A decadência das discotecas


É cada vez mais notória a forma como ao longo dos anos se foi transformando o gosto das pessoas no que ao entretenimento noturno diz respeito. Se há 30 ou 40 anos a noite era mais elitista e exclusiva, a que nem toda a gente tinha acesso mas todos ambicionavam ir, a democratização desse espaço…


É cada vez mais notória a forma como ao longo dos anos se foi transformando o gosto das pessoas no que ao entretenimento noturno diz respeito. Se há 30 ou 40 anos a noite era mais elitista e exclusiva, a que nem toda a gente tinha acesso mas todos ambicionavam ir, a democratização desse espaço onde todos puderam começar a entrar acabou por matar alguns dos sonhos, da magia e dos segredos que a tornavam tão especial. A isso juntou-se um mundo que anda cada vez mais rápido, com uma capacidade de mutação e de alteração de hábitos impressionante e onde a comunicação se espalha em segundos um pouco por toda a parte. Isto acaba por tornar as motivações e a satisfação das nossas necessidades num espaço temporal cada vez mais efémero e instantâneo. Vive-se cada vez mais o momento, fartamo-nos de tudo com uma velocidade incrível e temos vontade de experimentar coisas novas permanentemente, o que acaba por tornar o antigo conceito de discoteca como algo rotineiro e que a menos que traga originalidade e grandes produções ou artistas de referência se esgota com relativa facilidade.

Mas há também duas dimensões na evolução das grandes cidades que trazem complicações para este tipo de “casas”. Primeiro, a preocupação cada vez maior em não perturbar as pessoas sejam turistas ou residentes, e é por isso cada vez mais complicado licenciar espaços até altas horas e com exigências cada vez mais difíceis em termos de insonorização mas que nunca resolvem o problema maior que é o barulho que se faz na rua e nos acessos. É por isso cada vez mais frequente vermos cidades a definirem uma área própria para a actividade noturna, longe dos residentes. A segunda dimensão prende-se com o valor do m2 e com a rentabilização desse valor por hora de funcionamento. É muito pouco atraente ter grandes áreas que provocam valores de arrendamento absurdos para serem rentabilizados apenas 4 ou 5 horas durante 3 dias da semana. Faz cada vez menos sentido ter um sítio a maior parte da semana fechado a pagar grandes valores de renda, sem soluções que aproveitem o restante horário.

Como disse no início, as pessoas tornaram-se cada vez mais exigentes e tudo lhes soa a monotonia. O que a juntar à tal dificuldade de rentabilização horária trouxe para o mercado uma oportunidade, aproveitada pelos produtores de festas que optam cada vez mais por fazerem as suas, sempre em locais diferentes, onde só pagam pelas horas ou dia que usam e que acabam sempre por ter uma maior capacidade de surpreender, de despertar interesse ou de suscitar curiosidade. A noite é magia, é misteriosa e aventureira e com tanta oferta que existe, tem que nos prometer algo que nos faça escolher uma em detrimento de todas as outras. Isto acaba por tornar ainda mais difícil o trabalho de quem tem sempre o mesmo espaço, com elevados custos de manutenção e de pessoal e com esta necessidade permanente em se reinventar.

É assim natural que surjam cada vez mais festas em locais novos, frescos e surpreendentes mas também que apareçam novas ideias que procurem rentabilizar os espaços no máximo de horas por semana e que se traduzem numa mescla de várias ofertas que vão desde a noite em si mas que passam pela restauração e os eventos corporativos. Isso a juntar à vontade das pessoas em sair cada vez mais cedo, à dificuldade em levar o carro para não serem apanhados a conduzir com álcool, o que torna mais prático jantar e ficar a beber um copo no mesmo sítio. Condimentos que fazem das discotecas um produto cada vez menos atraente, para o cliente e para os proprietários do negócio.

A decadência das discotecas


É cada vez mais notória a forma como ao longo dos anos se foi transformando o gosto das pessoas no que ao entretenimento noturno diz respeito. Se há 30 ou 40 anos a noite era mais elitista e exclusiva, a que nem toda a gente tinha acesso mas todos ambicionavam ir, a democratização desse espaço…


É cada vez mais notória a forma como ao longo dos anos se foi transformando o gosto das pessoas no que ao entretenimento noturno diz respeito. Se há 30 ou 40 anos a noite era mais elitista e exclusiva, a que nem toda a gente tinha acesso mas todos ambicionavam ir, a democratização desse espaço onde todos puderam começar a entrar acabou por matar alguns dos sonhos, da magia e dos segredos que a tornavam tão especial. A isso juntou-se um mundo que anda cada vez mais rápido, com uma capacidade de mutação e de alteração de hábitos impressionante e onde a comunicação se espalha em segundos um pouco por toda a parte. Isto acaba por tornar as motivações e a satisfação das nossas necessidades num espaço temporal cada vez mais efémero e instantâneo. Vive-se cada vez mais o momento, fartamo-nos de tudo com uma velocidade incrível e temos vontade de experimentar coisas novas permanentemente, o que acaba por tornar o antigo conceito de discoteca como algo rotineiro e que a menos que traga originalidade e grandes produções ou artistas de referência se esgota com relativa facilidade.

Mas há também duas dimensões na evolução das grandes cidades que trazem complicações para este tipo de “casas”. Primeiro, a preocupação cada vez maior em não perturbar as pessoas sejam turistas ou residentes, e é por isso cada vez mais complicado licenciar espaços até altas horas e com exigências cada vez mais difíceis em termos de insonorização mas que nunca resolvem o problema maior que é o barulho que se faz na rua e nos acessos. É por isso cada vez mais frequente vermos cidades a definirem uma área própria para a actividade noturna, longe dos residentes. A segunda dimensão prende-se com o valor do m2 e com a rentabilização desse valor por hora de funcionamento. É muito pouco atraente ter grandes áreas que provocam valores de arrendamento absurdos para serem rentabilizados apenas 4 ou 5 horas durante 3 dias da semana. Faz cada vez menos sentido ter um sítio a maior parte da semana fechado a pagar grandes valores de renda, sem soluções que aproveitem o restante horário.

Como disse no início, as pessoas tornaram-se cada vez mais exigentes e tudo lhes soa a monotonia. O que a juntar à tal dificuldade de rentabilização horária trouxe para o mercado uma oportunidade, aproveitada pelos produtores de festas que optam cada vez mais por fazerem as suas, sempre em locais diferentes, onde só pagam pelas horas ou dia que usam e que acabam sempre por ter uma maior capacidade de surpreender, de despertar interesse ou de suscitar curiosidade. A noite é magia, é misteriosa e aventureira e com tanta oferta que existe, tem que nos prometer algo que nos faça escolher uma em detrimento de todas as outras. Isto acaba por tornar ainda mais difícil o trabalho de quem tem sempre o mesmo espaço, com elevados custos de manutenção e de pessoal e com esta necessidade permanente em se reinventar.

É assim natural que surjam cada vez mais festas em locais novos, frescos e surpreendentes mas também que apareçam novas ideias que procurem rentabilizar os espaços no máximo de horas por semana e que se traduzem numa mescla de várias ofertas que vão desde a noite em si mas que passam pela restauração e os eventos corporativos. Isso a juntar à vontade das pessoas em sair cada vez mais cedo, à dificuldade em levar o carro para não serem apanhados a conduzir com álcool, o que torna mais prático jantar e ficar a beber um copo no mesmo sítio. Condimentos que fazem das discotecas um produto cada vez menos atraente, para o cliente e para os proprietários do negócio.