Virginia Ogilvy. A confidente da Rainha Isabel II

Virginia Ogilvy. A confidente da Rainha Isabel II


1933-2024. Condessa de Airlie


Conhecida como uma das confidentes mais próximas da Rainha Isabel II, Virginia Ogilvy, que também era chamada de Ginny ou Lady Arlie, foi a primeira americana a servir como dama de companhia da falecida monarca e durante quase 50 anos. As duas mulheres tinham, por isso, uma ligação muito especial, e acredita-se que a Rainha Isabel II fez a sua única aparição num bar (no Annabel’s, em Mayfair, Londres), para marcar o 70º aniversário da amiga. Morreu no dia 16 de agosto, aos 91 anos, na sua casa, em Cortachy. No dia 20, o Palácio de Buckingham emitiu um comunicado em nome do Rei Carlos III: «Sua majestade ficou profundamente triste por ouvir as notícias, tendo conhecido Lady Airlie durante grande parte da sua vida e tendo apreciado muito a sua imensa devoção e serviço dedicado a sua falecida majestade ao longo de tantos anos», realçou. Recorde-se que a condessa manteve-se ao lado da Rainha Isabel II até à sua morte, em setembro de 2022.

Uma infância abastada

De acordo com o The New York Times, filha de John Barry Ryan Jr. e Margaret Kahn, Virginia nasceu em Londres em fevereiro de 1933, enquanto a sua mãe americana estava na cidade para uma visita. Cresceu no seio de uma família americana bastante rica.  Era neta do financista germano-americano Otto Kahn. Além disso, o seu bisavô havia fundado a New York Public Railroad e a Union Tobacco Company – uma empresa de transporte e tabaco dos EUA. De acordo com a mesma publicação, os seus pais eram bons amigos de Winston Churchill e, uma vez, emprestaram a sua casa em Newport ao político britânico Anthony Eden enquanto ele estava nos EUA para uma cirurgia.

Virginia cresceu entre Manhattan e Newport. A sua formação foi feita na Brearley School, em Manhattan, e na James Franklyn School of Professional Arts. Frequentemente, acompanhava a sua mãe em longas viagens até Londres.

Tal como era tradição entre as famílias mais abastadas, a jovem foi apresentada à sociedade em 1950, num baile no Waldorf Astoria, um hotel de luxo considerado o mais alto do mundo na altura. Aos 16 anos, conheceu o seu futuro marido e amor da sua vida – com quem esteve casada por mais de 70 anos –, David Ogilvy, o 13º Conde de Airlie.  O casal casou-se na Igreja de Santa Margarida, no terreno da Abadia de Westminster, com a presença de mil pessoas, em outubro de 1952. Nascido em 17 de maio de 1926, em Westminster, Ogilvy era o filho mais velho do 12º Conde de Airlie e da sua mulher, Lady Alexandra Marie Bridget Coke. David, que também era o chanceler da Ordem do Cardo, era um amigo muito próximo e de infância da Rainha Isabel II. Na verdade, a falecida Rainha, a Rainha Mãe e a Princesa Margaret estiveram todas presentes no casamento do casal, chamado pelo Telegraph de «um grande evento da sociedade» — tanto que apareceu em vários noticiário na altura.

O  casal mudou-se para Cortachy, a histórica propriedade da família, onde, segundo relatos, Virginia desenvolveu fortes laços com os moradores que viviam no local.«Ela toma chá com muitos deles e é uma menina muito doce», disse um morador local à Associated Press em 1952, citado pelo The New Yor Times.

No seio real

Após o casamento, David e Ginny tornaram-se figuras importantes na casa da falecida Rainha. Virginia tornou-se a sua dama de companhia em 1973: era uma espécie de melhor amiga oficial, acompanhava a monarca em viagens aos EUA,  ouvia as suas fofocas de maneira discreta, estava atenta às suas necessidades e desejos, etc. De acordo com jornal americano, Lady Ogilvy estava regularmente ao lado da Rainha e ficava frequentemente quieta à sua esquerda quando esta se sentava em cerimónias. Virginia estava em sintonia com a monarca numa linguagem de sinais muito subtil: se a Rainha mexia na sua aliança de casamento, por exemplo, significava que estava cansada de uma conversa e precisava de ajuda. Já o seu marido, David, tornou-se Lord Chamberlain, em 1984. Supervisionava os assuntos privados da Rainha.

Em maio de 2007, Virginia acompanhou a Rainha na sua viagem aos EUA para comemorar o 400º aniversário do primeiro assentamento americano da Inglaterra, em Jamestown, Virgínia. No dia 7 de maio de 2007, compareceu num banquete de Estado na Casa Branca, oferecido pelo Presidente George W. Bush e pela primeira-dama Laura Bush. Além disso, estava presente quando a Rainha recebeu o Presidente Donald Trump e a primeira-dama Melania Trump no Castelo de Windsor, em 2018. Quando Trump lhe estendeu a mão para cumprimentá-la, a condessa, na altura com 85 anos, agarrou-a com força, puxando-o para perto. O encontro acabou por viralizar na Grã-Bretanha.

Solidária e com bom gosto

Quando não estava ocupada com os seus deveres reais, a amiga da falecida Rainha administrava uma fazenda de flores no Castelo de Cortachy. Além destas ocupações, segundo os meios de comunicação internacionais, apoiou um esquema para o Comité de Defesa dos Refugiados fornecer férias a  sobreviventes de campos de concentração; serviu na Comissão Real de Belas Artes de 1975;  foi curadora da Tate, National Gallery em Londres e da Scottish National Gallery;  foi presidente do Museu Americano na Grã-Bretanha de 1997 a 2000 e presidente da filial local dos Institutos Escoceses de Mulheres.

Tal como o seu marido, era conhecida pelo seu «bom gosto e decoro». De acordo com o RoyalWatcher, um blog dedicado aos assuntos da realeza, em público,  usava a Tiara Airlie incrustada de pérolas e diamantes – uma joia criada para a avó do seu marido, Mabell, condessa de Airlie, que serviu como dama de companhia da avó paterna de Isabel II, a Rainha Mary. Mabell usou a Tiara num retrato, com uma base adicional, que pode ser usada como uma pulseira ou como uma tiara por si só, e também usou a peça numa apresentação de gala para o Presidente francês em 1939 , pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial.

Tal como ela, o seu marido permaneceu um membro ativo da sociedade até a sua morte, tendo estado no funeral da Rainha e na  coroação do Rei Carlos III em maio. Morreu no dia 26 de junho de 2023 e foi o último homem sobrevivente a comparecer a três coroações: uma em 1937, outra em 1953 e a última em 2023. O casal teve seis filhos, 14 netos e oito bisnetos.