‘Negócio’ com a Meo

No mesmo requerimento em que pediu a inquirição dos responsáveis da Altice, o advogado Rui Patrício faz uma outra revelação: em dezembro de 2024, um ano e meio após as buscas e um ano após a data anunciada para a conclusão da auditoria à Altice, a Meo quis fazer negócios com uma sociedade do grupo de Hernâni Vaz Antunes. Nesse mês, uma responsável da direção de Compras e Supply Chain da Meo contactou a Onerepair – Mobile Phone Repair, Lda, pedindo-lhe que apresentasse a sua «melhor proposta para aquisição pela Meo de 50 iPhones 14 ou 15 Pro 128GB, recondicionadas A+».

Para a defesa essa proposta tem um significado: «se já depois de a CEO da Altice e da Meo, Ana Figueiredo, ter vindo a público anunciar um ‘virar de página’ na sequência da Operação Picoas, o grupo Altice toma a decisão de voltar a trabalhar com o Grupo HVA»  é porque concluíram «a dita auditoria e foi integralmente validada a conformidade legal das relações pretéritas ocorridas entre os Grupos».

No entanto, o negócio não se concretizou. Na resposta à Meo, o responsável pela Onerepair lamentou não poder apresentar qualquer proposta até que  «a dívida que o Grupo Altice mantém em aberto para com o grupo HVA» seja «saldada».

Funeral do Papa é presidida pelo cardeal Giovanni Batistta Re e é concelebrada por outros 980 sacerdotes

O funeral do Papa Francisco decorre este sábado com dezenas de milhares de fieis, mais de uma centena de delegações oficiais estrangeiras e quase mil concelebrantes, entre cardeais, bispos e sacerdotes.

As exéquias do Papa Francisco são presididas pelo decano do colégio cardinalício, Giovanni Batistta Re.

A cerimónia iniciou-se com o rito de entrada, com a deposição do caixão com o frente ao altar na praça de São Pedro, enquanto era entoada em latim a antífona “Concedei-lhe, Senhor, o descanso eterno e fazei brilhar sobre ele uma luz perpétua”.

Foram tomadas medidas extraordinárias de segurança dada a dimensão das cerimónias fúnebres.

Em Roma, está montado um forte dispositivo de segurança, tendo sido mobilizados 11 mil soldados e membros das forças de segurança assim como equipas das delegações internacionais. 

O dispositivo de segurança inclui também atiradores e especialistas em deteção de explosivos.

Após a cerimónia na Praça de São Pedro, o corpo do Sumo Pontífice será transferido para a Basílica de Santa Maria Maior, onde o Papa pediu para ser sepultado.

O cortejo com o caixão, entre as duas igrejas, será feito a passo lento, para permitir que as dezenas de milhares de pessoas em Roma se possam despedir do Papa Francisco.

O funeral do Papa Francisco decorre hoje, seis dias após a sua morte, numa cerimónia que será acompanhada por milhares de fiéis e dezenas de chefes de Estado e líderes de organizações, o que implicou medidas de segurança extraordinárias. As cerimónias fúnebres do líder da Igreja Católica, que morreu na segunda-feira passada aos 88 anos, vítima de AVC, começam às 10h00 locais (menos uma hora em Lisboa) na Praça de São Pedro, no Vaticano. Cerca de 50 chefes de Estado e de uma dezena de monarcas, bem como líderes de organizações internacionais, num total de mais de 160 delegações internacionais, estarão presentes na cerimónia, que exigiu medidas reforçadas de segurança na região da capital italiana, Roma.

O caixão do Papa Francisco já está na Praça de São Pedro. Milhares de fiéis anónimos e mais de uma centena meia de delegações oficiais estrangeiras assistem, na Praça de São Pedro, no Vaticano, às exéquias do Papa Francisco, presididas pelo decano do colégio cardinalício, Giovanni Batistta Re.

As cerimónias iniciaram-se com o rito de entrada, com a deposição do caixão com o corpo do pontífice argentino frente ao altar do recinto, quanto era entoada em latim a antífona “Concedei-lhe, Senhor, o descanso eterno e fazei brilhar sobre ele uma luz perpétua”.

A missa exequial conta com cerca de 980 concelebrantes — cardeais, bispos e sacerdotes.

Como a política destrói um país

Lula autorizou pessoalmente o acolhimento dado a ex-primeira-dama peruana condenada por corrupção em Lima.

O maior gasto do governo brasileiro é com o pagamento de reformados e outros atendidos pela Previdência Social; quase a metade do orçamento. A segunda despesa, de 13%, é com programas sociais de pagamento direto em dinheiro a 26 milhões de brasileiros. A saúde fica em terceiro, 10%. O investimento que na média mundial é de 25%, no Brasil não chega a 20%.

No fundo, há os interesses políticos voltados para captar os votos dos menos favorecidos. As despesas não permitem que o país seja atraente para o investimento internacional, com os impostos na faixa dos 35%. Os países que estão recebendo investimentos não chegam a 20% de carga fiscal. Não se trata de ter empregos, mas sim de bons empregos. Os programas sociais funcionam como estímulo à informalidade da economia, com reflexos danosos na arrecadação. Trata-se de uma verdadeira marcha da insensatez.

Para aquecer o consumo, numa espécie de voo da galinha, o governo montou operação de crédito para trabalhadores permitindo que, de acordo entre empregado e empregador, o pagamento em parcelas mensais seja pela via do desconto em folha. Já os bancos estão desconfiados dos riscos destas operações.

Crescem as empresas em dificuldades, com juros altos, carga fiscal elevada, queda no consumo. Fica difícil o ano não terminar com uma crise na economia e, consequentemente, na política.

Dois fatos de envergonhar juristas e diplomatas

Na mesma semana que o Brasil negou a Espanha a extradição de um búlgaro, traficante preso com 52 quilos de cocaína alegando represália a negativa espanhola de entregar condenado no Brasil por crime de opinião que não existe na Espanha outro fato chocou juristas e diplomatas.

Foi o asilo político dado a ex-primeira-dama peruana condenada por corrupção em Lima.

Lula autorizou pessoalmente o acolhimento assim como mandou um avião buscar a companheira de esquerda latino-americana. Entre os diplomatas constrangimento e juristas perplexidade pois a política peruana não era perseguida política, mas condenada em longo processo por corrupção.

VARIEDADES

A cada três minutos um telemóvel é roubado na cidade de São Paulo. A questão da violência é prioridade da população. Mas a legislação brasileira protege o marginal. Mais de 80% dos apanhados em flagrante possuem mais de uma entrada anterior nas delegacias.

Dividindo seu tempo entre Cascais e o Rio de Janeiro, o professor Dr. Jorge Alberto Costa e Silva, que é o médico brasileiro que ocupou a direção das mais importantes entidades médicas do mundo, com trabalhos relevantes prestados à ONU e interlocutor de altas personalidades, como João Paulo II, Jimmy Carter e Kofi Annan.

E a maior artista plástica brasileira atual ,de reconhecimento internacional, Adriana Varejão, está expondo em Lisboa, onde também dispõe de residência não habitual.

 • O Brasil já teve há poucos anos a quinta maior reserva monetária do mundo. Fechou o mês de março como a nona. Entre as dez maiores, apenas a Suíça como país europeu.

O Mercosul foi criado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Argentina e Uruguai podem sair e o Paraguai é capaz de os acompanhar. Sobraria, dos fundadores, o Brasil de Lula da Silva.

O show de Lady Gaga na Praia de Copacabana, aberta ao público estimado em mais de um milhão, terá um custo de cerca de 15 milhões de euros, sendo 80% por conta de patrocinadores, incluindo direitos exclusivos de transmissão de televisão para todo mundo.

O Presidente Lula e sua mulher Rosangela – Janja – não perdem a oportunidade de uma viagem. Presentes em Roma nos funerais do Papa Francisco, em comitiva que lota o avião presidencial.

Jornalista

Conheça a combinação vencedora do Euromilhões

Em jogo estão 75 milhões de euros para o primeiro prémio. 

Já é conhecida a chave vencedora do Euromilhões desta sexta-feira. 

A chave é composta pelos números 13 – 22- 32 – 39 – 41 e pelas estrelas 1 e 12.

Em jogo estão 75 milhões de euros para o primeiro prémio. 

(Esta informação não dispensa a consulta do site oficial dos Jogos Santa Casa).

A longa odisseia de Vishnu

A estátua originalmente mostraria Vishnu a repousar em cima de uma serpente no oceano da eternidade. Os olhos e as sobrancelhas seriam incrustados com pedras preciosas.

Mesmo deitado, este Vishnu de bronze não tem tido descanso. Fundido algures entre os séculos XI e XII, conta-se que foi encontrado em 1936 pelo arqueólogo francês Maurice Glaize, na sequência de um camponês ter tido um sonho em que o Buda lhe pedia para o libertar. Chegados ao local, depois de lhe tirarem a terra de cima, afinal revelou-se antes uma divindade do panteão hindu , mas isso pouco importa. Em 1950 foi levado para o Museu Nacional do Camboja, em Phnom Penh, onde esteve exposto durante décadas.

Recentemente, viajou para França e foi submetido a um minucioso processo de restauro, no laboratório Arc’Antique, em Nantes. Agora repousa, por alguns meses, no Museu Guimet, em Paris, antes de regressar a casa.

A estátua originalmente mostraria Vishnu a repousar em cima de uma serpente no oceano da eternidade. Os olhos e as sobrancelhas seriam incrustados com pedras preciosas.

Dessa figura, com cinco metros de altura, hoje resta apenas a parte superior – que mesmo assim mede dois metros e qualquer coisa.

Creio na Santa Igreja 

Francisco morreu, a Igreja chora o Papa, com esperança. Deus não abandona a sua Igreja, por isso é que ela cá anda há 2000 anos.

A notícia da morte do Papa Francisco trouxe uma avalanche de elogios da direita à esquerda.

De Mariana Mortágua a André Ventura, de Donald Trump a Vladimir Putin, todos encontraram elogios à medida, não do Papa, mas dos próprios. Não estão em causa os elogios, que são de resto merecidos. O que me dá que pensar é o critério com que são feitos.

Fico com a sensação de que ninguém quer ficar de fora no elogio de um homem admirável, que ainda por cima já não está cá para ripostar. Não dizer nada fica mal, arranjar algo de bom para dizer, tratando-se do Papa Francisco, é fácil.

Parece-me que ficar pelos elogios redondos e parciais, não só é fazer uma injustiça a Jorge Mario Bergoglio, como é desperdiçar uma oportunidade de tornar evidente a razão pela qual um idoso, já para lá dos 70 anos, aceitou uma missão que lhe pediu que mudasse de nome e entregasse o último quarto da sua vida. Pense o caro leitor se estava disponível para a tarefa, contando só com as suas forças e em nome de privilégios e honrarias. Não estava, pois não? Nem eu.

Francisco, foi o sucessor de Pedro escolhido pela Igreja Católica para a conduzir nos últimos 12 anos. Ao aceitar a tarefa trouxe consigo as suas características pessoais e o seu modo singular de olhar o mundo. Foi escolhido tal como era, com as suas qualidades e os seus defeitos. Foi um Papa que levou a Igreja mais longe, que abriu e reabriu portas a todos, como gostava de sublinhar.

Mas isso não fez do Papa um produto branco, que agrada a todos. Pelo contrário, levou-o a assumir em nome da Igreja posições claras, em muitos casos, contra as correntes dominantes. Francisco foi um homem político, no sentido em que a missão que lhe foi confiada, a de pastor dos católicos em todo o mundo, a isso o obriga. Não olhar assim para o Papa que acaba de morrer, é não lhe fazer justiça e ignorar o que é a Igreja, fundada por Jesus Cristo e que por cá O faz permanecer vivo há mais de 2000 anos.

Retirar do menu do pontificado o que mais convém é esquecer o essencial. ‘A cultura do descarte’, as críticas aos que deixaram que o mediterrâneo se transformasse ‘num cemitério’, os alertas sobre ‘uma economia que mata’ e sobre ‘a cultura da morte’, não foram frases redondas, sem destinatário. Dois dias antes de morrer Francisco arranjou forças para receber JD Vance, o vice-Presidente dos EUA. Fraco e sem oxigénio para falar, o Papa arranjou forças para pedir uma outra política de imigração à administração americana. Não o fez por descargo de consciência, fê-lo com a autoridade de chefe da Igreja católica, a um governante que se diz crente.

Temer pelo futuro da Igreja e pela escolha que os cardeais venham a fazer é um absurdo para qualquer católico. Francisco marcou o mundo, sim, como todos os que lideraram a Igreja desde São Pedro. Em 2000 anos não há relato de Papas que tenham destruído a Igreja, nem de Papas que tenham desfeito aquilo que é essencial na Igreja. Não porque são todos iguais, nem porque têm todos o mesmo estilo, nem muito menos porque olham todos para o mundo e para os seus desafios, sempre novos e diferentes, da mesma maneira.

O segredo da autoridade do Papa está para lá da política, que também a há entre bispos, cardeais e várias tendências da Igreja. No dia em que os cardeais se fecharem na Capela Sistina em conclave, para escolher o novo Papa, lá dentro está o dono da casa: «Estarei convosco todos os dias até ao fim dos tempos». Este é que é o segredo que nos dá uma esperança contínua no futuro.

Vaticano: Cronologia das cerimónias fúnebres

Desde a morte do Papa à data em que é sepultado, decorrem vários rituais cerimoniais e protocolares. O de Francisco, bem à imagem do seu pontificado, tem várias novidades.

Operíodo que sucede a morte de um Papa é marcado por uma série de rituais e procedimentos protocolares. O primeiro passo é marcado pela verificação oficial da morte do Papa que, segundo o documento “Sé Vacante e Eleição Papal” disponibilizado pelo Patriarcado de Lisboa, se realiza pelo Camerlengo e «na presença do Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, dos Prelados Clérigos da Câmara Apostólica e do Secretário e Chanceler da mesma». Depois de confirmada a morte do Papa Francisco, na segunda-feira, o Camerlengo selou o quarto e o escritório do Papa, localizado no Domus Santa Marta e não no Palácio Apostólico e convocou os Cardeais primeiros das três ordens – ordem dos bispos, presbíteros e diáconos. Os cardeais serão responsáveis pela celebração de «Missas pelo Papa durante 9 dias seguidos», segundo o mesmo documento.

Na segunda-feira, o Papa foi imediatamente colocado no caixão, tendo ficado exposto «à veneração dos fiéis já dentro do caixão aberto (ao contrário do que antes acontecia, quando era exposto no catafalco, ou seja, numa estrutura alta, ficando visível a todos)» e não houve, como era normal, «os três caixões tradicionais de cipreste, chumbo e carvalho»

Francisco não foi «transferido para o Palácio Apostólico», tendo sido transportado, às 8 horas de ontem, diretamente para a Praça de São Pedro. O corpo seguiu em procissão pelas praças de Santa Marta e dos Primeiros Mártires Romanos, dando posteriormente entrada na Basílica de São Pedro pela porta central. É aqui, na Basílica de São Pedro, que o corpo do Papa Francisco ficará em repouso durante três dias, dando a oportunidade de serem prestadas as devidas homenagens.

Dada a exposição do corpo por 6 dias, «é feito um tratamento médico (…) por especialistas em medicina legal da Universidade Tor Vergata, de Roma». No caso de Francisco, foi realizado uma operação de Tanatopraxia, uma técnica de preservação que, como escreveu a Euronews, «é considerada uma evolução moderna do embalsamamento e distingue-se pela utilização de substâncias menos invasivas e mais respeitadoras do corpo humano (…) que retarda os processos de decomposição, permitindo manter o aspeto natural do defunto durante vários dias». Antes, a prática mais comum era o embalsamamento. Os fiéis começaram a ter acesso ao corpo do Papa, que se encontra ainda em câmara-ardente, a partir das 11 horas de ontem.

Outra das inovações do Papa Francisco prende-se com a simplificação e adaptação «de alguns ritos para que a celebração do Funeral do Bispo de Roma» expresse «melhor a fé da Igreja em Cristo Ressuscitado», como diz o documento do Patriarcado de Lisboa. Para além disto, o rito renovado destaca «ainda mais que o funeral do Romano Pontífice é o de um pastor e discípulo de Cristo e não de um homem poderoso deste mundo».

No sábado chegará o último adeus, antes de o corpo ser levado para o local onde será sepultado. O pontificado de Jorge Mario Bergoglio ficou marcado por várias “primeiras vezes”, e as inovações continuarão mesmo após a morte. A UDG, Universi Dominici Gregis, a Constituição Apostólica que aborda os procedimentos durante a sede vacante, prevê que o Papa seja sepultado na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Porém, o Papa Francisco deixou expressa a vontade de ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma e a cerca de 7,5 quilómetros da Cidade do Vaticano. Foi nas imediações desta Basílica – onde se encontra a imagem da Virgem Maria que o Papa preferia – que, na noite de terça-feira, o secretário de Estado do Vaticano e membro do Conselho de Cardeais, Pietro Parolin, rezou o terço em memória do Papa Francisco.

Também no que diz respeito à roupa que o veste na morte, a simplicidade do Papa Francisco vem ao de cima. Nenhum traje foi produzido especificamente para a ocasião, e Filippo Sorcinelli, estilista que trabalha há duas décadas no Departamento para as Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice, confirmou à Euronews que «a casula era de repertório, já em uso na sacristia, enquanto a mitra estava entre as normalmente usadas pelo pontífice».

Assim, está delineado o plano de cerimónias até ao dia em que o Papa Francisco será sepultado. Começarão também a acontecer as Congregações gerais, onde os cardeais se vão conhecendo, e o Conclave «pode ter início apenas quando transcorridos 15 dias d0o início da vacância da Sé Apostólica», diz o documento do Patriarcado de Lisboa. «Contudo», continuam, «se ainda não estiverem em Roma todos os Cardeais com direito de voto, pode esperar-se até ao 20.º da vagatura, momento no qual começa o Conclave».

goncalo.nabeiro@nascerdosol.pt

A liberdade dos lunáticos

Não, não podemos oficializar e institucionalizar discursos lunáticos que só interessam a quem quer hostilizar os imigrantes.

Portugal é um país paradoxal. O povo é tolerante, sereno e tranquilo. Prefere sempre o consenso ao conflito. As maiores crises são navegadas sem grandes convulsões. A democracia instalou-se depois de alguns solavancos. Houve perdão para a nomenclatura do antigo regime e para os agentes da Pide, para os esquerdistas que quiseram tomar conta do país, e até para aqueles que, depois, praticaram atos terroristas. Os retornados integraram-se de forma exemplar, sem ressentimentos. As sucessivas crises foram ultrapassadas com dor, alguma impaciência, mas sem revolta. Em poucas décadas, o país que era conservador, tradicionalista e ignorante ajustou-se às tendências contemporâneas. Se há homofobia e racismo, a verdade é que esses fenómenos são hoje mal vistos e denunciados pela maioria dos cidadãos.

Esta ‘pax lusitana’ é mais evidente para quem nos visita – ou para quem por cá se instala temporária ou definitivamente – do que para nós.

Ainda assim, vencida a crise financeira e debelado o covid, o custo de vida em que se inclui a habitação e a crise na saúde afligem a todos e há pessoas preocupadas com a imigração, outras com a segurança, e há também quem confunda ou misture as duas coisas.

Neste cenário, que favorece e vai sendo aproveitado pelas franjas populistas do espetro político, não podemos ser condescendentes. Sabemos, pelo que no passado sucedeu em outros países,que um súbito aumento no número de imigrantes introduz alterações profundas nas dinâmicas sociais.

Conviria, por isso, que se gerasse, como é nossa tradição, um consenso, pelo menos entre os partidos tradicionais, e que houvesse bom senso. O consenso parece alcançável, mesmo que custe ao PS admitir que, durante a sua governação não se apercebeu da dimensão da maré e reconhecer que, ao acabar com o SEF e criar a AIMA substituiu um experiente um capitão por um grumete em plena tempestade.

Dita o bom senso que necessitamos de imigrantes, e que estes não podem ser vistos como um mero fator de produção. Temos de regular os fluxos, e todos os que são admitidos devem ter garantias e direitos equivalentes aos nossos, o que implica que sejam criadas condições de acolhimento e integração.

Obviamente, cada um tem a plena liberdade de formular a sua opinião de acordo com as suas convicções, e de escolher, pelo voto, quem melhor o represente. Continuará a haver quem defenda que é preciso travar a imigração, e quem ache que ela não deve sequer ser regulada. Essa liberdade de opinião não deve, contudo, abranger o exercício de cargos públicos de nomeação.

Vem isto a propósito das recentes declarações de Pedro Góis, Diretor Científico do Observatório das Migrações, defendendo que os imigrantes devem ter prioridade no acesso à habitação pois «a população nacional pode ficar em casa dos pais mais alguns anos». Claro que o senhor em causa é colega do mítico Boaventura Sousa Santos no CES de Coimbra, o que recomenda que não o levemos a sério. O problema é que fala de cátedra. Até porque conviremos que nada há de científico na sua proposta que é, apenas, provocadora e discriminatória e já contribuiu para acirrar os sentimentos e os discursos xenófobos.

Para ser claro, este senhor professor devia ser demitido de imediato do seu cargo, para depois, como sociólogo e militante das suas causas, ter toda a liberdade para dizer, onde lhe aprouver, tais dislates. Não, não podemos oficializar e institucionalizar discursos lunáticos que só interessam a quem quer hostilizar os imigrantes.

Mário Machado detido após confrontos no Martim Moniz

Presidente do Ergue-te também já tinha sido levado pela polícia.

Mário Machado, líder do grupo 1143, foi detido pela PSP, esta sexta-feira, na zona do Rossio, em Lisboa, após confrontos entre apoiantes dos grupos de extrema-direita e manifestantes anti-fascistas.

Os confrontos físicos incluíram o arremesso de objetos, como garrafas de vidro, e obrigaram à intervenção musculada da polícia, para tentar dispersar as pessoas e acalmar os ânimos.

Antes da detenção de Mário Machado, também o líder do partido Ergue-te, Rui Fonseca e Castro, tinha sido algemando e levado pela polícia, assim como um outro homem.

A PSP avisou o ex-juiz de que estava a incorrer num crime de desobediência e Rui Fonseca e Castro disse que só sairia do local algemado,  o que viria a acontecer.

Antigo presidente do Brasil Collor de Mello detido para cumprir pena por corrupção

Foi condenado, em 2023, pelo Supremo Tribunal Federal a oito anos e dez meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e branqueamento de capitais.

O antigo Presidente brasileiro Collor de Mello foi detido, esta sexta-feira, em Maceió quando se preparava para viajar para Brasília, para alegadamente entregar-se às autoridades, após a ordem de detenção “imediata” para cumprir pena por corrupção.

Recorde-se que Fernando Collor de Mello, Presidente do Brasil entre 1990 e 1992, foi condenado, em 2023, pelo Supremo Tribunal Federal a oito anos e dez meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e branqueamento de capitais, mas pediu recurso e estava a aguardar a decisão em liberdade.

Na quinta-feira, um juiz do Supremo Tribunal Federal ordenou a sua detenção “imediata”, segundo os advogados de Collor de Mello.

O ex-Presidente foi detido às 04h00 locais (08h00 em Lisboa) e encontra-se nas instalações da Polícia Federal em Maceió, cidade onde reside.

A defesa do antigo presidente brasileiro Fernando Collor de Mello recebeu com “surpresa e preocupação” a ordem de prisão emitida pelo Supremo Tribunal Federal.

Ex-juiz Rui Fonseca e Castro levado pela polícia no Martim Moniz

Presidente do Ergue-te manteve a concentração apesar do parecer negativo da PSP e disse que só sairia do local algemado.

Os ânimos estão exaltados no Martim Moniz, em Lisboa, e já obrigaram à intervenção da PSP, onde decorrem uma manifestação e uma contra-manifestação

Rui Fonseca e Castro, líder do Ergue-te, que manteve a concentração mesmo após o parecer negativo da PSP, terá sido levado à pela polícia, a mãos com confrontos entre manifestantes com posições contrárias.

Confrontado pela polícia, o presidente do Ergue-te disse que só saía do local algemado, o que acabaria por acontecer.

Contra a concentração convocada pelo ex-juiz, manifestavam-se já no local uma centena de pessoas.

“Fascistas, racistas, chegou a vossa hora, os imigrantes ficam e vocês vão embora”, gritavam. Do outro lado ouvia-se: “Portugal é para os portugueses”.

O forte dispositivo policial da PSP não foi suficiente para travar os momentos de tensão entre os dois grupos de manifestantes.

Marcelo fez último discurso do 25 de Abril enquanto Presidente da República

Marcelo Rebelo de Sousa fez o seu último discurso na sessão solene do 25 de Abril na Assembleia da República enquanto Presidente da República.

Começou por lembrar o “contributo” de Ramalho Eanes, agradecendo a sua presença assim como a dos Capitães de Abril e deputados da Constituinte.

O chefe de Estado aproveitou também para destacar o facto de esta ser a primeira vez que a celebração acontece com um “Parlamento dissolvido” e em pleno período de luto nacional, na sequência da morte do Papa Francisco.

“O 25 de Abril nasceu num ambiente social muito tenso”, afirmou, questionando: “Como não encontrar nos apelos de Francisco alguns dos mesmos dramas?”.

O Presidente da República abordou a questão dos imigrantes com direitos e liberdade “suprimidos” e comparou as preocupações expressas pelo Papa Francisco com as lutas de Abril.

E recordou o apelo de Francisco ao “desapego total”, “sem recusas, sem intolerâncias, sem fronteiras entre puros e impuros”.

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu ainda que a celebração do 25 de Abril deva ser “mais encarnação do que afirmação de missão já servida. Mais futuro do que passado, para que não se confunda o fundamental com o acessório”.

A terminar, disse: “25 de Abril sempre, o pleno e descomplexado abraço a todas as pessoas e a radical humildade que nos ensinou Francisco”, termina.

Francisco: O Papa sorridente que veio do ‘fim do mundo’

Foi o 1.º pontífice latino-americano e jesuíta da história. Destacou-se pelo compromisso com os pobres, o ambiente, a inclusão das mulheres e o diálogo inter-religioso. Morreu aos 88 anos.

Foi considerado um papa «diferente». Um papa aberto, acolhedor e transparente. Conhecido pela sua abordagem humilde e pelo seu foco em temas como a justiça social, a paz e a proteção do meio ambiente, reafirmando a missão da Igreja de servir a todos, especialmente os marginalizados, foi o primeiro jesuíta a sentar-se na cadeira de São Pedro, o primeiro Papa latino-americano e o primeiro Sumo Pontífice não europeu em mais de 1200 anos. Adotou o nome Francisco em homenagem a São Francisco de Assis, considerado o padroeiro dos pobres. Ficou também conhecido pela proteção dos mais desfavorecidos. Tanto que celebrou, em 2017, o primeiro Dia Mundial dos Pobres. «Eles abrem o caminho para o céu», afirmou na altura. «Na eleição [para o papa], tinha ao meu lado o arcebispo emérito de São Paulo, Dom Cláudio Hummes, um grande amigo (…) E quando os votos chegaram a 2/3, aconteceu o aplauso esperado, pois, afinal, havia sido eleito o Papa. (…) Ele abraçou-me e disse: ‘Não se esqueça dos pobres’. Aquilo ficou-me na cabeça. Lembrei imediatamente de São Francisco de Assis», escreveu o Vatican News, citando-o.

O Papa Francisco morreu, na segunda-feira, aos 88 anos, na Casa Santa Marta, no Vaticano, vítima de um AVC e paragem cardíaca irreversível. «Esta manhã, às 07h35 (menos uma hora em Lisboa), o bispo de Roma, Francisco, regressou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da sua Igreja», anunciou o camerlengo Kevin Farell. Recorde-se que o líder da Igreja Católica estava ainda a recuperar de problemas respiratórios graves que o levaram a um internamento prolongado no hospital, onde deu entrada com uma bronquite, que evoluiu para infeção e posteriormente para pneumonia bilateral.

Uma Igreja mais aberta

Enquanto chefe da Igreja, marcou também pela simplicidade e tornou-se popular até entre os não crentes, espantados com a maneira como tentou abrir mentalidades e encontrou «normalidade», mesmo dentro de funções. Desde a escolha da Casa de Santa Marta para viver, onde celebrava a missa diariamente e tomava refeições com os restantes residentes, deixando o Palácio Apostólico, às frequentes saídas do Vaticano, algumas delas para gestos tão simples e inesperados como a compra de sapatos ou de óculos, até ao seu gosto por futebol. Era adepto do clube San Lorenzo de Almagro, Argentina.

Defendeu sempre que a Igreja «é de todos». Em 2015, por exemplo, falou sobre divorciados que voltam a casar-se, dizendo que «essas pessoas não são excomungadas e não devem ser tratadas como tal. São sempre parte da Igreja». Nessa altura, Francisco afirmou que os pastores devem discernir situações diferentes entre «quem foi confrontado com a separação e quem a provocou», mas que «a Igreja não tem portas fechadas para ninguém».

Teve também uma posição pioneira sobre a homossexualidade. «Se uma pessoa é gay e procura o Senhor com boa vontade, quem sou eu para julgá-la?», disse poucos meses depois de se ter tornado Papa. Numa entrevista à Associated Press em janeiro de 2023, defendeu que «ser gay não é crime» e que as leis que criminalizam a homossexualidade são «injustas». Ainda que nunca tenha equiparado o casamento homossexual a parte do direito canónico, sempre foi transparente na sua opinião quanto às uniões civis, declarando que os homossexuais «têm o direito de formar uma família».

Disponibilizou-se ainda para encontrar-se com pessoas homossexuais e transgénero, ouviu-as e até aconselhou os pais.  «Primeiro, rezem. Não condenem. Dialoguem. Façam espaço para o vosso filho ou filha se expressar (…) Ignorar um filho com tendências homossexuais é uma falta de maternidade e paternidade».

Aliás, defendia que «o único momento em que é lícito olhar uma pessoa de cima para baixo é quando queremos ajudá-la a levantar-se», sublinhando a importância de olhar para o «guarda-roupa da alma».

A sua eleição – no dia 13 de março de 2013 como sucessor de Bento XVI, após este abdicar do papado –, simbolizou, segundo muitos, uma série de marcos até então inéditos na Igreja Católica. A verdade é que, ao longo dos últimos anos, o Pontífice argentino combateu severamente crimes sexuais e financeiros na Igreja, assinou a primeira encíclica ambiental da História e trouxe mais diversidade regional para a cúpula do Vaticano. Além disso, aumentou o número de mulheres na sede da Igreja Católica Romana. Em 2023, Francisco contava com 1,165 funcionárias em relação a 846 no início do seu pontificado.

As origens humildes

Segundo o site oficial do Vaticano, nascido Jorge Mario Bergoglio na capital argentina no dia 17 de dezembro de 1936, era filho de imigrantes italianos do Piemonte: o seu pai, Mário, trabalhava como contabilista no caminho de ferro; e a sua mãe, Regina Sivori, ocupava-se da casa e da educação dos cinco filhos. A sua família fugiu da Itália sob o regime fascista de Benito Mussolini, sete anos antes do seu nascimento e lutaram com dificuldades económicas.

Regina preparava pratos com sobras, como esparguete com almôndegas e Jorge Mario comia bem. As suas comidas favoritas eram doce de leite e pratos típicos argentinos.

«Desde o meu segundo ano de vida até os meus 21 anos, vivi no número 531 da rua Membrillar. Uma casa térrea com três quartos, uma casa de banho, uma cozinha com sala de jantar, uma sala de jantar mais formal e um terraço», revelou Francisco, na sua autobiografia Esperança, escrita com Carlo Musso. De acordo com o mesmo, a mãe perdeu um filho e decidiu ficar-se por aí. «A tribo estava completa. Ela costumava dizer que nós – os cinco filhos –, éramos como os dedos de uma mão, cada um diferente do outro; todos diferentes e todos igualmente seus: ‘Porque se eu furar o meu dedo sinto a mesma dor que sentiria se furasse outro’», confidencia no livro.

Segundo a BBC, a sua notória sensibilidade junto aos marginalizados também têm raízes na sua biografia: «Quando alguém me acusa de ser um papa ‘villero’, apenas rogo para que seja sempre digno disso». Os Cura Villeros ou Padres dos Pobres são um grupo de sacerdotes argentinos comprometidos com o trabalho pastoral nas periferias.

Lembra a mesma publicação que, na história urbanística de Buenos Aires, «as villas são assentamentos precários, de ocupação informal com submoradias, semelhantes às favelas brasileiras». E Jorge Bergoglio sempre foi próximo às pessoas que lá viviam, já que, durante a sua infância a região era «um caleidoscópio de etnias, religiões e profissões», um «microcosmo complexo, multiétnico, multirreligioso e multicultural». No bairro, coexistiam imigrantes de diversas nacionalidades, descreveu na autobiografia, adiantando que convivia com amigos muçulmanos.

De acordo com Francisco «as favelas são uma concentração de humanidade, formigueiros com centenas de milhares de pessoas». Famílias que, na sua maioria, vêm do Paraguai, Bolívia, Peru e do interior do país. «Elas nunca viram o Estado, e quando o Estado está ausente (…) não fornece casas, eletricidade, gás ou transporte, não é difícil que uma organização paralela seja criada no seu lugar», explicou. Com o tempo, as drogas começaram a circular em grande escala, e com elas vieram a violência e a desintegração familiar.

«O ‘paco’, a ‘pasta de coca’ – o que resta do processamento da cocaína para os mercados ricos – é a droga dos pobres: um flagelo que multiplica o desespero. Ali, naquelas periferias que para a Igreja devem ser cada vez mais o novo centro, um grupo de leigos e sacerdotes vivem e testemunham o Evangelho todos os dias, entre os descartados de uma economia que mata», continuou. Por isso, para si, «aqueles que dizem que a religião é o ópio do povo (…) deveriam primeiro dar uma volta pelas favelas: veriam como, graças à fé e a àquele empenho pastoral e civil, progrediram de maneira impensável, mesmo no meio de enormes dificuldades. Também experimentariam uma grande riqueza cultural. E perceberiam que, assim como a fé, todo serviço é sempre um encontro, e que somos nós, acima de tudo, que podemos aprender muito com os pobres», garantiu.

Nessa altura, quatro das suas vizinhas eram prostitutas. Uma delas, conhecida como Porota, chegou a procurá-lo duas vezes: a primeira vez, em 1993, quando já era bispo auxiliar de Buenos Aires, e Francisco recebeu-a. Nessa altura, a mulher já tinha mudado de vida e trabalhava em lares de idosos. Mais tarde, voltou ao contacto, pedindo-lhe que rezasse por si e pelas amigas, todas ex-prostitutas e prostitutas. «Queriam confessar-se. Foi uma celebração lindíssima. Porota estava contente, quase comovida», revelou. Foram próximos até ao final da vida dessa mulher.

No livro, Francisco fala ainda de um dos seus colegas que, em 1950, foi preso. Segundo o mesmo, roubou a arma do pai, que era polícia, e matou um outro jovem. Porque «a mente do ser humano às vezes é um mistério insondável», refletiu. «Foi detido na secção penal de um manicómio, e eu quis visitá-lo. Foi a minha primeira experiência numa prisão», lembrou. «Pude cumprimentar o meu amigo através de uma janelinha minúscula, do tamanho de um selo (…) Foi terrível, fiquei profundamente abalado», confessou. O amigo acabaria por se matar tempos depois, aos 24 anos.

De químico e segurança de discotecas a Papa

O líder religioso, foi sempre criado com base na fé católica. Apesar de ter tido uma adolescência normal – saia com os amigos e ia a festas -, não faltava a uma única missa. Aos 15 anos foi escolhido pelo seu professor de religião para preparar a primeira comunhão de dois colegas que ainda não tinham recebido o sacramento. Na infância, também teve uma grande paixoneta por uma jovem chamada Amalia. Segundo o que a própria contou citada pelo jornal argentino La Nacion, com 12 anos, chegou a pedi-la em casamento. «Se não me caso contigo, viro padre», disse-lhe.

O romance terminou devido à proibição dos pais de Amalia. «Quando éramos jovens ele escreveu-me uma carta e eu não lhe respondi. Queria que desaparecesse do mapa. O meu pai bateu-me porque me atrevi a escrever uma carta a um menino. Ele tinha desenhado uma casa com um teto vermelho e branco que em baixo dizia: ‘Esta é a casa que te vou comprar quando nos casarmos’», contou. Depois, veio a proposta de Bergoglio e nova repreensão. Nunca mais o viu. «Os meus pais afastaram-me dele e fizeram de tudo para nos separarmos. Agora ambos somos muito humildes e quem sabe almas gémeas, porque amamos os pobres», adiantou.

Francisco diplomou-se depois como técnico químico. No entanto, acabou por escolher o caminho do sacerdócio, entrando no seminário diocesano de Villa Devoto.

Entre os 14 e 19, segundo o próprio, chegou a trabalhar como empregado de limpeza numa fábrica de meias, onde o seu pai era contabilista. Além disso, trabalhou como segurança de uma discoteca quando era estudante universitário em Buenos Aires e num laboratório químico para conseguir um dinheiro extra.

Em 11 de março de 1958, entrou no noviciado da Companhia de Jesus. De acordo com o jornal do Vaticano, completou os estudos humanísticos no Chile e, tendo voltado para a Argentina, em 1963, licenciou-se em Filosofia no Colégio de São José, em San Miguel.

De 1964 a 1965, foi ainda professor de Literatura e Psicologia no Colégio da Imaculada de Santa Fé e, em 1966, ensinou as mesmas matérias no Colégio do Salvador, em Buenos Aires. De 1967 a 1970, estudou Teologia, licenciando-se também no Colégio de São José.

Escreve a mesma página que a 13 de Dezembro de 1969 foi ordenado sacerdote pelo arcebispo D. Ramón José Castellano. De 1970 a 1971 deu continuidade à sua preparação em Alcalá de Henares, na Espanha, e a 22 de Abril de 1973 emitiu a profissão perpétua nos jesuítas.

Regressou depois à Argentina, onde foi mestre de noviços na Villa Barilari, em San Miguel, professor na faculdade de teologia, consultor da província da Companhia de Jesus e também reitor do colégio.

No dia 31 de Julho de 1973 foi eleito provincial dos jesuítas da Argentina, cargo que desempenhou durante seis anos. Depois, retomou o trabalho no campo universitário e, de 1980 a 1986, foi novamente reitor do colégio de São José, e inclusive pároco em San Miguel. No mês de Março de 1986 partiu para a Alemanha, onde concluiu a tese de doutoramento; em seguida, os superiores enviaram-no para o colégio do Salvador, em Buenos Aires, e sucessivamente para a igreja da Companhia, na cidade de Córdova, onde foi diretor espiritual e confessor.

Foi no dia 28 de fevereiro de 1998 que se tornou arcebispo de Buenos Aires (funções que desempenhou até ser eleito Papa) e cerca de três anos depois, em 21 de fevereiro de 2001, foi elevado ao cardinalato por João Paulo II.

Foi nessa condição que participou nos dois últimos conclaves, o de 2005, que elegeu o cardeal Joseph Ratzinger como Papa, e o de 2013, no qual foi eleito Papa, na sequência da renúncia de Bento XVI.

Decorre no sábado às 9 horas, na Basílica de São Pedro, o seu funeral, que antecederá o conclave da sucessão, previsto para o próximo mês. A data foi definida em reunião dos cardeais na Santa Sé. (ver pág. 14 e 15. E, uma última vez, Francisco rompeu com a tradição, definindo um benfeitor como responsável pelo pagamento do seu funeral. Em testamento, o jesuíta detalhou também a vontade de ter uma sepultura simples, sem ornamentos especiais e com uma única inscrição do seu nome em latim: «Franciscus».

sara.porto@nascerdosol.pt

Crimes de Fé. Os escândalos que abalaram a Igreja Católica

Entre abusos sexuais sistemáticos e esquemas de corrupção milionária, a Igreja Católica enfrenta uma crise moral e institucional que ameaça os seus alicerces. Num Vaticano dividido, o Papa Francisco lutou por transparência, mas enfrentou resistência por parte de opositores da ala mais conservadora.

4.800. É o número estimado de abusos sexuais na Igreja Católica Portuguesa nas últimas sete décadas, de acordo com a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças. O trabalho desta comissão iniciou-se após o escândalo em França, onde foram reportados mais de 300 mil casos de abusos sexuais a menores de idade em instituições da Igreja Católica Francesa. Os números assustam, principalmente se considerarmos que a quantidade de casos reais pode ser quase dez vezes superior.

A polémica dos abusos sexuais no seio da igreja católica tem décadas de existência e todos os dias surgem denúncias de vítimas em todo o mundo. Enquanto líder máximo dos católicos, o Papa Francisco foi, desde o início, um símbolo da transparência contra o encobrimento dos crimes perpetuados por membros da Igreja.

Um ano depois da sua nomeação, Francisco criou uma comissão para aconselhar o Vaticano e prevenir as práticas de abuso sexual pelo clero.

“Prefiro uma Igreja envergonhada, porque descobre os seus pecados, e a quem Deus perdoa, do que uma Igreja hipócrita, que esconde os seus pecados, e a quem Deus não perdoa”, defendia o Pontífice.

Nas suas visitas aos países onde foram revelados casos de abuso, Francisco fazia questão fazia questão de ouvir as vítimas.

“A Igreja não pode tentar esconder a tragédia dos abusos, quaisquer que sejam. Nem quando os abusos ocorrem nas famílias, em clubes ou noutro tipo de instituições. A Igreja deve ser um exemplo para ajudar a resolvê-los, tornando-os conhecidos na sociedade e nas famílias. É a Igreja que tem que oferecer espaços seguros para ouvir as vítimas”, disse o Papa, em visita a Lisboa, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, onde se reuniu, à porta fechada, com treze vítimas de abusos sexuais por parte do clero em Portugal.

A atitude progressista com que primou o seu pontificado e a opção por trazer à tona temas que mancham a imagem da Igreja Católica, nem sempre foram bem recebidas. Rapidamente se formou uma guerra interna dentro do seio católico, com ataques vindos de opositores da ala mais conservadora.

Numa entrevista ao Nascer do SOL, em março de 2019 Frédéric Martel, autor do livro No Armário do Vaticano, revelava que o Papa estava “a ser vítima de um complô, de uma cabala montada por cardeais que mentem muito” e que “até são financiados por organizações americanas de extrema-direita que lhes pagam para pôr o Papa fora”.

De acordo com Martel, as pessoas que atacam o Papa Francisco são muitas vezes cardeais muito homofóbicos e eles próprios gays. George Pell [o cardeal australiano que acaba de ser condenado por abusos sexuais] era um opositor do Papa, extremamente conservador. E atacou Francisco porque Francisco era muito liberal na moral sexual. Entrevistei Pell, ele provavelmente é gay. E também abusou de crianças. E ao mesmo tempo diz: ‘Temos de ser contra os gays, temos de ser fiéis ao Evangelho’. Esta é a ‘esquizofrenia’ de que falou Francisco”.

“O Papa tentou mudar as coisas com o primeiro sínodo. Tentou abrir a Igreja aos casais divorciados, trazer mais mulheres para a Igreja, queria ser um pouco mais tolerante com as uniões civis de gays, tentou encontrar soluções. E foi travado por estes cardeais muito homofóbicos que são, eles próprios, gays”, acrescenta.

Encobrimento de casos de abuso sexual

A associação SNAP (‘Survivors Network of those Abused by Priests’) denunciou seis importantes cardeais do Vaticano, incluindo dois dos nomes mais bem posicionados para poderem vir a suceder ao Papa Francisco, de terem ocultado casos de abuso sexual de menores.

Entre os acusados estão os cardeais Péter Erdo, arcebispo de Budapeste, na Hungria, e Luis Antonio Tagle, filipino conhecido como “Francisco asiático”, que são ambos apontados como como “papabile” (provável candidato a Papa).

Além destes, são também acusados o americano Kevin Farrell; o argentino Víctor Manuel Fernández, compatriota de Francisco e um dos mais importantes conselheiros teológicos do Papa; Mario Grech, secretário-geral do Sínodo dos Bispose o americano Robert Francis Prevost.

Tanto Fernández como Prevost têm responsabilidades diretas na gestão de casos de abusos de menores.

Peter Isely, responsável do mais antiga associação internacional de vítimas de abusos sexuais, salientou que os sobreviventes não podem “ignorar a trágica realidade” de que muitos dos cardeais nomeados por Francisco sejam “homens que encobriram abusos”. “Agora, alguns destes homens estão a ser considerados como candidatos a próximo Papa”, sublinhou.

Cardeal condenado a cinco anos de prisão por corrupção

Em 2020, a Igreja sofreu mais um abalo: Giovanni Angelo Becciu, um dos cardeais mais próximos de Francisco e uma das figuras de maior importância dentro do Vaticano, renunciou inesperadamente ao cargo.

A notícia caiu como um terramoto na Santa Sé, quando foi revelado que a renúncia tinha sido feita a pedido do Papa, após denúncias de corrupção contra Becciu. “Eu disse ao Papa: por que está a fazer isso comigo na frente de toda a gente?”, revelou o cardeal à imprensa italiana. “Tudo é isto surreal. Até ontem sentia-me um amigo do Papa, o fiel executor do Papa. O Santo Padre explicou que eu fiz favores ais meus irmãos e aos seus negócios com dinheiro da Igreja … mas tenho certeza de que não pratiquei nenhum crime”, defendeu Becciu. Mas as palavras não chegaram para convencer o Pontífice, nem a justiça.

Em causa estaria a compra de um imóvel em Londres no valor de 350 milhões de euros, por parte da Secretaria de Estado do Vaticano, no tempo em que o cardeal Becciu ocupava o lugar de “substituto” do titular desse lugar. Relativamente a este caso, o Tribunal considerou existir crime de peculato em relação a uso ilícito.

A outra acusação de peculato, dada como provada, referia-se ao pagamento, em duas ocasiões, do montante total de 125 mil euros, através de uma conta em nome da Caritas da diocese (italiana) de Ozieri, destinado à cooperativa SPES, cujo presidente era Antonino Becciu, irmão do bispo Becciu.

Numa outra investigação autónoma, o cardeal surge ligado a uma “consultora de segurança”, de seu nome Marogna Cecilia, à qual terá pago, através da Secretaria de Estado, somas superiores a 570 mil euros, pagos pela Secretaria de Estado a Marogna. O pagamento foi feito “com o fundamento (…) de que o dinheiro devia ser utilizado para facilitar a libertação de uma freira, vítima de um rapto em África”, mas os juízes concluíram que tal “não corresponde à verdade”.

Após dois anos de julgamento, o cardeal Angelo Becciu foi condenado, em 2023, a cinco anos e meio de prisão efetiva por crimes de peculato e proibido de exercer cargos públicos para o resto da vida.

Segundo suspeito de tentativa de homicídio em oficina de Braga entregou-se no tribunal

Vítima foi agredida com um taco de madeira, uma arma branca e um tijolo por se ter recusado a arranjar o carro dos suspeitos.

O segundo suspeito da tentativa de homicídio numa oficina de automóveis em Adaúfe, no distrito de Braga, em fevereiro, e cujo paradeiro era desconhecido,  entregou-se na quinta-feira no Tribunal de Guimarães.

O agora detido é filho do outro suspeito, entretanto detido por esta Polícia no início de abril, e que após primeiro interrogatório judicial ficou em prisão preventiva.

O crime ocorreu ao início da tarde do passado dia 21 de fevereiro, nas instalações da referida oficina, na sequência da recusa da vítima, um homem de 54 anos, em reparar o veículo pertencente a ambos os suspeitos.

“Não aceitando tal recusa, pai e filho agrediram a vítima de forma violenta, primeiramente com recurso a um taco de madeira e na continuidade das agressões com uma arma branca e um tijolo”, informa a PJ, em comunicado.

A vítima sofreu uma perfuração corto-perfurante na zona abdominal, do qual resultaram graves ferimentos, que colocaram a sua vida em risco. O caso só não teve um desfecho mais grave “graças ao imediato socorro médico”.

A vítima foi transportada para o Hospital de Braga, tendo sido sujeita a urgente intervenção cirúrgica, tendo ficado internada durante alguns dias.

“Após os factos ambos os suspeitos colocaram-se em fuga, vindo a primeira detenção a ocorrer no passado dia 2 de abril”, recorda a PJ.

O segundo suspeito, até aqui, com paradeiro desconhecido, apresentou-se no dia de ontem no Tribunal de Guimarães, onde foi dado cumprimento ao mandado de detenção fora de flagrante delito que sobre ele impendia.

Presente a primeiro interrogatório judicial foi-lhe aplicada a medida de coação de prisão preventiva.

Os comentadores são amigos de Ventura

Se analisarmos o que dizem os comentadores, André Ventura e o seu partido
vão ser corridos do Parlamento, pois nem um deputado vão eleger. Mas a realidade parece desmentir o facciosismo de alguns jornalistas/comentadores.

Não sou, seguramente, um fanático dos debates eleitorais e aborreço-me com facilidade, tamanha é, regra geral, a pobreza dos confrontos, mas vejo-os, não todos, como é evidente. Depois vou recebendo WhatsApps com comentários aos comentários dos comentadores/jornalistas/políticos, notando-se, como não podia deixar de ser, a simpatia partidária de quem envia as mensagens. Das vezes que entro no Facebook recebo ainda mais informação sobre os comentários dos comentadores. Não é preciso ser um génio da análise política para perceber que há um dado que salta à vista: André Ventura é o grande perdedor de todos os debates – não faço ideia se algum comentador televisivo lhe deu a vitória nos confrontos que teve – e imagino que o povo em casa também pensa o mesmo, pois com tamanhas mentes iluminadas a catequizá-los não será difícil chegarem à conclusão que o líder do Chega é o pior dos políticos em ação. Mas depois vejo as sondagens e fico com mais dúvidas do que tinha o António Variações que só estava bem onde não estava. Que raios, se o homem é uma cassete riscada, se é racista, se é homofóbico, se é aldrabão, se perde todos os debates, e sabe-se lá mais o quê, qual a razão para todas as sondagens lhe darem entre 14 e 21% das intenções de votos?

Tenho para mim que os maiores amigos de André Ventura são os comentadores, alguns travestidos de jornalistas, que o atacam sem dó nem piedade, de uma forma completamente cega. Destilam tanto ódio, e isso é muito percetível em alguns casos, que acabam por fazer com que o cidadão comum fique com simpatia pelo líder do Chega. Penso mesmo que algumas das fragilidades de Ventura acabam por ser ‘esquecidas’ pela parcialidade dos comentadores, que continuam sem conseguir desmontar o ‘segredo’ do Chega – é óbvio que o radicalismo não pode ser combatido com radicalismo. Dia 18 de maio veremos o que diz o povo…

Mudando de assunto, mas continuando na política. Pedro Nuno Santos tem feito todos os possíveis para fugir da imagem de radical, mas olhando para o programa do PS, no que diz respeito ao combate ao racismo e xenofobia, percebe-se que os socialistas estão amarrados ao discurso da extrema-esquerda. «Adotar mecanismos que garantam o princípio de não-referência à origem racial e étnica, cor, nacionalidade, ascendência, território de origem e situação documental em todas as comunicações oficiais de entidades públicas, com particular premência para os autos de notícia, a par da monitorização do seu cumprimento», lê-se no programa eleitoral do PS. Isto faz algum sentido? Nenhum. Só se combate o racismo e a xenofobia com a transparência, enquadrando as situações, até para que não se generalizem boatos. E só com todos os dados disponíveis é que é possível ‘atacar’ os problemas, investindo onde é preciso na prevenção e na integração.  Tudo o resto são balelas ideológicas que só vão contribuir mais para o racismo e a xenofobia. Um exemplo concreto: quando se diz que um elemento do PCC, a máfia brasileira, atuou em Portugal isso prejudica toda a comunidade brasileira? Claro que não, bem pelo contrário, pois até muitos brasileiros temem ser vítimas desses mafiosos e querem que eles sejam denunciados.

 Por fim, uma pergunta. Que é feito da recomendação ao Governo que pedia a inclusão de dados e informação complementar no Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), de 19 de julho de 2023, entre os quais a análise plurianual (últimos dez anos) da evolução da criminalidade, relativa às diferentes tipologias criminais; e a identificação da força ou serviço de segurança que reporta a ocorrência criminal e respetiva análise percentual? Talvez a ministra da Administração Interna saiba, caso não se tenha esquecido.

Telegramas

Um bispo com muitos amigos…

D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) provocou um pequeno terramoto na Igreja quando se colocou ao lado dos imigrantes contra os polícias que realizaram a ‘rusga’ do Rua do Benformoso.  Dentro da Igreja pergunta-se por que razão D. José Ornelas não se pronunciou agora sobre o arquivamento do IGAI_relativamente ao comportamento da PSP na referida rusga. Ah! E ter comparado Trump a Hitler acicatou ainda mais os ânimos.

Uma rica casa

A Polícia Judiciária apresentou esta semana os 113 novos inspetores, destacando que 40% dos novos funcionários são oriundos das outras forças de segurança, com prevalência da PSP. Luís Neves pediu à PSP e à GNR para não ficarem tristes. Pudera…

O novo Pedro Marques Lopes

João Maria Jonet, militante do PSD, anunciou que se quer candidatar à Câmara de Cascais, mas não o fará pelo seu partido – que recusou a sua candidatura – mas sim pelo PS. Resta saber se vai como independente ou se se filia no PS. O homem tem futuro.

Novas regras para andar nos transportes públicos

Multa pode ir até aos 250 euros.

A lei que foi aprovada em 2015 e que determina obrigações e deveres por parte dos passageiros, já está em vigor.

A partir de agora, os passageiros que fizerem barulho ou perturbarem o normal funcionamento nos transportes públicos podem pagar uma multa que vai até 250 euros.

A fiscalização está a cargo dos operadores de transportes, mas a decisão de aplicar a coima é da competência da Autoridade de Mobilidade e Transportes.

Jovem morre em despiste na Guarda

Acidente ocorreu de madrugada.

Um homem, de 26 anos, morreu, na madrugada desta sexta-feira, na sequência de um despiste de um carro na Guarda.

O acidente, segundo o Comando Sub-regional de Emergência e Proteção Civil das Beiras e Serra da Estrela, ocorreu pelas 2 horas, na avenida Monsenhor Mendes do Carmo, na Guarda.

“A estrada esteve momentaneamente condicionada durante a madrugada, enquanto decorreram os trabalhos de resolução da ocorrência”, adiantou a mesma fonte, citada pela agência Lusa.

Para o local, foram mobilizados os Bombeiros da Guarda, com dez operacionais apoiados por quatro viaturas, bem como a PSP.

Detido homem por abusar sexualmente da enteada menor

A Polícia Judiciária deteve um homem, de 33 anos, suspeito de abusar sexualmente de uma criança, que era sua enteada.

“Os factos acontecerem em abril de 2020, quando o arguido, na altura padrasto da vítima, aproveitando-se da relação de proximidade e de confiança familiar, sujeitou a vítima a atos sexuais de relevo”, informa a PJ, em comunicado.

Na origem da investigação, esteve uma queixa apresentada pela mãe da vitima, que tem agora 13 anos.

O detido foi presente a tribunal para primeiro interrogatório e para aplicação das medidas de coação, tendo ficado em prisão preventiva.

Mais de 128 mil pessoas já se despediram do Papa Francisco na Basílica de São Pedro

Portas da Basílica só estiveram fechadas entre a 1h30 e as 4h30.

Mais de 128 mil pessoas já prestaram a sua última homenagem ao Papa Francisco, entre quarta-feira e as 8h00 desta sexta-feira, na Basílica de São Pedro.

Os dados foram avançados pelo Vaticano, no último dia de velório do Papa, antes das cerimónias fúnebres de sábado de manhã.

A Basílica voltou a ficar aberta de madrugada, com o fluxo de fieis à espera sempre constante. As portas fecharam apenas por umas horas, entre as 2h30, 1h30 em Lisboa, e as 5h40, 4h40 em Lisboa.

Como na noite anterior, os planos de encerrar à meia-noite foram alteradas para permitir que todos os fieis podiam despedir-se do Santo Padre, que morreu na segunda-feira passada aos 88 anos.

Acompanhe em direto a sessão solene do 25 de Abril na Assembleia da República

Sessão arrancou com leitura de voto de pesar pela morte do Papa Francisco.

Assinalam-se esta sexta-feira os 51 anos da revolução de 25 de Abril de 1974. A data fica marcada este ano pelo facto de o Parlamento estar dissolvido e de o país estar em luto nacional, na sequência da morte do Papa Francisco.

Aliás a sessão arrancou com a leitura de um voto de pesar pela morte do Papa Francisco, seguindo-se um minuto de silêncio.

Este será também o último discurso do 25 de Abril de Marcelo Rebelo de Sousa enquanto Presidente da República

Assista em direto à emissão do Canal Parlamento

Constituinte. A Assembleia que fez a constituição iniciou-se há 50 anos

25 de Abril de 1975, um ano depois da revolução, 311 deputados representantes de sete forças políticas deram início à Assembleia Constituinte. Marcelo Rebelo
de Sousa (PSD), Arons de Carvalho (PS) e Carlos de Brito (PCP), recordam episódios marcantes desses tempos.

Quatro momentos da Constituinte’

O Presidente da República destaca o discurso de Mário Sottomayor Cardia (PS) avançando com o pacto MFA/Partidos como um dos mais relevantes para que os deputados pudessem ter concluído os trabalhos.

por Marcelo Rebelo de Sousa

Pede-me Raquel Abecasis um episódio da Assembleia Constituinte eleita há cinquenta anos. Uma Assembleia Constituinte eleita em plena Revolução – no seu fluxo, ou seja, radicalização –, que convive quase um ano com essa Revolução, e termina com ela, em refluxo e fim, não tem um, mas centenas de momentos importantes.

Decidi escolher quatro de entre todos eles, por assinalarem instantes particularmente importantes para a vida de quatro partidos – os maiores – e da própria Constituinte.

Primeiro momento.

Os partidos à direita do PCP decidiram, logo no debate e votação do Regimento, aprovar a existência de um período de antes da Ordem do Dia, para discutir o contexto político que enquadrava a futura Constituição.

Ou seja, contra a posição do PCP, MDP/CDE e UDP, a maioria PS-PPD-CDS converteu a Constituinte em fórum crítico relativamente ao curso da Revolução.

O PCP passou a abandonar o hemiciclo de São Bento enquanto durasse o período de antes da Ordem do Dia, só regressando no seu término.

Ficariam o MDP/CDE e a UDP.

Até que, um dia, compreendendo que perdia mais do que ganhava com a ausência, voltou para ficar e participar nas acesas controvérsias sobre a Revolução.

E esse momento quis dizer, sem o dizer, que o fluxo revolucionário se convertera em refluxo.

A Constituição ganhara e a Revolução perdera.

Segundo momento.

Terminado o fluxo revolucionário e iniciado o refluxo, o fim do Verão e transição para o Outono de 1975 foi um tempo agitadíssimo. Uns, a sentirem o chão a fugir debaixo dos pés, outros a afirmarem o crescendo do seu poder, no MFA e no universo partidário.

Tudo culminando no 25 de Novembro.

É, então, nesse virar de maré, que Mário Sottomayor Cardia tem o seu excecional discurso na tribuna, avançando com a proposta de novo Pacto MFA-Partidos e explicitando que, se necessário fosse, a Assembleia Constituinte continuaria a trabalhar fora de São Bento e fora de Lisboa. Não foi necessário, mas muitos, talvez a maioria dos constituintes do PS, PPD e CDS chegaram a partir para o Porto. Fui dos que ficaram em Lisboa, para garantir a presença na Constituinte e no Expresso.

O discurso de Cardia foi dos mais relevantes de toda a Constituinte.

E marcou, limpidamente, quem ganharia as eleições e passaria a vencer a Revolução – o Partido Socialista. Seria o vencedor civil da Revolução e da Constituição e, nele, Mário Soares.

Terceiro momento.

Véspera da votação final global.

O PPD perdera, por cisão, quase metade da sua bancada, que saíra pela esquerda.

Tem de decidir como vai votar a Constituição.

A maioria entende que deve aprovar, pela vitória da Constituição sobre a Revolução, pelo somatório de conquistas nos Direitos Fundamentais e na Organização do Poder Político, e para não deixar a vitória total à esquerda – PS, que aprovara Direitos e Organização Política com a direita e Organização Económica e Social com a esquerda –, e ainda os demais partidos de esquerda, que quereriam assumir como seu êxito global o que, na verdade, fora parcial.

Uma minoria do Grupo Parlamentar do PPD prefere, aparentemente, equacionar o voto contra.

Francisco Sá Carneiro, nessa noite de vésperas, num comício da JSD, é claro: o PPD não só deve aprovar a Constituição, como proclamar ser uma grande vitória sua.

Passo tático-estratégico que repetiria, meses depois, ao assumir a candidatura de António Ramalho Eanes como, primordialmente, sua, também.

E, assim, ficou unânime o voto do PPD – a favor da Constituição, com a convicção adicional acrescentada pelo líder histórico, retornado à liderança, numa postura mais moderada, isto é, à direita, do que a do seu partido, quando, quase um ano antes, iniciara o processo constituinte, com o PS. E o PPD ganhou o seu papel central, tão útil para o futuro, imediato e mediato.

Quarto momento.

Instante da votação final global.

Dia 2 de Abril de 1976. Parece provável o voto unânime.

O CDS votara, mais ou menos, como o PPD, ao longo de todo o processo.

Segredo bem guardado.

O CDS votaria contra.

Estupefação generalizada.

E, no entanto, esse segredo de última hora, valeria ao CDS o manter-se como barreira, delimitando à direita, a fronteira entre a Democracia e a Não Democracia.

Valeria décadas, nas quais, à sua direita, nenhuma força política vingaria entre si e esse muro, então intransponível.

Quatro momentos definidores.

Um – o do início da vitória da Constituição sobre a Revolução. E de recuo do PCP.

Outro – o da vitória efetiva da Constituição e do consumar do fim da Revolução. Com o PS e Mário Soares vencedores.

Terceiro – o da opção do PPD pela conquista do centro, e até centro esquerda, culminando, dez anos volvidos, nas maiorias de Cavaco Silva.

Quarto e último – o da escolha do CDS pela direita, mantendo o discurso do ‘rigorosamente ao centro’, mas garantindo que a sua direita, por três décadas, ou um pouco mais, não haveria ninguém.

Palácio de Belém, 21 de Abril de 2025
Presidente da República, ex-deputado do PPD

Foi um orgulho

Arons de Carvalho ainda se espanta por ter sido um dos mais jovens escolhidos para  fazer a constituição.

por Alberto Arons de Carvalho

Quando, no início dos anos 70, durante a governação de Marcelo Caetano, resolvi assistir a uma sessão da Assembleia Nacional, estava muito longe de imaginar que, poucos anos depois, me sentaria no lugar onde estavam aqueles deputados, cuja prestação, sem me surpreender, tanto me desapontara, pela total ausência de pluralidade de opiniões, substituídas por um discurso cerimonioso, quase sempre panegírico e até superficial.

Afinal, pouco mais de um ano depois do 25 de Abril, seguramente uma das datas mais importantes da minha vida, aí estava eu, um dos mais jovens deputados, a conviver com figuras de vários quadrantes políticos, que tanto admirava, desde alguns corajosos lutadores contra o regime deposto e antigos exilados e presos políticos até eminentes juristas e professores da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde me acabara de licenciar.

A experiência como deputado constituinte foi estimulante. Não apenas por participar – e tanto aprender… – na elaboração do texto fundador da democracia portuguesa. Mas igualmente por presenciar o debate de ideias, tantas vezes tão contraditórias, bem como por poder contribuir para a redação daquele texto. E por assistir presencialmente e participar na definição de aspetos básicos, embora fundamentais, do novo quadro parlamentar em democracia: onde se sentavam os diferentes grupos parlamentares? E que instalações tinham no edifício? Como se organizava a elaboração do texto da Constituição no Plenário e em comissões? Quanto tempo poderia durar a intervenção de cada deputado? Haveria ou não um período antes da ordem do dia onde os deputados poderiam analisar a situação política?

A enriquecedora experiência de deputado constituinte, que procurei conciliar com a liderança da Juventude Socialista, viria, todavia, a terminar em 21 de outubro de 1975, quando, já depois de concluídos os debates e a redação dos artigos da Constituição relativos à comunicação social, resolvi interromper a atividade parlamentar para abraçar um novo projeto jornalístico que sucedia ao República – o jornal A Luta.

Ex-deputado do PS

Foi muito trabalho de bastidores 

Carlos Brito lembra que os líderes estavam ocupados e foram os deputados que fizeram o trabalho.

por Carlos Brito

A realização de eleições livres para uma assembleia constituinte, no prazo de um ano, foi um dos compromissos concretos que os militares do MFA assumiram com o povo português, ao derrubarem o governo da ditadura fascista, em 25 de Abril de 1974. Diga-se, ao principiar estas linhas, que foi um compromisso plenamente honrado, com realização das eleições, em 25 de Abril de 1975, faz agora 50 anos.

Foi neste clima de transição muito crispado que a Assembleia Constituinte iniciou os seus trabalhos e os prosseguiu, numa primeira fase. Internamente, as grandes polémicas oratórias dominavam as sessões e não deixavam nada para a Constituição; no plano externo, tornou-se erradamente o alvo das contestações e reivindicações sociais, que culminaram, no seu cerco por dezenas de milhar de trabalhadores da construção civil.

Numa segunda fase, os grupos parlamentares foram progressivamente assumindo o mandato patriótico de que estavam investidos. As direções das bancadas do PS, PCP, PPD e MDP foram capazes de se entender e cooperar num plano de trabalho consensual e organizar os deputados de forma a fazer-se, no prazo devido, um texto constitucional. O CDS fazia oposição ideológica sistemática., mas educada. Até a UDP melhorou. Em largos períodos, os deputados trabalharam em roda livre, tomando como orientação os projetos de constituição dos respetivos partidos, que eram bastante avançados. Os líderes máximos dos partidos andavam envolvidos na luta de posições e nas batalhas políticas do dia a dia.

Foi uma surpresa para eles quando os deputados terminaram e lhes apresentaram o seu trabalho. Álvaro Cunhal deu-lhe nota muito positiva. Até ver não acreditava que aquela composição partidária da Assembleia produzisse coisa de jeito. Tornou-se grande defensor da Constituição. Mário Soares, com o seu orgulho partidário, proclamou: isto é o grande trabalho do PS! Sá Carneiro, sem atender à prestação dos seus deputados, vociferou: é uma constituição marxista.

Não ficou por aqui o líder já contestado do PPD, lançou-se numa conspiração com militares e líderes da direita para que o texto constitucional não fosse promulgado e antes fosse submetido a referendo.

A conter e esvaziar esta conspiração afirmou-se então o poder dos verdadeiros vencedores do 25 de Novembro: Costa Gomes, Ramalho Eanes e os Nove.

Num ato sem precedentes, revolucionário, a 2 de Abril, data fixada para votação final global do texto constitucional, o Presidente da República, Costa Gomes, deslocou-se de Belém a S.Bento e logo que os deputados concluíram a votação, aprovando-o, assinou a promulgação da Constituição, na própria mesa da Assembleia Constituinte. Sem mais entraves, entrou em vigor a 25 de Abril de 1976, dois

anos depois do dia inaugural da Revolução.

Ex-deputado do PCP