por João Sena
A seleção portuguesa está presente pela segunda vez num mundial de râguebi, e quer deixar marcas. Os Lobos estão no grupo C e têm como adversários País de Gales, Austrália, Geórgia e Fiji, seleções que estão à frente de Portugal (16.º) no ranking da World Rubgy. A seleção fijiana é a melhor colocada (no 7.º lugar), os australianos, que já foram campeões do mundo duas vezes, estão em 9.º, seguidos pelo País de Gales (10.º) e pela Geórgia (11.º), mas isso não assusta a equipa treinada por Patrice Lagisquet. Na primeira conferência de imprensa realizada em França, foi claro: «Quero que a seleção portuguesa seja uma equipa apaixonante, que leve as pessoas a apoiar porque gostam da forma como eles jogam, como se empenham e conseguem criar coisas incríveis durante um jogo. Tenho a certeza que têm capacidade para o fazer». O selecionador acrescentou: «Para jogarmos de forma conservadora teríamos de ter uma equipa muito poderosa e de estar habituados a fazer isso. Mas esse não é o nosso ADN, não é a forma como jogámos nos últimos quatro anos. É um pouco tarde para mudarmos a nossa estratégia».
O capitão da seleção, Tomás Appleton, confirmou as palavras do técnico. «A equipa quer jogar um râguebi que apaixone as pessoas e que seja competitivo contra qualquer seleção, independentemente do lugar que ocupe no ranking». Para já, o foco está no jogo de estreia frente ao País de Gales: «Nesse jogo temos de jogar o nosso melhor râguebi e mostrar ao mundo o que temos cá dentro».
Portugal defronta o País de Gales no dia 16 de setembro (16h45), o segundo jogo é frente à Geórgia, a 23 de setembro (13h00), segue-se a Austrália, a 1 de outubro (16h45) e Fiji, 8 de outubro (20h00). A seleção nacional vai ter bastante apoio em França. Os bilhetes para os quatro jogos da fase de grupos esgotaram mesmo antes de Portugal garantir o apuramento no torneio de repescagem, onde empatou com os Estados Unidos.
Quatro favoritos
A 10.ª edição do Campeonato do Mundo vai ter o kick off hoje, às 20h15, com o França-Nova Zelândia, e vai ser disputado por 20 equipas, divididas em quatro grupos. As duas primeiras classificadas seguem para os quartos de final, meias finais e final. Os três primeiros de cada grupo classificam-se, automaticamente, para o próximo Mundial, que se realizará na Austrália em 2027.
Vai ser uma competição especial porque assinala o 200.º aniversário da ‘invenção’ desta modalidade por William Webb Ellis.
Há quatro países extremamente fortes que reúnem favoritismo: a África do Sul, atual campeã mundial, os All Blacks da Nova Zelândia, a França, que joga em casa, e a Irlanda, vencedora do Torneio das Seis Nações. Estas seleções têm demonstrado que estão um nível acima das demais, com râguebi muito dinâmico e de risco e contam com uma equipa de excelente nível. Depois, há um segundo grupo onde aparecem a Austrália, Escócia, Argentina, País de Gales e Inglaterra que podem causar grande surpresa. Nova Zelândia e África do Sul são as seleções com mais títulos (3), segue-se a Austrália (2) e Inglaterra (1), que é o único campeão do mundo do Hemisfério Norte. Os franceses já estiveram em duas finais, mas perderam frente à Austrália e Nova Zelândia. O campeão do mundo levanta a taça Webb Ellis, em homenagem a William Webb Ellis, considerado o criador do râguebi moderno. Em novembro de 1823, o gesto disruptivo de Webb Ellis, que numa partida de futebol agarrou a bola com as mãos e só parou depois de marcar um golo ao adversário, esteve na origem de um novo jogo: o râguebi.
O troféu é feito em prata e folheado a ouro, mede 38 centímetros de altura e apresenta um desenho particular: as duas alças que permitem levantá-lo para a fotografia eterna têm a cabeça de um sátiro e a cabeça de uma ninfa. Na base está o nome dos vencedores de todas as edições.
Esta competição tem grande impacto em todo o mundo, só fica atrás dos Jogos Olímpicos de verão e do Mundial de futebol. As previsões apontam para que mais de 900 milhões de espetadores acompanhem o Mundial de França. Uma audiência três vezes superior à registada em 1987, quando o râguebi vivia tempo de amadorismo, e a Nova Zelândia e a Austrália organizaram um torneio que foi visto em todo o mundo por ‘apenas’ 300 milhões de pessoas. Os organizadores esperam a visita de mais de 600 mil estrangeiros para ver as 48 partidas do Mundial, que se jogam em nove estádios, com a final a ser disputada a 28 de outubro, no Stade de France, em Paris.