Sergey Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros russo disse esta segunda-feira que a ONU "está a ultrapassar uma crise profunda", devido à "aspiração de alguns dos membros da organização de substituir a carta da ONU por um estilo de ordem baseada por regras".
O diplomata encontrava-se a falar em Nova Iorque, na sede da ONU, onde afirmou ser "simbólico realizar esta sessão dedicada ao multilateralismo e diplomacia, nesta data memorável".
"Daqui a duas semanas vamos comemorar 78 anos de vitória na Segunda Guerra Mundial, a derrota da Alemanha Nazi com o contributo decisivo do meu país que, com o apoio dos Aliados, permitiu criar as fundações da Ordem Mundial pós-Guerra", disse ainda, tecendo críticas ao papel do país onde falava no panorama internacional.
Para Lavrov, resultam das políticas internacionais estadunidenses "a fragmentação do comércio internacional, destruição dos mecanismos de mercado" e a "paralisia da Organização Mundial do Comércio". Este criticou ainda a transformação "descarada" do FMI num "instrumento dos objetivos dos EUA, incluindo objetivos militares".
"Nas suas tentativas de afirmar o domínio através da punição dos desobedientes, os EUA começaram a destruir a organização", considerou o mesmo, que acusou também os EUA de, com o Ocidente "dominado", aplicar "as suas regras sempre que é preciso justificar passos ilegítimos".
O ministro russo, que se encontra em Nova Iorque para presidir a dois debates sobre multilateralismo e Médio Oriente, no âmbito da presidência russa do Conselho de Segurança da ONU, afirmou ainda que os EUA "estão a criar mecanismos de interferência na segurança marítima, procurando assegurar os interesses militares do ocidente no Mar do Sul da China".
Recorde-se que a Rússia assumiu, no início deste mês, a liderança rotativa do Conselho de Segurança da ONU.