O nome desta coluna de opinião, partilhada por um conjunto de patriotas, sensatos, conhecedores, experientes e extremamente preocupados com os destinos do país, assenta na premissa e na crença de que é na democracia que o desenvolvimento da sociedade encontrará soluções para as suas deficiências e para as ameaças que o tempo e as conjunturas, frequentemente, se encarregam de apresentar.
Num sistema democrático, de liberdade de expressão com diversidade de opinião e propostas, a qualidade da democracia depende muito da qualidade da alternativa na oposição.
Essa qualidade é tão mais relevante quanto mais fraca é a capacidade governativa. Uma oposição que apresente uma alternativa forte constitui uma apólice de segurança no futuro. Ao invés, uma alternativa fraca é responsável pela perpetuação de uma fraca governança. Escrevo esta nota introdutória a propósito de chamadas de atenção que me são feitas, pertencendo eu ao campo político social-democrata e meritocrata, por regularmente criticar a direção do PSD. Tenho estima pessoal pelas faces mais visíveis desta direção, Luís Montenegro e Hugo Soares, bem como por outros vice-presidentes, nomeadamente Miguel Pinto Luz e Paulo Rangel. Contudo, essa estima pessoal não me permite desfocar da sensatez da análise a que o mais alto interesse do país me obriga.
Luís Montenegro não tem as características, nem as capacidades, nem os conhecimentos para governar o país. O país inteiro sabe isso, e por isso o PSD não exalta enquanto alternativa. Não me parece justo, para o país, a insistência do líder do partido que, teoricamente, deveria constituir uma alternativa indiscutível, em se manter na liderança.
Montenegro coloca as suas ambições, desprovidas de sensatez e solidez, à frente dos interesses do país e do próprio partido. Ele que, por muito menos, tanto pediu a saída do anterior líder, deveria por uma questão de honra e autorrespeito dar o lugar a uma alternativa refrescada e nova, em vez de insistir na afirmação da candidatura ao próximo ciclo de liderança na sequência de uma, mais que certa, derrota nas europeias. A direção do PSD tem razão quando critica o modelo de governação do PS, mas tem uma enorme responsabilidade na incapacidade de apresentação de alternativa credível e galvanizadora, sendo por sobranceria e incapacidade, responsável pela credibilização e manutenção da má governação.
Se dúvidas ainda pudessem subsistir, a ausência da matéria, imprescindível aos grandes governantes e estadistas, e é desses que Portugal precisa, ficou bem patente na forma patética e infantil como Luís Montenegro classificou o Orçamento. Portugal precisa urgentemente de um PSD melhor, muito mais bem preparado. Numa organização política séria, rigorosa e verdadeiramente interessada no desenvolvimento do país, esses comentários seriam motivo suficiente para demissão.
Enquanto isso for normalizável, a esquerda governa e o simplismo do protesto cresce. Faz falta quem saiba fazer bem feito.
Professor de Gestão no ISCTE e CEO do Taguspark,
Subscritor do “Manifesto: Por Uma Democracia de Qualidade”