Vaticano: Cronologia das cerimónias fúnebres

Vaticano: Cronologia das cerimónias fúnebres


Desde a morte do Papa à data em que é sepultado, decorrem vários rituais cerimoniais e protocolares. O de Francisco, bem à imagem do seu pontificado, tem várias novidades.


O período que sucede a morte de um Papa é marcado por uma série de rituais e procedimentos protocolares. O primeiro passo é marcado pela verificação oficial da morte do Papa que, segundo o documento “Sé Vacante e Eleição Papal” disponibilizado pelo Patriarcado de Lisboa, se realiza pelo Camerlengo e «na presença do Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, dos Prelados Clérigos da Câmara Apostólica e do Secretário e Chanceler da mesma». Depois de confirmada a morte do Papa Francisco, na segunda-feira, o Camerlengo selou o quarto e o escritório do Papa, localizado no Domus Santa Marta e não no Palácio Apostólico e convocou os Cardeais primeiros das três ordens – ordem dos bispos, presbíteros e diáconos. Os cardeais serão responsáveis pela celebração de «Missas pelo Papa durante 9 dias seguidos», segundo o mesmo documento.

Na segunda-feira, o Papa foi imediatamente colocado no caixão, tendo ficado exposto «à veneração dos fiéis já dentro do caixão aberto (ao contrário do que antes acontecia, quando era exposto no catafalco, ou seja, numa estrutura alta, ficando visível a todos)» e não houve, como era normal, «os três caixões tradicionais de cipreste, chumbo e carvalho»

Francisco não foi «transferido para o Palácio Apostólico», tendo sido transportado, às 8 horas de ontem, diretamente para a Praça de São Pedro. O corpo seguiu em procissão pelas praças de Santa Marta e dos Primeiros Mártires Romanos, dando posteriormente entrada na Basílica de São Pedro pela porta central. É aqui, na Basílica de São Pedro, que o corpo do Papa Francisco ficará em repouso durante três dias, dando a oportunidade de serem prestadas as devidas homenagens.

Dada a exposição do corpo por 6 dias, «é feito um tratamento médico (…) por especialistas em medicina legal da Universidade Tor Vergata, de Roma». No caso de Francisco, foi realizado uma operação de Tanatopraxia, uma técnica de preservação que, como escreveu a Euronews, «é considerada uma evolução moderna do embalsamamento e distingue-se pela utilização de substâncias menos invasivas e mais respeitadoras do corpo humano (…) que retarda os processos de decomposição, permitindo manter o aspeto natural do defunto durante vários dias». Antes, a prática mais comum era o embalsamamento. Os fiéis começaram a ter acesso ao corpo do Papa, que se encontra ainda em câmara-ardente, a partir das 11 horas de ontem.

Outra das inovações do Papa Francisco prende-se com a simplificação e adaptação «de alguns ritos para que a celebração do Funeral do Bispo de Roma» expresse «melhor a fé da Igreja em Cristo Ressuscitado», como diz o documento do Patriarcado de Lisboa. Para além disto, o rito renovado destaca «ainda mais que o funeral do Romano Pontífice é o de um pastor e discípulo de Cristo e não de um homem poderoso deste mundo».

No sábado chegará o último adeus, antes de o corpo ser levado para o local onde será sepultado. O pontificado de Jorge Mario Bergoglio ficou marcado por várias “primeiras vezes”, e as inovações continuarão mesmo após a morte. A UDG, Universi Dominici Gregis, a Constituição Apostólica que aborda os procedimentos durante a sede vacante, prevê que o Papa seja sepultado na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Porém, o Papa Francisco deixou expressa a vontade de ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma e a cerca de 7,5 quilómetros da Cidade do Vaticano. Foi nas imediações desta Basílica – onde se encontra a imagem da Virgem Maria que o Papa preferia – que, na noite de terça-feira, o secretário de Estado do Vaticano e membro do Conselho de Cardeais, Pietro Parolin, rezou o terço em memória do Papa Francisco.

Também no que diz respeito à roupa que o veste na morte, a simplicidade do Papa Francisco vem ao de cima. Nenhum traje foi produzido especificamente para a ocasião, e Filippo Sorcinelli, estilista que trabalha há duas décadas no Departamento para as Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice, confirmou à Euronews que «a casula era de repertório, já em uso na sacristia, enquanto a mitra estava entre as normalmente usadas pelo pontífice».

Assim, está delineado o plano de cerimónias até ao dia em que o Papa Francisco será sepultado. Começarão também a acontecer as Congregações gerais, onde os cardeais se vão conhecendo, e o Conclave «pode ter início apenas quando transcorridos 15 dias d0o início da vacância da Sé Apostólica», diz o documento do Patriarcado de Lisboa. «Contudo», continuam, «se ainda não estiverem em Roma todos os Cardeais com direito de voto, pode esperar-se até ao 20.º da vagatura, momento no qual começa o Conclave».