Ucrânia. Continua a guerra dos drones

Ucrânia. Continua a guerra dos drones


A guerra pelo ar continua a provocar vítimas civis. A visita do secretário de Estado norte-americano trouxe uma injeção de confiança e de dinheiro aos ucranianos. 


por João Sena

A visita e, sobretudo, as declarações do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, foram uma injeção de moral e confiança para os ucranianos. Blinken afirmou que Washington está «orgulhoso por apoiar os esforços da Ucrânia para enfrentar a agressão russa enquanto se organiza». O secretário de Estado visitou uma escola de Yahidne, onde as tropas russas mantiveram em cativeiro dezenas de pessoas, incluindo crianças e idosos. «Este é apenas um edifício, mas é uma história que vimos repetidamente», disse Blinken. Na sua quarta visita à Ucrânia desde o início da invasão russa, o secretário de Estado anunciou  um novo pacote de mil milhões de dólares em ajuda destinada a apoiar a contraofensiva ucraniana.

Estas declarações  vêm no seguimento de mais uma semana de ataques com veículos aéreos não tripulados (drones) com consequências desastrosas como foi o caso do bombardeamento russo ao mercado de Kostyantynivka, na região de Donetsk, que matou pelo menos 16 pessoas, incluindo uma criança, e feriu dezenas. A União Europeia (UE) já classificou esse ataque a um mercado normal, compostos por lojas e uma farmácia, como «horrendo e bárbaro», e pediu a Moscovo para «parar imediatamente com esta agressão ilegal e desumana». Os ataques russos não ficaram por aqui, e os oito drones Shahed, fabricados pelo Irão, causaram grande destruição numa infraestrutura portuária em Odessa. Do lado russo, o Ministério da Defesa russo afirmou ter abatido na madrugada de quinta-feira três drones ucranianos que tentavam atacar Moscovo e a região de Rostov. Os bombardeamentos russos já provocaram danos colaterais com alguns destroços de drones a caírem em território romeno, o que provocou uma reação enérgica do Presidente Klaus Iohannis, que considerou o incidente «inaceitável e extremamente grave». O secretário geral da NATO, Jens Stoltenberg, veio a público aliviar a tensão ao afirmar que não há indicação de que os destroços tenham sido causados por um ataque deliberado da Rússia à Roménia.

Na frente de combate, as tropas ucranianas, apoiadas por uma forte artilharia, têm registado avanços. Não são espetaculares como Kiev desejaria, mas o facto de haver pequenas conquistas todos os dias e noites acaba por ter impacto. É na região de Zaporizhia que se têm registado os combates mais intensos, com os russos a sentirem dificuldades no terreno. Em algumas zonas as tropas ucranianas já ultrapassaram a primeira linha de defesa russa e a segunda parece ser mais frágil. «A contraofensiva tem vindo a ganhar terreno de forma gradual nas últimas semanas», disse o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg. Os EUA avisaram que planeiam entregar a Kiev munições de urânio empobrecido. «É uma má notícia», comentou o Kremlin. «Os americanos são responsáveis pelo que acontecer».