BCE não dá tréguas

BCE não dá tréguas


Prestações podem subir mais de 100 euros em junho, consoante o valor do imóvel e o prazo a pagar pelo empréstimo.


Já era esperado e não causou surpresas no mercado. O Banco Central Europeu voltou a subir as taxas de juros em 0,25% e promete não ficar por aqui. Trata-se da oitava subida conseguida consecutiva e a explicação mantém-se face às anteriores: «A inflação tem vindo a descer, mas as projeções indicam que permanecerá demasiado elevada durante demasiado tempo. O Conselho do BCE está empenhado em assegurar o retorno atempado da inflação ao seu objetivo de médio prazo de 2%», revelou a entidade liderada por Christine Lagarde. 

E a pensar nesse cenário, o BCEprepara-se para voltar a subir as taxas de juro já no próximo mês de julho. «É muito provável continuar a aumentar as taxas em julho», afirmou a responsável, referindo que «a menos que haja uma mudança significativa no cenário base», recusando a ideia de que o banco central irá fazer uma pausa na subida dos juros. E não hesita: «Estamos dispostos a ajustar todos os instrumentos que fazem parte do nosso mandato para garantir o regresso ao objetivo e preservar o bom funcionamento do sistema de política monetária», garantiu.

Esta nova subida dos juros irá ter um impacto nas taxas Euribor, que também subirão, o que tornará o crédito mais caro, aumentando por exemplo o valor das prestações mensais das hipotecas. Uma situação que também terá reflexos em quem está a pensar em pedir um empréstimo.

De acordo com as simulações feitas para o Nascer do SOL pela plataforma ComparaJá.pt, para um imóvel avaliado no valor de 125 mil euros a pagar em 33 anos, se a prestação no início do ano fixava-se em 519,93 euros (com uma taxa de juro média de 3,32%), em abril já subiu para 556,79 euros (com uma taxa média de juro de 3,97%) e em junho irá subir para 585,36 euros devido ao aumento da taxa de juro. Isto é, representa uma subida de 28,57 euros face a abril, mas mais 65,43 euros face ao início do ano. 

Já para um imóvel de 186 mil euros, a pagar no mesmo prazo (33 anos), se em janeiro pagava 773,65 euros, a prestação subiu para 843,38 euros em abril. Com este aumento dos juros irá pagar em junho uma prestação de 871,01 euros. Ou seja, um aumento de 27,63 euros em relação a abril e uma subida 97,36 euros em relação a janeiro.
O cenário repete-se para uma casa de 257 mil euros também a pagar a 33 anos. A prestação que em janeiro era de 1.143,84 euros subiu para 1.246,93 euros em abril deste ano. E com esta subida de 0,25%, irá pagar em junho uma prestação mensal de 1.287,79 euros. Feitas as contas, mais 144,25 face a janeiro e um aumento de mais de 40 euros em relação a abril.

Esta decisão do BCE surge um dia depois de a Reserva Federal norte-americana ter decidido manter inalterado o intervalo de taxa de juro de referência, o BCE voltou hoje a subir as taxas de juro diretoras em 25 pontos base, tendo a taxa de juro das principais operações de refinanciamento subido para 4%, a taxa de facilidade de depósito passado para 3,50% e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez aumentado para 4,25%, com efeitos a partir de 21 de junho.

O BCE revelou-se ligeiramente mais pessimista para este ano e o próximo: projeta agora que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 0,9% em 2023, 1,5% em 2024 e 1,6% em 2025, contra um crescimento de 1% este ano e de 1,6% em 2024 e 2025 previsto anteriormente. Está também ligeiramente mais pessimista sobre a inflação, prevendo uma taxa média de 5,4% em 2023, 3% em 2024 e 2,2% em 2025, o que compara com a anterior projeção de 5,3% em 2023, de 2,9% em 2024 e de 2,1% em 2025.