Realizou-se a primeira viagem ao espaço só com tripulação feminina em mais de 60 anos. Katy Perry, Lauren Sánchez, Gayle King, Aisha Bowe, Amanda Nguyen e Kerianne Flynn fizeram a viagem que durou cerca de 11 minutos e levou a tripulação até 100 quilómetros de distância da superfície terrestre. A experiência, de certeza inesquecível, foi alvo de muitas críticas.
Foi o segundo voo exclusivamente feminino da História, depois de Valentina Tereshkova, que viajou sozinha para o espaço, na missão soviética Vostok 6, em 1963. Desta vez, não foi uma viagem a solo. A tripulação incluía a apresentadora de televisão e companheira do milionário Jeff Bezos, proprietário da empresa, Lauren Sanchez, a jornalista Gayler King, a cantora Katy Perry, a engenheira aeroespacial Aisha Bowe, a investigadora e ativista contra a violência de género Amanda Nguyen, e a produtora de cinema Kerianne Flynn.
A missão NS-31 da Blue Origin – empresa de Jeff Bezos – completou então mais uma volta de sucesso. A viagem durou 11 minutos e o foguetão New Shepard esteve a 100 quilómetros da superfície da terra, ultrapassando a linha de Karman, que marca a fronteira entre a atmosfera terrestre e o espaço.
Regressadas à terra, as mulheres tinham Jeff Bezos à sua espera. Estiveram também, a apoiar as amigas, personalidades como Oprah Winfrey e as irmãs Kris Jenner e Khloé Kardashian.
Para as mulheres que foram ao espaço, esta foi uma experiência única. «Sinto-me muito ligada ao amor, esta experiência ensinou-me o quanto o amor está dentro de mim», disse Katy Perry, que levou uma margarida para bordo porque, disse, são «flores comuns, que crescem em todas as condições». À chegada, beijou o chão. «É a maior sensação, é a entrega ao desconhecido. Não poderia recomendar mais esta experiência».
Também Lauren Sánchez descreveu a experiência: «A Terra parecia tão… silenciosa. Olhamos para ela e pensamos: ‘estamos todos juntos nisto’».
Para Gayle King, que até tem medo de voar, foi «realmente tranquilo e pacífico». «É um lembrete de como precisamos fazer melhor, ser melhores. Fazer melhor, ser seres humanos melhores», defendeu.
As críticas
Como em tudo na vida, nem sempre se agrada a gregos e a troianos. Bezos, que é o segundo homem mais rico do mundo e também proprietário da Amazon, tem impulsionado o turismo espacial e vende experiências deste género a mais de 220 mil euros o bilhete. Pelo menos é o que se diz, tendo em conta que a empresa não divulga publicamente os preços que partilha. Claro que, depois desta viagem, muitos questionaram a necessidade de se gastar tanto dinheiro por pouco mais de 10 minutos. «Tanto dinheiro é gasto para ir ao espaço enquanto há muitas pessoas que não conseguem nem comprar ovos. Qual é o objetivo disso? É histórico que tivessem feito um passeio? É um pouco ganancioso», disse a atriz Olivia Munn, que acrescentou: «A exploração espacial serve para aumentar o nosso conhecimento e ajudar a humanidade. O que vão elas fazer por lá que vai melhorar a nossa vida aqui? É um gasto enorme de recursos», atirou ainda.
Por cá também houve críticas. A atriz portuguesa, Daniela Melchior, que tem feito vários papéis lá fora, foi uma dessas vozes: «Isto é o oposto de empoderamento ou feminismo. É realmente embaraçoso ver este desperdício de dinheiro, recursos, poluição, etc., só para colocar um grupo de mulheres num espaço e vendê-lo como o poder das mulheres», escreveu no Instagram. E foi mais longe, defendendo que o dinheiro gasto «podia ter ido para qualquer outro grupo ou causa marginalizada», detalhando: «mães solteiras, saúde mental, crianças de acolhimento, educação pública, saúde das mulheres». «É uma loucura e um absurdo», finalizou.
Por sua vez, a modelo e atriz Emily Ratajkowski disse ter ficado «enojada» e que a operação «está para além da paródia».
Gayle King fez questão de comentar as críticas. «Não há nada de fútil na nossa viagem. Estou muito desapontada e entristecida com este ódio. Fizemos isto para inspirar outras mulheres e meninas, por favor, não ignorem isso».