O ministro da Defesa Nacional disse esta quinta-feira que a mutualização da dívida a nível europeu pode ser “crucial para financiar o rearmamento no curto prazo”. Nuno Melo insistiu ainda na necessidade de “desburocratizar” as regras da contratação pública no setor.
“A mutualização da dívida, já defendida por Draghi, pode ser crucial para financiar o rearmamento no curto prazo. Em contextos urgentes, este tipo de investimento justifica recurso à dívida, com impacto positivo no PIB (por via do consumo público)”, considerou o governante,
No entanto, continuou o ministro, que falava na 3ª Conferência Relatório Draghi – Segurança e Defesa, organizada pelo jornal Eco, “a sua continuidade a médio e longo prazo poderá exigir uma reestruturação da despesa pública, evitando pressões insustentáveis pelo crescente peso do serviço da dívida”.
A mutualização da dívida foi uma das “três ideias chave” do relatório elaborado pelo antigo primeiro-ministro italiano Mario Draghi sobre a competitividade da Europa que Nuno Melo destacou na sua intervenção O ministro salientou ainda as alterações das regras de contratação pública.
“Temos sido vocais neste tema. A Defesa é um setor de consumo público (menos concorrencial), com regras específicas onde a segurança e o interesse nacional se sobrepõem à concorrência. Queremos alterar regras de contratação pública, reforçando a transparência e o controlo dos atos, mas desburocratizando e simplificando os procedimentos”, sublinhou.
O também presidente do CDS-PP salientou que este relatório “diagnosticou claramente que há falta de competitividade e que a Europa se arrisca a ficar para trás nestas áreas, comprometendo a defesa dos nossos valores, modo de vida e desenvolvimento económico e social”.
Melo alertou ainda que “é preciso que a Europa volte a liderar – «make Europe lead again» –, na inovação, nas agendas mobilizadoras (da transição digital e verde), e na segurança”.
Nuno Melo apontou para a instabilidade do atual contexto internacional, com a guerra da Ucrânia, a China a afirmar-se como “potência global e rival dos Estados Unidos da América”, país que por sua vez “aligeirou o seu papel na NATO” e impôs taxas que “ameaçam o crescimento global e o livre comércio”.
A Europa, continuou, citado pela agência Lusa, descobriu “a importância da reindustrialização assente na inovação” bem como a necessidade de reforçar o pilar europeu de Defesa na NATO, para compensar “anos de dependência do esforço norte-americano”.