O debate entre o líder do Chega e a porta-voz do PAN arrancou com o tema dos crimes sexuais, com André Ventura a sublinhar que a atual situação “é preocupante” e que se assiste “a um aumento significativo do número de violações”.
Lembrando a manifestação do último fim de semana contra a violência sobre mulheres em frente à Assembleia da República, André Ventura disse que o protesto devia “ter sido à porta de partidos como o PAN, o PS, o Livre ou o Bloco de Esquerda, porque quando o Chega propôs aumentar penas para crimes sexuais não estiveram lá”.
Lembrou várias proposta do partido, como a polémica castração química para pedófilos e a expulsão de imigrantes condenados por crimes sexuais. Mesmo no caso da violência doméstica, “tudo foi chumbado pelo Governo da AD”, sublinhou o líder do Chega.
“Estamos numa situação de verdadeira impunidade e o Chega foi o único partido que votou contra isso”, declarou. “Partidos como o PAN, o Livre e Bloco de Esquerda tornaram as mulheres objetos”, acrescentou.
Inês Sousa Real refutou as acusações de Ventura ao PAN, sublinhando que é o partido que mais tem feito para combater os crimes sexuais.
“O PAN tem sido a força política que, na Assembleia da República, mais tem conseguido aprovar as medidas para proteger as vítimas, incluindo no abuso sexual”, garantiu.
Defendeu, a propósito do recente caso da violação em Loures, que as plataformas digitais têm de ser responsabilizadas e que a violação deveria passar a ser crime público.
Sousa Real acusou também o Chega de votar contra as propostas sobre sensibilização sobre bullying e assédio sexual nas escolas, e Ventura respondeu que o Chega votou foi contra a ideologia de género contida nessa proposta de lei.
A questão seguinte foi sobre a perceção de insegurança dos portugueses e a imigração, que o líder do Chega considera estar “a ficar descontrolada”.
“Isto é uma bandalheira, entra aqui qualquer pessoa e o PAN contribuiu para isso durante a geringonça”, disse Ventura, acrescentando que Portugal “não pode fechar a porta aos imigrantes”, mas é preciso “saber quem cá entra, isto não pode ser a bandalheira absoluta”.
“A minha mensagem para os imigrantes é: querem vir trabalhar para Portugal venham, querem vir para Portugal pedir subsídios não venham”, sublinhou.
Sousa Real fez questão de frisar que a natureza dos crimes em Portugal é “multisectorial” e recusou responsabilizar a imigração para o aumento da criminalidade violenta.
“Temos de perceber porque é que as pessoas se sentem inseguras”, com base “em dados factuais”.
O debate decorre com muitas interrupções, a maioria de Ventura, que desvalorizou as acusações de bullying de deputados da sua bancada, recusando pedir desculpa e sublinhando que era “o deputado mais ofendido, de toda a história parlamentar”.
Ventura acusou ainda o PAN de ter “sustentado a corrupção de Miguel Albuquerque da Madeira”.
A discussão passou para a causa animal, não sem antes Sousa Real ter dito que o Chega é negacionista das alterações climáticas e defensor das touradas.
“A Inês não gosta mais de animais do que eu”, respondeu Ventura. “Sabe quantos touros morrem? Cerca de 300”, disse, acrescentando: “Quantos são abatidos de forma cruel no abate religioso? Milhões. O Chega tentou proibir o abate e o PAN estava do outro lado da barricada”, acusou, ao que a porta-voz do PAN respondeu ser “mentira”, responde Sousa Real.
“Nós damos o nosso aumento salarial a associações, muitos dão a associações de animais, a Inês fica com o aumento ou dá?”, questionou Ventura. “Dou a várias associações”, garantiu Sousa Real.
Sobre um eventual entendimento com o PSD, Ventura disse que “enquanto não houver clareza e transparência nunca será nunca”.
“O Chega, onde há corrupção, falta de ética e suspeitas, atua. Se o primeiro-ministro insistir em manter-se à margem de suspeitas graves”, e sublinhou que Luís Montenegro continua sem explicar o facto de “ter dinheiro em várias contas” ou “comprar casas a pronto em nome dele e dos filhos”. “Isto faz lembrar José Sócrates”, acrescentou.
A terminar, Inês Sousa Real sublinhou que está na altura de “André deixar de mentir ao país e de aproveitar oportunisticamente pegar na indignação das pessoas”.
Acusou o Chega de falhar para com os portugueses ao não ter aprovado as propostas pelo PAN, sobre ajudas a associações de bombeiros e a comparticipação de medicação para a população idosa. Ventura explicou que rejeitou as medidas porque Chega queria “mais”.
Sousa Real lembrou a proposta do PAN para a taxa de carbono permitir o financiamento dos passes sociais nos transportes públicos e defendeu o fim da isenção sobre os produtos petrolíferos. “Estes milhões de euros vão par ao bolso da Galp não para o bolso dos portugueses”, sublinhou.