Ao ver as centenas de reportagens televisivas sobre os incêndios – a televisão no jornal está sempre sintonizada em canais de informação – constato que há um denominador comum: que os proprietários de terrenos com habitações, e onde o fogo esteve próximo, se queixam de que as autoridades exigem que se retirem, apesar dos seus protestos. “Eles obrigam-nos a fugir porque não são eles os donos das casas”, foi uma frase que ouvi muitas vezes.
Percebe-se que depois das tragédias de 2017 o Governo tenha dado instruções claras às autoridades para não deixarem ninguém correr perigo de vida, optando por obrigá-las a deixar os seus bens para trás. Se o princípio é altamente louvável, há muitas situações que até é contraproducente, pois as casas modernas, segundo explicava um especialista da Proteção Civil, não ardem assim com tanta facilidade – por não terem madeira – e aqueles que optam por as defender, saem-se melhor do que se se fizerem à estrada, onde não sabem o que os pode esperar. É sempre uma equação difícil de resolver, embora a decisão governamental seja a que melhor defende a vida humana.
Com tantos incêndios deixámos de saber o que se passa na Ucrânia, informação que foi atirada para o final dos telejornais. Como foi possível sermos ‘bombardeados’ de amanhã à noite com os ataques russos e de um momento para o outro ficarmos às escuras?
P. S. John Bolton, conselheiro de Segurança da Casa Branca durante muitos anos, deu uma entrevista à CNN onde admitiu que os EUA estiveram por detrás de vários golpes de Estado e que ele próprio esteve envolvido. A novidade é que é um representante da Casa Branca a assumi-lo, pois já há imensa literatura sobre o assunto e até se fizeram vários filmes sobre os tais golpes de Estado. Interferir na vida dos outros países é algo, como é óbvio, altamente condenável, mas qual será a razão para só sabermos dos crimes americanos? Precisamente porque é uma democracia, onde os atrocidades são escrutinadas por uma imprensa livre.