Muitos pais não fazem ideia dos significados dos emojis que os filhos partilham nas conversas que têm no digital. Podem parecer apenas “pequenos bonecos inofensivos”, até bastante infantis. Mas não. Muitas vezes, os emojis possuem um significado oculto. E ao conhecê-los, será muito mais fácil compreender as conversas que os adolescentes têm hoje em dia. A simbologia pode ser de caráter sexual ou relacionada com drogas. E, por isso, a Polícia de Segurança Pública (PSP) criou um guia para traduzi-los.
Nesse sentido, recorreu às redes sociais para fazer aquilo a que chamou um “Alerta Pais”, a quem colocou a questão: “Já conhece o duplo significado dos emojis?”. Sexting e drogas foram os assuntos decifrados. Recorde-se que o termo sexting resulta das palavras sex (sexo) e texting (envio de SMS) e significa a troca de mensagens eróticas com ou sem fotos via telemóvel, chats ou redes sociais.
Cariz sexual
Por exemplo, uma beringela, um cachorro quente, uma maçaroca ou uma banana podem querer dizer tudo menos o que representam. Na verdade, alerta a PSP, servem para designar o “órgão sexual masculino”, enquanto o feminino é representado por “uma flor, um taco (comida mexicana), uma peça de sushi ou um gato”.
A PSP identifica também os emojis que pretendem representar partes corporais, como bolas de basquete, pêssegos, um par de cerejas, um camelo, ou duas meloas.
Quando se referem a conteúdo sexual explícito, os jovens usam, por exemplo, gotas de água, bocas, línguas, martelos, o símbolo do fogo, o emoji do “diabinho”, “carinhas” com baba na boca, entre outros. Há ainda outras combinações como: uma beringela e um taco, uma serpente e uma flor, uma banana e um donut ou uma baguete e um pote de mel.
“Apesar das conversas de teor sexual entre jovens, a partir de uma determinada idade, poderem fazer parte do crescimento, a PSP apela a um especial cuidado quando se utiliza este tipo de linguagem (emojis) no diálogo com desconhecidos em chats, aplicações de encontros, plataformas de jogos online, entre outros”, escreveu esta força de segurança. Os mais jovens, continua, ao não saberem quem se encontra do outro lado do ecrã, podem estar a dialogar com alguém mais velho que pretende ganhar a sua confiança e, eventualmente, marcar encontros presenciais (grooming). “Pais e jovens devem estar atentos a este duplo significado dos emojis, pois podem estar perante uma situação de aliciamento sexual”, acrescenta.
Tráfico e consumo de drogas
Já os símbolos utilizados para descrever o tráfico ou consumo de drogas vão desde folhas, ramos e brócolos para se referir aos canábis; seringas, cavalos, corações castanhos, alvos (jogos de setas) para se referir à heroína; flocos e bonecos de neve, meios cocos ou o emoji com um lenço de papel para se referir à cocaína; diamantes azuis, montanhas com neve, corações azuis, tubos de ensaio podem significar anfetaminas (drogas sintéticas que estimulam o sistema nervoso, causando sensação de bem-estar e aumento da disposição) e o emoji do cogumelo refere-se a cogumelos alucinogénicos. O coração ou o X vermelho, a cara com um cérebro envolto em fumo, o símbolo do raio ou de rebuçados são usados para representar o MDMA (anfetamina com efeitos estimulantes e alucinogénicos conhecida como ecstasy).
E há símbolos usados por traficantes: o maço de notas, uma bolacha, uma fatia de torta, a coroa de rei, ou a cara com cifrões nos olhos e na língua.
A PSP destaca ainda os emojis que se referem a “linguagem geral e sugestiva”: o símbolo do foguetão, um cigarro a arder, bomba de gasolina ou um alambique (equipamento próprio para realizar a destilação).
“Apesar de esta realidade ser (ainda) pouco comum entre a comunidade escolar”, diz ainda a PSP, “os pais devem estar atentos ao duplo significado da utilização de determinados emojis, pois podem estar conotados a conversas relacionadas com o consumo/tráfico de drogas”. A força de segurança garante ainda que está atenta a este fenómeno, apesar de se tratar de uma realidade “ainda pouco comum entre a comunidade escolar” em Portugal. Apela ainda à denúncia de qualquer tipo de crime de que tenham conhecimento, “em contexto escolar ou em qualquer outro tipo de ambiente, na qualidade de vítima ou de testemunha”.
