Eleições europeias. O que fazer com o voto?


A meses das eleições europeias, importa analisar o funesto “legado” da Comissão presidida por Ursula von der Leyen.


A resposta a esta pergunta aflige todos os que acreditam na Democracia e na possibilidade de influenciar, positivamente, pelo voto, o rumo da entidade ou organização para a qual se vota.

Outros, que votam para si mesmos e para os seus interesses mais pessoais, nos chefes que os comandam, orientam e, directa ou indirectamente, lhes pagam… terão resposta pronta para a mesma pergunta.

Aproximando-se a data das eleições europeias (no período de 6 a 9 de Junho de 2024) e na (habitual) ausência de debate público deste tipo de eleições, a Senhora Ursula von der Leyen vem dando mostras da sua “disponibilidade” para continuar frente da Comissão Europeia.

Embora enfrentando a “boa imprensa” de que a Sra. von der Leyen vem beneficiando, parece oportuno começar a desafiar os eleitores para analisarem o (funesto) “legado” da Comissão presidida por esta (simpática) médica alemã. Confesso que é difícil respeitar uma ordem “cronológica” quando a “lógica” dos eventos e as medidas a apreciar se ajustam “harmonicamente”.

– Em primeiro lugar, o fundamentalismo tremendista e apocalíptico (que serviu bem, aliás, para a sua eleição) sobre o “Dogma” de que as presentes Alterações Climáticas são da responsabilidade – primeira e quase exclusivamente – do Homem (e do tecido económico europeu). Desse “Dogma” resultou, logo no final de 2019 (escassos seis meses depois da sua nomeação pelo Conselho Europeu e aprovação pelo Parlamento Europeu), o Pacto Ecológico Europeu (European Green Deal) que se vem revelando panfletário, ineficiente e estupidamente inflexível:

– O estabelecimento de metas irrealistas e absurdas para atingir a descarbonização da economia europeia, “amanhã”! – sem acautelar as especificidades dos Estados Membros – enquanto os blocos concorrentes da Europa, não respeitando quaisquer limitações semelhantes, continuam a ganhar quotas de mercado nessa mesma Europa;

– A transformação da Europa num gigantesco “supermercado de serviços”, onde bens – alguns básicos – têm de ser importados, como foi o caso da ridícula indigência europeia de máscaras para a covid-19 e como irá ser a dos metais raros (chineses, russos e norte-americanos) indispensáveis à produção de baterias para a “incentivada” indústria europeia de automóveis eléctricos;

– O silêncio cúmplice e abúlico da União Europeia, nos meses que antecederam a “pré-anunciada” e conhecida (pelos serviços secretos das potencias ocidentais) invasão russa da Ucrânia, que os EUA parecem não ter tido qualquer interesse em travar. (i) Que aconteceria se meses antes da invasão, os EUA e a Europa tivessem colocado militares no interior das fronteiras da Ucrânia, usando exactamente o mesmo argumento de Putin, de “querer garantir uma zona tampão de segurança entre os dois blocos politico-militares”? Provavelmente hoje estar-se-ia a negociar – sem milhares de mortos e sem um País destruído – a saída ordeira e pacífica de ambas as partes, do território ucraniano; ii) Que teria acontecido se Kennedy tivesse esperado que os soviéticos montassem os seus mísseis em Cuba, em vez de impedir antecipadamente que tal acontecesse?

– A tardia – e por isso objectivamente inútil (por penalizar principalmente a Europa) – decisão de não importar gás russo, empurrando “deliberadamente” e a bom preço essa matéria-prima para os braços de uma China, já então carente de estímulos adicionais para a sua competitividade externa, enquanto a Europa fecha a destempo centrais térmicas e vai aumentando a factura das suas importações de combustíveis fósseis dos Estados Unidos;

– O quixotesco e idiota anúncio – há poucos dias e num Salão Automóvel Europeu onde os chineses se apresentaram em força – pela Presidente da Comissão Europeia, da “abertura de um inquérito para determinar se a indústria chinesa de automóveis eléctricos anda ou não a praticar dumping” (como se o dumping social e ambiental – pelo menos – não fosse crónico naquele País e do pleno conhecimento da Comissão Europeia, desde sempre), exactamente num momento em que a política e a economia norte-americanas “pedem” e agradecerão sanções europeias contra a China;

– A irresponsável política de não contenção dos enormes fluxos migratórios ilegais para a Europa, com base numa falsa ideia de “humanidade” e na certeza absoluta de que – nem hoje, nem jamais – os países da União Europeia serão capazes de receber, acomodar e integrar decentemente as centenas de milhares de imigrantes económicos que, em Bruxelas, são usados como arma de arremesso contra aqueles governos que, na EU, reclamam a necessidade de travar/racionalizar tais fluxos para níveis comportáveis, enquanto a opinião publicada e os amigos dos bastiões das “liberdades” (religiosas e outras) e da acumulação da riqueza, se recusam quer a receber imigrantes quer, sequer, a investir (sem roubar) nos países de origem dessas populações!

– Por fim, como episódio anedótico sobre a qualidade da actual Comissão Europeia e da sua Presidente, um exemplo que a imprensa europeia entendeu não dever “empolar” (ao contrário do que fez a tantos outros factos, realmente menores, que mereceram títulos de primeira página, durante dias e meses):

Em 1 de Setembro de 2022, Dolly, o pónei favorito da Sra. von der Leyen foi atacado e morto por um lobo. Em Janeiro de 2023 a Sra. Presidente ordenou aos serviços da Comissão Europeia a instauração de um “extenso” inquérito aos relatos “crescentes” de ataques de lobos ao gado, na Europa.

Aquilo que as organizações nacionais e europeias de agricultores vinham solicitando, há anos (!), sem qualquer eco ou resultado, passou a constituir prioridade da Comissão Europeia… quando o pónei da sua Presidente foi morto.

(Algo que se poderia ter passado em Portugal ou na Coreia do Norte…).

Sem mais comentários.

Aguardemos, pois, o posicionamento dos Partidos portugueses sobre o que debater e explicar antes da votação nas próximas eleições europeias.

 

Antigo secretário de Estado das Florestas  

Eleições europeias. O que fazer com o voto?


A meses das eleições europeias, importa analisar o funesto “legado” da Comissão presidida por Ursula von der Leyen.


A resposta a esta pergunta aflige todos os que acreditam na Democracia e na possibilidade de influenciar, positivamente, pelo voto, o rumo da entidade ou organização para a qual se vota.

Outros, que votam para si mesmos e para os seus interesses mais pessoais, nos chefes que os comandam, orientam e, directa ou indirectamente, lhes pagam… terão resposta pronta para a mesma pergunta.

Aproximando-se a data das eleições europeias (no período de 6 a 9 de Junho de 2024) e na (habitual) ausência de debate público deste tipo de eleições, a Senhora Ursula von der Leyen vem dando mostras da sua “disponibilidade” para continuar frente da Comissão Europeia.

Embora enfrentando a “boa imprensa” de que a Sra. von der Leyen vem beneficiando, parece oportuno começar a desafiar os eleitores para analisarem o (funesto) “legado” da Comissão presidida por esta (simpática) médica alemã. Confesso que é difícil respeitar uma ordem “cronológica” quando a “lógica” dos eventos e as medidas a apreciar se ajustam “harmonicamente”.

– Em primeiro lugar, o fundamentalismo tremendista e apocalíptico (que serviu bem, aliás, para a sua eleição) sobre o “Dogma” de que as presentes Alterações Climáticas são da responsabilidade – primeira e quase exclusivamente – do Homem (e do tecido económico europeu). Desse “Dogma” resultou, logo no final de 2019 (escassos seis meses depois da sua nomeação pelo Conselho Europeu e aprovação pelo Parlamento Europeu), o Pacto Ecológico Europeu (European Green Deal) que se vem revelando panfletário, ineficiente e estupidamente inflexível:

– O estabelecimento de metas irrealistas e absurdas para atingir a descarbonização da economia europeia, “amanhã”! – sem acautelar as especificidades dos Estados Membros – enquanto os blocos concorrentes da Europa, não respeitando quaisquer limitações semelhantes, continuam a ganhar quotas de mercado nessa mesma Europa;

– A transformação da Europa num gigantesco “supermercado de serviços”, onde bens – alguns básicos – têm de ser importados, como foi o caso da ridícula indigência europeia de máscaras para a covid-19 e como irá ser a dos metais raros (chineses, russos e norte-americanos) indispensáveis à produção de baterias para a “incentivada” indústria europeia de automóveis eléctricos;

– O silêncio cúmplice e abúlico da União Europeia, nos meses que antecederam a “pré-anunciada” e conhecida (pelos serviços secretos das potencias ocidentais) invasão russa da Ucrânia, que os EUA parecem não ter tido qualquer interesse em travar. (i) Que aconteceria se meses antes da invasão, os EUA e a Europa tivessem colocado militares no interior das fronteiras da Ucrânia, usando exactamente o mesmo argumento de Putin, de “querer garantir uma zona tampão de segurança entre os dois blocos politico-militares”? Provavelmente hoje estar-se-ia a negociar – sem milhares de mortos e sem um País destruído – a saída ordeira e pacífica de ambas as partes, do território ucraniano; ii) Que teria acontecido se Kennedy tivesse esperado que os soviéticos montassem os seus mísseis em Cuba, em vez de impedir antecipadamente que tal acontecesse?

– A tardia – e por isso objectivamente inútil (por penalizar principalmente a Europa) – decisão de não importar gás russo, empurrando “deliberadamente” e a bom preço essa matéria-prima para os braços de uma China, já então carente de estímulos adicionais para a sua competitividade externa, enquanto a Europa fecha a destempo centrais térmicas e vai aumentando a factura das suas importações de combustíveis fósseis dos Estados Unidos;

– O quixotesco e idiota anúncio – há poucos dias e num Salão Automóvel Europeu onde os chineses se apresentaram em força – pela Presidente da Comissão Europeia, da “abertura de um inquérito para determinar se a indústria chinesa de automóveis eléctricos anda ou não a praticar dumping” (como se o dumping social e ambiental – pelo menos – não fosse crónico naquele País e do pleno conhecimento da Comissão Europeia, desde sempre), exactamente num momento em que a política e a economia norte-americanas “pedem” e agradecerão sanções europeias contra a China;

– A irresponsável política de não contenção dos enormes fluxos migratórios ilegais para a Europa, com base numa falsa ideia de “humanidade” e na certeza absoluta de que – nem hoje, nem jamais – os países da União Europeia serão capazes de receber, acomodar e integrar decentemente as centenas de milhares de imigrantes económicos que, em Bruxelas, são usados como arma de arremesso contra aqueles governos que, na EU, reclamam a necessidade de travar/racionalizar tais fluxos para níveis comportáveis, enquanto a opinião publicada e os amigos dos bastiões das “liberdades” (religiosas e outras) e da acumulação da riqueza, se recusam quer a receber imigrantes quer, sequer, a investir (sem roubar) nos países de origem dessas populações!

– Por fim, como episódio anedótico sobre a qualidade da actual Comissão Europeia e da sua Presidente, um exemplo que a imprensa europeia entendeu não dever “empolar” (ao contrário do que fez a tantos outros factos, realmente menores, que mereceram títulos de primeira página, durante dias e meses):

Em 1 de Setembro de 2022, Dolly, o pónei favorito da Sra. von der Leyen foi atacado e morto por um lobo. Em Janeiro de 2023 a Sra. Presidente ordenou aos serviços da Comissão Europeia a instauração de um “extenso” inquérito aos relatos “crescentes” de ataques de lobos ao gado, na Europa.

Aquilo que as organizações nacionais e europeias de agricultores vinham solicitando, há anos (!), sem qualquer eco ou resultado, passou a constituir prioridade da Comissão Europeia… quando o pónei da sua Presidente foi morto.

(Algo que se poderia ter passado em Portugal ou na Coreia do Norte…).

Sem mais comentários.

Aguardemos, pois, o posicionamento dos Partidos portugueses sobre o que debater e explicar antes da votação nas próximas eleições europeias.

 

Antigo secretário de Estado das Florestas