PRR – Escrito nas estrelas


A dispersão de meios pode ter a sua utilidade, mas não serve para fazer a grande mudança que considero Portugal precisa: eliminar a ignorância e a pobreza ainda existente na nossa sociedade e fazer crescer a economia para tornar possível essa transformação, o que não é apenas uma questão de dinheiro, mas de educação e…


Os fundos comunitários de mais de cento e quarenta mil milhões de euros que Portugal recebeu ao longo dos últimos quarenta anos, taparam muitos buracos na sociedade portuguesa mas não alteraram suficientemente o modelo de produção da economia e está escrito nas estrelas que o actual Plano de Recuperação e de Resiliência (PRR) não será diferente e pelas mesmas razões: ausência de foco. Ou seja, o dinheiro é distribuído em todas as direcções, mas em nenhuma delas na quantidade suficiente para fazer a diferença. Por exemplo, leio que a requalificação da Unidade de Saúde de Taveiro receberá 718.000 euros e pergunto-me qual o seu efeito no conjunto do País e na vida dos portugueses, ou porque não está isso previsto no Orçamento do Estado.

Quando há muitos anos fiz o serviço militar aprendi que havia uma munição a que chamavam de carga oca, a qual direcionava toda a sua energia para um único ponto afim de perfurar a blindagem dos tanques. Pela mesma época, aprendi que a geração dos reis portugueses, entre D. João I e D. João II, teve a sabedoria de dirigir as principais energias dos portugueses para a expansão marítima com o sucesso conhecido.  Ou seja, aprendi que a dispersão de meios pode ter a sua utilidade, mas não serve para fazer a grande mudança que considero Portugal precisa: eliminar a ignorância e a pobreza ainda existente na nossa sociedade e fazer crescer a economia para tornar possível essa transformação, o que não é apenas uma questão de dinheiro, mas de educação e de produtividade.

Foram estas as razões porque perante o texto inicial do actual ministro da Economia que deu origem ao PRR, escrito que atirava em todos as direcções, decidi escrever um texto  “Estratégia de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030”, onde se propõe gastar todo o dinheiro do PRR apenas na Educação e na Industrialização, texto que foi publicado no Observador – que ali pode ser lido – e onde se explicam as razões para uma decisão desta importância.

A primeira razão resulta de quase metade da sociedade portuguesa viver na ignorância e na pobreza e que essas duas condições se reproduzem na família, pelo que a solução mais rápida será um programa nacional para as creches e para o pré-escolar que retire essas crianças de casa durante o máximo de horas do dia para num meio físico de luxo, com educadores de qualidade, alimentação e transporte, possam chegar ao ensino obrigatório aos sete anos em condições pelos menos semelhantes às crianças de maiores recursos. Crianças que têm livros em casa, a quem os pais levam ao teatro e ao cinema, à natação, à música e a todas aquelas actividades que no mundo moderno estão disponíveis para a formação das nossas crianças, de forma a que mais tarde não queiram-se pobres.

Em complemento, o investimento na industrialização, de preferência de grandes empresas com mercados externos, permite criar os empregos melhor remunerados que absorvam uma grande parte dos recursos humanos com baixas qualificações e mal pagos, que sustentam hoje mais de 90% das empresas portuguesas muito pequenas, a maioria comerciais, que vivem nas margens da sobrevivência, além de causadoras da baixa produtividade nacional. As excepções que também existem não chegam para alterar a regra. 

 

Empresário

PRR – Escrito nas estrelas


A dispersão de meios pode ter a sua utilidade, mas não serve para fazer a grande mudança que considero Portugal precisa: eliminar a ignorância e a pobreza ainda existente na nossa sociedade e fazer crescer a economia para tornar possível essa transformação, o que não é apenas uma questão de dinheiro, mas de educação e…


Os fundos comunitários de mais de cento e quarenta mil milhões de euros que Portugal recebeu ao longo dos últimos quarenta anos, taparam muitos buracos na sociedade portuguesa mas não alteraram suficientemente o modelo de produção da economia e está escrito nas estrelas que o actual Plano de Recuperação e de Resiliência (PRR) não será diferente e pelas mesmas razões: ausência de foco. Ou seja, o dinheiro é distribuído em todas as direcções, mas em nenhuma delas na quantidade suficiente para fazer a diferença. Por exemplo, leio que a requalificação da Unidade de Saúde de Taveiro receberá 718.000 euros e pergunto-me qual o seu efeito no conjunto do País e na vida dos portugueses, ou porque não está isso previsto no Orçamento do Estado.

Quando há muitos anos fiz o serviço militar aprendi que havia uma munição a que chamavam de carga oca, a qual direcionava toda a sua energia para um único ponto afim de perfurar a blindagem dos tanques. Pela mesma época, aprendi que a geração dos reis portugueses, entre D. João I e D. João II, teve a sabedoria de dirigir as principais energias dos portugueses para a expansão marítima com o sucesso conhecido.  Ou seja, aprendi que a dispersão de meios pode ter a sua utilidade, mas não serve para fazer a grande mudança que considero Portugal precisa: eliminar a ignorância e a pobreza ainda existente na nossa sociedade e fazer crescer a economia para tornar possível essa transformação, o que não é apenas uma questão de dinheiro, mas de educação e de produtividade.

Foram estas as razões porque perante o texto inicial do actual ministro da Economia que deu origem ao PRR, escrito que atirava em todos as direcções, decidi escrever um texto  “Estratégia de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030”, onde se propõe gastar todo o dinheiro do PRR apenas na Educação e na Industrialização, texto que foi publicado no Observador – que ali pode ser lido – e onde se explicam as razões para uma decisão desta importância.

A primeira razão resulta de quase metade da sociedade portuguesa viver na ignorância e na pobreza e que essas duas condições se reproduzem na família, pelo que a solução mais rápida será um programa nacional para as creches e para o pré-escolar que retire essas crianças de casa durante o máximo de horas do dia para num meio físico de luxo, com educadores de qualidade, alimentação e transporte, possam chegar ao ensino obrigatório aos sete anos em condições pelos menos semelhantes às crianças de maiores recursos. Crianças que têm livros em casa, a quem os pais levam ao teatro e ao cinema, à natação, à música e a todas aquelas actividades que no mundo moderno estão disponíveis para a formação das nossas crianças, de forma a que mais tarde não queiram-se pobres.

Em complemento, o investimento na industrialização, de preferência de grandes empresas com mercados externos, permite criar os empregos melhor remunerados que absorvam uma grande parte dos recursos humanos com baixas qualificações e mal pagos, que sustentam hoje mais de 90% das empresas portuguesas muito pequenas, a maioria comerciais, que vivem nas margens da sobrevivência, além de causadoras da baixa produtividade nacional. As excepções que também existem não chegam para alterar a regra. 

 

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