O debate entre Luís Montenegro (AD) e Rui Rocha mostrou dois líderes de acordo em muitas matérias. Rocha reconheceu, por exemplo, que este governo desceu os impostos – ainda que não o suficiente; Montenegro recordou que este governo retomou as PPP, uma solução defendida pela IL. A principal diferença das propostas será, portanto, sobretudo uma diferença de grau, não tanto de substância. Rocha resumiu bem a questão em duas frases: “O slogan da AD é que Portugal não pode parar, o nosso é acelerar. É uma diferença de velocidade”.
Porém, num aspeto o líder da IL foi contundente. Mesmo sem explorar muito o caso que envolveu o primeiro-ministro e a sua empresa, a Spinumviva, disse que a IL vai pugnar para que “sejam recuperadas as condições de dignidade no exercício das funções”. Ou seja, considera que essa dignidade foi posta em causa pela situação que envolveu o primeiro-ministro.
E acusou Montenegro de ser um promotor da instabilidade.
Já o primeiro-ministro apresentou o trabalho feito pelo seu governo em diferentes setores. Na saúde, com mais médicos de família; na carga fiscal, que desceu; na melhoria das condições para idosos e pensionistas, professores e forças de segurança.
Sobre a saúde, Rocha defendeu que “é preciso confrontar a AD, Luís Montenegro, com as promessas que fez”, de que todos os portugueses no final de 2025 teriam médico de família. Sobre os impostos, defendeu que a descida não foi a que se esperava depois de oito anos de governação socialista. E sobre os ajustes salariais ou de pensões, lamentou que não fossem feitos com critério reformista. “Alguém fazia barulho e o governo passava um cheque, atirava dinheiro para cima dos problemas”.
Ainda sobre a descida de impostos, que é uma das bandeiras da IL, Montenegro atirou: “Baixar os impostos significa investir na criação de riqueza, não baixamos impostos por baixar”. E tentou colar à IL uma imagem de aventureirismo ou irresponsabilidade.
Sobre a possibilidade de uma coligação pós-eleitoral, nenhum dos contendores abriu o jogo.
Já perto do final, questionado por Hugo Gilberto se não devia um pedido de desculpas aos portugueses pelo caso Spinumviva, o primeiro-ministro respondeu: “O que eu devo é capacidade de trabalho”.