Richard Lerner intitula “5 C’s of Positive Youth Development” como um mapa profundo de análise ao desempenho comportamental de gestão de vida, relações sociais, saúde e bem-estar. A influência das características confiança, competência, conexão, cuidados e carácter validam os indicadores definidos como positivos no sucesso e consciência social dos jovens: a confiança mede a autoestima, a competência dirige o desempenho académico, a conexão mede a relação com a comunidade, o cuidado sensibiliza para a pluralidade, inclusão, compaixão e justiça social e por fim o carácter procura atuar como guia último de decisões.
A retórica evolucional ao nível do ensino procurou incorporar um contacto próximo de aprendizagem que acolha um reconhecimento mútuo entre as partes – aluno, professor, sociedade – contribuindo para o bem-estar físico e emocional. Em última análise, a tendência da Educação seria aplicável a um sentimento de poderio próprio incentivando o contacto com os outros e com o mundo, em vez de sufocar o capital humano natural, como frequentemente acontece com a educação tradicional.
A cultura institucional que fundamenta a Academia deve ser ativa no preenchimento da função do ensino para além da capacidade puramente cognitiva. Pesando em sua parte uma liberdade intelectual de exploração e uma capacidade autorreflexiva que desenvolva a assimilação do pensamento em sociedade.
Naturalmente, a integração dos 5 C’s no desenvolvimento cultural e curricular prende-se pela diversidade, história e contexto de onde surge o indivíduo e a sua interação com a sociedade. Toda esta quantificação de variáveis acaba por se desencontrar da linha de construção dos programas na ambição de mudar o foco para a aprendizagem promovendo a integridade estruturante de um aluno.
Foram já levantadas várias pistas a nível mundial no sentido de alertar para os efeitos a longo prazo do descuido do bem-estar, identificações que nos levam a questionar se existe algum cuidado para com o ambiente que se cria no ensino, se não estaremos a funcionar como travão de sucesso ao invés de o potenciar ainda mais. O caminho não poderá passar pela frieza emocional e incapacidade de gestão pessoal.
A resposta poderá ser contrabalançada, mas com a consciência de que um ensino centrado no aluno, blindado por um bem-estar coletivo e individual, constrói um espaço seguro de exploração às capacidades cognitivas e conexões sociais, permeável ao respeito para com a busca intelectual e pessoal integrada nesse mesmo ambiente. Todo o esforço é construído abordando a diversidade de necessidades e problemas de bem-estar, refletindo o papel que a participação dos alunos potencialmente desempenha no bem-estar social e emocional.
A grande dúvida permanece na concretização e extensão do papel base das faculdades nessa mesma promoção: como fazer com que o aluno participe e se envolva de forma saudável na aprendizagem.
Aluna do Instituto Superior Técnico, vice- presidente aluna do Conselho Pedagógico