Pedro Nuno Santos e Rui Tavares concordaram esta terça-feira, em debate transmitido pela SIC, que uma aliança entre PS e Livre seria um bom Governo, mas divergiram na forma de o conseguir com o resultado das legislativas.
O secretário-geral do PS disse que o Livre “tem contributos muito importantes para dar e o PS está muito disponível para os ouvir e reflectir sobre eles”, garantindo que o partido de Rui Tavares “tem mais possibilidade de influenciar um Governo liderado pelo PS do que pela AD”.
Pedro Nuno Santos acrescentou ser “mesmo importante que o PS ganhe as eleições, para que algumas propostas e contributos importantes do Livre” posssam avançar, com Rui Tavares a responder: “Alguém acredita que, sobre esta coisa do voto útil, que se o Livre fosse ao PS exigir uma audição prévia que não ter esse voto [útil que foi para o PS] isso fosse ajudar a medida a ser implementada?”
O tema pautou o debate e Rui Tavares afirmou que se sondagem desta quinta-feira do ISCTE/ICS se traduzisse na urnas, destruiria o voto útil “porque mesmo com os partidos à esquerda diminuídos, nem assim o PS chegava lá”.
O líder do Livre, que tratou o adversário do debate por tu, disse ainda que “Marcelo já decidiu: não dará posse a nenhum Governo que não garanta a governabilidade”, acrescentando: “Até desejo que fiques à frente da AD, que tenhas mais um voto. Não precisas de roubar 50 mil do Livre, só tens de ir buscar 25 mil à AD, que foi o que te faltou da outra vez”.
Pedro Nuno Santos pegou na deixa para lembrar que o Presidente da República vai chamar a formar Governo o partido mais votado e que fará o mesmo agora. “Se o PS chumbar um Governo da AD e apresentar depois solução esse Governo seria barrado pela AD e pelo Chega, por isso é tão importante a dispersão de votos”, disse o socialista. “Não estou a dizer para não votarem no Livre, mas que há vários círculos eleitorais — Braga, Aveiro, Santarém — a diferença de votos, no BE e no Livre, permitiriam ao PS ter deputados para derrotar a AD”, acrescentou.
A averiguação preventiva do Ministério Público a Pedro Nuno Santos foi o que tinha dado início ao debate, com o líder do PS a negar ter-se dirigido ao Ministério Público mas sim “às denúncias anónimas que toda a gente percebe que têm objetivos políticos: intimidar-me e passar a ideia de equivalência com Luís Montenegro”.
O líder socialista recusou estar no mesmo plano que o líder do PSD, já que as dúvidas sobre si é sobre a aquisição de dois imóveis e não que “alguém tenha ajudado a financiar as casas fora do circuito familiar”. Rui Tavares respondeu que estava no debate para “falar de quem não tem casa, e não de quem tem sorte de ter duas casas”.
Sobre corrupção, Pedro Nuno Santos disse que grande parte da legislação que existe para combater a corrupção foi feita durante a governação socialista, falando sobretudo em “garantir a prevenção”. Rui Tavares diz que o partido “propõe e o PS nunca quis que os governantes sejam sujeitos a audições prévias no Parlamento”, lembrando que “as duas últimas comissárias europeias portuguesas foram sujeitas a audição prévia”.