Ainda a Rússia não tinha enviado os seus soldados ou bombas para a Ucrânia, mas os primeiros ataques já tinham sido lançados.
No mês de janeiro, a Ucrânia acusou a Rússia de estar por trás de um ataque informático de larga escala que deixou em baixo vários sites do governo, colocando mensagens ameaçadoras nas páginas afetadas, com o Ministério de Transição Digital ucraniano a afirmar que Moscovo estava a “a travar uma guerra híbrida”.
Segundo o principal investigador científico da Sophos, uma das principais empresas de criação de software de segurança da internet, Chester Wisniewski, que falou numa videoconferência sobre a cibersegurança durante o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, a que o i assistiu, estes ataques que serviram como “aquecimento bélico”, tinham três intenções: “perturbar, enfraquecer e desabilitar” a Ucrânia.
Desde então, mesmo depois da invasão e dos ataques terem tido lugar, tem-se observado várias figuras a emergir no ciberespaço, sem qualquer afiliação estatal, a declararem uma ciberguerra.
Desesperados por apoios em todas as frentes, o vice-primeiro ministro e ministro da Transformação Digital da Ucrânia, Mykailho Fedorov, pediu no Twitter apoio para formar um exército digital. “Apesar de isto ser um pedido que vem diretamente de uma entidade governamental, desencorajo-vos de aderirem a esta batalha”, alertou Wisniewski, reconhecendo ainda assim que “cada pessoa deve fazer as suas próprias escolhas”.
Este exército foi designado de IT ARMY of Ukraine, ao qual se pode aderir através de um link especial de que o ministro criou e publicou na sua conta de Twitter. A ligação direciona o utilizador para um grupo do Telegram, onde são especificadas informações e tarefas que estes voluntários digitais podem efetuar, como ataques DDoS a páginas de serviços oficiais russos.
“É a primeira vez que vemos um governo a apelar aos cidadãos para agir por conta própria para tentar resolver um conflito durante uma guerra. É um novo território e será interessante estudar isto nos próximos anos e tentar perceber se terá algum impacto ou não”, explicou o especialista.
Inesperada resposta À semelhança da inesperada resposta da Ucrânia contra os ataques russos e da união global para aplicar sanções à Rússia, hackers de todo o mundo têm atacado diversos ministérios russos, assim como o maior banco da Rússia, o Sberbank.
O apelo do ministro ucraniano ainda nem tinha sido feito e já o grupo de hackers Anonymous tinha declarado guerra cibernética à Rússia.
“O grupo Anonymous está oficialmente em guerra contra o governo russo”, lê-se no Twitter deste grupo, que deixava bem claro que estava a apoiar o povo ucraniano. “Não iremos esquecer as vidas perdidas durante o regime de Putin”.
Desde então, este grupo já deitou abaixo várias páginas ligadas ao governo russo, entrou nas bases de dados do Ministério da Defesa russo e divulgou emails, palavras-passe e números de telefone e atacou a página da cadeia de televisão RT. Vários canais das televisões estatais russas foram sabotados e emitiram canções ucranianas e “a realidade do que se está a passar na Ucrânia”. Os hackers alegaram ter obtido 200 gb de informação, que continha emails da empresa de armamento bielorrussa, Tetraedr, que, alegadamente, terá prestado apoio logístico à invasão da Ucrânia.