A sustentabilidade das organizações, sejam elas de natureza social, empresarial, política ou outras, depende essencialmente da capacidade dessas organizações inovarem de acordo com o seu tempo e contexto social. A história mostra de forma muito clara que a inovação surge essencialmente associada à solução proposta, à forma como é comunicada e aos modelos de tomada de decisão. A incapacidade de adaptação a novas realidades constitui, historicamente, a causa de decadência e queda de marcas e conceitos que desfrutaram muito sucesso durante determinado espaço temporal.
Portugal tem sido gradualmente ultrapassado em indicadores económicos, éticos e de felicidade por um conjunto crescente de países. São regiões que inovam e adaptam mais rapidamente ao mundo contemporâneo e cujos resultados apresentados assim o evidenciam. Os indicadores mostram níveis de confiança na sociedade e no Estado, níveis de rendimento, qualidade de vida e felicidade superiores aos que por cá vigoram. É evidente que temos perdido tempo e desperdiçado oportunidades. A forma como Portugal tem sido gerido é manifestamente medíocre, antiquada e, acima de tudo, pouco esclarecida e transparente. É o que é.
Se a inércia que o Partido Socialista tem imposto na sociedade portuguesa, nomeadamente pela ausência de implementação de reformas, e pelo crescente aumento da teia de influência das suas pessoas e do seu aparelho, é a causadora de uma parte muito significativa deste atraso, também a incapacidade que o PSD tem revelado em não entender a sociedade portuguesa constitui fonte de, por um lado, aval ao que o Partido Socialista (não) tem feito e, por outro, tem gradualmente desvalorizado o crédito de uma marca que em Portugal foi tão importante no estabelecimento de uma sociedade moderna, contemporânea e democrática.
Por ausência de capacidade em ocupar o espaço que tradicionalmente lhe pertenceu, tem permitido o crescimento de marcas e propostas novas, nesse mesmo espaço, e com as quais tem mostrado complexo relacional. A incapacidade em inovar e a ambiguidade relacional que tem vindo a demonstrar com os novos atores, constituem fontes de acantonamento num espaço que tende a definhar. Parece até que nada se aprendeu com o sumiço a que a sociedade portuguesa remeteu o CDS e que, tudo indica, se prepara para remeter o PCP. É da história; quem não se adapta aos tempos, é ultrapassado e gradualmente tenderá a desaparecer.
Ora se o Partido Socialista não constitui alternativa para a regeneração do Estado e da Economia Portuguesa, também a forma como o PSD se tem apresentado revela um excesso de obsoletismo no seu modelo organizacional e na respectiva proposta de modelo de sociedade. Perdeu fatores diferenciadores, por isso não capta, não entusiasma e definha. O PSD por, teimosamente, não ler os muitos sinais (políticos) que os portugueses têm gradualmente dado, tem perdido a noção das causas de movimentação do eleitorado na sua esfera de influência.
A sustentabilidade do PSD obriga a uma profunda regeneração, inovadora e contemporânea da matriz organizacional e comportamental da sua estrutura e à recuperação de uma pro-actividade perdida.
O país precisa de um PSD regenerado; enquanto ainda há tempo… Mas parece haver quem escolha chorar sobre o leite derramado.
Por uma Democracia de Qualidade