Até ao final da tarde, a TAP dos 148 voos previstos operou 117 previstos. Já dos 64 voos de serviços mínimos decretados pelo tribunal arbitral operou 54. “Apenas um voo de ida e volta para a Guiné-Bissau foi cancelado, mas devido a falta de passageiros”. E para esta sexta-feira vai ser cancelado mais um, para a Praia, pelo mesmo motivo.
A companhia aérea voltou a lamentar a situação, que “prejudica os clientes, a companhia e o país”, mostrando-se novamente disponível para negociar com o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), que convocou esta paralisação, assim como com todos os outros sindicatos.
A empresa liderada por Christine Ourmières-Widener já tinha admitido o cancelamento de 360 voos, “uma decisão tomada tendo como prioridade a proteção dos clientes” e lembrou que “pediu atempadamente aos seus passageiros para que remarcassem os seus voos voluntariamente e todos os passageiros puderam pedir a remarcação ou um reembolso”.
E garante que aceitou nove das 14 propostas do Sindicato e pediu que a sua Assembleia-Geral fosse antecipada para evitar o impacto na operação da companhia.
Um argumento que não convence a estrutura sindical. Em entrevista ao i, o presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil afirmou que “a greve não é algo que vamos fazer de ânimo leve. É quando entendemos que o diálogo já terminou”, lembrando que estiveram mais de seis meses à espera de uma resposta por parte da companhia de aviação.
Já esta quinta-feira, Ricardo Penarroias garantiu que ainda não houve qualquer contacto da TAP no sentido de evitar a marcação de mais dias de greve até 31 de janeiro, mas reiterou a disponibilidade do sindicato para o diálogo. “Nós estamos sempre disponíveis, mas para fazer reuniões para trazer uma mão cheia de nada ou andarmos mais uma vez em trocas de galhardetes posteriormente, não vale a pena. Nós esperamos pela administração, […] quando quiser peça para reunir connosco, nós estamos totalmente disponíveis”, disse o dirigente sindical, apontando que o que é preciso da parte da TAP “é uma posição proativa” para dialogar “de forma construtiva”.
Em cima da mesa está a revisão do Acordo de Empresa (AE), no âmbito do plano de reestruturação. A TAP propõe cortes nos salários e flexibilização de horários, entre outras medidas.
No entanto, o sindicato defende que o atual acordo de empresa seja o ponto de partida e base para qualquer negociação futura e recusam “liminarmente a proposta do novo acordo”, considerando “absolutamente inaceitável e manifestamente redutora”.
Recorde-se que o Governo tem dado cartão vermelho a esta paralisação. Depois de Pedro Nuno Santos foi a vez de Mariana Vieira da Silva ao lembrar o acordo de reestruturação da transportadora aérea nacional assinado com Bruxelas durante a pandemia e garantindo que as margens face a este compromisso “terão de ser cumpridas e não são as margens normais”. E acrescentou: “A expectativa do Governo é que dentro dessas margens possa existir um acordo entre a administração da TAP e os trabalhadores. Todos conhecemos o momento que vivemos e as limitações que existem por força daquilo que se tem de cumprir e que foi necessário assegurar que seriam cumpridas para salvar a empresa”.