Tarifas. Retaliação europeia aos EUA suspensa até 14 de julho

Tarifas. Retaliação europeia aos EUA suspensa até 14 de julho


Comissão Europeia quer dar tempo e espaço para as negociações entre a Europa e os Estados Unidos. Resposta comunitária agora suspensa abrange 21 mil milhões de exportações.


A “retaliação” da União Europeia às tarifas aduaneiras a aplicar aos Estados Unidos está adiada até 14 de julho.

“A União Europeia suspendeu as suas contramedidas em relação às tarifas comerciais injustificadas impostas pelos Estados Unidos, a fim de dar tempo e espaço para as negociações entre a UE e os EUA”, anunciou em comunicado.

A resposta comunitária suspensa abrange 21 mil milhões de euros de exportações dos Estados Unidos. Mas a par “prosseguem os trabalhos preparatórios sobre outras contramedidas da União Europeia” que ainda possam vir a ser adotadas, uma vez que entende que os novos direitos aduaneiros norte-americanos são “injustificados e prejudiciais, correndo o risco de causar danos económicos a ambas as partes, bem como à economia mundial”.

Em causa estão os anúncios de Donald Trump da imposição de taxas de 25% para o aço, o alumínio e os automóveis europeus e de 20% em tarifas recíprocas ao bloco comunitário, estas últimas entretanto suspensas por 90 dias.

De acordo com as contas da Comissão Europeia, os novos direitos aduaneiros norte-americanos podem implicar perdas de 0,8% a 1,4% no Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA até 2027, sendo esta percentagem de 0,2% do PIB no caso da União Europeia. No entanto, se os direitos aduaneiros forem permanentes ou se houver outras contramedidas, as consequências económicas serão mais negativas, de até 3,1% a 3,3% para os Estados Unidos e de 0,5% a 0,6% para a UE.

Já em termos globais, o executivo comunitário estima uma perda de 1,2% no PIB mundial e uma queda de 7,7% no comércio mundial em três anos.
Encomendas paradas e fundo de emergência Ainda esta segunda-feira, o presidente da Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas (ANCEVE) revelou que “os EUA pararam as encomendas de vinhos portugueses e de vinhos da Europa”. Paulo Amorim disse ainda que, a concretizarem-se as tarifas, a “maior parte do prejuízo seja assumido pelos produtores de vinho”, o que considera uma “injustiça gigantesca”.

Já a Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas (CONFAGRI) propôs ao Governo a criação de um fundo de emergência para apoiar os setores que venham a sofrer maiores dificuldades. “O fundo pode ser financiado através da reserva de crises da União Europeia e complementado, obviamente, com apoios do Orçamento do Estado”, acrescentou.