Costuma dizer-se que o português é 8 ou 80. E nada mais verdade do que passa com os feriados e as pontes. Passou-se de um extremo para o outro. Costa fez bem em revogar a abolição dos feriados decretada por Passos Coelho – dois civis e dois religiosos. Mas agora caiu-se num nítido exagero com pontes de três e quatro dias, como esta dos feriados de 10 e 13 de Junho.
Tudo está de acordo com a circunstância de Costa governar para a sua popularidade, para os votos e não para o país. Marcelo, como é outro populista, em nada critica as mini-férias dos portugueses, dir-se-á mesmo que também as aplaude, com alguma dose de irresponsabilidade. Só que quem tenha um mínimo de bom senso não pode, de forma alguma, concordar com estas ausências tão prolongadas do trabalho, como já tinha acontecido, aliás, no 25 de Abril.
Os portugueses, designadamente os seus mais altos responsáveis, têm de assimilar uma coisa, que parece ainda não o terem feito – os grandes países só se constroem com trabalho e disciplina, que é o que nos falta em larga escala. Bastaria evocar o milagre alemão de Adenauer para comprovar a veracidade do que afirmo.
Costa passou da austeridade para o facilitismo, que não nos levará seguramente a bom porto. O laissez faire, laissez passer do actual primeiro-ministro faz-nos acreditar na mão invisível de Adam Smith a comandar o sistema, que é precisamente o contrário do que o nosso país carece, para que deixemos de ser pobres e atrasados.
Há que ter a coragem de ser impopular. Mas isso só provavelmente depois de Marcelo e Costa. Para esta dupla, a sua popularidade, interesse meramente pessoal, conta mais, infelizmente, do que o país que vão ao leme. O primado de Portugal não é com eles.