Taylor Swift. A artista do século?

Taylor Swift. A artista do século?


A cantora Taylor Swift tem somado recordes. Com o álbum ‘Midnights’, lançado em outubro, tornou-se a artista feminina mais ouvida deste ano na plataforma Spotify e, segundo as redes sociais, tem sido responsável até pelo adiamento de casamentos. Já foi acusada de gordofobia, mas nem por isso muitos deixam de a considerar a artista do…


Escreve sobre aquilo que vive e por isso é reconhecida também pela honestidade com que canta os seus desamores. Começou no country ainda criança, com o apoio da sua família, também ela ligada à música.

Da menina que descobriu o talento para a escrita quando ganhou o seu primeiro prémio de poesia no quarto ano, passando pela adolescente que sofreu de bullying, Taylor Swift aprendeu a tocar viola aos 12 anos e tinha o quarto no sótão para não acordar a casa ao tocar de madrugada… Atualmente com 32 anos, foi a cantora mais nova a assinar contrato com a Sony Music, desde a sua ascensão que tem visto o seu nome nos tops de todo o mundo e, recentemente, com o seu álbum Midnights, lançado em outubro, tornou-se a artista feminina mais ouvida deste ano na plataforma Spotify. 

Como se isso não bastasse, na gala que decorreu no domingo, em Düsseldorf, na Alemanha, foi a artista que mais prémios arrecadou na MTV Europa, tendo como concorrência Adele, Beyoncé, Harry Styles, Rosalía e Nicki Minaj. Arrecadou os troféus de Melhor Artista, Melhor Videoclip, Melhor Pop e Melhor Vídeo de Longa Duração.
Ao receber o EMA de Best Video por All Too Hell (10 Minute Version) (Taylor’s Version)”, a norte-americana confessou que espera reencontrar-se com os seguidores durante a digressão que se avizinha: “Mal posso esperar para vos ver na digressão. Adoro-vos tanto”, disse aos fãs europeus. Os seus fãs acreditam que esta é a confirmação de que estão a ser preparados concertos na Europa – para já, a artista apenas anunciou a The Eras Tour nos EUA.

Midnights Segundo a CNN, em menos de três semanas, na plataforma de streaming Spotify, o novo álbum contou com mais de 1,3 mil milhões de streams. Anti-hero e Lavander Haze tornaram-se, respetivamente, as terceiras e quartas músicas mais ouvidas em 24 horas da história da plataforma de streaming. Taylor Swift tornou-se assim a primeira artista a ocupar sozinha todo o top 10 norte-americano só com músicas daquele que é o seu 10.º álbum de estúdio, e estreou-se no topo da tabela de álbuns principais da Billboard com o maior êxito de lançamento desde 25, de Adele, em 2015.

Quando Swift venceu, a 29 de agosto, a categoria de Vídeo do Ano nos VMA 2022, aproveitou para anunciar – no seu discurso de agradecimento – o seu 10.º álbum de estúdio, lançado a 21 de outubro. A partir desse dia, nas redes sociais, foi possível observar o anseio dos fãs para ouvir o tão esperado conjunto de músicas. Não foi preciso muito até que o álbum começasse a fazer história.

Pouco depois, Taylor Swift reagiu à notícia no Twitter: “Como é que me tornei tão sortuda, com vocês a fazerem algo tão alucinante? O que é que acabou de acontecer?”, lê-se na publicação.

De acordo com a própria artista, Midnights aborda “as histórias de 13 noites em que ficou sem dormir ao longo da vida”: “Ficamos acordados por amor e por medo, porque estamos ansiosos e choramos. Olhamos para as paredes e bebemos até que nos respondam. Torcemo-nos nas gaiolas que construímos e rezamos para não estarmos – nesse minuto – prestes a cometer algum erro fatal que altere a nossa vida”, revelou.

Além disso, a cantora lançou pequenos vídeos para falar sobre cinco coisas que lhe tiraram o sono e, consequentemente, serviram de inspiração para o mais recente trabalho, que é uma nova parceria com o produtor Jack Antonoff. “A primeira coisa que me manteve acordada à noite e me inspirou neste álbum foi (…) a autodepreciação”, disse.

Numa época dominada pelo streaming e pelo desinteresse geral pelo formato físico dos discos, Taylor Swift também já vendeu mais de 1,6 milhão de unidades em vinil e CD. Este êxito leva-nos numa viagem ao passado, por exemplo aos anos 90, onde um disco muito esperado poderia vender um milhão de cópias numa semana sem qualquer problema. Com os olhos postos no colecionador, existem hoje várias versões físicas diferentes do disco no mercado, o que mostra que a estratégia de marketing da sua equipa superou as expectativas. 

Segundo uma fã que escreve para a Magazine, “o melhor deste álbum não são as melodias, mas sim as letras”. “Taylor provou mais uma vez ser uma excelente letrista. A sua escrita não é literal, mas sim poética. Ela arranja maneiras complexas de dizer coisas simples, e diferentes maneiras de dizer a mesma coisa. Este álbum poderia facilmente ser transformado num livro de poesia”, considera Catarina Aguilar. “Além de poetisa, Taylor também é uma ótima contadora de histórias. Conta-nos histórias com princípio, meio, e fim e fá-lo com sentido de humor”, explica. A internauta acrescenta que em Midnights, Taylor regressa à composição confessional. Apesar de escrever sobre experiências e sentimentos pessoais, a jovem defende que a cantora o faz com a empatia necessária para que os ouvintes se identifiquem com o que é cantado. “Percebe-se que o intuito não era desabafar, mas sim fazer boas músicas. Esse deve ser o único objetivo de um compositor, e a Taylor conseguiu cumpri-lo com sucesso”, lê-se na publicação.
Para o El Mundo, o 10º álbum da artista tem um design eletrónico hipnotizante que lembra bandas indie como Chvrches ou Chromatics. O seu braço direito tem sido Jack Antonoff, produtor de Lana del Rey e este “é um álbum tão elegante quanto protetor”: “A sua qualidade é indiscutível e o seu alcance não distingue culturas, géneros ou posições ideológicas”.
 
Casamentos Adiados Segundo o jornal espanhol, com a tour mundial que Taylor Swift planeia fazer em 2023, intitulada The Eras Tour, está em preparação para se tornar “o maior evento ao vivo da década”. A cantora regressa aos palcos cinco anos depois e as datas estão a causar alguns problemas na vida dos fãs, interferindo até com casamentos. A tour começará em março e estender-se-á a agosto – nas redes sociais, muitas fãs americanas começaram a partilhar o seu choque ao perceber que a data que poderiam ir ver a cantora calha precisamente no dia em que dão o nó.

Por exemplo, num vídeo, em lágrimas, Jessica Ingersoll, confessou que vive em Seatlle e interroga-se: “Então… devo cancelar o casamento?”. Noutras partilhas, várias damas de honor pedem para que as cerimónias passem para outro dia da semana. “A ver lentamente o casamento da minha colega de trabalho a arruinar-se porque calha na digressão da Taylor Swift”, escreve uma internauta. “Acho que vou faltar a alguns casamentos no próximo ano”, lê-se noutro comentário. “A possibilidade dela dar concertos em 2023 era alta, por isso escolhi casar-me em 2024”, confessa outra noiva. Danielle Cywka confessa ainda que Taylor Swift vai atuar num concerto a poucos quarteirões do sítio onde vai casar. “Provavelmente vou ouvir-te a cantar”, escreveu a fã numa mensagem com a artista identificada, depois de dizer que o marido a ajudou no seu ataque de “hiperventilação”.

Acusada de gordofobia Apenas duas semanas depois de ter lançado o videoclip do single Anti-Hero, Taylor Swift viu-se obrigada a alterá-lo depois de ser acusada de gordofobia. No vídeo, realizado pela própria, a artista aparece em duas versões – uma mais insegura e outra bem-sucedida. Numa cena, a Taylor mais tímida sobe para cima de uma balança, onde é possível ler a palavra “gorda”. O mostrador é substituído por um abanar a cabeça em jeito de desaprovação por parte do seu contraponto mais seguro e vistoso. No videoclip de Anti-Hero, Taylor Swift mostrou a forma como viveu a luta contra um distúrbio alimentar – a cantora quebrou o silêncio sobre o sofrimento causado pelo peso no documentário a título pessoal, em 2020, Taylor Swift: Miss Americana. “Só aconteceu algumas vezes, e não estou de forma alguma orgulhosa disso. Uma fotografia minha em que sinto que a minha barriga parecia demasiado grande ou alguém disse que eu parecia grávida, e isso só me vai desencadear a morrer de fome”, admitiu na altura.

A exposição pessoal da cantora não foi encarada da melhor forma pelos profissionais de saúde e críticos, que consideraram aquela cena prejudicial.

Nas suas redes sociais, a ativista Kira-Lynn Ferderber escreveu que “uma obra de arte onde o teu maior receio é ser gorda é uma obra de arte gordofóbica”.

O momento da balança “é uma maneira esquisita de descrever as lutas da sua imagem corporal”, defendeu Shira Rosenbluth, uma assistente social com especialização no tratamento de distúrbios alimentares, na rede social Twitter, citada pelo site Page Six. Já outro utilizador da rede social levantou outro ponto de vista: “Vi alguém dizer que ela poderia ter posto ‘não és suficientemente magra’ e penso que isso estaria mais de acordo com o que ela estava a tentar passar de qualquer forma, além de não ser ofensiva”.

Apesar da onda de contestação, vários fãs entraram em defesa da artista, ao apontar que esta queria partilhar a sua história. “Ter inseguranças já não é permitido porque pode deixar uma pessoa gorda algures perturbada”, criticou um internauta.

A cantora não comentou publicamente as críticas. Contudo, essa cena do videoclip foi alterada. No momento em que Swift olha para a balança, a sua voz cantava a seguinte frase – traduzida para português: “Olho diretamente para o sol mas nunca para o espelho”. Depois a câmara mostra uma segunda versão da artista de si mesma a abanar a cabeça, a negar esta constatação que tentou transmitir aos seus fãs.

A ascensão da carreira Taylor Alison Swift nasceu numa pequena cidade no estado da Pensilvânia, EUA. Com 11 anos ficou obcecada com a música das maiores artistas do mundo country, como Shania Twain e as Dixie Chicks, e aos 12 atuou pela primeira vez para uma grande plateia, cantando o hino nacional americano num jogo de basquetebol. Foi também com essa idade que escreveu a sua primeira música, Lucky You e aprendeu a tocar viola. Depois de ver um documentário sobre a cantora norte-americana Faith Hill convenceu os pais de que tinha de ir para Nashville, no Tennessee, entregar maquetes com covers de músicas country. Aos 14 anos, o seu sonho concretizou-se, a jovem tornou-se cantora de música country, assinando um contrato com a Sony/ATV Music Publishing, em 2004 – deixou a editora um ano depois pelas limitações impostas e o desejo de lançar um álbum próprio.

Em 2005, a sua apresentação num café em Nashville chamou a atenção de Scott Borchetta, um antigo executivo da Universal Music que se preparava para lançar a sua editora, a Big Machine Records. Borchetta acabou por contratar Taylor Swift. Em outubro de 2006, aos 16 anos, a jovem lançou o seu primeiro disco, intitulado Taylor Swift, considerado um sucesso no meio musical e elogiado pelo The New York Times — vendeu 39 mil cópias durante a primeira semana. Seguiram-se outros nove álbuns que, pelos números e impacto que têm atingido, dão força à reivindicação, feita por muitos dos seus fãs, de que Taylor Swift é a artista do século.