O erro de confiar sem cobrar


A Rússia ao invadir a Ucrânia veio demonstrar que confiámos muito e cobrámos pouco. Fomos pacíficos, quem coordena, mas não significa Paz. Confiámos nas palavras, as ações demonstram que houve erro.


Vivemos em função do que confiamos da palavra dos outros. Acreditamos mais na palavra do que cobramos em ações do que foi dito. A promessa tornou-se o quanto baste e o efetivar ficou sem espaço nas vidas de quase todos.

Na democracia, do melhor que a história nos deu, acreditámos sempre que a proximidade e envolvimento dos portugueses seria enorme, que nunca cairia em descrédito e que os políticos seriam sempre um exemplo com o passar dos anos. Hoje a abstenção demonstra que não cobrámos quanto devíamos. Que confiámos nas promessas e vivemos das esperanças. Estamos, sem cobrar, com 1 em cada 2 portugueses a abster-se de participar nas decisões do seu país.

Na segurança de todos, na Paz que queremos, acreditámos que os apertos de mão e as palavras vezes e vezes ditas seriam a certeza que nunca mais iriamos ver a Guerra assolar o continente Europeu (há, muita, noutros continentes. E a vida humana tanto vale “cá” como “lá”).

A Rússia ao invadir a Ucrânia veio demonstrar que confiámos muito e cobrámos pouco. Fomos pacíficos, quem coordena, mas não significa Paz. Confiámos nas palavras, as ações demonstram que houve erro.

Ainda na União Europeia, confiámos que nunca iriamos ver nenhum Estado-membro sair. Não cobrámos o suficientemente mais que as palavras e registos de fotografia, e o Reino Unido saiu.

E se isto é mais ou menos fora de portas, e cá dentro?

Confiamos há demasiadas décadas nas palavras em como o nosso SNS terá uma reforma que o tornará estruturado, que irá conferir autonomia aos Hospitais, que irá remunerar melhor os profissionais de saúde, que irá alargar a sua resposta territorial com mais Serviços fora dos grandes centros urbanos e – como hoje ocorre – que nunca irá ver Serviços fechar. Este erro de não cobrar é demasiado visível aos dias de hoje.  

Confiamos há demasiado tempo nas palavras ditas sobre a nossa possível capacidade de atrair mais jovens para a Educação, para lecionarem, fazendo com que estes tenham carreiras dignas e que mereçam o respeito e reconhecimento por ser os segundos educadores – logo após o Pai e Mãe de cada um – de cada criança. Tantos anos passados e hoje, quando sabemos que estamos a poucos meses de ter falhas graves ao nível de resposta de professores, cobrámos pouco e acreditámos muito. Hoje já há crianças sem professor. Algo que nas palavras ditas no passado nunca seria possível em qualquer futuro.

Confiamos há uma eternidade excessiva no sistema que temos de Segurança Social e que as promessas de que seria eterno, capacitado de gerar a “reforma” de cada um no seu momento, não falhariam no futuro. Quando já temos quase um trabalhador ativo a descontar por cada um reformado, quando começamos a cobrar para que este sistema mude no presente para garantir um futuro igual ao que se teve esperança no passado?

Poderíamos elencar mais casos de como errámos em cobrar pouco o que foi dito.

Casos em que todos, na generalidade, confiámos que seria feito. Confiámos no que foi dito. Acreditámos. Não há erro nenhum em acreditar, em viver certo que do outro lado podemos confiar.

O erro é confiar sem cobrar. Deixar que a promessa assumida, e o peso da palavra dita, seja inferior ao incumprimento na vida real. Seja uma ausência em vez de ser uma ação.

Ninguém deve cobrar na violência o que a pasmaceira fez passar. O cobrar é com ideias, com questões e com propostas. O cobrar é não deixar passar uma nem duas legislaturas de um Governo a prometer sempre o mesmo. O cobrar é não deixar que o discurso, a fotografia, o texto não bata certo com o que a pessoa faz.

Cobrar é participar.

Se todos cobrarmos mais, o futuro será melhor face a este presente que assusta em muitas áreas.

O erro de confiar sem cobrar


A Rússia ao invadir a Ucrânia veio demonstrar que confiámos muito e cobrámos pouco. Fomos pacíficos, quem coordena, mas não significa Paz. Confiámos nas palavras, as ações demonstram que houve erro.


Vivemos em função do que confiamos da palavra dos outros. Acreditamos mais na palavra do que cobramos em ações do que foi dito. A promessa tornou-se o quanto baste e o efetivar ficou sem espaço nas vidas de quase todos.

Na democracia, do melhor que a história nos deu, acreditámos sempre que a proximidade e envolvimento dos portugueses seria enorme, que nunca cairia em descrédito e que os políticos seriam sempre um exemplo com o passar dos anos. Hoje a abstenção demonstra que não cobrámos quanto devíamos. Que confiámos nas promessas e vivemos das esperanças. Estamos, sem cobrar, com 1 em cada 2 portugueses a abster-se de participar nas decisões do seu país.

Na segurança de todos, na Paz que queremos, acreditámos que os apertos de mão e as palavras vezes e vezes ditas seriam a certeza que nunca mais iriamos ver a Guerra assolar o continente Europeu (há, muita, noutros continentes. E a vida humana tanto vale “cá” como “lá”).

A Rússia ao invadir a Ucrânia veio demonstrar que confiámos muito e cobrámos pouco. Fomos pacíficos, quem coordena, mas não significa Paz. Confiámos nas palavras, as ações demonstram que houve erro.

Ainda na União Europeia, confiámos que nunca iriamos ver nenhum Estado-membro sair. Não cobrámos o suficientemente mais que as palavras e registos de fotografia, e o Reino Unido saiu.

E se isto é mais ou menos fora de portas, e cá dentro?

Confiamos há demasiadas décadas nas palavras em como o nosso SNS terá uma reforma que o tornará estruturado, que irá conferir autonomia aos Hospitais, que irá remunerar melhor os profissionais de saúde, que irá alargar a sua resposta territorial com mais Serviços fora dos grandes centros urbanos e – como hoje ocorre – que nunca irá ver Serviços fechar. Este erro de não cobrar é demasiado visível aos dias de hoje.  

Confiamos há demasiado tempo nas palavras ditas sobre a nossa possível capacidade de atrair mais jovens para a Educação, para lecionarem, fazendo com que estes tenham carreiras dignas e que mereçam o respeito e reconhecimento por ser os segundos educadores – logo após o Pai e Mãe de cada um – de cada criança. Tantos anos passados e hoje, quando sabemos que estamos a poucos meses de ter falhas graves ao nível de resposta de professores, cobrámos pouco e acreditámos muito. Hoje já há crianças sem professor. Algo que nas palavras ditas no passado nunca seria possível em qualquer futuro.

Confiamos há uma eternidade excessiva no sistema que temos de Segurança Social e que as promessas de que seria eterno, capacitado de gerar a “reforma” de cada um no seu momento, não falhariam no futuro. Quando já temos quase um trabalhador ativo a descontar por cada um reformado, quando começamos a cobrar para que este sistema mude no presente para garantir um futuro igual ao que se teve esperança no passado?

Poderíamos elencar mais casos de como errámos em cobrar pouco o que foi dito.

Casos em que todos, na generalidade, confiámos que seria feito. Confiámos no que foi dito. Acreditámos. Não há erro nenhum em acreditar, em viver certo que do outro lado podemos confiar.

O erro é confiar sem cobrar. Deixar que a promessa assumida, e o peso da palavra dita, seja inferior ao incumprimento na vida real. Seja uma ausência em vez de ser uma ação.

Ninguém deve cobrar na violência o que a pasmaceira fez passar. O cobrar é com ideias, com questões e com propostas. O cobrar é não deixar passar uma nem duas legislaturas de um Governo a prometer sempre o mesmo. O cobrar é não deixar que o discurso, a fotografia, o texto não bata certo com o que a pessoa faz.

Cobrar é participar.

Se todos cobrarmos mais, o futuro será melhor face a este presente que assusta em muitas áreas.