Direita não vai entregar o poder, mesmo em caso de vitória do PS

Direita não vai entregar o poder, mesmo em caso de vitória do PS


Os bastidores partidários agitam-se em cenários pós-eleitorais. Mesmo que a AD não ganhe, ninguém acredita que uma maioria de direita entregue o poder ao PS.


Esta é a campanha do tudo ou nada para Luís Montenegro e para Pedro Nuno Santos. Ambos sabem que dos resultados apurados no dia 18 de maio depende o seu futuro a curto e a médio prazo. Mas a disputa entre bloco de direita e bloco à esquerda, não se faz só do protagonismo dos dois líderes. Nos bastidores fazem-se outras contas sem tabus, nem linhas vermelhas.

Várias vozes socialistas ouvidas esta semana pelo Nascer do SOL  mostraram-se muito céticas face à possibilidade de um governo socialista vir a tomar posse, mesmo em caso de vitória. Porquê? Porque a direita, que seguramente será maioritária no parlamento depois das eleições, não vai deixar.

A mesma leitura têm várias vozes do lado da AD. Os mais descomprometidos dizem-no publicamente, como foi o caso de Miguel Relvas esta semana numa entrevista ao jornal Público: «O PSD tem a obrigação de liderar. Se o PSD ficar em segundo lugar e houver uma maioria de direita, o PSD tem de assumir as suas responsabilidades»  e na mesma entrevista deixou no ar o aviso, «não vamos entregar o poder a uma esquerda folclórica»

A opinião expressa de viva voz pelo antigo braço direito de Passos Coelho é partilhada por outros sociais-democratas ouvidos pelo nosso jornal, muitos deles comprometidos com a AD. «É ficção entregarmos o poder ao PS e ficarmos no parlamento a levantar-nos nas votações ao lado do PCP, do Bloco e do Livre. Isso não existe, se a AD não ganhar mas houver maioria à direita, vai haver uma solução de governo», garante  um deputado.

Neste cenário, Luís Montenegro sai forçosamente de cena e há várias hipóteses de substituição em cima da mesa. Há quem considere que dentro do próprio governo há soluções, que têm a vantagem de terem ido a votos, nomes como Aguiar Branco, Paulo Rangel, Pinto Luz e Leitão Amaro. E no caso de o Presidente não aceitar? «Aí, tratando-se da mesma força política a assumir o governo, o atual fica em gestão mais três meses, até o PSD eleger um novo líder que assuma um governo de direita», respondem-nos, acrescentando que talvez possa ser essa a ocasião para o regresso de Passos Coelho.