Presidente da Finlândia conversa com Putin para deixar tudo “em pratos limpos”. Putin aborda eventuais “erros”

Presidente da Finlândia conversa com Putin para deixar tudo “em pratos limpos”. Putin aborda eventuais “erros”


Depois de uma conversa telefónica, Helsínquia e Moscovo emitiram comunicados que revelaram a atual situação das relações russo-finlandesas. Sauli Niinistö quis lidar com “questões práticas”, nomeadamente sobre a entrada na NATO, enquanto Putin aproveitou para dizer que seria um “erro” o fim da neutralidade militar da Finlândia.  


Muito se disse numa conversa "direta" e objetiva. Sauli Niinistö, Presidente da Finlândia, conversou por via telefónica com Vladimir Putin, Presidente russo, para debater as "questões práticas de ser um país vizinho da Rússia de uma forma correta e profissional". O líder russo, ainda a ferver com a vontade da Finlândia entrar na NATO, disse que o fim da neutralidade militar da Finlândia seria um "erro". 

Segundo um comunicado do chefe de Estado finlandês divulgado à imprensa, citado pela AFP, a conversa entre os dois líderes “foi direta e decorreu sem contrariedades”, onde ambos consideraram “evitar as tensões” como um ponto “relevante”.

No mesmo documento, Sauli Niinistö afirmou que a Finlândia "quer lidar com as questões práticas de ser um país vizinho da Rússia de uma forma correta e profissional".

Nesta conversa telefónica, Sauli Niinistö disse ainda que explicou a Putin que as exigências de Moscovo, no final de 2021, sobre um congelamento da expansão da NATO, e a invasão da Ucrânia no final de fevereiro mudaram "fundamentalmente" o "ambiente de segurança da Finlândia".

Kremlin não deixou de prestar esclarecimentos quanto a esta conversa. No seu comunicado, refere que Vladimir Putin "sublinhou que o fim da política tradicional de neutralidade militar seria um erro, já que não existe qualquer ameaça à segurança da Finlândia". 

Para a Rússia, a entrada indesejada da Finlândia na NATO "pode ter um impacto negativo nas relações russo-finlandesas, que se desenvolveram há anos no espírito de boa vizinhança e cooperação entre parceiros, sendo mutuamente benéficas". 

Sem esquecer a situação na Ucrânia, Putin informou o seu homólogo finlandês sobre "o estado das negociações russo-ucranianas, praticamente suspensas por Kiev, que não manifesta algum interesse num diálogo construtivo e sério", adiantou ainda o Kremlin. 

A Finlândia tem uma longa fronteira com a Rússia e agora também tem um grande desejo de pertencer à NATO. Na quinta-feira, em conferência de imprensa, Sauli Niinistö e a primeira-ministra Sanna Marin anunciaram que o pedido de adesão deve ser formalizado este domingo.

A justificação para esta entrada, que se espera do lado dos finlandeses que seja o mais imediata possível, é a posição atual da Rússia, segundo o presidente. "Vocês [Rússia] causaram isto. Olhem-se ao espelho", disse Sauli Niinistö.

Moscovo não ficou de todo muito agradado com este anúncio, afirmando que a entrada da Finlândia na NATO surge como uma ameaça, o que requer "tomar medidas recíprocas, tecno-militares e outras", para responder ao que considera ser uma "ameaça à segurança nacional".

As repercussões contra a Finlândia começaram logo ontem. A Rússia cortou o fornecimento de eletricidade, alegando que aquele país não tem cumprido com os pagamentos.

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