IRS. Quer Poupar? Saiba onde aplicar o reembolso

IRS. Quer Poupar? Saiba onde aplicar o reembolso


A inflação e o aumento do custo de vida têm baralhado as contas dos portugueses. Mas há quem queira aproveitar o reembolso do IRS para cumprir a difícil tarefa de poupar. Tanto esses como quem ainda não entregou a declaração de rendimentos poderá começar já a planear onde investir esse dinheiro extra. Quem optou ou…


Depósitos a prazo

e a simplicidade é uma das vantagens, a taxa de remuneração oferecida torna este produto financeiro menos atrativo. O Banco Central Europeu tem vindo a subir as taxas de juro, mas pouco se tem refletido nas remunerações oferecidas pelas instituições financeiras. Ainda assim, alguns bancos têm vindo a acenar com com taxas na ordem dos 2%, mas mediante algumas condições, nomeadamente a domiciliação de ordenado, cartão de crédito, seguro, etc. É o chamado cross-selling.

De acordo com a Deco, “tipicamente, os depósitos a prazo até 12 meses, que podem ser mobilizados antecipadamente, são a melhor opção para esta primeira fase da poupança. Embora as rentabilidades atuais não sejam particularmente atrativas, o capital está garantido e a liquidez é imediata. Tenha, porém, em atenção a ficha de informação normalizada do depósito, para confirmar se pode levantar o dinheiro antes do fim do prazo, em caso de necessidade”.

Mas se é certo que não existe nenhuma aplicação financeira que esteja 100% isenta de risco, também é verdade que há aplicações que comportam um risco maior do que outras.

Se analisarmos a escala de risco dos vários produtos financeiros disponíveis para os aforradores e investidores, os depósitos estão entre as aplicações mais seguras e, no pior cenário e se o banco um dia falir, os clientes podem recorrer ao Fundo de Garantia de Depósitos até 100 mil euros por banco e por titular.  

Certificados de aforro e CTPC

A perda de atratividade dos depósitos a prazo está a levar os aforradores portugueses a olharem cada vez mais nos Certificados de Aforro, numa altura em que a taxa de remuneração está nos 3,5%. A subscrição deste produto de poupança aumentou 14% em março quando comparada com o mês anterior. Feitas as contas, por cada dia útil, foram colocados 160 milhões de euros neste produto de dívida pública. O stock aumentou 3.549 milhões de euros em março, mais 14,1% face a fevereiro, contabilizando no final do mês passado 28,6 mil milhões de euros.

Outra hipótese são os Certificados do Tesouro Poupança Valor (CTPV), que oferecem uma remuneração mais baixa, e um prémio que vem mais tarde: paga 0,7% nos dois primeiros anos, a taxa sobe para 0,8%, 0,9% e 1% nos anos seguintes, sendo que no sexto e sétimo ano os títulos oferecem uma remuneração de 1,3% e 1,6%. Ou seja, é preciso manter a subscrição até ao final para assegurar as taxas maiores. Em março registaram uma queda de 4,5% em março, fechando o mês com 13,4 mil milhões de euros aplicados, o valor mais baixo desde maio do 2017. Há 17 meses consecutivos que o stock de Certificados do Tesouro está a minguar.

Obrigações do Tesouro

Até há bem pouco tempo, adquirir Obrigações do Tesouro (OT) era um bom negócio, já que era uma das formas mais rentáveis de aplicar as poupanças a médio ou longo prazo com capital garantido. As OT ganharam uma nova vida quando, em 2016, o Estado lançou as Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV) – o novo produto de dívida do Estado. Este produto inverteu a tendência de desinvestimento que as famílias portuguesas vinham fazendo em títulos de dívida.

Em relação ao risco é semelhante à dos certificados, ou seja, só há risco de perder capital se o Estado entrar em incumprimento.

Plano Poupança Reforma

A principal vantagem de investir em PPR era o benefício fiscal que proporcionavam, pois permitiam deduzir 20% das entregas anuais, até um limite de 300 a 400 euros, consoante a idade, no primeiro escalão. Desde 2015, as regras mudaram: os limites são em função da idade (400 euros até aos 35 anos, 350 euros entre os 35 e os 50 anos ou 300 euros para quem tenha mais de 50 anos), conjugados com os limites das deduções totais à coleta. A maioria dos PPR tem capital garantido: o perfil de risco é moderado. Para a Deco, quem está a menos de dez anos da reforma não deve aplicar mais dinheiro para poder resgatar aos 60 sem problemas. Já quem tem entre os 40 e os 55 anos pode continuar a investir – e alguns PPR têm juros mais elevados que os depósitos. O Estado tem um produto próprio, conhecido como o PPR do Estado. Dá para descontar todos os meses 2%, 4% ou 6% do salário, consoante a idade. Só atinge o limite máximo do benefício com um rendimento mensal superior a 3645 euros (se descontar 4%) ou superior a 7292 euros (desconto de 2%). 

Bolsa

O investimento direto na bolsa ainda assusta muitos portugueses. Pode representar um negócio rentável, mas o risco é sempre mais elevado em relação aos outros produtos de investimento. O investidor pode fazer a compra individualmente, quando escolhe diretamente as ações que deseja, ou através de fundos de ações, ao adquirir unidades de participação de um destes instrumentos. Os especialistas aconselham os interessados a fazer este investimento a prazo (pelo menos a cinco anos) para ultrapassarem as flutuações do mercado.

Qual a melhor solução para aplicar o seu dinheiro? O melhor é ir investindo de forma periódica e regular. A tendência dos mercados financeiros é para valorizar a longo prazo. O investimento periódico e regular permite ainda expurgar os efeitos da emoção no investimento. Não vale a pena tentar adivinhar o melhor momento para investir. Não se esqueça, no entanto, de que em momentos de maior incerteza devemos evitar o investimento num determinado ativo. O foco deverá passar por uma estratégia diversificada em que apostamos em vários ativos e, eventualmente, em classes de ativos distintas.

Não se esqueça da regra de “dividir para reinar”: ao escolher títulos de diferentes países e setores, consegue reduzir as flutuações do investimento.

Tenha em conta o intermediário financeiro: uma opção acertada pode significar uma poupança de muitos euros – isto porque a eleição do melhor intermediário financeiro depende do seu perfil enquanto investidor.

Ouro

O ouro continua a ser visto como um bom investimento de refúgio no caso de uma grave crise mundial e de colapso do sistema financeiro. No entanto, esta vantagem só se aplica ao metal em termos físicos, já que, no que toca ao investimento em produtos financeiros associados ao ouro (fundos, ETF, entre outros), é preciso ter em conta que a cotação desta matéria-prima é extremamente difícil de prever.

Há ainda outras desvantagens relacionadas com o seu potencial de valorização e à especulação no mercado. E, ao contrário do que possa pensar, quando decidir vender barras de ouro, nada garante que ganhe dinheiro. Se considerarmos as comissões e as margens praticadas pelos bancos, a perda será ainda mais agravada. É muito provável que, mesmo num período de subida da cotação internacional do ouro, não consiga um melhor preço pelas barras, dado o diferencial que existe entre o valor da venda e o da compra. Mas, independentemente da forma escolhida para investir no metal precioso – desde tê-lo nas mãos, comprando moedas e barras ou investindo em produtos financeiros com exposição ao ouro –, o investidor deve ter sempre em consideração o horizonte temporal, que deve ser encarado numa perspetiva de longo prazo. E, caso pretenda guardar as barras no cofre de um banco, há que ter em conta o valor dessa mensalidade.

Fundo de emergência

O primeiro passo é eliminar os gastos excessivos. Não há nenhuma fórmula mágica para ter as contas equilibradas e conseguir poupar. Ou ganha mais ou gasta menos. Como, nas finanças pessoais, nem sempre é fácil aumentar os rendimentos, há que controlar os custos. Depois de fazer o mapa de receitas e despesas, deve procurar identificar os gastos desnecessários que podem ser reduzidos ou eliminados sem que isso afete o seu bem-estar. Veja quanto pesa cada rubrica no seu orçamento. Pode estar aí a resposta para o facto de não poupar ou poupar pouco.

O ideal é anotar todas as dívidas (quanto falta pagar, prestação, prazo e juros) e definir as que quer eliminar. Deve começar pelas dívidas com os juros mais altos. Se a curto prazo não vê qualquer possibilidade de eliminar ou reduzir dívidas, a sua capacidade de desendividamento é baixa. Aproveite os rendimentos extra para reduzir o peso das dívidas. Mas para avaliar a sua condição financeira é indispensável que saiba se está prevenido contra imprevistos. Seja o desemprego, seja uma baixa ou outra situação de emergência, há imprevistos que podem representar um descontrolo total no orçamento. Faça a pergunta: se deixasse hoje de trabalhar, por exemplo, por ficar desempregado, quantos meses conseguiria sobreviver mantendo o mesmo nível de despesas? O ideal é ter um fundo de emergência (em ativos líquidos) que lhe permita viver pelo menos seis meses com o mesmo nível de despesas – ou seja, se tem 500 euros de despesas mensais, deverá ter um fundo de emergência de três mil euros.