Setúbal entre o marxismo e o estalinismo


Não há lugar ao Estalinismo, nem ao Putinismo (seu aparente descendente) no mundo moderno. E é por isso que o PCP está perdido. Esta semana fomos todos confrontados com perturbantes notícias vindas de… Setúbal. É verdade!


Em Portugal, em pleno século XXI, foram-nos apresentados relatos de que uma aparente operação de apoio e solidariedade a refugiados ucranianos fugidos da invasão russa, estavam a ser recebidos por… russos.

À medida que se foi desenrolando o novelo a perplexidade instalou-se. A Câmara Municipal de Setúbal (presidida por um autarca do PCP) era a promotora dessa iniciativa, para a qual havia convidado uma associação gerida por russos, que eram acusados de ter “ligações ao Kremlin”.

Ao longo da semana fomos conhecendo mais detalhes dessa ligação entre a Câmara de Setúbal e a tal associação: a Câmara de Setúbal não só cedia instalações onde essa associação tinha a sua sede (até aqui algo comum nesses protocolos), mas também pagava, sim, pagava, os ordenados a dois técnicos dessa associação.

E que procedimentos adotava essa associação que tantas reservas e suspeitas levantou? Procurou fazer um levantamento detalhado dos refugiados, as suas ligações familiares, procurando mesmo fotocopiar documentos.

Poderia o PCP em Setúbal estar a patrocinar uma célula da “Sluzhba Vneshney Razvedki, (SVR RF)”, descendente da KGB em matérias de atividades de inteligência e espionagem fora da Federação Russa, que trabalha em estreita colaboração com o Diretório Principal de Inteligência Russa, estrutura que tem a seu cargo a espionagem militar fora da Federação Russa?

Esta situação provocou enorme indignação em toda a comunidade, bem como em todo o espectro político português.

O líder da comunidade ucraniana foi mais longe, acusando o PCP de ser promotor de uma atitude anti-Ucrânia e questionando a sua própria existência no panorama democrático português.

Jerónimo de Sousa insurgiu-se contra o que considerou ser um ataque ao direito à divergência e instou as instituições públicas democráticas a repudiar as declarações do dirigente ucraniano. Teve como resposta o silêncio. Porquê?

Porque o PCP quer ser aceite como democrático, mas tem práticas muito pouco democráticas, como foram as ações e palavras do Presidente de Câmara de Setúbal (o tal do PCP), que impediu (aos berros) que um eleito de outra força política exercesse o mesmíssimo direito ao confronto democrático.

Fica a ideia que Jerónimo grita por democracia, enquanto o PCP em Setúbal procura silenciar a democracia.

Esta desorientação leva o PCP a recusar condenar a invasão russa, não acompanhando moções debatidas em autarquias de norte a sul do País (com honrosas exceções).

Mas sobretudo, o PCP está perdido entre as suas raízes Marxistas e a deriva Estalinista que cristalizou nos partidos comunistas europeus durante todo o século XX, e que ainda hoje marca Jerónimo de Sousa.

Não podemos esquecer que este PCP que hoje temos em Portugal, é o mesmo PCP que recusou a necessária reforma depois da queda do muro de Berlim, recusando uma visão de esquerda moderna alicerçada numa revisão dos seus princípios.

De facto, o PCP ao promover saneamentos, afastando aqueles que defendiam um PCP moderno, longe da visão estalinista da guerra fria, mostrou-nos que queriam permanecer ultras de um regime que tinha caído, fracassado na sua visão de hostilização à modernidade ocidental, mas sobretudo fracassado na garantia de qualidade de vida das populações que o regime deveria servir.

Não há lugar ao Estalinismo, nem ao Putinismo (seu aparente descendente) no mundo moderno. E é por isso que o PCP está perdido.

Perdido na ligação com a sociedade portuguesa.

Perdido na sua luta entre o Marxismo e o Estalinismo.

 

Presidente da concelhia do PSD/Lisboa e presidente da Junta de Freguesia da Estrela

Setúbal entre o marxismo e o estalinismo


Não há lugar ao Estalinismo, nem ao Putinismo (seu aparente descendente) no mundo moderno. E é por isso que o PCP está perdido. Esta semana fomos todos confrontados com perturbantes notícias vindas de… Setúbal. É verdade!


Em Portugal, em pleno século XXI, foram-nos apresentados relatos de que uma aparente operação de apoio e solidariedade a refugiados ucranianos fugidos da invasão russa, estavam a ser recebidos por… russos.

À medida que se foi desenrolando o novelo a perplexidade instalou-se. A Câmara Municipal de Setúbal (presidida por um autarca do PCP) era a promotora dessa iniciativa, para a qual havia convidado uma associação gerida por russos, que eram acusados de ter “ligações ao Kremlin”.

Ao longo da semana fomos conhecendo mais detalhes dessa ligação entre a Câmara de Setúbal e a tal associação: a Câmara de Setúbal não só cedia instalações onde essa associação tinha a sua sede (até aqui algo comum nesses protocolos), mas também pagava, sim, pagava, os ordenados a dois técnicos dessa associação.

E que procedimentos adotava essa associação que tantas reservas e suspeitas levantou? Procurou fazer um levantamento detalhado dos refugiados, as suas ligações familiares, procurando mesmo fotocopiar documentos.

Poderia o PCP em Setúbal estar a patrocinar uma célula da “Sluzhba Vneshney Razvedki, (SVR RF)”, descendente da KGB em matérias de atividades de inteligência e espionagem fora da Federação Russa, que trabalha em estreita colaboração com o Diretório Principal de Inteligência Russa, estrutura que tem a seu cargo a espionagem militar fora da Federação Russa?

Esta situação provocou enorme indignação em toda a comunidade, bem como em todo o espectro político português.

O líder da comunidade ucraniana foi mais longe, acusando o PCP de ser promotor de uma atitude anti-Ucrânia e questionando a sua própria existência no panorama democrático português.

Jerónimo de Sousa insurgiu-se contra o que considerou ser um ataque ao direito à divergência e instou as instituições públicas democráticas a repudiar as declarações do dirigente ucraniano. Teve como resposta o silêncio. Porquê?

Porque o PCP quer ser aceite como democrático, mas tem práticas muito pouco democráticas, como foram as ações e palavras do Presidente de Câmara de Setúbal (o tal do PCP), que impediu (aos berros) que um eleito de outra força política exercesse o mesmíssimo direito ao confronto democrático.

Fica a ideia que Jerónimo grita por democracia, enquanto o PCP em Setúbal procura silenciar a democracia.

Esta desorientação leva o PCP a recusar condenar a invasão russa, não acompanhando moções debatidas em autarquias de norte a sul do País (com honrosas exceções).

Mas sobretudo, o PCP está perdido entre as suas raízes Marxistas e a deriva Estalinista que cristalizou nos partidos comunistas europeus durante todo o século XX, e que ainda hoje marca Jerónimo de Sousa.

Não podemos esquecer que este PCP que hoje temos em Portugal, é o mesmo PCP que recusou a necessária reforma depois da queda do muro de Berlim, recusando uma visão de esquerda moderna alicerçada numa revisão dos seus princípios.

De facto, o PCP ao promover saneamentos, afastando aqueles que defendiam um PCP moderno, longe da visão estalinista da guerra fria, mostrou-nos que queriam permanecer ultras de um regime que tinha caído, fracassado na sua visão de hostilização à modernidade ocidental, mas sobretudo fracassado na garantia de qualidade de vida das populações que o regime deveria servir.

Não há lugar ao Estalinismo, nem ao Putinismo (seu aparente descendente) no mundo moderno. E é por isso que o PCP está perdido.

Perdido na ligação com a sociedade portuguesa.

Perdido na sua luta entre o Marxismo e o Estalinismo.

 

Presidente da concelhia do PSD/Lisboa e presidente da Junta de Freguesia da Estrela